Apesar do assunto governança não ser uma novidade no Brasil, ainda existem muitos questionamentos sobre a sua viabilidade econômica. Em todas as minhas palestras sempre tem pessoas perguntando se a governança não é mais um modismo como tantos que existiram e ainda existem no Brasil ou se ela é apenas um custo e burocracia obrigatória que reduz a flexibilidade da gestão corporativa e lucro do negócio. Eu sempre ilustro os benefícios da governança através de exemplos reais nas minhas apresentações. Os intermináveis anos de governo do partido dos trabalhadores vem produzindo uma enorme gama de exemplos dos prejuízos causados pela falta de governança na sua empresa estrela. A Petrobras.
Não é mistério algum que a Petrobras sofreu prejuízo bilionário com os escândalos de corrupção. No entanto, eles não conseguem justificar o tamanho da perda do valor de mercado da Petrobras em um período de tempo tão curto. No último dia de 2010 o valor da empresa era de 228 bilhões de dólares e em 12 de setembro de 2015 era de 28 bilhões de dólares. É uma perda espetacular em um prazo muito curto, considerando que a empresa possui um enorme volume de reserva de petróleo. Todo bom boiadeiro sabe que precisa cuidar de cada um dos seus bois, no entanto, ele também sabe que ao cuidar de um boi ele não pode perder a visão e gestão da boiada.
As perdas por corrupção da Petrobras expressam exatamente o desafio do boiadeiro. É preciso apurar e punir todos os casos de corrupção sem que exista comprometimento da diretriz estratégica do negócio. Infelizmente este não foi o caso da Petrobras. O volume de dinheiro perdido pela empresa por falhas de governança alcançou a casa de sessenta bilhões de dólares. O artigo "Falhas em governança custarão até US$ 59 bi à Petrobras, diz estudo" (http://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2015/09/10/falhas-em-governanca-custarao-ate-us59-bi-a-petrobras-diz-estudo.htm, acessado em 22/09/2015) revelou que a inexistência da governança corporativa impactou a diretriz estratégica do negócio em bilhões de dólares. A empresa perdeu 31 bilhões de dólares em causas tributárias, 17 bilhões de dólares ativos baixados na contabilidade por conta de projetos fracassados e 8 bilhões de dólares em processos civis e trabalhistas. Claramente o sistema de informações corporativas não está funcionando em um patamar mínimo de efetividade.
Quem toma as decisões ou não dispõe de informações corretas ou executa uma gestão sem consistência. O conselho gestor da administração existe para questionar as decisões tomadas e estabelecer rotas corretivas. Fica claro que os mecanismos de governança da empresa não funcionam, pois em nenhum os acionistas foram informados que existem tantas falhas graves nas informações divulgadas. Nunca chegou ao mercado a informação que a Petrobras poderia estar perdendo 60 bilhões de dólares por causa de erros internos da gestão. É fato que a empresa não conseguiu em momento algum estar aderente as ferramentas de gerenciamento das informações como o CobiT e iTil. Ou seja, tudo o que foi investido na governança de TIC foi jogado no lixo. Nada disto funcionou e o mercado reagiu desvalorizando o valor da empresa em 200 bilhões de dólares.