segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

Negócios pós CES 2017

A CES 2017 como era esperado foi preponderante nos temas relacionados com a inteligência artificial, computação cognitiva e aprendizado das máquinas. É bastante claro que a comunicação verbal entre as pessoas e as máquinas será a nossa forma de interação com os computadores nos próximos anos. A linguagem natural será vastamente utilizada e desenvolvida.

Mais uma vez o Brasil está em um momento de escolha no assunto tecnologia de informações e comunicações. O país pode olhar para a CES 2017 e encarar como uma oportunidade para desenvolver soluções de reconhecimento de voz em português e crescer com as tecnologias emergentes ou pode escolher o mesmo caminho que vem trilhando sem sucesso por décadas. Ou seja, esperar que outros desenvolvam uma tecnologia de reconhecimento de voz em linguagem natural e entrar no jogo de forma atrasada.

Computadores, drones, robôs e diversos dispositivos vão conversar com as pessoas em linguagem natural nos próximos três anos. Pode parecer perfumaria para alguns, mas não é. Estes dispositivos vão interagir com as pessoas desempenhando papéis como cuidadores e acompanhantes de enfermos, idosos e crianças. Todos os sistemas públicos bancados com dinheiro dos impostos terão enormes ganhos de produtividade com a computação em linguagem natural.

O sistema de saúde pode reduzir o seu custo através da inteligência artificial. Os especialistas passarão a ter certeza que o tratamento está sendo seguido à risca pelo paciente aumentando assim a chance de sucesso. A companhia dos robôs servirá para que as pessoas enfermas possam ser ajudadas em atividades como ir no banheiro, tomar banho ou fazer uma caminhada. Como tudo estará sendo monitorado e os robôs rapidamente perceberão as necessidades e irão intervir em tempo real.

É evidente que em 2020 muito desta tecnologia será embrionária. E ainda teremos robôs trabalhando com as pessoas nestas atividades. Não devemos ver a inteligência artificial funcionando de forma autônoma durante vários anos. Ela vai trabalhar em conjunto com as pessoas durante décadas até que ela possa ser autônoma. Os robôs e outros dispositivos estarão presentes nas escolas, nas ruas, nos hospitais, nas casas, nos clubes e etc. de forma crescente nos próximos anos.


A interação na nossa língua natural respeitando os regionalismos é uma pré-condição para que o Brasil possa usufruir dos benefícios oferecidos pelas novas tecnologias. Estamos diante de uma grande e histórica decisão. Espero que as autoridades estejam preparadas para fazer as melhores escolhas.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

A era do User eXperience (UX)

A experiência do usuário contemporânea exige o domínio do conhecimento de disciplinas como usabilidade, ergonomia e ciências cognitivas para assegurar que os usuários dos sistemas digitais consigam explorar na pratica as oportunidades geradas pelas facilidades desenvolvidas. O profissional que desenvolve a experiência do usuário trabalha com pesquisas realizadas junto aos usuários, com a heurística e com a prototipagem para criar um modelo estatístico da usabilidade da aplicação que gere uma espiral positiva para aumentar a qualidade da experiência do usuário.

Durante muito tempo, a engenharia considerou a usabilidade de uma aplicação como um fator menos importante do que a tecnologia desenvolvida. A organização de desenvolvimento entendeu por décadas que a experiência do usuário era um opcional interessante, mas era apenas um opcional. O objetivo mais importante era criar um produto que funcione. A comparação do desempenho era realizada entre um produto que funciona e um que não funciona. O sucesso de um desenvolvimento era entregar um produto funcionando. Inexistia no ambiente de desenvolvimento a preocupação com a usabilidade.

Para o negócio não era importante a capacidade do consumidor usar facilmente o produto. Até o final da era da tecnologia (ano de 2008), os executivos das empresas desenvolvedoras de tecnologia acreditavam que era mais importante oferecer um produto com centenas de facilidades sem usabilidade alguma, do que oferecer um produto com poucas facilidades com usabilidade elevada.

