terça-feira, 30 de junho de 2015

A grande mudança Parte I

Infelizmente foi preciso ocorrer um acidente fatal para que a realidade mundial do ano de 2015 fosse revelada no Brasil. O artigo “Sertanejos protestam após crítica de Zeca Camargo sobre Cristiano Araújo” (http://musica.uol.com.br/noticias/redacao/2015/06/29/sertanejos-protestam-apos-critica-de-zeca-camargo-sobre-cristiano-araujo.htm, acessado em 30/06/2015) deixa claro que para uma boa parte dos brasileiros, só existe vida na mídia tradicional. Este é o real motivo para o completo desconhecimento pelo apresentador Zeca Camargo do cantor Cristiano Araújo que tem ampla penetração no território nacional. Alguns tentaram fazer deste episódio mais um capítulo do marco político “nós contra eles”. Mais uma vez o erro é grosseiro.

O que existe na realidade é mais do mesmo, ou seja, mais uma vez setores importantes da economia nacional estão negando uma realidade que está batendo na porta do Brasil. O cantor Cristiano Araújo conseguiu uma marca expressiva de audiência graças ao seu trabalho de divulgação nas mídias sociais. Muitos no Brasil desejam que a forja de ídolos tenha caminho único na mídia tradicional. Este mundo já não existe mais. As redes sociais também forjam ídolos.

É uma nova estrutura no jogo do poder onde o Facebook, Twitter, Instagram e etc. retiram parte do poder das empresas de mídia tradicionais. Este é o motivo que explica que um cantor desconhecido pela mídia nacional seja um sucesso estrondoso para um público alvo numeroso. A transformação digital que está sendo negada pela mídia tradicional pode levar este setor para uma crise sem precedentes. Mudanças semelhantes já ocorreram no passado e as empresas dominantes foram substituídas por startups mais bem adaptadas para a realidade. Ainda existe tempo hábil para as mudanças, mas é preciso uma nova atitude.

O artigo “Brasil leva prêmio inédito em Cannes; campanhas 'do bem' dominam festival” (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/06/1648782-brasil-leva-premio-maximo-de-cannes-campanhas-do-bem-dominam-festival.shtml, acessado em 30/06/2015) revelou o pensamento do Fernando Musa, presidente da Ogilvy Brasil (maior vencedor de leões em 2015): “Somos um país atrasado, pois alcançamos uma boa performance apenas no tradicional. Nas categorias da transformação digital (inovação, Cyber, Mobile) o desempenho foi pífio. ”

O Brasil precisa urgentemente acordar e entender que estamos no ano calendário de 2015. A transformação digital chegou para valer e está alterando a estrutura de poder da sociedade. A desigualdade do poder onde apenas uns poucos detinham todo o poder de informar, influenciar e inovar está com os seus dias contados. As mídias sociais estão permitindo que cada vez o talento intelectual supere as barreiras de recursos financeiros escassos e alcance um lugar compatível com a sua capacitação.

De uma forma quase surrealista ainda existem forças que estão negando a transformação digital e levando o país para o atraso. A Câmara Municipal de São Paulo está votando o PL 349/2014 que proíbe o uso de carros particulares cadastrados em aplicativos para transporte remunerado de pessoas. Os Estados Unidos iniciaram a sua recuperação econômica após a crise de confiança de 2008 estabelecendo o pilar da economia compartilhada. O Brasil que vive uma recessão intensa está na maior cidade do país votando um projeto de lei que impede o compartilhamento.

Não existe nada mais inteligente e humano do que permitir que as pessoas que perderam os seus empregos pela crise que elas não criaram através do compartilhamento dos seus recursos. A economia nacional ganha com isto, as pessoas conseguem exercer uma atividade remunerada que assegure um nível mínimo de renda e a cidade de São Paulo ganha como um todo pela movimentação dos agentes econômicos. Em vez de carros parados nas garagens, podemos ter mobilidade urbana de alto nível com mais renda e impostos.

Toda e qualquer política anticíclica de recessão deve apoiar, estimular e incentivar a economia compartilhada como pilar da recuperação. É uma causa social também porque todos os que trabalham nas corporações conhecem os problemas do preconceito ao cabelo branco. Pessoas com mais de 40 anos estão sendo o principal alvo das demissões e recessão de 2015. Quanto maior for nível de compartilhamento maior será o nível de inclusão social.

Mas os benefícios não param por aí. Ao seguir padrões de elevada qualidade para a prestação de serviços como os determinados pela Uber, a mobilidade urbana ganha qualidade e qualificação. Motoristas adequadamente trajados com polidez dirigindo carros limpos em situação de total respeito à legislação do transito são capazes de mudar a triste realidade da estimativa 10 milhões de infrações de trânsito por hora em São Paulo publicada no artigo “Pesquisa da CET estima haver 10 mi de infrações de trânsito por hora em SP” (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2015/06/1644437-pesquisa-da-cet-estima-haver-10-mi-de-infracoes-de-transito-por-hora-em-sp.shtml, acessado em 30/06/2015).


Claramente uma padronização rigorosa da qualidade da mobilidade urbana pode ao mesmo tempo minimizar para os trabalhadores os terríveis efeitos da recessão de 2015 e 16 e reduzir os graves conflitos existentes no transito da cidade de São Paulo. Todos esperam que a Câmara Municipal de São Paulo cumpra o seu papel de qualificar cada vez mais a economia do compartilhamento.