A copa do
mundo de futebol de 2014 acabou. Muita gente vem alardeando o resultado positivo da
organização brasileira do evento porque não ocorrem as catástrofes que estavam no
imaginário de alguns poucos. Durante a copa acontecerem rigorosamente as mesmas
coisas que acontecem no dia a dia nacional. Obras civis caíram na cabeça das
pessoas, cidadãos foram roubados, drogas foram vendidas à céu aberto, ilegalidades
diversas ocorreram por falta de policiamento, preços subiram para a
estratosfera e gargalos e congestionamentos ocorrem nos restaurantes, estádios
e ruas.
Em outras
palavras, foi uma copa mais cara que a da África do Sul em 2010 e um pouco
melhor organizada e muito mais cara e pior organizada que a da Alemanha em
2006. Claramente o termo “Copa das Copas” não é realista, para os brasileiros, para
a organização da copa no Brasil em 2014.
Dentro do
campo, muitos consideraram a derrota do Brasil contra a Alemanha como uma
vergonha, humilhação ou tragédia nacional.
Será que uma simples derrota esportiva é merecedora de tal adjetivo?
Será que esta derrota é diferente da derrocada do Brasil diante da Rússia na
final da medalha de ouro nos jogos de Londres em 2012? Naquela ocasião, o Brasil
estava com uma mão na vitória e sofreu uma virada histórica.
Nesta
copa, o Brasil foi contundentemente derrotado e humilhado fora do campo por um
adversário que o país finge ignorar ou não suspeita existir. A organização que
foi muito similar à copa das confederações foi incapaz de perceber e realizar o
real potencial de ganho do megaevento copa do mundo de futebol.
Para
entender melhor esta critica tão contundente à organização do evento é preciso
analisar o seu resultado financeiro. A prefeitura da cidade de São Paulo
revelou que o turismo da Copa injetou R$ 1 bilhão na economia paulistana e
gastou de forma direta e indireta R$ 460 milhões (R$ 420 milhões em créditos
tributários mais 40 milhões como custo operacional do evento) com a copa.
Considerando que a carga tributária brasileira representa 36,27% do PIB e
assumindo ERRADAMENTE que
todos os tributos da arrecadação do turismo na copa na cidade de São Paulo foram
endereçados apenas para o município, ou seja, nada para o governo estadual e
federal fica claro que o resultado final é uma perda de R$ 97,3 milhões
(arrecadação de apenas R$ 362, 7 milhões contra despesa total de R$ 460
milhões). Em outras palavras a população pobre de São Paulo pagou do seu
minguado bolso para que a entidade máxima do futebol mundial tenha um lucro
bilionário.
Quando
pensamos que algo é tão ruim que não pode ser piorado, podemos facilmente
perceber que a perda mencionada é apenas a pontinha visível do iceberg. Os
números do volume trafegado nas redes sociais como
Facebook, Twitter, Google e etc. revelaram que a copa gerou uma enorme movimentação. O volume de
interações foi facilmente traduzido pelos empresários americanos em venda de
publicidade. Em outras palavras as redes sociais arrecadaram varias centenas de
milhões de dólares sem a necessidade de investir um único centavo na copa. O evento
paulistano da copa foi praticamente pago apenas pelos pobres da cidade de
São Paulo.
É
evidente que os impostos gerados pelas vendas nas redes sociais foram
arrecadados pelo governo americano e não o brasileiro. Nada tenho contra o
investimento realizado na copa em São Paulo, mas fazer o evento sem investir um
único centavo na construção de uma rede social foi de uma pobreza de gestão
incomensurável. Se existiu alguma humilhação na copa no Brasil, esta foi fazer
os pobres paulistanos pagarem para o enriquecimento dos ricos estrangeiros.
Tenho
certeza de que alguns vão alegar que o retomo do investimento vai ocorrer com o
aumento futuro do turismo pela divulgação da cidade de São Paulo no mundo
inteiro. Até acredito que nos próximos 60 meses a cidade recupere o
investimento realizado. O meu ponto de discordância veemente é porque esperar CINCO ANOS para capitalizar o evento se
o mesmo poderia ter sido feito de forma imediata?
É
possível fazer a mesma conta realizada para a cidade de São Paulo para cada uma
das outras onze sedes. O resultado é sempre o mesmo. Perdas e mais perdas para
os mais pobres. Eu não tenho dúvida que a copa no Brasil de 2014 foi à copa das
copas para os ricos empresários do Facebook, Twitter, Google e etc.