Na era da tecnologia, não era considerado um problema o sofrimento dos usuários para usarem os produtos digitais. A engenharia de empresas, como Apple, Microsoft e Sun Microsystems, determinava unilateralmente um conjunto de regras que os consumidores deveriam seguir rigorosamente. As empresas iniciantes de Internet que sobreviveram ao estouro da bolha do ano de 2000 estavam insatisfeitas com a ditadura da tecnologia e iniciaram uma corrida por talentos para derrubar as barreiras criadas contra a usabilidade e experiência do usuário.

No começo do século XXI, empresas como Google, eBay, PayPal e Yahoo iniciaram uma revolução no desenvolvimento de códigos e aplicativos. Posteriormente, a revolução da usabilidade foi incorporada pela nova geração empresas iniciantes como Twitter, Facebook, Instagram e etc. A geração Facebook de empresas iniciantes desenvolveu as mídias sociais com foco tanto na usabilidade e experiência do usuário, como na especialização da tecnologia. Estas empresas iniciantes enterraram e sepultaram a era da tecnologia.

A intensa competição entre as várias mídias sociais criadas fizeram com que as firmas buscassem novos aspectos de diferenciação dos seus produtos. Como o custo marginal unitário da tecnologia caiu para aproximadamente zero, as aplicações ganharam saltos exponenciais de usabilidade. O mundo pós 2010 começou a viver a nova era do conhecimento. Os projetos de experiência do usuário foram catapultados ano após ano para patamares cada vez mais elevados. Nasceu neste momento a era dos Apps. Eles eram facilmente lançados em um mercado altamente competitivo. A experiência cognitiva dos usuários na interação com a aplicação é o principal fator da explicação do crescimento e sobrevivência do aplicativo. A seleção natural da experiência do usuário determinou a morte de muitos Apps.

A era da experiência do usuário determina que produtos excelentes criam uma ótima experiência fim-a-fim. Não são produtos apenas usáveis. São produtos usáveis, sedutores, agradáveis e inspiradores. As redes sociais bem-sucedidas como YouTube, Airbnb, Flipboard, Square, Pinterest, Etsy, Path, AboutMe, Slideshare são soluções bem projetadas.

Os fabricantes Apple e Samsung brigam com intensidade elevada pelas patentes de usabilidade. Eles querem oferecer emoções únicas para os seus clientes através dos seus produtos. A empresa Microsoft desenvolveu o Windows 8 e 10 para surpreender os seus consumidores. Empresas como a BlackBerry praticamente desapareceram do mercado por causa da experiência fim-a-fim pobre dos seus usuários. Estas firmas mostraram ao mundo que falhas na usabilidade e experiência do usuário matam um produto líder de mercado.

O que é a de experiência do usuário?

User eXperience Design (UX ou UXD) é uma disciplina focada no projeto da experiência fim-a-fim de um usuário ou consumidor de um determinado produto. Para projetar a experiência é preciso planejar e atuar em relação a um determinado conjunto de características para mudar o comportamento do público alvo na interação com o produto.

O trabalho do projetista de UX é resolver os problemas dos usuários ou consumidores através da identificação de uma solução agradável, sedutora e inspiradora. O resultado do trabalho é medido através das métricas que descrevem o comportamento do usuário. O projetista de UX usa o conhecimento e os métodos descritos pela psicologia, antropologia, sociologia, informática, desenho gráfico e industrial e ciência cognitiva.

O projeto de uma experiência é em outras palavras, o planejamento da mudança do comportamento do público alvo. O processo consiste da identificação do problema e da destruição dos paradigmas usando uma ou mais metodologias de desenvolvimento de projetos.

