quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

São os fatos

O Brasil conseguiu a façanha de dividir a ciência da economia por dogma de fé. Existem diversas correntes que criam versões da natureza. Infelizmente as versões baseadas em fatos e aritmética básica são escassas no território nacional. As previsões são claramente desmentidas pelos fatos.

Recentemente foi afirmado e justificado que a reforma trabalhista iria criar empregos no Brasil. Para os criadores desta versão, nada será como antes e o país criará empregos e mais empregos com a flexibilização da lei trabalhista. Segundo eles, as pessoas vão trabalhar como nunca antes na história do Brasil. Em dezembro de 2017, cerca de um mês do inicio da reforma trabalhista, os fatos desmentem as versões.

O artigo “Estácio de Sá demite 1,2 mil professores após reforma trabalhista” (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/12/1940980-estacio-de-sa-demite-12-mil-professores-apos-reforma-trabalhista.shtml?loggedpaywall&mobile, acessado em 06/12/2017) revelou a demissão de cerca de 10% dos docentes da organização. Parece que os gestores da universidade querem boicotar a versão da criação de novos empregos.

Também recentemente foi afirmado que as empresas estão demitindo os seus executivos e contratando outros por salário menor. Mais uma vez, os fatos desmentem a versão, pois em 2017 ocorreu aumento salarial dos executivos. O que realmente ocorreu é que as oportunidades oferecidas incialmente por um salário menor foram compensadas. Como o bônus por desempenho caiu em 2017 por conta dos resultados fracos, fica claro que a oferta de remuneração inicial mais baixa era questão momentânea e não estrutural. É muito importante observar o fenômeno completo. O artigo “Renda total de executivos aumenta, mas bônus caem” (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2017/12/1940959-renda-total-de-executivos-aumenta-mas-bonus-caem.shtml) revela que mais uma vez os fatos boicotaram as versões.


A versão que a recessão aumentou a concorrência é mais uma vez desmentida pelos fatos. O professor da FGV, Joelson Sampaio, afirmou que a queda da taxa de juros no Brasil seria maior se houvesse um ambiente de maior concorrência entre os bancos, pois a concentração bancária (de cada 5 reais movimentados, quatro são realizados nos cinco maiores bancos - Citibank e HSBC saíram do Brasil durante a recessão) limita a redução dos spreads. O artigo "Juros básicos devem cair a menor nível em 21 anos; e as taxas dos bancos?” (https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/12/06/selic-cai-juros-dos-emprestimos-caem-bem-menos-consumidor-bancos.htm) boicota a versão que a recessão aumentou a concorrência.

terça-feira, 28 de novembro de 2017

Por que os trabalhadores americanos que não tem lei trabalhista protecionista não migram para o Brasil?

Recentemente eu recebi um vídeo do Luiz Felipe Pondé (https://www.youtube.com/watch?v=j1KarOUkeRo&app=desktop) sobre a legislação trabalhista brasileira. Neste vídeo o Pondé faz dois questionamentos. Por que os trabalhadores americanos que não tem lei trabalhista protecionista não migram para o Brasil?  Por que os trabalhadores brasileiros trocam a lei trabalhista protecionista brasileira pela lei não protecionista americana?

Na realidade já existiu no passado recente um momento em que os americanos vieram em busca de trabalho aqui no Brasil (Número de imigrantes dos EUA no Brasil aumenta quase 70% em dez anos, http://ultimosegundo.ig.com.br/mundo/2014-12-05/numero-de-imigrantes-dos-eua-no-brasil-aumenta-quase-70-em-dez-anos.html, acessado em 28/11/2017). A questão que devemos analisar é se eles vieram em busca de uma lei trabalhista protecionista ou se eles buscam oportunidades de trabalho.

A avaliação da imigração de trabalhadores americanos últimos dez anos revela que eles vieram em busca de oportunidades. No momento em que os empregos sumiram no Brasil e surgiram nos Estados Unidos os trabalhadores americanos retornaram para o seu país.

Não é difícil perceber que os americanos não consideram a lei trabalhista brasileira protecionista. Aliás ela não é. Uma lei que transfere os direitos intelectuais e autorais dos trabalhos realizados pelos empregados para a empresa não pode ser considerada protecionista. Eu enxergo o oposto do protecionismo. Vejo a lei trabalhista brasileira como usurpadora do trabalho intelectual dos funcionários.

Em termos mais realísticos, o fluxo de retorno dos americanos revela que as condições normais de cidadania dos americanos são muito melhores. Este é o fator que faz com que o Brasil não seja um porto desejado pelos trabalhadores americanos. É importante destacar que a lei trabalhista da França e Alemanha é mais protecionista que a dos Estados Unidos e nestes dois casos também não existe a imigração em massa dos trabalhadores americanos.

O fator determinante é claramente a condição de cidadania oferecida.  É evidente que as condições de cidadania da França e Alemanha são boas, mas não são boas o suficiente (para o padrão de comportamento americano, as condições de cidadania dos Estados Unidos são no mínimo aproximadas em relação condições oferecidas na França e Alemanha) para atrair o interesse do trabalhador americano

Não é a chamada proteção oferecida pela CLT brasileira que vai estimular a imigração americana. Os americanos já perceberam que inexistem as propaladas proteções. As pessoas dão nomes fantasiosos para coisas que não existem com esperança que só com o nome tais coisas virem realidade. Não viram não.
As péssimas condições de cidadania no Brasil foram percebidas pelos americanos e no primeiro sinal de recuperação da economia americana eles retornaram. Se a CLT fosse realmente protecionista como é tão afirmado, o cenário do emprego no Brasil seria muito melhor. Os trabalhadores estariam contentes e estariam produzindo cada vez. A produtividade do trabalhador brasileiro está praticamente estagnada.

Muitos dos problemas relacionados com o emprego no Brasil, não estão relacionados com a lei trabalhista. Eu já presenciei a situação onde foi prometido para um funcionário uma promoção desde que ele obtenha um diploma universitário. Este funcionário conseguiu após um tempo de estudo um papel que afirmava que ele estava diplomado. Aquilo era apenas um papel e a pessoa não apresentava evolução intelectual alguma. Mesmo assim ele foi promovido.


