quarta-feira, 25 de junho de 2025

Ineficiências

 

Ineficiências

 

A pesquisa realizada pela Marsh (IA: Bancos esperam mais ataques cibernéticos Brasil lidera em casos na América Latina e novas ferramentas de inteligência artificial oferecem riscos adicionais, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2025/06/ia-bancos-esperam-mais-ataques-ciberneticos.shtml, acessado em 25/06/2025) revelou que em 2024, o Brasil registrou o maior número de ataques cibernéticos da américa latina.

 

O detalhamento da pesquisa revelou que o custo médio de uma violação de dados no setor financeiro é de 6 milhões de dólares e a principal causa do sucesso dos invasores foi o acesso aos malwares pelos funcionários.

 

O elevado volume de ataques cibernéticos bem-sucedidos no Brasil é um indicador de que existem falhas graves na estratégia de segurança digital nacional.

 

O fator humano nas invasões bem-sucedidas é desprezado em diversas inciativas de segurança. O foco na compra de tecnologia não está gerando resultados positivos para as empresas.

 

É preciso incorporar urgentemente no processo de recrutamento e seleção da mão de obra avaliações sobre a capacidade do profissional de perceber que está sofrendo uma tentativa de golpe e entrar em modo de segurança.

 

Pessoas que são facilmente enganadas pelos golpistas não podem ser contratadas, pois elas geram enormes buracos na estratégia de segurança cibernética.

 

É preciso treinar os funcionários regularmente para que eles tenham conhecimento das artimanhas utilizadas pelos golpistas e identifiquem rapidamente um ataque.

 

O custo financeiro e de reputação de uma invasão digital já é bastante elevado e vem crescendo ano após ano. Corporações solidas estão perdendo milhões (em alguns casos bilhões) de dólares por causa das invasões.

 

A inteligência artificial já está sendo utilizada pelos malfeitores para invadir os sistemas corporativos, no entanto, ela pouco ou nada está sendo utilizada pelas empresas para identificar e bloquear os ataques.

terça-feira, 17 de junho de 2025

Era dos golpes

 O artigo “Deepfakes viraram a nova realidade do crime digital” (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2025/06/deepfakes-viraram-a-nova-realidade-do-crime-digital.shtml?utm_source=sharenativo&utm_medium=social&utm_campaign=sharenativo, acessado em 17/06/2025) revelou como funcionam os golpes que exploram as fragilidades da identificação nas empresas e governos.

 

Caso 1:

 

No ano passado um funcionário da Arup recebeu um e-mail do diretor financeiro solicitando uma transferência urgente. Foi feita uma chamada de vídeo com o diretor e executivos da empresa e o funcionário transferiu US$ 25 milhões. O e-mail era falso e os participantes da chamada de vídeo eram deepfakes.

 

Caso 2:

 

Um grupo de malfeitores capturava as fotos de pessoas nas redes sociais e usava a inteligência artificial para “criar” rostos tridimensionais e abrir contas bancárias e solicitar empréstimos. Aproximadamente R$ 50 milhões foram roubados.

 

Caso 3:

 

Grupo Jorge Batista, foi atacado e os dados foram sequestrados e as operações paralisadas (Hackers dão prazo final: prejuízo do Grupo Jorge Batista já passa dos R$ 400 milhões, https://lupa1.com.br/blogs/ponto-de-ruptura/hackers-dao-prazo-final-prejuizo-do-grupo-jorge-batista-ja-passa-dos-r-400-milhoes-58040.html).

 

Caso 4:

 

Um ataque custará aproximadamente 300 milhões de libras para a Marks & Spencer em perda de lucro operacional e a interrupção de serviços (Ataque hacker milionário deve impactar varejista britânica até julho, https://www.uol.com.br/tilt/noticias/reuters/2025/05/21/efeitos-de-ataque-hacker-de-us400-mi-contra-varejista-britanica-ms-continuarao-ate-julho.htm).