Um projeto de experiência do usuário é realizado na intersecção da arte e da ciência. A UXD exige tanto a análise analítica, como a criatividade. Por exemplo, quando um analista de UX está criando uma tela de um aplicativo, ele considera as necessidades das pessoas que vão usar o software, testa a interatividade das alternativas disponíveis e identifica a solução que desperta o interesse das pessoas em usar o aplicativo por causa da experiência única proporcionada.


O objetivo do trabalho é fazer com que os usuários usem o software com o dobro do entusiasmo em relação a sua versão anterior. O analista de UX interage com a melhor solução para endereçar os problemas da maior parte do público alvo. O resultado é medido através do comportamento do usuário. Em outras palavras, a otimização gerada pela experiência do usuário é uma solução para um problema genérico alavancado através melhorias iterativas. As empresas iniciantes bem-sucedidas respiram a cultura da experiência do usuário.

terça-feira, 17 de janeiro de 2017

Ransomware na era pós verdade (eufemismo para mentira)

O mundo da era pós verdade é um ambiente em que existem mudanças digitais profundas. Um dos aspectos mais importantes desta nova ordem social é a cibersegurança. As informações armazenadas nos computadores, nuvens e outros dispositivos são ativos valiosos que precisam ser protegidos contra olhos indiscretos. Tanto as políticas de cibersegurança públicas e privadas precisam de elevada transparência e competência. As pragas virtuais da família do ransomware estão em alta porque atacam o centro nervoso da cibersegurança. Acessar as informações dos sistemas diariamente faz parte da rotina diária de todas as empresas e qualquer coisa que impeça este acesso gera um problema econômico de grande envergadura.

O ransomware captura as informações armazenadas e impede o acesso dos legítimos proprietários. Os malfeitores exigem o pagamento de um resgate em moeda virtual para libertar as informações. Como a maioria dos sistemas produtivos, o ransomware tem na logística o seu maior custo. Distribuir uma praga virtual exige o enfrentamento de diversas barreiras. No entanto, os malfeitores estão esbanjando criatividade. Em alguns casos eles estão trocando o pagamento do resgate das informações pela ação da vítima de espalhar a praga virtual para quatro ou cinco novas pessoas. Não é preciso ser um especialista em segurança para perceber o aspecto explosivo de tal estratégia de distribuição.

A velocidade de ataque destas pragas virtuais ganha com tal estratagema crescimento exponencial e as pessoas passarão a serem atacadas por fontes que elas julgam serem confiáveis. Existe um potencial econômico negativo gigantesco em tal situação, pois uma enorme incerteza vai permear o mercado digital. As pessoas terão que desconfiar tanto das fontes confiáveis como das inconfiáveis.

No caso brasileiro de baixa qualidade na cibersegurança, o drama é de elevada gramatura. Falta no Brasil a cultura da segurança digital. Isto significa que o país pode ser em breve castigado por diversos eventos de cibersegurança. Infelizmente no Brasil existe uma estrada digital aberta para a disseminação de pragas de ransomware. No trem e metrô na cidade de São Paulo os vendedores ambulantes vendem pendrives e cartões de memória de 32 Gbytes por 5 reais. O preço é extremamente convidativo. Em particular eu tenho dúvidas que o preço de venda permita a aferição de algum lucro. Sem entrar no mérito da procedência destes dispositivos imagine o que aconteceria se os mesmos estivessem contaminados com um ransomware escondido no seu driver de instalação.

Milhares de computadores e dispositivos digitais serão contaminados. Muitos computadores que trabalham em rede VPN (Virtual Private Network) serão contaminados. Milhões de computadores corporativos serão contaminados. Espero que demore muito tempo para que as facções criminosas percebam que podem cometer crimes mais lucrativos ao migrarem as suas ações para o mundo digital. Elas podem facilmente dominar a logística da distribuição dos ransomwares e capturar um mercado bilionário por conta da falta de cultura de segurança do brasileiro. O crescimento das moedas virtuais e Blockchain no país é um facilitador para eles.


