segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

Como ampliar a inteligência dos trabalhadores humanos com as aplicações de inteligência artificial

É provável que os investimentos mundiais em tecnologia ultrapassem a fronteira dos três trilhões de dólares em 2018. É sem sombra de dúvida um volume abissal de dinheiro. No entanto, é preciso destacar neste momento de fartura que o histórico dos ganhos de produtividade dos trabalhadores humanos gerados pela tecnologia de informações e comunicações não acompanha o seu crescimento do volume de capital investido. 

Várias empresas que investiram grandes volumes de dinheiro em tecnologia, experimentaram por diversos anos ganhos medíocres em termos da produtividade do trabalhador humano. Por causa deste fenômeno, as empresas escolheram investir fortemente em 2018 em aplicações de inteligência artificial que trabalhem em regime de colaboração com os funcionários humanos e que resolvam os problemas do negócio.

Como consequência deste fenômeno, os bots (robôs que são trabalhadores digitais que executam processos automatizados) irão em 2018 substituir ou ampliar as funções executadas pelos humanos (300 mil posições ocupadas por funcionários administrativos e aproximadamente 250 mil postos de trabalho ocupadas por vendedores humanos).

Para alcançar os objetivos empresariais de inteligência aumentada dos trabalhadores humanos, será preciso focar as aplicações de inteligência artificial na execução de regras e fluxos de trabalho específicos. Desta forma os bots trabalharão em regime de colaboração com os trabalhadores humanos. O resultado previsto pelos empresários é o aumento da produtividade dos trabalhadores humanos através das aplicações de inteligência artificial, tecnologias vestíveis e etc. O grande desafio corporativo será fazer os seres humanos trabalharem lado a lado com os robôs, pois a grande maioria dos trabalhadores acreditam que a automação irá substituir as pessoas.

Na realidade, os bots transformarão as funções executadas pelos trabalhadores humanos através da inteligência aumentada. Por exemplo, as organizações do sistema financeiro brasileiro utilizarão os bots para executar as atividades repetitivas dos serviços bancários. O tempo dos funcionários será redirecionado para as atividades de análise dos resultados da utilização dos serviços e para o desenvolvimento de novas estratégias.

O fator crítico de sucesso para a introdução da inteligência aumentada nas organizações é o foco nos problemas do negócio. Para tal, é preciso caminhar um passo por vez objetivando trabalhar com gols, regras e fluxos específicos. Os gestores da corporação devem analisar a força humana de trabalho por segmento de atuação empresarial para identificar qual problema de negócio pode ser resolvido com a automação. Um caso típico de automação bem-sucedida foi de uma empresa (poderia ser também condomínio residencial ou empresarial) que usava rádios para a comunicação entre os funcionários. Todos (inclusive pessoas que estavam próximas que não eram funcionários) escutavam as conversas que eram realizadas em um canal único. Isto gerou diversos inconvenientes. A solução de um comunicador pessoal invisível e de uma plataforma de comunicação resolveu o problema do processo de comunicação.

As alternativas para a inteligência aumentada geradas nos laboratórios de inovação (e ambientes pilotos) exigem abordagens estruturadas. Os laboratórios de inovação devem atuar como a entidade que lidera os processos de desenvolvimento e testes das soluções antes que elas sejam adotadas na operação da empresa. As empresas do segmento de energia monitoram os laboratórios de inovações para identificar novas soluções que resolvam os problemas de segurança dos seus trabalhadores de campo. Os laboratórios testam exaustivamente as soluções e realizam pilotos antes que elas sejam introduzidas na operação das empresa. Cada uma das ações realizadas pela inteligência artificial aumentada é avaliada pelo laboratório até que exista um volume de informações grande o suficiente para que seja possível tomar uma decisão sobre a efetividade da ação.

A melhor forma para introduzir bots, chatbots e robôs como colaboradores dos trabalhadores humanos e ampliar a sua inteligência é através da criação de um contexto de atividades específico e restrito. Por exemplo, es empresas estão disponibilizando assistentes virtuais para o CFO (Chief Financial Officer). Estes assistentes analisam em tempo real a situação de diversos processos de, por exemplo, pagamento e de recebimento que estão documentados nos sistemas (inclusive Enterprise Resource Planning) e alertam o CFO em tempo real sobre riscos, desvios, perdas e desperdícios.

Em resumo, manter o foco das aplicações de inteligência artificial na experiência do funcionário é a chave para alcançar o sucesso na inteligência aumentada dos trabalhadores humanos. Apenas desta forma será possível evoluir positivamente os conhecimentos e habilidades das pessoas em torno das competências que a corporação deseja.