A produtividade deste funcionário caiu porque ele tinha um salário menos e produzia a mesma coisa. Tal situação não está descrita na CLT. É apenas mais uma das péssimas práticas empresariais realizadas dentro das corporações. A preguiça impede que seja avaliada a evolução intelectual e cultural dos profissionais. É mais fácil usar como ferramenta um papel de uma universidade obscura.  

terça-feira, 21 de novembro de 2017

A vitória da consistência

Recentemente o papa do Service Desk do Brasil publicou a postagem "Mansur, seu destino é sofrer. Assim como o meu." (http://www.4hd.com.br/blog/2017/09/06/mansur-seu-destino-e-sofrer-assim-como-o-meu/, acessado em 21/11/2017) e para a minha completa felicidade, os fatos revelaram que ele estava parcialmente errado. Sim, bob, existem situações onde a verdade vende e vende muito mais do que a mentira.

No mês de outubro de 2017 chegou ao Brasil o Galaxy note 8. Eu passei os últimos meses frustrado, porque o produto anterior note 7 foi retirado do mercado sem sequer dar um alô para os consumidores brasileiros. Por causa da frustração acumulada de um ano, eu fiz algo inédito. Comprei o produto na pré-venda e fiquei esperando pela sua entrega. No meu ponto de vista, esta é a pior modalidade de compra que existe na face terrestre. Eu gosto de comprar e sair com o produto debaixo do braço.

Quando chegou a entrega do notes 8 na loja, eu descobri que ele veio sem o kit completo prometido (aparelho mais o carregador sem fio e mais o DeX Station). Apenas o aparelho seria entregue. Após idas e vindas o gerente da loja resolveu ser honesto e transparente. Ele disse que não tinha como entregar o kit completo naquele momento e que eu poderia cancelar a compra. Expliquei que sou consumidor da linha note desde o primeiro e que eu queria o produto.

Ele ficou espantado com o fato de usar a linha por tanto tempo e pediu para fazer mais uma ligação. Na volta ele me disse que se eu aceitar esperar 60 dias ele ou devolveria o dinheiro destes dois acessórios ou os entregaria. Eu confesso que aceitei a condição duvidando da palavra do gerente. Para a minha completa surpresa e derrocada da postagem do bob, depois de duas semanas ele me ligou e entregou os dois acessórios faltantes.

Eu tinha pleno conhecimento que o prazo de 60 dias tinha margem de segurança pessoal de trinta dias do gerente, por isto me programei para voltar depois de um mês. A loja e os profissionais conseguiram superar todas as minhas expectativas e com isto venderam outros celulares e acessórios que darei de presente de Natal para os familiares e amigos.  Definitivamente a verdade vende mais que a mentira.

O lado negativo desta postagem é que ainda existem os que pautam as suas afirmações por inconsistências. São profissionais que não enxergam que estão comprometendo a credibilidade da sua organização. Lamentavelmente, existem enormes dificuldades na realização de operações matemáticas elementares e no entendimento do sentido definido nos dicionários para as palavras em português e em inglês.

Recentemente, eu participei uma polêmica inútil. Até aquele momento, eu considerava como impossível existir tantas afirmações inconsistentes. Em um determinado momento foi afirmado que faz parte da normalidade o aumento da taxa de juros durante a recessão. Tal afirmação revela uma enorme inconsistência com a realidade dos fatos. Durante crise e recessão de 2008, os Estados unidos, a zona do Euro, o Japão e etc. abaixaram os juros. Em alguns casos a taxa de juros ficou negativa (BC dos EUA reduz taxa de juros para menor nível histórico, http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL924851-9356,00-BC+DOS+EUA+REDUZ+TAXA+DE+JUROS+PARA+MENOR+NIVEL+HISTORICO.html). Em outras palavras, o período de recessão foi acompanhado por juros menores.

Para avaliar o caso brasileiro, onde a Selic nominal subiu entre 2014 e 2015 (11,75% em dezembro de 2014 para 14,25% ao ano em dezembro de 2015) é preciso levar em conta a inflação do período. A taxa de juros efetiva é a Selic nominal menos a inflação (IPCA por exemplo), ou seja, é necessário considerar a taxa de juros real da economia brasileira. O IPCA de 2014 foi 6,40% e 10,67% em 2015. É fácil perceber que a inflação disparou no Brasil durante a recessão (Inflação oficial fica em 10,67% em 2015, a maior desde 2002, http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/01/inflacao-oficial-fica-em-1067-em-2015.html).

A taxa de juros real é a diferença entre os juros nominais e a inflação. Não é difícil perceber que o período de recessão no Brasil foi acompanhado por uma taxa real de juros menor (caiu de 5,03% em 2014 para 3,23% em 2015). Como as empresas no Brasil, apreenderam que em momentos de alta da inflação é preciso trabalhar com estoque mínimo (ideal é ter estoque próximo a zero) e a taxa real de juros caiu, existe completa invalidação da conclusão que os juros maiores aumentaram o custo do estoque, gerando assim a estratégia de vender para redução do estoque e aumento da oferta de produtos e concorrência.

De uma forma muito simples, o aumento da oferta de bens e produtos em um momento de empobrecimento do país gera o fenômeno de redução da inflação. Como fato é fácil perceber a inflação aumentou e a concorrência diminuiu. O Black Friday de 2016 e anos anteriores ilustra bem o fenômeno da redução da concorrência. Uma das reclamações foi a maquiagem do desconto (Pedido cancelado, desconto falso: o que deu errado na última Black Friday, https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2017/11/20/principais-reclamacoes-black-friday.htm).

Em uma situação de aumento da competição dos concorrentes em um mercado comprador deve existir o acirramento das ofertas e redução dos preços. Neste cenário não existe espaço para maquiagem de descontos ou para aumentar o seu preço porque um concorrente subiu o preço do produto ou serviço (Preço de produtos é mais errático nas lojas virtuais na Black Friday, http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1936481-preco-de-produtos-e-mais-erratico-nas-lojas-virtuais-na-black-friday.shtml). Estas práticas só têm sentido quando a concorrência é baixa. Em um ambiente de intenso nível de competição, onde os concorrentes querem aumentar a sua participação do mercado, os vendedores mantem o preço dos seus produtos quando um concorrente aumenta o seu preço. É muito fácil perceber que os fatos conspiraram contra a afirmação que a recessão aumentou a concorrência no Brasil.