Tanto o governo, como as autoridades de segurança, como a sociedade precisam com urgência rever os aspectos que facilitam a disseminação do ransomware no Brasil. Pode ser tarde se tais medidas forem procrastinadas. Os danos financeiros são de elevada monta e segmentos de mercado podem ser destruídos. É preciso tratar o assunto com atenção e carinho. 

Too many cooks spoil the broth

A repercussão dos artigos sobre compartilhamento de senhas [Conta do governo publica senhas do Planalto acidentalmente no Twitter (https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2017/01/10/conta-do-governo-publica-senhas-do-planalto-acidentalmente-no-twitter.htm) e Atenção: Compartilhamento de senhas pode destruir sua segurança (http://cio.com.br/opiniao/2017/01/10/atencao-compartilhamento-de-senhas-pode-destruir-sua-seguranca) revelou que muitos profissionais de segurança vivem em regime de negação da realidade. Muitos consideraram o caso como um incidente grave e incomum.

O fenômeno de compartilhamento de senha de rede social é pratica comum em todas as empresas. A cultura brasileira em relação aos bens materiais e imateriais (senhas por exemplo) não é preservacionista, ou seja, o que é compartilhado não é cuidado por ninguém. Em outras palavras, estas senhas são conhecidas por várias pessoas que não estão envolvidas com as redes sociais nas empresas. A grave falha que os profissionais de segurança citaram ocorre diariamente na empresa que ele trabalha. O vazamento do endereço do arquivo com as senhas é situação similar ao que encontramos em senhas escritas nos lembretes grudados nas estações de trabalho.

Os que consideram este caso como incompetência dos envolvidos deveriam usar o mesmo tratamento para os que compartilham as senhas dentro das suas empresas. Infelizmente a falta de cultura da preservação de bens públicos faz com que as pessoas envolvidas com as senhas das redes sociais do governo não tenham visão dos danos e consequências. Para elas tudo foi resolvido com a mudança das senhas. Tal comportamento faz parte da cultura nacional. Os profissionais de segurança não podem ignorar os aspectos culturais da sua visão de trabalho. O compartilhamento de senha faz parte da rotina das empresas desde que as senhas surgiram no Brasil. Então tal situação não é novidade. Isto significa, que as políticas de segurança devem prever os casos de senhas compartilhadas. Não é possível que algo que é praticado por décadas seja entendido por grave falha de segurança.

Para os que alegam que a grave falha foi a divulgação do endereço do arquivo com as senhas em uma rede social, eu entendo, que é importante destacar que mais cedo ou mais tarde um incidente similar deste porte iria fatalmente acontecer pela forma como os bens compartilhados são geridos no Brasil. Isto significa que é um caso esperado e a política de segurança deve abordar tal situação. No caso das senhas compartilhadas é fácil perceber que elas existem em todas as organizações e também é nítido que as mesmas são pobremente gerenciadas.


Os profissionais de segurança precisam trabalhar tanto na difícil frente da mudança cultural sobre bens compartilhados, como na frente de curto prazo de tratar as consequências de tais vazamentos. A abordagem de ignorar o problema que é antigo e classificar como grave incidente de segurança em nada contribui para resolver o real problema. 

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Era dos megaeventos e da micro inteligência

