quarta-feira, 26 de abril de 2023

Valor de TI

Nas minhas apresentações e palestras eu frequentemente escuto a afirmação que TI é um mal necessário para o negócio.

 

Apesar das inúmeras demonstrações do valor agregado da tecnologia para todos os negócios, a maioria dos executivos de negócio veem TI como um custo elevadíssimo.

 

Para criar um estudo caso genérico e amplo, eu vou analisar os grandes números do Brasil e relacionar os resultados alcançados com TI.

 

A economia do Brasil cresceu aproximadamente 7% ao ano entre 1950 e 1980. Entre 1981 e 2022, a população brasileira cresceu a 1,4% ao ano e o PIB cresceu 2,2% ao ano.

 

A renda per capita aumentou apenas 0,8% ao ano desde 1980 e na última década renda per capita caiu. Em 1980, o PIB brasileiro representava aproximadamente 4% do PIB global e em 2022, o PIB brasileiro representava aproximadamente 2,3% do PIB global.

 

Em 2022, a renda per capita brasileira era de US$ 14,7 mil e em 2010 era de US$ 14,9 mil, ou seja, o ciclo de piora da economia iniciado em 1980 ganhou força e ímpeto nas últimas décadas.

 

Para entender a derrocada da economia brasileira é preciso observar os macrofenômenos ocorridos no mundo após o ano de 1980.

 

Antes de 1980, a maioria das empresas não usavam computadores nas suas atividades diárias. Apenas as grandes companhias tinham recursos para processar as suas operações em um mainframe.

 

No Brasil, as grandes empresas também tinham mainframes e softwares que processavam as suas operações em condições de igualdade com os seus concorrentes internacionais.

 

Por isto as vantagens competitivas do Brasil eram destacadas e a economia do país crescia de forma soberba em relação aos outros países.

 

A introdução do microcomputador no mercado mundial após o ano de 1980, permitiu que diversas empresas médias e pequenas processassem as suas operações digitalmente e com isto ganhassem escala de produtividade e redução de custo.

 

No Brasil, o início dos anos 1980s foi marcado pela lei da reserva de informática. Algumas empresas nacionais até tentaram desenvolver computadores no Brasil, mas o resultado sempre foi pífio.

 

Era sempre custo elevado e tecnologia atrasada. As médias e pequenas empresas nacionais não tinham recursos para processar a sua operação em computadores e foram ficando cada vez mais atrasadas em termos de custos, qualidade, competividade em relação aos seus concorrentes internacionais.

 

Muitas empresas que exportavam perderam mercado internacional e regrediram ao ponto de serem compradas pelos seus concorrentes internacionais. Uma grande parte dos postos de trabalho foi aniquilada por conta deste processo.

 

Quando a lei de reserva do mercado de informática foi extinta, os fabricantes nacionais de computadores entraram em forte ciclo de declínio e em poucos anos foram exterminados do mercado.

 

As empresas médias e pequenas que agora poderiam processar as suas operações usando computadores estavam com enorme defasagem no capital intelectual e cultural da sua mão de obra e por isto a introdução dos computadores gerou perdas maiores do que benefícios.

 

Coisas como central de suporte e atendimento que nada resolviam eram reclamações comuns entre os usuários. Eu escutei por diversas vezes usuários falando que não adianta abrir chamado porque o helpdesk nada resolve.

 

Muitas vezes os profissionais de negócio desviavam as suas atividades para resolver problemas relacionados com os computadores e softwares e com isto a produtividade do negócio caia dramaticamente.

 

Em diversos casos, as soluções oferecidas pela organização de TI eram inadequadas para o ambiente operacional da empresa e não raras vezes os profissionais de negócio ignoravam os computadores e processavam manualmente as operações.

 

Eu já presenciei em diversos casos, uma pequena empresa paralisar a sua operação aguardando o helpdesk resolver um problema no computador.