Todos sabem que os graves problemas dos Estados Unidos gerados crise de confiança de 2008, não foram resolvidos com a conversa fiada. Eles foram resolvidos com capacitação, honestidade e competência. O Brasil deveria refletir mais sobre os resultados alcançados pelos especialistas.

As empresas americanas como Uber, Amazon. Airbnb, Facebook, Twitter, Instagram, WhatsApp, Netflix e etc. não vieram para o Brasil porque o país estava em recessão. Elas vieram porque perceberam que os seus concorrentes eram fracos e sem capacidade de reação. Em cinco anos, a Netflix superou a segunda maior operadora de TV por assinatura e a terceira rede de TV aberta do Brasil (Netflix dobra tamanho em um ano e já fatura mais do que o SBT, http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/mercado/netflix-dobra-tamanho-em-um-ano-e-ja-fatura-mais-do-que-o-sbt--13507).

O WhatsApp provocou pânico nas operadoras de telecomunicações (Operadoras culpam crise e "efeito WhatsApp" pelo fim de 10 milhões de linhas de celular no Brasil, https://adrenaline.uol.com.br/2015/12/09/39206/operadoras-culpam-crise-e-efeito-whatsapp-pelo-fim-de-10-milhoes-de-linhas-de-celular-no-brasil/). Em 2016, cerca de 1 milhão de turistas se hospedaram no Brasil por meio do Airbnb (Anfitriões do Airbnb no Brasil ganham R$6 mil por ano com aluguéis, http://idgnow.com.br/internet/2017/08/17/anfitrioes-do-airbnb-no-brasil-ganham-r-6-mil-por-ano-com-alugueis/).

Em uma visita aos shoppings da cidade de São Paulo é fácil notar que existe uma grande quantidade de lojas fechadas. Os passeios nas ruas e avenidas comerciais da cidade de São Paulo como a rua Augusta e as avenidas Faria Lima, Rebouças, Nove de Julho e etc. revelam que existe uma gigantesca quantidade de imóveis fechados com placas para alugar ou vender.

Os que afirmam que novos entrantes internacionais do ramo de lanchonetes, lavanderias e restaurantes estão chegando de forma crescente ao Brasil deveriam olhar também as empresas que saíram do país nos últimos anos, pois a concorrência aumenta quando o saldo entre entradas e saídas é positivo e diminui quando o saldo é negativo.

Nos últimos anos deixaram o Brasil por causa da recessão as multinacionais gigantes, ricas e poderosas como Fnac, Nintendo, Geely Motors, Accessorize, HSBC, Citibank, Duke Energy e Kirin (De saída do Brasil: confira as empresas que desistiram do país durante a crise, http://www.gazetadopovo.com.br/economia/de-saida-do-brasil-confira-as-empresas-que-desistiram-do-pais-durante-a-crise-eyjupo2hsj9d5s28ads1x2tzv).

A Foxconn anunciou que vai encerrar as suas atividades no solo brasileiro (Após decisão da Foxconn, iPhone vai deixar de ser fabricado no Brasil, https://www.tecmundo.com.br/iphone/118381-decisao-foxconn-iphone-deixar-fabricado-brasil.ht).

A gigante chinesa Xiaomi ficou no Brasil apenas entre 2015 e 2016. Ela decidiu sair do Brasil e investir no mercado oriental, Índia e Europa (VP brasileiro deixa a Xiaomi e apaga chances de a empresa voltar ao Brasil, https://www.tecmundo.com.br/xiaomi/113641-ceo-brasileiro-deixa-xiaomi-apaga-chances-empresa-voltar-brasil.htm).

Não é difícil perceber que o saldo de entradas e saídas é negativo. Afirmações como “os fatores de produção não são tão flexíveis”, “é raro uma empresa sair do mercado onde atua” e “é difícil encontrar mercado em expansão” foram destroçadas pelos fatos.

As empresas encontraram os caminhos óbvios e fáceis para tornar os fatores de produção flexíveis e sair do mercado. O banco Citibank que atuou no Brasil por décadas encontrou mercados em expansão da mesma forma que a empresa Xiaomi. Estas organizações contrataram profissionais capacitados que resolveram com enorme facilidade e velocidade os desafios relacionados com os fatores de produção.

A empresa Xiaomi faz mais em um minuto do que muitos realizaram na sua vida toda. Os competentes e alfabetizados executivos da empresa leram o livro “A Estratégia do Oceano Azul” e decidiram sair do oceano vermelho que é o Brasil onde o mercado está empobrecendo e foram para o oceano azul que é o mercado da Índia que está enriquecendo. A concorrência no Brasil diminuiu drasticamente durante a recessão, porque as empresas multinacionais e nacionais que produziam no pais, fecharam as portas no Brasil e buscaram mercados promissores (veja alguns dos exemplos listados a seguir).

