Nos
últimos anos o Brasil vem enfrentando a sina tanto dos pibinhos, como do
crescimento exponencial das falácias. Os mercadores do absolutismo das tolices econômicas
estão em todos os lugares. As tolices são tantas que foi afirmado que a
situação onde uma empresa deixa o mercado onde atua por causa da recessão é
absolutamente rara. Para os que preferem fatos eu destaco o que realmente
aconteceu no Brasil durante a recessão.
Nos
seguintes artigos estão os fatos publicados na imprensa nacional sobre empresas
que deixaram o Brasil durante a recessão. Certamente a mais impressionante é a
que fala que de um saldo negativo entre 2016 e 2013 de 13,8 mil indústrias no
Brasil.
1.
Por
dois anos seguidos, Brasil fecha mais empresas do que abre, aponta IBGE (https://g1.globo.com/economia/noticia/por-dois-anos-seguidos-brasil-fecha-mais-empresas-do-que-abre-aponta-ibge.ghtml)
2.
Lush
vai embora; relembre empresas que deixaram o Brasil nos últimos anos (https://economia.uol.com.br/listas/lush-vai-embora-relembre-empresas-que-deixaram-o-brasil-nos-ultimos-anos.amp.htm)
3.
Em
três anos, 13,8 mil indústrias foram fechadas no Brasil, aponta IBGE (https://g1.globo.com/economia/noticia/em-tres-anos-138-mil-industrias-foram-fechadas-no-brasil-aponta-ibge.ghtml)
4.
Com
a crise, essas 9 empresas fecharam fábricas recentemente (https://exame.abril.com.br/negocios/com-a-crise-essas-9-empresas-fecharam-fabricas-recentemente/)
5.
Nikon
anuncia sua saída do mercado brasileiro (https://economia.ig.com.br/2017-11-07/nikon-encerra-vendas.html)
6.
Crise
no Brasil faz companhias aéreas do Pacífico deixarem o país (https://airway.uol.com.br/crise-no-brasil-faz-companhias-aereas-do-pacifico-deixarem-o-pais/)
Infelizmente
os mercadores de tolices estão em todos os lugares fazendo a única coisa que
sabem fazer. Proferir falácias. No passado, foi afirmado que a flexibilização
das leis trabalhistas iria gerar empregos no Brasil (É preciso flexibilizar
direitos sociais para haver emprego, diz chefe do TST, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1933111-e-preciso-flexibilizar-direitos-sociais-para-haver-emprego-diz-chefe-do-tst.shtml)
Os
atuais números alarmantes do desemprego e do desalento para procurar um emprego
deixam claro que as mudanças nas leis trabalhistas não geraram o efeito
propagandeado pelo ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, onde a redução
dos direitos seria a garantia para a manutenção dos empregos. O artigo revelou
que a taxa de desalento é recorde (Falta trabalho para 27,6 milhões de pessoas
no país, aponta IBGE, https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2018/08/16/desemprego-ibge.htm).
A
situação do emprego no Brasil é tão grave que os estudantes estão atrasando a entrega
do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) para prolongar o seu contrato como estagiário
(Estudante adia formatura para não perder estágio e fugir do desemprego, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/estudante-adia-formatura-para-nao-perder-estagio-e-fugir-do-desemprego.shtml).
Em
recente decisão do STF sobre a terceirização a ministra Carmen Lúcia votou pela
terceirização irrestrita afirmando que ela cria empregos (Supremo dá aval à
terceirização irrestrita, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/maioria-dos-ministros-do-supremo-da-aval-a-terceirizacao-irrestrita.shtml).
A
lúcida ministra Rosa Weber afirmou na mesma sessão que o desenvolvimento
econômico e não a terceirização é quem cria vagas de emprego. O futuro mostrará
quem falou a verdade. Eu aposto todas as fichas na ministra Rosa Weber.
Eu
não sou contra a terceirização e entendo que em um país com extremas limitações
de conhecimento, as leis deveriam ser binárias, ou seja, pode ou não pode. Eu
concordo com a afirmação do Gilmar Mendes "Tenho uma inveja enorme de quem
consegue fazer distinção entre atividade-meio e atividade-fim. São pessoas
iluminadas" (Julgamento sobre terceirização no STF tem 5 votos a favor e 4
contra, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/julgamento-sobre-terceirizacao-no-stf-tem-5-votos-a-favor-e-4-contra.shtml).
No
Brasil, as dificuldades de conhecimento revelam que o mercado confunde terceirização
com pejotização (Após decisão do Supremo, empresas confundem terceirizados com
PJs, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/09/apos-decisao-do-supremo-empresas-confundem-terceirizados-com-pjs.shtml).
