Os profissionais atravessam a sua carreira com o dilema investir em certificações de curto prazo ou em especializações de longo prazo. Um dos caminhos para responder qual a melhor direção é avaliar o comportamento do mercado de trabalho de TI no Brasil.
A expectativa profissional de médio e longo deve ser o principal parâmetro para a decisão individual de como conduzir e investir na carreira. Vamos olhar o mercado em função da pesquisa melhores empresas de TI para trabalhar publicada na revista Computerworld 516 de 15 de Julho de 2009.
A avaliação da pesquisa mostra o perfil etário do mercado. Conhecer como são as oportunidades para profissionais iniciantes, plenos e experientes oferece um parâmetro real sobre como conduzir a carreira em função da idade cronológica do profissional.
Por exemplo, se faltam oportunidades para profissionais acima de quarenta anos e o profissional tem idade acima de trinta é óbvio que investir em um curso de longo prazo é perder tempo e dinheiro. O profissional terá realizado um importante investimento e vai desfrutar de algum ganho real do capital gasto por um prazo muito curto.
Ao ficar desempregado, a renda do profissional cai para zero. No caso do exemplo, se a hipótese for realidade, o cenário para os profissionais experientes é grave, pois a única solução para o desemprego estrutural pela idade é iniciar uma nova carreira. Todo novo início zera o capital gasto e demanda por novos investimentos na carreira. A pesquisa “Melhores Empresas de TI e TELECOM para trabalhar” da revista Computerworld 516 mostra a seguinte distribuição para profissionais experientes.
Os números não mentem e deixam bastante claro que a participação dos profissionais de TI acima de quarenta anos é extremamente restrita. A pesquisa apresentada mostra que uma pequena minoria conseguiu permanecer no mercado de TI após vinte anos de trabalho.
A pesquisa permite afirmar que o espaço para profissionais experientes é muito restrito no mercado nacional. Em 88% das melhores empresas de TI para trabalhar de cada grupo de 100 profissionais iniciantes contratados apenas 13 (no melhor caso) permaneceram no mercado após os quarenta anos de idade.
Precisamos neste momento entender se o mercado profissional de TI no Brasil é tão novo que ainda não deu tempo para ter uma maior quantidade de profissionais experientes ou o mercado vem crescendo de forma tão espetacular nos últimos anos que a parcela de profissionais acima de 40 foi muito diluída.
Será que a realidade brasileira atual de TI é um grande volume de profissionais experientes iniciando uma nova carreira após os quarenta anos? Se sim, será que investir em uma carreira tão curta vale a pena?
Vamos levantar alguns números para ajudar o leitor nesta importante decisão. O primeiro grande volume de profissionais especializados em TI entrou no mercado de trabalho no início dos anos 90 e, portanto podemos afirmar que já existe uma grande quantidade de profissionais formados acima de quarenta anos no Brasil. Também podemos afirmar pelo histórico das universidades com formação em TI que existe uma enorme quantidade de ex-alunos em TI com idade superior a 30 anos.
Para saber se a baixa participação de profissionais acima de quarenta anos é resultado de diluição pelo crescimento fantástico do mercado basta olhar como está à participação dos profissionais em relação a faixa etária imediatamente anterior e o volume total de vagas ao longo dos anos.
Em 2006 as 40 melhores empresas de TI tinham em seus quadros 38.628 profissionais. Na pesquisa atual temos apenas 48.365 profissionais contratados, ou seja, a quantidade de profissionais por empresa caiu em 160 profissionais. A participação da faixa etária acima de 35 anos caiu 0,58 pontos percentuais.
O indicador faturamento por funcionário mostra que vem ocorrendo desde 2005 uma espetacular perda de produtividade, faturamento e capital intelectual. A avaliação também deixa claro que as oportunidades para quem ultrapassou a barreira dos quarenta anos é extremamente restrita e o profissional deve estar preparado para conseguir retorno do seu investimento na educação em TI em um prazo razoavelmente curto. Em resumo, quem quer trabalhar em TI precisa estar pronto para começar uma nova carreira do zero quando chegar a idade limite de quarenta anos.
Seria importante que os empresários, profissionais e governo reflitam profundamente sobre a questão de perda de produtividade, capital intelectual e faturamento e avaliem se ela esta aderente com os objetivos de penetração no mercado mundial de serviços e estratagema social de médio e longo prazo.
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