·       Sandvik (Grupo Sandvik fecha fábrica de ferramentas no Brasil, http://www.usinagem-brasil.com.br/10162-grupo-sandvik-fecha-fabrica-de-ferramentas-no-brasil/)
·       MABE (As negociatas e fraudes por trás da falência da MABE, http://www.esquerdadiario.com.br/As-negociatas-e-fraudes-por-tras-da-falencia-da-MABE),
·       Comil (Comil Ônibus paralisa operação em Erechim http://jcrs.uol.com.br/_conteudo/2016/08/economia/518404-comil-onibus-paralisa-operacao-em-erechim.html)
·       Kasinski (Com demanda fraca, Kasinski fecha fábrica e demite 500 no AM, http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/08/1495925-com-demanda-fraca-kasinski-fecha-fabrica-e-demite-500-no-am.shtml)
·       Em 2015 cerca de 1.000 concessionárias fecharam as portas (Caos automotivo: em meio à crise, montadoras massacram concessionárias, http://m.jb.com.br/opiniao/noticias/2016/01/07/caos-automotivo-em-meio-a-crise-montadoras-massacram-concessionarias/)
·       MWM que fabricava motores para a General Motors (GM), além de possuir, até pouco tempo atrás, uma linha de caminhões, anunciou que fechará as portas em fevereiro de 2016 (MWM encerrará atividades e deixará 650 trabalhadores na rua, http://otimoneiro.com.br/mwm-encerrara-atividades-e-deixara-650-trabalhadores-na-rua/)
·       A fabricante de autopeças Delphi decidiu fechar a fábrica de Cotia. Até 2014, a multinacional tinha nove fábricas no País (Delphi fechou três fábricas de autopeças no Brasil este ano, http://economia.estadao.com.br/noticias/geral,delphi-fechou-tres-fabricas-de-autopecas-no-brasil-este-ano--imp-,1738301)
·       Fiat, Hyundai, Toyota, Chery, Suzuki, TAC Motors, BMW, Paccar ou fecharam fabricas ou desistiram de investir no Brasil ou fizeram as duas coisas (Montadoras que abrirem fábricas no Brasil irão a falência, http://hariovaldo.cartacapital.com.br/site/2014/01/18/montadoras-que-abrirem-fabricas-no-brasil-irao-a-falencia/)
·       Chery (Chery suspende produção no Brasil por até cinco meses a partir de julho, http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2016/06/chery-suspende-producao-no-brasil-por-ate-cinco-meses-partir-de-julho.html)
·       Montadoras Chinesas (Montadoras chinesas vieram para vencer – mas deu tudo errado, https://exame.abril.com.br/revista-exame/vim-vi-e-perdi/)
·       Queda de consumo leva a capacidade ociosa na indústria (Indústria automobilística sofre com crescente queda na venda de veículos, http://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2015/05/industria-automobilistica-sofre-com-crescente-queda-na-venda-de-veiculos.html)

Não é difícil perceber que as inconsistências perderam de goleada dos fatos. A maior derrota vem do território das importações. Foi afirmado que a presença crescente de importados aumentou a concorrência. Se ocorreu durante a recessão uma presença crescente de produtos importados isto significa que as importações brasileiras deveriam ter aumentado.

Em 2014 no início da recessão, o total das importações brasileiras era de US$ 229 bilhões (Balança comercial registra em 2014 primeiro déficit desde 2000, http://g1.globo.com/economia/noticia/2015/01/balanca-comercial-registra-em-2014-primeiro-deficit-desde-2000.html) e em 2015 e 2016 na parte intermediária e final da recessão, o total das importações brasileiras era de US$ 171,45 bilhões em 2015 e US$ 137,55 bilhões em 2016. Entre 2016 e 2014 as importações caíram 91,45 bilhões de dólares ou quase 40% (Balança bate recorde e fecha 2016 com superávit de US$ 47,7 bilhões, https://g1.globo.com/economia/noticia/balanca-bate-recorde-e-fecha-2016-com-superavit-de-us-477-bilhoes.ghtml).

Não é difícil perceber que as importações entraram em queda livre e que o fenômeno restringiu a concorrência no solo nacional. Se considerarmos que os produtos produzidos localmente das multinacionais que deixaram o país durante a recessão foram substituídos por produtos importados então fica claro o tamanho da redução da concorrência. Em 2014 foram importados cerca de 230 bilhões de dólares com produção local de empresas como Nintendo, Geely Motors, Accessorize, Duke Energy e Kirin. Em 2016 foram importados cerca de US$ 140 bilhões sem a produção local da Nintendo, Geely Motors, Accessorize, Duke Energy e Kirin. A perda total do tamanho da concorrência ultrapassa os US$ 100 bilhões de dólares.

A Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa) divulgou que em 2014 foram empacados 96.578 automóveis importados. Em 2015 foram emplacados 59.975 e em 2016 35.852 veículos importados. Entre 2016 e 2014 existiu uma redução espetacular de 60,726 automóveis. Os que enxergam um aumento crescente dos automóveis importados no Brasil estão sendo derrubados pelos fatos. Mais uma vez a concorrência diminuiu.

O real problema do emprego no Brasil não está relacionado com a legislação trabalhista ou com eventuais movimentos de consolidação de cargos executivos que viraram redundantes por conta do avanço da tecnologia. Tentar imaginar que os benefícios concedidos aos executivos diminuíram nos últimos anos é fugir da realidade. Não será contratando os pejotinhas que as empresas vão conseguir resultados positivos.

Desde os anos 1990, existe a estratégia de pejotizar os funcionários. O resultado final é a falência. A praticamente total das empresas nacionais de TIC que praticavam a pejotização desapareceu do mercado. Elas não aguentaram a concorrência das competentes empresas internacionais que contratavam conforme a legislação trabalhista.   O enorme atraso e consequente perda de capacidade competitiva foram os fatores decisivos para a derrocada das empresas nacionais de TI. A postagem “Bob, a terceirização é uma solução ou um problema?” (http://itgovrm.blogspot.com.br/2017/10/bob-terceirizacao-e-uma-solucao-ou-um.html) apresenta diversos casos de fraudes e perdas relacionadas com a pejotização.

Empresas como Facebook, Twitter e etc. nasceram com capital monetário inicial praticamente nulo. O real valor das organizações exponenciais está na sua capacitação cultural e intelectual. Enquanto empresas minúsculas viraram gigantes mundiais como a AirBnB, as empresas sucumbiram diante da concorrência que contratava gente gabaritada e ética dentro da legislação trabalhista.

O real problema do emprego no Brasil está na produtividade, capacitação profissional e no engajamento corporativo. Em 1980, o trabalhador chileno e o brasileiro apresentavam a mesma produtividade (trinta mil dólares por ano). Em 2016, o trabalhador brasileiro gerou US$ 30 mil e o chileno US$ 55 mil. Se considerarmos todo o avanço da tecnologia à disposição do trabalhador brasileiro fica claro que a sua produção intelectual regrediu muito (Viva Chile, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/viniciusmota/2017/11/1936637-viva-chile.shtml?mobile).

Em 2015 durante a recessão, a produtividade do brasileiro caiu 3%, enquanto a do argentino que também estava enfrentando uma crise econômica subiu 74% e a da Chinês cresceu absurdos 422% (Fonte: Conference Board). É muito fácil perceber que o problema do emprego não é a legislação trabalhista. É a produtividade do brasileiro.