O Brasil sediou a copa de 2014 e as olimpíadas de 2016. Os resultados divulgados recentemente pelo ministério do turismo revelaram que o resultado alcançado foi medíocre [(Em ano de Olimpíada, turismo estrangeiro cresce 4,8% no Brasil e chega a 6,6 milhões, http://g1.globo.com/economia/noticia/em-ano-de-olimpiada-turismo-estrangeiro-cresce-48-no-brasil-e-chega-a-66-milhoes.ghtml), (Ano de Olimpíada no Rio traz mais turistas ao Brasil que o da Copa, http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/01/1846918-ano-de-olimpiada-no-rio-traz-mais-turistas-ao-brasil-que-o-da-copa.shtml)]. Foi realizado um investimento recorde acima de 90 bilhões de reais e o resultado em termos de crescimento do turismo foi ridículo. A pobreza intelectual na organização destes dois megaeventos explica o resultado pobre. Os artigos “Concessionária acusa Rio-2016 de entregar Maracanã inacabado para governo” (http://oglobo.globo.com/esportes/concessionaria-acusa-rio-2016-de-entregar-maracana-inacabado-para-governo-20730472) e “Maracanã tinha 56 problemas após Rio-2016, aponta laudo da Odebrecht” (http://rodrigomattos.blogosfera.uol.com.br/2017/01/06/maracana-tinha-56-problemas-apos-rio-2016-aponta-laudo-da-odebrecht/) revelaram a situação em janeiro de 2017 do estádio do Maracanã que consumiu quase 1,5 bilhão de Reais.

Os números do turismo internacional mostraram porque faltou dinheiro para devolver o complexo Maracanã nas mesmas condições em que ele foi recebido pela Rio 2016. Em 2013 já sob a influência da copa das confederações, o Brasil recebeu 5,8 milhões de turistas internacionais. O resultado da Copa de 2014 no turismo pode ser sentido nos anos de 2015 e 2016, sendo que o turismo estrangeiro do ano de 2016 tem tanto o efeito Copa 2014 como das Olimpíadas 2016.

Em 2016 o Brasil recebeu 6,6 milhões de turistas estrangeiros contra 5,8 milhões em 2013. Ou seja, os megaeventos elevaram o fluxo de turistas ao Brasil em 0,8 milhões. No ano de 2016 os turistas gastaram no Brasil 6,2 bilhões de dólares. Em palavras, o investimento de 90 bilhões de Reais na copa e olimpíadas gerou um crescimento de menos de 5% no fluxo de turistas.


A Argentina investiu aproximadamente 190 milhões de Reais para atrair 5,7 milhões de turistas em 2015. Em outras palavras para atrair um turista estrangeiro a Argentina exigiu investimento de 34 Reais e o Brasil investiu aproximadamente 13,6 mil Reais. A produtividade do investimento brasileiro pode ser vista na divisão dos investimentos, ou seja, 34/13.636 = 0,25%. O investimento brasileiro teve produtividade de 0,25% do investimento argentino. Os números confirmam o resultado medíocre que o Brasil alcançou. Nunca na história da humanidade um governo gerou tanto desperdício de dinheiro público como os pós 2002. Foi conquistada a façanha de empobrecer a população brasileira numa época de crescimento da economia mundial

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Tecnologia Blockchain no Serviço DNS

Feliz 2017. Em outubro de 2016, eu alertei na postagem “Uma nova ameaça econômica nasceu” (http://itgovrm.blogspot.com.br/2016/10/uma-nova-ameaca-economica-nasceu.html) sobre as fragilidades existentes nos serviços de DNS (Domain Name System). Infelizmente a realidade ambiental brasileira impediu a absorção deste conhecimento pelos profissionais da organização de ti e de segurança. O resultado da ausência de ações corretivas pode ser visto na primeira semana de 2017. O portal Google foi atacado em 03/01/2017e o portal UOL foi atacado em 06/01/2017.

Na postagem “Uma nova ameaça econômica nasceu” eu alertei sobre o problema e apresentei como a tecnologia Blockchain é capaz de eliminar a fragilidade do DNS. É uma solução simples, barata e rápida que pode ser adotada por todas as empresas. O serviço de DNS é basicamente um banco de dados onde a entrada é um nome e a saída é um endereço IP (Internet Protocol). Ao usar a tecnologia Blockchain para controlar as alterações no serviço DNS, a empresa cria um ambiente onde apenas a posição de consenso de todos os nós da rede permite a publicação de uma alteração no banco de dados. Este processo simples, barato e rápido impede que um invasor altere o endereço de IP de um nome do serviço DNS.