Ou seja, é melhor que as leis sejam binárias neste contexto intelectual. Sem a
necessidade de distinguir entre atividade-meio e atividade-fim é possível que a
justiça brasileira faça um trabalho melhor.
Na
questão da terceirização é muito importante entender o ponto de vista dos profissionais
que sabem trabalhar. O Maurício De Lion, afirmou que o controle da informação, exige
que a empresa contrate funcionários próprios para evitar os vazamentos. O Eugenio
Mattar CEO da Localiza afirmou que não terceiriza o atendimento ao cliente para
manter a qualidade (Decisão do STF não terá impacto imediato, dizem empresas, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2018/08/com-regra-diferente-teto-fiscal-nos-estados-pode-desequilibrar-financiamento-a-educacao.shtml).
De
uma forma indireta e discreta os dois executivos afirmaram que existem perdas
de qualidade na operação empresarial com a terceirização. O nível de qualidade
do atendimento terceirizado pode ser visto na qualidade da resposta de uma
operadora de telecomunicações sobre uma reclamação sobre uma linha móvel
exclusiva de internet (“Em atenção ao seu e-mail, informamos que sua linha não
possui pacotes ativos, para prosseguirmos entre em contato com 1052”).
O
atendente humano respondeu que não existem pacotes ativos para uma linha celular
pós paga exclusiva de Internet. Esta linha existe apenas porque é uma linha pós
paga de internet móvel e o gênio do atendente não encontrou um pacote ativo de
internet nesta linha. É fácil perceber porque o CEO da Localiza afirmou que não
terceiriza o atendimento ao cliente para manter a qualidade.
É
fácil perceber que é maior a produtividade dos funcionários próprios na
execução das atividades recorrentes e que é maior a produtividade dos
terceirizados na execução das atividades esporádicas. É preciso não confundir a
terceirização ou pejotização com a contratação de serviços. Contratar, por
exemplo, serviços cloud ou de valor agregado de TI das empresas Google ou Microsoft
ou Amazon ou IBM não é uma forma de terceirização da mão da obra.
A
organização que contrata tais serviços de valor agregado de TI está apenas contratando
recursos externos. A contratante recebe um serviço totalmente formado pelo
fornecedor. Ela tem acesso a experiência de usuário proposta pelo operador do
serviço, ou em outras palavras, a contratante recebe o Customer Success
proposto pelo ofertante.
Na
terceirização de um datacenter, a empresa contratante explicita na Request for
Proposal os parâmetros para a contratação da terceirizada. É de obvia percepção
que tal processo é muito diferente da contração dos serviços cloud ou de valor
agregado de TI das empresas Google ou Microsoft ou Amazon ou IBM
O
Kenneth Arrow, economista Prêmio Nobel (1972), afirmou que no longo prazo, apenas
as firmas que não discriminam na contratação de recursos humanos sobreviverão.
A socióloga Devah Pager da universidade Harvard estudou firmas que discriminam e
que não discriminam na contratação de recursos humanos no ano de 2004. Os resultados
alcançados em 2010 por estas empresas foram:
·
17%
das firmas que não discriminam na contratação de recursos humanos faliram até
2010
·
36%
das firmas que discriminam na contratação de recursos humanos faliram até 2010
Em
outras palavras, a probabilidade de um empregador que discrimina sair do
mercado é mais que duas vezes maior do que uma que não discrimina na
contratação de recursos humanos. Não é de graça que as firmas estão adotando a seleção
às cegas para preconceitos inconscientes como o que existe contra o cabelo
branco (Por mais diversidade, empresas ignoram nome e idade em currículo, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/07/por-mais-diversidade-empresas-ignoram-nome-e-idade-em-curriculo.shtml).
Foi
afirmado por empresas como Deloitte, HSBC e BBC que esta pratica resulta em
maior diversidade na mão de obra e maior lucro (How “Blind Recruitment” Works
And Why You Should Consider It, https://amp.fastcompany.com/3057631/how-blind-recruitment-works-and-why-you-should-consider).
Na
Europa e Japão, a população de idosos constitui um mercado bilionário (Empresas
descobrem novos mercados bilionários com crescimento do número de idosos, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/empresas-descobrem-novos-mercados-bilionarios-com-crescimento-do-numero-de-idosos.shtml).
É fácil entender porque as empresas estão contratando os cabelos brancos para
atender este perfil de consumidores. Também é não é difícil perceber porque
estas empresas estão tão preocupadas com a diversidade da mão de obra.