Observação:


Para a datação do período da recessão brasileira eu adotei o conceito do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos (Codace) que existe recessão quando ocorre uma queda generalizada no nível de atividade econômica, independentemente de ter ocorrido dois trimestres seguidos de PIB negativo (Recessão brasileira acabou no fim de 2016, diz comitê da FGV que estuda ciclos econômicos, https://g1.globo.com/economia/noticia/recessao-brasileira-acabou-no-fim-de-2016-diz-comite-da-fgv-que-estuda-ciclos-economicos.ghtml).

sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Petmercado brasileiro

As oportunidades de trabalho aumentam no segmento de saúde pet, que deve fechar o ano com 13% de crescimento. Fonte: Mercado pet cresce graças a mudanças no comportamento dos donos de animais de estimação, https://exame.abril.com.br/carreira/mercado-pet-cresce-gracas-a-mudancas-no-comportamento-dos-donos-de-animais-de-estimacao/, acessado em 09/11/2017.

Segundo matéria do portal financeiro “The Balance”, de fevereiro de 2017, o mercado envolvendo produtos para Pets virou tendência em vários países e, desde os anos 2000, o setor passou a ter um crescimento exponencial, movimentando em 2010 mais de 80 bilhões de dólares em plena recessão global. Fonte: O promissor Mercado Pet, https://www.prismajr.org/mercadopet, acessado em 09/11/2017.

“Em 2015, o faturamento nominal cresceu 7,8%, chegando a R$ 18 bilhões. Não batemos a inflação, mas tivemos desempenho bem acima do PIB, que encolheu 3,8% em relação a 2014. Mesmo com todas as dificuldades atuais, o mercado pet dá sinais de resistência”, afirma. Fonte: Segundo dados do IBGE, País tem 132,4 milhões de animais de estimação. em 2015 a atividade movimentou R$ 18 bilhões, http://economia.estadao.com.br/blogs/sua-oportunidade/mercado-pet-resiste-e-mostra-ser-opcao-para-empreender/, acessado em 09/11/2017.

O Brasil é um dos maiores mercados mundiais de pets. Os mercado de animais de estimação movimentou cerca de 25 bilhões de reais, pois mais de 50 milhões de lares brasileiros possuem um bichinho (TV para cachorros chega ao Brasil sem jazz, Metallica e cor vermelha, http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/tv-para-cachorros-chega-ao-brasil-sem-jazz-metallica-e-cor-vermelha--17457, acessado em 09/11/2017). O mercado nacional cresceu em 2016 6% em relação a 2015.

O primeiro mercado mundial é o dos Estados Unidos. Se considerarmos a renda per capita do brasileiro é surpreendente o tamanho do nosso mercado pet. Se olharmos para o lado da solidariedade o número não chega a ser surpreendente. Muitos brasileiros adotam pets abandonados nas ruas. Nos últimos cinco anos o investimento empresarial e pessoal no mercado de pets é muito maior que o investimento médio da economia nacional. Surgiram redes gigantescas como a Cobasi e a Petz.

Apesar da enorme fatia de mercado abocanhada pelas grandes redes do mercado pet, existe ainda um grande vazio de mercado derivado do processo de humanização dos pets. Este vazio dificilmente será ocupado pelas grandes redes varejistas, pois os tutores dos pets desejam contratar serviços personalizados (Tratam os pets como parte da família: metade dos donos de cães diz ter relação de pai e filho com o animal, o que explica o alto investimento em saúde animal, https://exame.abril.com.br/carreira/mercado-pet-cresce-gracas-a-mudancas-no-comportamento-dos-donos-de-animais-de-estimacao/).

O mercado de serviços pata os bichinhos é formado por diversos componentes. A lista é encabeçada pelos serviços de banho, tosa e corte e tratamento de unha. O tutor quer o seu pet bem tratado e por isto analisa a reação do seu bichinho em todos os momentos do atendimento. É evidente que o tutor deseja ver o seu pet fazendo festa para o tratador.

O segundo componente da lista é o serviço de passeio. Muitos tutores trabalham e contrataram profissionais para passearem com os seus pets. Também é um caso onde os tutores querem analisar cada um dos momentos do atendimento. A reação do pet em relação ao passeador é um fator decisivo para a manutenção do profissional.

Nós dois casos existe um claro mercado para produtos que permitam a monitoração de como está sendo realizado o atendimento e das reações do pet (batimentos cardíacos por exemplo). Soluções de roupas que combinem monitoração das reações do pet e permitam o acompanhamento do que está sendo realizado são desejadas pelos tutores dos bichinhos.

O terceiro componente da lista de serviços são os veterinários para cuidar de forma preventiva e corretiva da saúde dos pets. Existe uma quase unanimidade dos tutores em preferir profissionais também tutores de pets nestes três itens acima.

Isto significa que existe um enorme desafio para a contratação e retenção de recursos humanos nestes pequenos empreendimentos comerciais. O mercado real é do bom atendimento. Não é um mercado de surpreender o cliente com brindes e assemelhados. A renda elevada dos tutores faz com que eles valorizem mais um miado ou latido de felicidade dos seus pets do que qualquer brinde oferecido. Mais ainda, os tutores buscam previsibilidade do atendimento, ou seja, atendimento perfeito sempre. 

Não existe espaço para falhas de comportamento dos colaboradores e nem para desculpas. A tecnologia deve ser usada para registrar os desejos dos tutores e para manter a equipe (inclusive os novos funcionários) informada sobre como atender de forma personalizada cada um dos pets e tutores. É importante destacar neste ponto que um pet pode ter mais de um tutor. Em outras palavras, o sistema deve registrar as preferências de cada um dos tutores em relação ao pet.

Não é difícil perceber que existe enorme espaço no mercado nacional para produtos e serviços fora do escopo essencial para os pets. O novo canal de televisão para os pets (TV para cachorros chega ao Brasil sem jazz, Metallica e cor vermelha, http://noticiasdatv.uol.com.br/noticia/televisao/tv-para-cachorros-chega-ao-brasil-sem-jazz-metallica-e-cor-vermelha--17457) mostra que os tutores querem que os seus protegidos tenham um nível de conforto elevado quando eles estão sozinhos em casa. O canal oferece conteúdo agradável e calmante para os pets. O mercado de roupas e brinquedos inteligentes é gigantesco. Já existem Apps para os pets em tablets e computadores. Todos fazem enorme sucesso com os bichinhos.