 

É muito fácil observar que a derrocada da economia brasileira está diretamente relacionada com a introdução do microcomputador no mercado mundial.

 

O valor agregado de TI é dado no caso brasileiro pelo efeito negativo da não introdução correta do microcomputador no ambiente de negócios do Brasil.

 

O Brasil caiu de 4 para 2,3% a sua participação no PIB mundial. Esta diferença em dólares representa numericamente o valor agregado de TI na economia brasileira.

 

As perdas pelo atraso cultural e intelectual iniciadas em 1980 ainda estão presentes no dia a dia dos negócios realizados no Brasil e na falta de oferta de postos de trabalho de renda média.

 

 

terça-feira, 18 de abril de 2023

Influência da taxa de juros no salário de TI (Tecnologia de Informações)

No começo da pandemia do novo coronavírus eu participei de um debate sobre o impacto da taxa de juros no salário dos profissionais de TI.

 

Eu entendo que o valor do salário é determinado pela lei da oferta e procura, ou seja, quanto maior for a procura por profissionais de TI e menor for a oferta de profissionais de TI maior será o salário e vice-versa.

 

Um dos debatedores discordou do meu ponto de vista e afirmou que a irredutibilidade do salário no Brasil impede que o salário dos profissionais de TI siga a lei da oferta e procura.

 

No debate, eu rebati o argumento afirmando que as empresas demitem os profissionais empregados e contratam novos com salários menores quando existe um excesso na oferta de mão de obra.

 

Nos últimos anos estamos vendo este fenômeno ocorrendo aqui no Brasil. As empresas estão demitindo os profissionais e contratando outros com menor salário.

 

O artigo “É o fim da bolha? Vagas de tecnologia devem passar por uma desaceleração dos salários, dizem especialistas” (https://g1.globo.com/trabalho-e-carreira/noticia/2023/04/16/vagas-de-tecnologia-devem-passar-por-uma-desaceleracao-dos-salarios-dizem-especialistas.ghtml, acessado em 18/04/2023) revelou que tal procedimento já faz parte da rotina operacional de muitas empresas e o resultado está sendo a redução do salário médio dos profissionais de TI.

 

Até recentemente a taxa real de juros dos Estados Unidos e Europa zona do Euro era negativa, ou seja, os juros pagos eram menores que a taxa de inflação.

 

No contexto de juros negativos todos os projetos são viáveis, pois bastava financiar o projeto com os instrumentos financeiros disponíveis no mercado.

 

Era uma bolha financeira volátil que mais cedo ou mais tarde iria estourar. Durante este período as empresas iniciaram diversos projetos ruins cujo retorno só viria com uma taxa negativa de juros.

 

Para executar estes projetos que em geral estavam relacionados com a digitalização do negócio as empresas contrataram uma grande quantidade de profissionais de TI gerando assim uma escassez de mão de obra e uma alta expressiva nos salários.

 

Com o início do ciclo de alta dos juros dos Estados Unidos uma grande quantidade de projetos ficou inviável e as empresas os cancelaram e por isto centenas de milhares de profissionais de TI perderam o seu emprego. O mercado saiu da situação de falta de profissionais de TI para excesso de profissionais de TI.

 

As empresas perceberam o fenômeno e diante da pressão por resultados positivos nos projetos resolveram derrubar os custos.

 

O custo da mão de obra entrou na agenda dos executivos e eles resolveram demitir os profissionais de TI com salários mais elevados e contratar profissionais com salários menores.

 

Este ciclo chegou no Brasil em 2022 e muitas empresas estão demitindo uma grande quantidade dos seus profissionais de TI. Algumas posições estão sendo repostas com salários bem menores.

 

Estudo da Brasscom aponta demanda de 797 mil profissionais de tecnologia até 2025, https://brasscom.org.br/estudo-da-brasscom-aponta-demanda-de-797-mil-profissionais-de-tecnologia-ate-2025/


É muito interessante ver o silêncio dos estudos que previram a falta de profissionais de TI no Brasil.


quarta-feira, 5 de abril de 2023

A ausência do atendimento genial

É obvio que a automatização de processos ruins gera prejuízo e a automatização de processos efetivos gera lucro, infelizmente existem mercadores que profetizam o mágico e imaginário e propagam a desinformação.

