Em 1980, a produtividade do brasileiro em relação aos Estados Unidos era de 0,83. Em 1990 caiu para 0,60. Em 2000 subiu para 0,65. Em 2010 caiu para 0,60. Em 2015 caiu para 0,54 e em 2019 caiu mais ainda para 0,50.
Entre
2019 e 1980 a produtividade do brasileiro em relação aos Estados Unidos
despencou. Este tema já foi abordado no blog em diversos momentos.
Como 2021
é um ano bastante comprometido em termos de desempenho da economia brasileira e
o ano de 2022 será ainda mais comprometido é importante retomar o tema
produtividade.
A produtividade
do brasileiro caiu ao mesmo tempo em que a informatização cresceu nos Estados
Unidos e no resto do mundo. É fácil perceber que as duas variáveis (produtividade
e informatização) andaram lado a lado nas últimas décadas.
Em 1987 o
Robert Solow (Prêmio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel em 1987)
afirmou “We see computers everywhere except in the productivity stastics” no artigo
publicado no New York Times Book Review de 12 de julho de 1987 (“We’d Better
Watch Out”).
Os
Estados Unidos acordaram e trabalharam as causas relacionadas com a
produtividade e Tecnologia de Informações e Comunicações (TIC). O Brasil como
sempre ficou dormindo em berço esplendido e vendo o problema aumentar ano após ano.
No Brasil,
a central de serviços (helpdesk) é uma das principais causas da ausência de produtividade
dos brasileiros após a introdução da TIC no ambiente de negócios.
A escolha
de capital intelectual inadequado para a central de serviços fez com que as
pessoas pedissem ajuda para os seus colegas nas infinitas falhas sistêmicas da
tecnologia.
Isto paralisava
o trabalho de duas ou mais pessoas para um único problema. A introdução do
autoatendimento pelos mercadores de falácias para os usuários de TIC faziam com
que as pessoas parassem de trabalhar nas atividades operacionais da empresa e
gastassem seu tempo em infinitos formulários inúteis.
Foram milhares
de presepadas cometidas pela organização do helpdesk no Brasil que geraram o
resultado medíocre da produtividade.
É evidente
que o preconceito contra o cabelo branco (pratica em que as atividade de TIC
deveriam ser realizadas por jovens) contribuiu em muito para o atual estado de
mediocridade da central de serviços.
A inteligência
artificial amplificou o efeito negativo das perdas, pois a programação dos robôs
e dos assistentes digitais raramente resolvem o problema específico do usuário.
São centenas
de milhões de reais que são jogados no lixo anualmente, por causa da ausência de
capital intelectual. No resto do mundo, as empresas buscam competências e
capacidades por isto elas estão contratando em home office os profissionais mais
experientes (Brasileiros trabalham de casa para startups no exterior e mercado
teme apagão de mão de obra Movimento impulsionado pela pandemia leva a aumento
de salários no setor, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/05/brasileiros-trabalham-de-casa-para-startups-no-exterior-e-mercado-teme-apagao-de-mao-de-obra.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail,
acessado em 26/05/2021).
Enquanto
alguns apoiam um mito que afirmou que o trabalho remoto não é trabalho, outros
mais civilizados e inteligentes estão contratando mão de obra qualificada com
baixo custo por causa da desvalorização cambial da moeda brasileira.
Tem muita
gente que fala que os números brasileiros estão comprometidos pelo chamado
custo brasil. Por isto a produtividade vem caindo ano após ano.
Quando
comparamos o custo da produção nos Estados Unidos com o custo da produção do
mesmo produto no Brasil antes dos impostos percebemos que o custo no Brasil é
mais de 50% maior. Em alguns casos é mais que o dobro.
Ou seja,
não é um problema de impostos, encargos sociais, penduricalhos etc. é um
problema de produtividade.
Muitos
afirmam que o problema da produtividade vem da educação do brasileiro. A questão
é quanto um americano pode ser mais inteligente que um brasileiro.
Se
exagerarmos e afirmarmos que o americano é 50% mais inteligente que o
brasileiro não conseguiremos explicar a diferença de custos da produção. É fácil
perceber que a educação é parte do problema, mas não é o seu todo.
Mesmo com
a suprema ignorância das lideranças nacionais em relação ao mundo em que
vivemos em 2021, o Brasil avança em áreas bem definidas.
O
agronegócio é um setor que vem crescendo em produtividade ano após ano. Apesar
do mito ter afirmado que a agricultura ignorou o novo corona vírus e foi
trabalhar, o que mais aconteceu foi a automação e automatização das principais
safaras.
O uso de inteligência
artificial e de equipamentos remotos permitiu que agricultura nacional
crescesse durante a pandemia do novo corona vírus de forma segura e com
distanciamento social. O artigo “Covid-19 provoca atraso na entrega e alta de
preços de máquinas agrícolas” (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vaivem/2021/05/covid-19-provoca-atraso-na-entrega-e-alta-de-precos-de-maquinas-agricolas.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail&origin=folha)
deixa bem claro o crescimento das maquinas inteligentes nas principais safras
brasileiras (soja, cana, laranja, milho etc.).
O artigo “Algoritmos
têm se mostrado códigos de preconceito Uma questão relevante é saber quem os
programa, como e com que motivação” (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ana-cristina-rosa/2021/05/algoritmos-tem-se-mostrado-codigos-de-preconceito.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail)
revela com clareza como a falta de capital intelectual impacta as análises
feitas no Brasil.
Os algoritmos
são na pratica a expressão analítica do modelo da realidade da inteligência artificial
(por exemplo equação da esfera usada para representar uma bola). Os algoritmos
são sempre uma realidade simplificada, pois não é viável introduzir todas as variáveis
existentes no mundo real em um computador.
Um algoritmo
não tem a capacidade de ser preconceituoso. Se assim fosse ele não seria um
modelo da realidade. É o treinamento da inteligência artificial que gera o
preconceito. Por exemplo, se uma inteligência artificial para seleção de
profissionais de tecnologia for treinando com a atual base de dados dos
profissionais existentes, ela terá viés de gênero, pois existem muito mais
profissionais homens trabalhando no mercado de TIC.
O treinamento
deve ser feito para compensar os problemas que existem na realidade existente. Confundir
treinamento com algoritmo revela que a pessoa não sabe o que está falando.
O Brasil
precisa encarar de frente, sem choro nem vela, que o real problema da
produtividade nacional está relacionado com os aspectos culturais nacionais.
Se inexistir
o entendimento que um funcionário lendo ou fazendo o planejamento das suas
atividades é parte do trabalho, o Brasil vai amargar índices cada vez piores
de produtividade. Se os preconceitos contra a capacitação e a competência não
forem eliminados o país regredirá para o clube dos países pobres.