O mercado de roupas inteligentes com rastreabilidade e monitoração dos sinais vitais dos pets está em vertiginoso crescimento. São produtos que podem ser desenvolvidos e vendidos com capital financeiro baixo. É um novo mundo de oportunidades que pode ser explorado pelos reais empreendedores do Brasil.


Os geniais gênios brasileiros

Apesar dos advogados e economistas brasileiros acumularem um grande volume de fracassos intelectuais na análise da economia brasileira, eles continuam tendo um espaço gigantesco na mídia tradicional nacional, para proferir as suas inconsistências intelectuais.

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST) ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho afirmou que “a redução de direitos trabalhistas favorece a criação de empregos” (É preciso flexibilizar direitos sociais para haver emprego, diz chefe do TST, http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1933111-e-preciso-flexibilizar-direitos-sociais-para-haver-emprego-diz-chefe-do-tst.shtml, acessado em 09/11/2017). Se tal fato fosse verdadeiro não existiria emprego para os executivos do chamado C-Level (What is 'C-Suite', https://www.investopedia.com/terms/c/c-suite.asp, acessado em 09/11/2017) aqui no Brasil. Um presidente ou diretor de empresa no Brasil acumula mais direitos do que centenas de empregados do piso de fábrica.

Pela exótica teoria do ministro do TST estas posições não poderiam existir no atual nível de direitos. Seria preciso, segundo o pensamento do Martins, extinguir um pouquinho os benefícios para manter os empregos para o C-Level.  Outra contradição da teoria econômica do presidente do TST em relação a realidade brasileira, é o caso do emprego para os profissionais de cabelo branco (acima de 40 anos). Não é possível encontrar no mercado de trabalho nacional, organizações reconsiderando o preconceito implícito ou explicito contra o cabelo branco nas contratações por conta das mudanças realizadas na legislação trabalhista.

A realidade é que os profissionais acima de 40 anos são descartados do processo seletivo da maioria ou totalidade das empresas no Brasil apenas pelo fato deles terem idade acima de 40 anos. Não importa o texto da lei trabalhista. As organizações têm preconceito contra a contratação deste perfil profissional independente da legislação trabalhista em vigor. O ministro que é um advogado estudado, deveria estudar um pouquinho mais de economia. Se assim fizer, ele vai perceber que o emprego vai aparecer com legislação trabalhista quando existe crescimento econômico. O nível de emprego não depende de um pouquinho mais ou menos de direitos trabalhistas. Ele depende de competência, capacitação e honestidade. Infelizmente estes três atributos são raros no território brasileiro.

A segunda grande inconsistência intelectual sobre a economia brasileira, que escutei nos últimos dias, foi a afirmação que a concorrência aumentou por causa da recessão e dos novos entrantes. Em outras palavras, foi afirmado que a recessão gerou um maior nível de concorrência no Brasil. É mais uma inconsistência intelectual dita sob a égide de um dogma de fé pessoal, Inexiste qualquer relação da teoria com a lógica e realidade.

Uma sociedade que está enfrentando uma recessão, está empobrecendo.  Em outras palavras, é uma sociedade com menos riqueza.  Porque uma empresa vai entrar em um mercado com menos dinheiro se ela pode entrar em um mercado com mais dinheiro?

É contra qualquer lógica o pensamento que um empreendedor vai escolher um mercado mais pobre cheio de concorrentes para o seu negócio. É como se ele tivesse lido o livro “A Estratégia do Oceano Azul - Como Criar Novos Mercados e Tornar A Concorrência Irrelevante” (Editora Campus, 2ª Edição, 2016 Kim, W. Chan; Mauborgne, Renée) e resolvesse fazer o oposto do que está escrito no livro de estratégia empresarial mais vendido nos últimos anos.


O aumento da concorrência não é causado pela recessão. A causa é a suprema incompetência da oferta de produtos e serviços no Brasil. As empresas que estão fora do mercado perceberam que basta ter um pouquinho mais de honestidade e capacitação que elas estarão com vantagens competitivas em relação aos seus concorrentes. A recessão não tem nada a ver com este fenômeno. Infelizmente a mídia brasileira abre espaço para uma enorme quantidade de inconsistências intelectuais que nada contribuem para a superação dos problemas nacionais. É preciso ser claro e afirmar que falta competência capacitação e honestidade para os negócios nacionais. É preciso combater os preconceitos nas contratações antes que os dogmas de fé destruam o pouco que sobrou da indústria brasileira.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Bob, a terceirização é uma solução ou um problema?

"A gente procurou o pessoal do banco, que falou: 'Não, lá não tem como isso ocorrer'. A gente pediu uma vistoria e eles detectaram uma rachadura em um dos cofres, que seria o alvo da quadrilha", diz o delegado. "A gente acredita que possa ter algum [envolvimento de funcionário] terceirizado, prestador de serviço do banco. Isso a gente vai saber no decorrer das investigações."
Fonte: Polícia apura ação de engenheiro em túnel que levaria a cofre com R$ 1 bi, http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1923899-policia-investiga-participacao-de-engenheiro-na-escavacao-de-tunel.shtml, acessado 04/10/2017.

Os almoços com o Bob são marcados por dois momentos agradáveis. O primeiro é a companhia e o segundo é ver ele pagando a conta. Em um dos almoços ocorreu um episódio desagradável. O cartão de crédito do Bob foi clonado e saíram fazendo despesas milionárias em nome dele sem o seu conhecimento e autorização.

O Bob não gosta de falar no assunto, mas eu acredito que após mais de um ano do acontecimento que o mesmo tenha sido resolvido satisfatoriamente e com justiça.

Como o processo de clonagem do cartão me intrigava devido ao grande número de componentes de segurança como senha chip e chaves criptográficas eu explorei um pouco o assunto. O Bob criou a teoria de que maquininha estava adulterada e que ele foi gravado digitando a senha pela câmera de segurança do shopping.

Confesso que esta versão não me parecia verossímil, por isto fui buscar nos meus contatos com os bancos quem poderia me oferecer uma explicação sobre o que ocorreu.