Em 2024 foram realizadas mais de 4.500 tentativas de golpes por hora no Brasil (4.500 golpes por hora: a fraude que Anatel e teles não conseguem frear, https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2025/06/14/golpistas-chamadas-telefonicas.htm).

 

A digitalização da sociedade trouxe como colateral o golpismo, a fraude, o roubo. Na maioria dos casos, o fator humano foi desconsiderado pela organização de segurança digital.

 

É muito comum encontrar casos em que as falhas humanas na identificação do seu interlocutor abriram as portas para os malfeitores.

 

Não adianta investir milhões em soluções de segurança digital e pouco ou nada em treinamento dos funcionários. Nos últimos anos os valores subtraídos ilegalmente das empresas cresceram exponencialmente.

 

Os mecanismos de prevenção como os seguros estão ficando cada vez mais caros por causa da taxa de sucesso dos ataques realizados pelos malfeitores.

 

É preciso olhar com urgência para o fator humano e estancar as perdas, pois elas já estão impactando a macroeconomia de diversos países.

terça-feira, 10 de junho de 2025

Forma x conteúdo

O artigo “Influenciadores digitais transformaram o superficial em modelo de sucesso” (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/michael-franca/2025/06/influenciadores-digitais-transformaram-o-superficial-em-modelo-de-sucesso.shtml?utm_source=sharenativo&utm_medium=social&utm_campaign=sharenativo, acessado em 10/06/2025) revelou a pobreza do conteúdo no Brasil.

 

Não é uma novidade, pois faz décadas em que a forma é mais valorizada que o conteúdo no Brasil. É muito comum encontramos casos em que um conteúdo pobre bem formatado foi mais bem avaliado que um conteúdo rico formatado precariamente.

 

Na era do conhecimento, a inteligência artificial é uma ameaça grave para os produtores de conteúdos pobres, pois ela é capa de criar uma excelente formatação para o conteúdo rico.

 

A pobreza do conteúdo no Brasil, gerou diversos colaterais negativos. Um dos piores é a sensação de falta de segurança nas maiores cidades brasileiras.

 

O governo que tanto reclama da falta de dinheiro, gasta bilhões de reais por causa da falta de segurança presencial e virtual no Brasil. A avenida Paulista é um bom exemplo sobre como o dinheiro está sendo gasto para aumentar a segurança.

 

Diversos prédios são protegidos por seguranças particulares e as esquinas estão lotadas de policiais. Tudo isto é um gasto de dinheiro que nada agrega a produtividade das empresas situadas na avenida.

 

Os condomínios residenciais estão investindo pesadamente em segurança e mesmo assim eles estão sendo atacados pelos malfeitores.

 

Recentemente eu fui informado de uma nova estratégia de ataque aos condôminos. Uma pessoa bem-vestida fica do lado de fora do condomínio aguardando um morador. Quando ela encontra um morador que vai entrar no edifício, ela se identifica como novo morador e começa a conversar para que a portaria acredite que ela está junto do morador.

 

Ao chegar no andar do morador, o malfeitor mostra que está armado e faz “a limpa” no apartamento e morador. E depois de trancar o morador em local sem comunicação, o malfeitor sai tranquilamente pela porta da frente.

 

Todo o investimento feito em segurança pelo condomínio não surtiu efeito, porque o fator humano foi desconsiderado na equação da produtividade da segurança.

 

Na era do conhecimento, o sucesso das iniciativas de segurança passa por pessoas atentas aos estratagemas usados pela bandidagem.

 

A produtividade dos fatores de produção passa obrigatoriamente pelo conhecimento e informação. Pessoas bem informadas reconhecem as tentativas de ataques e criam situações de instabilidade aos malfeitores.

quarta-feira, 4 de junho de 2025

Marco civil de internet e Supremo Tribunal Federal (STF)

Foi revelado que o plenário do STF vai analisar se as mídias sociais devem responder pelo conteúdo publicado pelos usuários. Fonte: STF retoma nesta semana julgamento sobre responsabilidades das redes sociais, https://g1.globo.com/politica/noticia/2025/06/02/stf-retoma-nesta-semana-julgamento-sobre-responsabilidades-das-redes-sociais.ghtml, acessado em 04/06/2025.