Espero que os recentes acontecimentos do início de 2017 despertem o interesse dos profissionais da organização de TI (Tecnologia da Informação) e de segurança para a importante questão da fragilidade do serviço DNS. O único requisito necessário para usar a tecnologia Blockchain no DNS é o conhecimento de uma solução do ano de 2016. Todo o processo é muito simples. Eu adotei o Blockchain no DNS em 2016 e não fui impactado por estes ataques.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Quantas vezes uma mentira precisa ser contada para virar verdade?

Nas festas de final de ano, as conversas giraram em torno das amenidades e dos desafios que os brasileiros enfrentarão em 2017. No contexto da crise eu fui muito questionado sobre o que poderia ser feito para minimizar os efeitos negativos do baixo crescimento do PIB. Como já comentei em postagem anterior a minha previsão para 2017 é de um crescimento em torno de 0,5% caso o Brasil faça escolhas minimamente razoáveis durante o ano. Considero improvável um crescimento negativo e pouco provável, mas possível, crescimento na casa dos 0,8% do PIB. Como o Brasil precisa recuperar as perdas da recessão e compensar o crescimento populacional, é fácil perceber que a velocidade do crescimento do PIB é muito baixa.

Ao citar o exemplo da Coréia do Sul (Coreia do Sul quer tirar de circulação todas as moedas até 2020, http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/12/1838268-coreia-do-sul-quer-tirar-de-circulacao-todas-as-moedas-ate-2020.shtml?mobile) que pretende acabar com o dinheiro em papel moeda até 2020 como uma solução para fazer mais com menos eu fui imediatamente interrompido com a frase: "Não sei em que mundo você vive, as pessoas de mais idade não vão conseguir usar um celular para pagar as suas contas". O autor desta pérola da cultura do atraso recentemente elogiou uma propaganda na televisão do maior banco do Brasil onde uma aposentada envia e-mail de agradecimento ao seu neto por ele ter ensinado como usar. Infelizmente encontramos os partidários da cultura do atraso na elite intelectual brasileira.

O que mais me surpreendeu no caso foi ver uma pessoa acima de 50 anos defendendo o preconceito ao cabelo branco. No caso da propaganda do banco, o preconceito é explicitado ao seu máximo. A situação natural para o ensino da utilização do e-mail (e ela representa uma forte distorção e mentira) seria a mãe agradecer ao filho que ensinou. No entanto, para o banco, o filho que no contexto da propaganda tem mais de 50 anos, não é capaz de aprender a usar o e-mail por causa da sua idade e por isto o neto que é jovem é quem é a pessoas capaz de ensinar a tecnologia para a vovó.

O recado subliminar da propaganda é que tecnologia é um assunto para os jovens e os mais velhos tem enorme dificuldade de aprender a usar as novas tecnologias (o leitor mais atento deve estar neste momento perguntado em qual lugar do universo o e-mail é uma nova tecnologia?). É claro na propaganda que para o banco ligar um computador ou celular e enviar um e-mail é uma tarefa de nível tão grande de dificuldade intelectual para uma pessoa acima de 70 anos que ela precisa ser ensinada para tal. A origem do preconceito ao cabelo branco é resultado direto da falácia da dificuldade do aprendizado das novas tecnologias pelos que tem mais 40 anos.

Não é surpreendente que este banco tenha no seu regimento interno uma determinação de aposentadoria compulsória por idade. Também não é surpreendente que o precário capital intelectual do banco fruto do seu preconceito ao cabelo criasse uma burocracia cara e inútil para a comunicação do cliente com a sua agência. Fazer menos com mais é claramente o lema do banco.
O grande problema dos partidários da cultura do atraso são os fatos. Enquanto uns afirmam que as pessoas de mais idade não vão usar o celular para pagar as contas do dia a dia, os fatos desmentem tais afirmações. Em primeiro lugar existem muitas pessoas acima de 70 anos na Coréia do Sul. A participação delas na sociedade será maior em 2020 do que é em 2017. Os que falam que eu vivo em outro mundo afirmam que os idosos da Coréia do Sul são capazes de usar as moedas virtuais. A limitação existe apenas nos idosos brasileiros. A lógica de tal afirmação não é comprovada por fato algum. Para os defensores da cultura do atraso, os problemas para a adoção da moeda virtual são diferentes entre lugares como Brasil, Estados Unidos, Europa e Coréia do Sul. Para eles, o ser humano tem capacidade de aprendizado diferente em função da geografia. Sou incapaz de entender tal lógica.