 

O olhar no passado relativamente distante leva na direção de analises fora do contexto das soluções existentes e portanto direciona o resultado para limitações que inexistem atualmente.

 

Diversos profetas do apocalipse foram desmentidos pelos fatos por não levarem em consideração nas suas teorias os avanços do conhecimento humano.

 

A teoria malthusiana (Thomas Malthus, 1766-1834) apregoou que a população crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética ou em outras palavras, a produção agrícola não atenderia a demanda por alimentos no futuro.

 

Os avanços tecnológicos e científicos na produção agrícola, medicina etc. desmentiram por completo as hipóteses de um dos mais famosos profetas do apocalipse.

 

Infelizmente, a ignorância está profundamente arreigada no território nacional. Ainda estamos vivendo com muito afinco o preconceito contra o cabelo branco.

 

Recentemente tivemos o caso de estudantes falando "Mano, ela tem 40 anos já. Era para estar aposentada", "não sabe o que é Google", "Ela acha que Google é a professora".

 

Alguns podem pensar que tais pensamentos são exceção, mas não são. Muitos concordam com absurdos intelectuais e econômicos de que uma pessoa com 40 anos deveria estar aposentada, por causa da sua falta de habilidade digital.

 

Algumas propagandas na televisão refletem com clareza o preconceito contra o cabelo branco quando oferecem produtos tecnológicos (aliás estamos falando da oferta de tecnologias ultrapassadas).

 

Os setores econômicos mais ricos e promissores são mais ricos e promissores porque discordam frontalmente de determinadas tolices nacionais.

 

Em 2023, as ricas e poderosas equipes de formula 1 que usam no seu dia a dia as tecnologias digitais mais modernas como a Mercedes e Aston Martin estão fazendo ofertas milionárias para um projetista de 64 anos.

 

É a continua busca do conhecimento e capacitação que faz com que uns avancem e fiquem mais ricos. É o preconceito contra a capacitação e competência que faz com que outros regridam e fiquem mais pobres.

 

Existem mercadores que falam de empresas medíocres como se fossem companhias padrão classe mundial. São organizações que são incapazes de competir no mercado internacional.

 

Vou usar um exemplo pessoal para mostrar como a incapacidade está presente no mercado nacional e como a mesma gera prejuízos gigantescos para as empresas no Brasil.

 

Eu precisei trocar de notebook. O meu atual estava no final do seu ciclo de vida. Pesquisei as opções disponíveis no mercado e encontrei um notebook que atendia as minhas necessidades.

 

Na descrição do produto foi afirmado que o usuário poderia trocar a SSD e a memória RAM facilmente sem a necessidade de levar o equipamento para a assistência técnica.

 

Na descrição (falha por sinal) nada foi dito sobre o que acontece com o sistema operacional (SO) instalado na SSD original de fábrica em caso de troca e como fazer para instalar o SO caso o mesmo seja perdido com a troca da SSD.

 

Como o site tem um chat com um especialista humano sobre o assunto eu resolvi usar o recurso e perguntar para o especialista sobre a minha dúvida.

 

A resposta que obtive foi que não era aconselhável fazer o procedimento afirmado na descrição do produto e que eu deveria levar o notebook para a assistência técnica para trocar a SSD.

 

Sobre a necessidade ou não da reinstalação do sistema operacional em caso de troca da SSD o especialista (estou usando artigo masculino para tanto o gênero masculino como feminino) não soube responder.

 

O resultado da falta de capacitação do especialista foi a minha desistência da compra por falta de informações e a compra de notebook de outro fabricante que forneceu informações mais coerentes. A ignorância do atendimento humano gerou prejuízo.