 

Quem responde pelo conteúdo de um e-mail? É o remetente ou o provedor de internet? Quem responde pelo conteúdo de uma correspondência? É o remetente ou o correio? Quem responde pelo conteúdo de uma ligação telefônica? É o usuário ou a operadora de telefonia?

 

Em todos os casos citados, a justiça brasileira entende que quem responde pelo conteúdo é o usuário. É de causar espécie ver o plenário do STF analisando se o caso das redes sociais é diferente dos outros casos.

 

As redes sociais desempenham o mesmo papel de entregador de conteúdo exercido pelos provedores de internet, pelo correio, pelas operadoras de telefonia.

 

Para que a justiça seja justa, é preciso que todos tenham os mesmo direitos e deveres. Se o STF entende que as mídias sociais devem responder pelo conteúdo publicado pelos usuários, então os provedores de internet devem responder pelos e-mails, o correio deve responder pelas correspondências e as operadoras de telefonia devem responder pelas conversas telefônicas.

 

É obvio que tal entendimento inviabiliza as comunicações no Brasil. Creio que o plenário do STF deveria julgar casos bastante antigos como a constitucionalidade do confisco do dinheiro do plano Collor antes de gastar tempo e dinheiro do contribuinte em casos desprovidos de consistência logica.

quinta-feira, 29 de maio de 2025

Não é só no Brasil

Ataque hacker milionário deve impactar varejista britânica até julho (https://www.uol.com.br/tilt/noticias/reuters/2025/05/21/efeitos-de-ataque-hacker-de-us400-mi-contra-varejista-britanica-ms-continuarao-ate-julho.htm, acessado em 29/05/2025).

 

 

Hackers dão prazo final: prejuízo do Grupo Jorge Batista já passa dos R$ 400 milhões (https://lupa1.com.br/blogs/ponto-de-ruptura/hackers-dao-prazo-final-prejuizo-do-grupo-jorge-batista-ja-passa-dos-r-400-milhoes-58040.html).

 

Os dois artigos revelam que mudou de patamar o valor das perdas causadas por falhas de segurança digital.

 

É preciso olhar com urgência as questões relacionadas com a segurança digital antes que os malfeitores mudem por completo o perfil competitivo dos mercados.

 

Muita gente insiste em resolver as falhas de segurança digital contratando mais tecnologias, no entanto, muito pouco tem sido feito em relação as falhas humanas que estão comprometendo o desempenho das empresas.

 

Nas postagens anteriores eu insisti na questão do reconhecimento facial, pois é muito fácil burlar um sistema que trabalha com baixa resolução.

 

O blog conhece vários casos em que o malfeitor fingiu ser o presidente da empresa e solicitou a troca da sua senha para a central de serviços.

 

Os analistas que não conhecem a voz do presidente, acreditaram na narrativa e entregaram uma senha válida para o malfeitor.

 

O atacante, uso a senha para roubar informações dos clientes cadastrados e gerou um grande prejuízo tanto na dimensão financeira, quanto na dimensão da reputação.

 

A inteligência artificial permite que os malfeitores possam fingir ser presidentes, diretores, analistas etc. e com isto conquistar acesso as informações mais valiosas das corporações.

É preciso investir urgentemente na capacitação dos funcionários para evitar os casos citados na abertura da postagem. Estamos chegando perigosamente na casa do bilhão de perdas por falhas de segurança.  

terça-feira, 20 de maio de 2025

O Brasil está pronto para o reconhecimento facial? – Parte 4

O artigo “Biometria da Dataprev para aposentados não tem dados verificados e é alvo de fraudes” (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/05/biometria-da-dataprev-para-aposentados-nao-tem-dados-verificados-e-e-alvo-de-fraudes.shtml?utm_source=sharenativo&utm_medium=social&utm_campaign=sharenativo, acessado em 19/05/2025) revelou o nível de fragilidade dos sistemas públicos no Brasil.