O segundo furo dos defensores da cultura do atraso é que todos os dias pessoas acima de 70 anos pagam as suas contas nos supermercados, lojas, farmácias e etc. usando o cartão de crédito. Quem consegue pagar uma compra com o seu cartão de crédito não é capaz de pagar com o seu celular? Infelizmente, é esta a frágil hipótese da cultura do atraso.

Outros fatos desmentem por completo a frágil hipótese da cultura do atraso de que pessoas idosas não vão conseguir usar a tecnologia da moeda digital. Aqui (Myth busted: Older workers are just as tech-savvy as younger ones, says new survey, http://www.techrepublic.com/article/myth-busted-older-workers-are-just-as-tech-savvy-as-younger-ones-says-new-survey/) ali (Cyber idade: pesquisa mostra que os mais velhos estão usando mais as tecnologias!, http://conaz.com.br/portal/pesquisa-mais-velhos-usando-tecnologias/) e ali (Novas tecnologias conquistam a terceira idade com acesso à rede, http://www.jornalcruzeiro.com.br/materia/720041/novas-tecnologias-conquistam-a-terceira-idade-com-acesso-a-rede) estão disponíveis pesquisas que mostram que as pessoas mais velhas tem menos dificuldades com a tecnologia do que os mais novos. Os estudos revelam também que os cabelos brancos brasileiros estão usando intensamente as tecnologias digitais sem grandes dificuldades.

Os ganhos monetários da migração para a moeda virtual são enormes. Os custos para imprimir, armazenar e distribuir o dinheiro em papel em um país de grande dimensão como o Brasil são enormes. Na Coréia do Sul que é um pais eficiente e de pequena extensão territorial, uma nota de 10 won custa 10 won. Aqui no Brasil que é um país de larga extensão territorial o custo deve ser no mínimo o dobro. Este custo é pago pelos impostos. Não é difícil perceber que uma pequena mudança para a rotina dos brasileiros como a moeda virtual pode economizar bilhões de reais por ano e pode fazer a economia crescer mais rapidamente. Infelizmente a cultura do atraso atua com mentiras para impedir que o Brasil supere os seus desafios em 2017.


Para finalizar eu destaco que desde a introdução dos caixas eletrônicos nos anos 1980 no Brasil eu escuto a falácia de que os idosos não vão conseguir usar a tecnologia. Os fatos desmentem as mentiras afirmadas. Eles usam e não precisaram ser ensinados pelos netos. Para os que perguntam em que lugar eu vivo eu respondo que eu vivo no planeta terra no ano de 2017. E complemento dizendo que os arrogantes que acham que o fato deles terem limitações de aprendizagem significa que outros tem as mesmas limitações devem buscar ajuda urgente. Os idosos não têm limitações de aprendizagem e buscam uma sociedade que não jogue no lixo o dinheiro dos impostos. Fazer mais com menos não é cortar o leite das crianças como um prefeito fez. Fazer mais com menos é usar os recursos existentes em 2017 para que o estado brasileiro seja eficaz e eficiente. Os que desejam viver com a tecnologia de 1980 que vivam no passado e paguem a conta. Eu não quero pagar a conta dos gastos inúteis gerada pelos que governam o Brasil desde o ano de 2002. A maior recessão da história brasileira foi gerada pelos arrogantes da cultura do atraso.