No Brasil, estamos vivendo com alguma intensidade o fenômeno em que as pessoas estão ignorando os fatos e tratando as narrativas dos fatos como realidade.
Recentemente
em uma conversa com um dos signatários das falácias do mito (isso mesmo que você
pensou, o sujeito que tem medinho da agulha de uma vacina) eu escutei a
afirmação que na corrida de fórmula 1 de interlagos de 2021 entraram 400 mil
expectadores.
Ao ser
argumentado que o número de 400 mil é irreal (foram colocados à venda apenas 70
mil ingressos), a pessoa argumentou com ênfase que foi isto que ela foi informada.
Tudo isto
para usar o argumento político de que o governador de São Paulo (adversário do
mitinho das agulhas) criou uma grande aglomeração de pessoas durante a pandemia
do novo coronavírus.
Não cabia
na afirmação nenhum tipo de bom senso, apenas a politicagem de uma narrativa
falsa. Infelizmente muitas pessoas estão buscando informações com os mercadores
de falácias e assumindo que as mentiras contadas são verdadeiras.
É muito
triste ver um nível de invólucro intelectual tão pobre. Esta mesma pessoa
debateu comigo em 2017 sobre a viabilidade do carro elétrico.
Eu afirmei
em 2017 que em 2022, o carro elétrico seria uma realidade no Brasil e esta pessoa
afirmava que a indústria do petróleo iria fazer o mesmo que ela fez com o carro
movido à água (até hoje desconheço uma única prova que realmente existiu tal
carro), ou seja, comprar as patentes do inventor e sumir com a solução.
Estamos quase
em 2022 e é bastante claro que o carro elétrico chegou, diversas empresas já
estão utilizando-o no seu dia a dia e não vi a indústria do petróleo comprar as
patentes e sumir com o projeto.
A falta
de capacidade para buscar fontes confiáveis de informações está fazendo com que
muitas pessoas tomem decisões pobres na vida pessoal e profissional.
Em 2019, eu
afirmei que a digitalização iria alcançar com forças os bancos tradicionais da
época e iria fechar agencias, cortar empregos etc. Também afirmei que a moeda digital
seria realidade no Brasil antes de 2022.
Muitos
afirmaram que os mais pobres e os idosos não usariam a moeda digital aqui no
Brasil. Os números das transações realizadas pelo PIX que é praticamente uma
moeda digital em 2021 desmentiram completamente os que postulavam que a idade e
a renda eram barreiras para a digitalização do numerário nacional.
Durante a
pandemia, alguns debatiam com ênfase que as pessoas querem contato físico e que
ao final dela tudo voltaria ao que era, ou seja, não existiria um novo normal de
comportamento das pessoas e empresas.
Recentemente
a Nestlé anunciou que até 2025 ela pretende que 25% das suas vendas totais
sejam feitas por ecommerce. Diversas empresas estão fazendo investimentos
semelhantes.
O novo normal
em especial no varejo brasileiro está ocorrendo porque a experiencia do usuário
no varejo presencial nacional é bastante ruim.
As
pessoas enfrentam filas para serem atendidas nas lojas e em alguns casos sofrem
ataques de preconceito em que são seguidas nos estabelecimentos por causa do gênero,
cor, condição social, vestimenta etc. Existem casos de falsas acusações de
furtos.
Além das
filas para o atendimento, as pessoas enfrentam filas para pagar e muitas vezes
enfrentam problemas com o meio de pagamento. Existem casos em que as falhas nos
sistemas impediram o pagamento em dinheiro ou em cartão de crédito ou débito.
Muitos
alegam que nas vendas de perfumes, bebidas etc. o cliente pode provar o produto
no atendimento presencial e isto é uma vantagem. Estas pessoas esquecem que o
mundo evolui.
Em breve
o varejo digital nacional vai enviar amostras dos perfumes, bebidas etc. para a
residência dos clientes para que eles tomem a sua decisão de compra.
O varejo
digital não resolve todos os problemas dos consumidores, mas ele elimina muitas
das imperfeições existentes na experiencia do usuário do varejo presencial.
Escutei recentemente
que no comercio de vestuário o aspecto presencial é de vital importância porque
é possível experimentar a roupa ou sapato ou etc. e sentir como ele fica no
corpo.
Pessoas
compram vestuário para outras pessoas sem a presença delas por diversas décadas.
Quem diz que tem um formato de corpo tão diferente esquece que as mesmas roupas
que existem no comercia presencial existem no comercio virtual. É só uma que de
usar a fita métrica.
No caso
de farmácias e supermercados e assemelhados as empresas estão investindo
fortemente no comercio eletrônico porque a tecnologia resolve o problema da
experiencia pobre do usuário no comercial presencial e abre as portas para as
vendas recorrentes.
Toda a
cadeia de suprimentos é beneficiada pela venda pela internet. O consumidor que
muitas vezes tem que ir em várias lojas físicas para comprar o seu objeto de
consumo gastando tempo dinheiro e perdendo produtividade tem este problema resolvido
pela compra virtual.
A otimização
da cadeia de suprimentos reduz os custos de logística dos estabelecimentos, pois
eles não ficam mais com o seu estoque depreciando e perdendo prazo de validade das
lojas físicas.
O brasil
que vive um surto inflacionário intenso pode corrigir o rumo da carestia dos
preços pela otimização do custo do estoque e pela eliminação das perdas e desperdícios
da estocagem e do transporte.
Muitos empregos
podem ser gerados por esta transformação digital e desta forma vamos saindo do
debate fajuto de que a redução ou eliminação dos encargos sociais da folha do pagamento
gera empregos.
O estudo Payroll
Tax, Employment and Labor Market Concentration do Baumgartner, Corbi e Narita (https://www.dropbox.com/s/i95bgk1x4m1unn5/BCN_payroll_tax_labor.pdf?dl=0,
acessado em 23/22/2021) os números reais da desoneração da folha de pagamentos
no Brasil.
A renda
real do trabalhador brasileiro vem caindo ano após anos porque muito acreditam
nas narrativas falsas. Muitos seguem lideranças atrasadas que retiram valor
agregado da economia brasileira.
Em 2017
foi feita uma reforma trabalhista que afirmava que iria gerar 6 milhões de
empregos em uma década eu afirmei que isto não iria ocorrer. Os números mostram
que o desemprego no Brasil vem aumentando ano após anos após a reforma de 2017.
Ainda não
superamos todos os desafios da pandemia do novo coronavírus, mas importantes
conquistas foram alcançadas com a vacinação em massa da nossa população.
É possível
superar as dificuldades econômicas atuais desde que as narrativas sejam
ignoradas e os fatos e dados reais sejam considerados nas decisões de todos os
brasileiros.