 

Para o sistema de reconhecimento facial funcionar para uma ampla gama de dispositivos no Brasil, é preciso configurar ele para uma resolução muito baixa, ou seja, existe um grau de imprecisão bastante elevado no reconhecimento de um rosto.

 

O motivo desta configuração é que as fotos tiradas nos celulares mais populares têm baixa resolução. Os malfeitores que conseguiram acesso as contas da plataforma Gov.br explorando a característica “pixels” maiores da configuração e usaram fotos embaçadas para alcançar o seu objetivo.

 

As fragilidades do sistema de reconhecimento facial são facilmente percebidas por aqueles que pensam alguns segundos sobre como configurar o sistema para que ele aceite fotos de alta e baixa resolução. Os malfeitores não são burros. Eles fazem a análise analítica dos fatos e informações para estabelecer um estratagema de ataque.

 

Após ganhar acesso a conta da sua vítima, o malfeitor pode criar   uma assinatura digital “falsa” para comprar bens e serviços, para contrair empréstimos etc.

 

A vítima que foi atacada pela exploração de uma vulnerabilidade de configuração do sistema de reconhecimento facial ganha um ônus enorme, pois ele não tem nada para provar que ele não foi o autor e que o problema foi gerado por uma terceira parte.

 

A falha do gerenciamento da segurança da plataforma, criou um sistema de responsabilidade em que a vítima é prejudicada duplamente.

 

As perdas causadas por este tipo de falha poderão superar a casa do bilhão de reais, ou seja, o processo de validação das transações não pode ser inconsistente.

quarta-feira, 14 de maio de 2025

O Brasil está pronto para o reconhecimento facial – Parte 3

O artigo “PF faz operação contra fraude em contas Gov.br em que criminosos simulavam traços faciais” (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/05/pf-faz-operacao-contra-fraude-em-contas-govbr-em-que-criminosos-simulavam-tracos-faciais.shtml?utm_source=sharenativo&utm_medium=social&utm_campaign=sharenativo, acessado em 13/05/2025) revelou mais uma vulnerabilidade das soluções de reconhecimento facial no Brasil.

 

Um malfeitor que consegue acesso a uma conta da plataforma Gov.br explorando as fragilidades do sistema, é capaz de criar uma assinatura digital “falsa”.

 

A assinatura digital “falsa”, pode ser utilizada para assinar contratos, para comprar bens e serviços, para contrair empréstimos etc.

 

Ou em outras palavras, a vítima que foi atacada pela exploração das vulnerabilidades do sistema de reconhecimento facial da plataforma do governo federal, vai ganhar uma enorme dor de cabeça, pois não é possível diferenciar transações legitimas realizadas por ela e as transações ilegítimas feitas pelo malfeitor.

 

É um caso de enorme gravidade, pois o gerenciamento da segurança digital da plataforma está falhando gravemente na eliminação das vulnerabilidades e fragilidades do acesso via reconhecimento facial.

 

A pergunta que não quer calar neste momento, é quem vai pagar pelo prejuízo das vítimas uma vez que elas cumpriram todas as exigências de segurança?

 

É fácil perceber que é preciso usar uma tecnologia muita mais potente para impedir o acesso as contas da plataforma Gov.br pelos malfeitores.

 

Entendo que esta é uma missão para profissionais extremamente qualificados. Já passou da hora do governo brasileiro consultar os universitários.

 

As perdas poderão ser bilionárias em um curto prazo se não existirem protocolos robustos para o uso do reconhecimento fácil como chave de acesso ou de validação.

Se o gerenciamento não consegue eliminar as vulnerabilidades de forma proativa, então a melhor alternativa é validar as transações presencialmente.