Em uma conversa sobre terceirização e segurança eu descobri diversas pistas sobre como é feita a clonagem do cartão de crédito. Existem várias maquininhas que são atualizadas por um terceiro através da sua conexão com um computador e um software do fabricante. Em outras palavras basta contaminar o computador para iniciar o processo de clonagem. Neste caso a maquinha é atualizada com uma versão corrompida do seu firmware e as proteções por criptografia são superadas. Até mesmo a senha digitada pelo cliente é enviada por wi-fi para o fraudador. Fonte: Brasil lidera clonagem de cartões em pontos de vendas na América Latina, http://computerworld.com.br/brasil-lidera-clonagem-de-cartoes-em-pontos-de-vendas-na-america-latina, acessado em 18/09/2017.

Vários especialistas afirmaram que os terceiros contratados estão agindo em comum acordo com os fraudadores (“Ou o criminoso tem acesso ao computador em que ocorre a transação ou, se passando por um representante legítimo de máquinas de cartão, faz a troca das maquininhas por outras adulteradas.”, Criminosos no Brasil celebram clonagem de cartão com funk no YouTube, https://www.techtudo.com.br/noticias/2017/09/criminosos-no-brasil-celebram-clonagem-de-cartao-com-funk-no-youtube.ghtml, acessado em 18/09/2017). Será que a terceirização é uma solução neste caso ou será que é um problema?

Os baixos salários pagos pela terceirização (isto não significa que os salários pagos dentro da CLT são elevados ou até mesmo adequados) estão permitindo que uma parte importante da cadeia produtiva do dinheiro em plástico fique exposta as tentações prometidas pelo crime organizado.

Recentemente a rede magazines Luiza afirmou que abrirá lojas no estado do rio de janeiro por causa da elevada criminalidade (Magazine Luiza vai abrir 60 lojas em 2017, mas descarta RJ por violência, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/09/1917763-magazine-luiza-vai-abrir-60-lojas-em-2017-mas-descarta-rj-por-violencia.shtml?mobile, acessado em 18/09/2017). Decisões como esta impactam tanto o emprego como o PIB do Brasil.

Existem diversas razões para que juízes tenham diversos benefícios extraordinários em relação aos demais trabalhadores. Uma delas é o objetivo dos juízes não serem facilmente seduzidos pelas ofertas do crime organizado.

É preciso pensar a terceirização de forma estratégica antes que bilhões de reais sejam perdidos por causa de fraudes. A falta de segurança corporativa gera prejuízos bilionários que são pagos pelos consumidores brasileiros (“O custo médio da violação de dados no Brasil atingiu a casa dos R$ 4,31 milhões para as organizações”, Qual o custo da violação de dados no Brasil?, http://www.securityreport.com.br/destaques/qual-o-custo-da-violacao-de-dados-no-brasil-2/, acessado em 18/09/2017). Os números crescem ano após ano. É preciso estancar esta sangria inútil para o bem da economia nacional.

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

O preço da burrice

De uma forma intuitiva, todos nós sabemos que a burrice custa caro para as pessoas e para as empresas. No entanto são raras as situações onde é possível medir este custo.

O caso da Roberta Sudbrack registrado nos artigos “Chef é barrada por fiscais e tem prejuízo de R$ 200 mil no Rock in Rio” (http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/09/1919202-chef-e-barrada-por-fiscais-e-tem-prejuizo-de-r-200-mil-no-rock-in-rio.shtml, acessado em 18/09/2017) e “Rock in Rio: Vigilância sanitária joga fora alimentos da chef Roberta Sudbrack (http://epoca.globo.com/sociedade/bruno-astuto/noticia/2017/09/rock-rio-vigilancia-sanitaria-joga-fora-alimentos-da-chef-roberta-sudbrack.html, acessado em 18/09/2017) revelaram uma perda de alimentos de R$ 200 mil.

É obrigação de todo empreendedor conhecer todas as regras referentes ao seu negócio. Não importa se o empresário as considera inconsistentes ou irrelevantes. É evidente que um negócio de alimentação necessita de todos os carimbos para funcionar.  A chefe de cozinha tem todo o direito de reclamar dos processos e até mesmo solicitar mudanças nos mesmos. Mas ela não tem o direito de abrir a cozinha dela sem ter todos os carimbos. Será que ela iria avisar os clientes dela sobre os carimbos faltantes? Como ficam os outros chefes que batalharam por todos os carimbos na concorrência com ela? Privilégios em um sistema sensível como o do segmento de alimentação podem gerar enormes distorções no mercado.

Não é justo para os clientes e concorrentes que a chef Sudbrack opere no Rock in Rio com menos carimbos que os exigidos. Se os processos são complexos para ela eles também são para os seus concorrentes. A ideia de favorecer empresas e criar campeões nacionais resultou no escândalo da lava jato e na maior recessão brasileira.

O empreendedor deve estar preparado para atuar em todas as frentes do seu negócio ou ele vai trabalhar como um chef de cozinha como a Roberta. Não existe demérito algum em ser chefe de cozinha. É uma profissão honrada e cheia de dificuldades. Se este é o caso da Sudbrack, ela deveria contratar funcionários para cuidar dos carimbos. É um arranjo benéfico para ela, para os clientes e para a sociedade.

É claro que o governo tem o dever de facilitar a vida dos empreendedores simplificando e automatizando os processos. No mundo digital é possível usar o Blockchain para gerar todos os carimbos de forma automatizada e segura. O custo é menor e a qualidade é maior. Basta condicionar a abertura do caixa com os carimbos necessários em uma rede BlockChain para que toda a sociedade tenha acesso a um sistema amigável e seguro.


É pena que os gestores públicos nacionais e parte da sociedade brasileira estão embalsamados na cultura do atraso. Todos sairão ganhando se o país usar os recursos disponíveis em 2017.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Crise na desigualdade brasileira

Recomente foi publicado um estudo sobre a desigualdade no Brasil que revelou que ela não diminuiu durante o governo do PT (Desigualdade de renda no Brasil não caiu entre 2001 e 2015, aponta estudo, http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/09/1916858-desigualdade-no-brasil-nao-caiu-desde-2001-aponta-estudo.shtml, acessado em 13/09/2017).