A forma como os trabalhadores humanos percebem as suas interações com a empresa impacta fortemente o seu nível de produtividade e engajamento. Em outras palavras, afeta o relacionamento da organização com os seus clientes, pois estamos falando da habilidade dos funcionários humanos de serem produtivos e entregarem conteúdos completos e relevantes. A experiência dos usuários em relação ao seu trabalho realizado na organização é fortemente influenciada pelo significado das suas atividades para o sucesso das entregas da empresa.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Espinhos big data parte 2

Na postagem “Espinhos do big data” (“O big data oferece a vantagem da individualização dos clientes. No entanto, este benefício deveria ser utilizado pelos gestores para aumentar vendas e não para subir preços conforme o perfil”,
http://itgovrm.blogspot.com.br/2013/10/espinhos-do-big-data.html?showComment=1383171875466&m=1#c631931005 9414619959) publicada em 28 de outubro de 2013 eu afirmei que a personalização do atendimento seria uma poderosa ferramenta para o varejo.

O artigo "MP pede indenização do Decolar.com por cobrar mais caro de brasileiros" (https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/02/06/mp-pede-indenizacao-do-decolarcom-por-cobrar-mais-caro-de-brasileiros.htm) revelou que a agência de turismo decolar.com usava o perfil do consumidor para cobrar valores diferentes nos hotéis de São Paulo e Rio de janeiro de brasileiros e estrangeiros.  A agência também bloqueava ofertas conforme a localização do cliente.

A personalização do atendimento proporcionada pelo big data permite a criação deste tipo de espinho. No entanto, é preciso destacar que existe um outro lado desta moeda. Na postagem “Espinhos do big data” eu afirmei que a diferenciação de preços conforme o perfil do consumidor cria oportunidades de negócios. Por exemplo, o bloqueio de ofertas por localização é facilmente anulado pelo uso de filtros de VPN que permitem originar o acesso de um local diferente da localização física do cliente.


Caso as denúncias contra a agência sejam verdadeiras, ela criou na realidade um incentivo para que os consumidores busquem apresentar no ecommerce um perfil que lhes assegure o menor preço. Não será surpresa se no futuro existir a comercialização de perfis para o ecommerce caso fiquem comprovadas práticas de preço conforme o perfil no ecommerce. Da mesma forma que tivemos o escândalo dos seguidores citar nota em 2018 (Após fraude, famosos perdem 1 mi de seguidores no Twitter, http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/02/1954904-apos-fraude-famosos-perdem-1-mi-de-seguidores-no-twitter.shtml) teremos em breve no futuro um escândalo sobre perfis de ecommerce.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2018

Inteligência artificial - inteligência aumentada - lucro maximizado

Depois de muitas décadas, uma série de acontecimentos e coincidências me trouxeram de volta para a área de inteligência artificial. Em 2017 eu participei de uma empreitada fora do comum do contexto brasileiro.

Uma usina de cana de açúcar estava muito pressionada pelos juros do sistema financeiro e baixo retorno de investimento resolveu buscar um caminho estável de longo prazo para sanear as suas finanças e conquistar lucros maiores. Nas conversas ficou claro que existiam perdas no processo de colheita da cana. Ela é realizada em cinco partes: (i) corte dos colmos na base, (ii) corte dos ponteiros, (iii) transporte dos colmos para a colhedora, (iv) retirada das folhas e (v) picagem (operação opcional). Para maiores detalhes Colheita da cana para produção de açúcar e etanol (https://www.novacana.com/cana/colheita-da-cana-producao-acucar-etanol/, acessado em 06/02/2018)

A usina era bastante automatizada e operava com colhedoras e caminhões de transbordo. As fotos aqui e ali ilustram bem como era realizada a colheita da cana. O caminhão de transbordo trabalha em sincronismo com a colhedora e deve trafegar em cima da linha da cana para que os brotos não sejam destruídos. Quando o caminhão ultrapassa a linha da cana ele destrói os brotos e impacta negativamente o lucro futuro da usina.

No período noturno ou dias de baixa iluminação e visibilidade o problema de perda da produção futura é agravado, pois é muito difícil para o motorista do caminhão de transbordo dirigir em sincronismo com a colhedora e não pisar e ultrapassar a linha da cana. É muito comum existirem batidas do caminhão de transbordo com a colhedora. Não estamos falando de um percurso em linha reta sem obstáculos. Existem nas plantações aclives e declives. Não é tarefa fácil dirigir tendo de controlar dinamicamente tantas várias variáveis. Com baixa visibilidade é uma atividade praticamente impossível.

Para enfrentar o desafio, o proprietário da usina escolheu a solução de usar caminhão de transbordo autônomo. O veículo opera via GPS, câmeras de vídeo e sensores e consegue trabalhar com uma margem de erro de 2,5 cm em relação a linha da cana. Como ele trabalha em condições de baixa visibilidade extrema existiram ganhos gigantescos em termos de redução das perdas e aumento da produtividade. A usina conquistou um forte ganho de produtividade com a inteligência artificial do caminhão de transbordo autônomo.