Não é o primeiro estudo que faz tal revelação pois o trabalho divulgado em 2015 do Marcelo Medeiros, Pedro Ferreira de Souza (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas e Universidade de Brasília) e Fábio Avila de Castro (Universidade de Brasília) revelou que inexistiu queda da desigualdade nos últimos 20 anos (fonte: A fraude que a esquerda engoliu, http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2016/04/1763282-a-fraude-que-a-esquerda-engoliu.shtml, acessado em 13/09/2017).

O boletim de análise publicado em junho da Fundação João Mangabeira também afirmou que não ocorreu o ciclo recente de distribuição de renda dito na propaganda dos governos do PT (fonte: A desigualdade, que nunca caiu, volta a sangrar, http://www1.folha.uol.com.br/colunas/clovisrossi/2017/07/1902189-a-desigualdade-que-nunca-caiu-volta-a-sangrar.shtml, acessado em 13/09/2017).

Os membros do PT evidentemente discordam de tais estudos e contestam os números. Em 2014 o Sergei Soares ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada e o Marcelo Neri ex-ministro-chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República publicaram vários artigos afirmando que a desigualdade diminuiu durante o governo do PT (Sergei Soares: Um país mais igualitário, sim, http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2014/06/1470355-sergei-soares-um-pais-mais-igualitario-sim.shtml e Desigualdade do capital em queda, http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/172924-desigualdade-do-capital-em-queda.shtml, acessado em 13/09/2017). Os números apresentados pelos autores dos artigos eram bastante inconsistentes em relação a realidade do pais.

O grande problema dos números apresentados pelos defensores do PT era que eles eram baseados na Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios (Pnad). Muitos ou todos mentem para menor sobre a sua renda total, porque a extrema violência brasileira gerou um clima de medo nas pessoas. Uma vez, a minha gerente de um banco perguntou qual era o meu capital total e eu respondi que não me sentia confortável com a pergunta. Que ela deveria trabalhar apenas com o valor que eu tinha investido no banco.

Existe uma enorme sensação de insegurança no território brasileiro. Em outras palavras a Pnad não é capaz de capturar a renda total das pessoas e famílias e por isto não serve como mecanismo para medir a desigualdade. A Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílios em termos de medição da desigualdade serviu apenas para que os enfeitiçados pelo grande líder (molusco mor) criarem uma nuvem de mentiras que apontava para a redução da desigualdade no Brasil. 

Eu gosto dos números porque eles são incapazes de esconder os fatos da realidade. Ao observarmos que os trabalhadores foram os grandes prejudicados na gestão do PT por cederem parte da sua renda para os mais ricos (redução da renda de 34% para 32%) fica claro porque estamos atravessando em 2017 a maior crise da história deste pais.


Ao abdicar do trabalho como ferramenta de prosperidade o Brasil escolheu conviver com uma forte recessão que inibirá qualquer tipo de avanço dos indicadores sociais até 2025. Após 2025, o país vai entrar no declínio do seu bônus demográfico em situação de renda bruta total pior do que a do ano de 2010. Serão duas décadas perdidas. Parabéns aos mentirosos da nova matriz econômica.

segunda-feira, 4 de setembro de 2017

A mentira vende?

Recentemente eu entrei numa loja de uma rede de suprimentos na Avenida Paulista e perguntei sobre uma impressora Laser que iria adquirir. O vendedor que me atendeu era muito solicito e esclareceu as minhas dúvidas técnicas. Realmente era o produto que necessitava para a minha casa. O preço era bem convidativo e só faltava um aspecto para fechar negócio. O preço de um toner novo. O vendedor ao me ver comparando o preço do toner novo com o valor da impressora apressadamente me interrompeu e mostrou que a conta que eu devo fazer é o preço de uma impressão que é o resultado do preço do toner pela quantidade impressões. 

Depois que o vendedor insistiu no seu discurso surrado do custo da impressão, eu desisti de explicar que é preciso considerar a depreciação da impressora na conta. E também que o custo que aparece na tabela dele é o custo médio. Ao ser questionado sobre qual é a variabilidade do custo, ele demonstrou total desconhecimento sobre o assunto. Como ele estava mais interessado em vender me enganando do que em oferecer informações corretas, eu desisti da compra naquela loja. O sentimento de ser enganado falou mais alto do que a minha necessidade. Poucos dias depois eu comprei a impressora em outra loja da mesma rede de lojas sem falar com os vendedores.

Algum tempo depois, no dia 30 de agosto de 2017 estava assistindo no canal Sony o programa Shark Tank Brasil e um dos participantes apresentava a sua empresa para os jurados. No caso era um produto alimentício onde os empreendedores afirmaram que o custo de produção unitário era de R$ 6,00 e o preço de venda era de R$ 11,00. E eles fizeram a avaliação do valor do negócio em cima da margem de lucro de R$ 5. Os jurados investidores perguntaram várias vezes sobre a margem lucro.

Depois de várias perguntas e de diversas respostas vagas, os empreendedores finalmente esclareceram que o custo de R$ 6,00 era apenas o custo variável unitário do produto e que os custos fixos seriam pagos pela margem de lucro de cinco reais. É evidente, neste caso, que a margem de lucro não é de R$ 5,00. É também é bastante claro que a avaliação da empresa não pode ser feita com base na falsa margem de lucro de R$ 5,00.

Nenhum dos jurados aceitou investir nesta empresa. A causa da recusa, não foi o produto, pois ele era muito bom. Inexistiu interesse em investimento, porque os empreendedores mentiram e tentaram enganar os jurados. As empresas precisam estar atentas com vendedores mentirosos, porque é a marca dela que fica queimada junto ao cliente. Em alguns casos, o conflito é tão grande e intenso que os clientes viram inimigos da marca.


Eu em particular adquiri, por causa de funcionários mentirosos, ojeriza por duas marcas. Uma é um grande banco internacional e outra é uma grande operadora mundial de telecomunicações. Toda vez que aporto capital em uma empresa, eu exijo que a mesma encerre o seu relacionamento comercial com estas duas marcas. Para os empresários que recebem o meu capital de investimento, não é um grande drama, porque estamos falando de empresas desonestas e incompetentes. Como conclusão final. Claramente a mentira não gera vendas.