Nas minhas apresentações e palestras eu frequentemente escuto a afirmação que TI é um mal necessário para o negócio.
Apesar
das inúmeras demonstrações do valor agregado da tecnologia para todos os
negócios, a maioria dos executivos de negócio veem TI como um custo
elevadíssimo.
Para
criar um estudo caso genérico e amplo, eu vou analisar os grandes números do
Brasil e relacionar os resultados alcançados com TI.
A
economia do Brasil cresceu aproximadamente 7% ao ano entre 1950 e 1980. Entre 1981
e 2022, a população brasileira cresceu a 1,4% ao ano e o PIB cresceu 2,2% ao
ano.
A renda
per capita aumentou apenas 0,8% ao ano desde 1980 e na última década renda per
capita caiu. Em 1980, o PIB brasileiro representava
aproximadamente 4% do PIB global e em 2022, o PIB brasileiro representava
aproximadamente 2,3% do PIB global.
Em 2022, a
renda per capita brasileira era de US$ 14,7 mil e em 2010 era de US$ 14,9 mil,
ou seja, o ciclo de piora da economia iniciado em 1980 ganhou força e ímpeto
nas últimas décadas.
Para
entender a derrocada da economia brasileira é preciso observar os macrofenômenos ocorridos no mundo após o ano de 1980.
Antes de
1980, a maioria das empresas não usavam computadores nas suas atividades
diárias. Apenas as grandes companhias tinham recursos para processar as suas
operações em um mainframe.
No
Brasil, as grandes empresas também tinham mainframes e softwares que
processavam as suas operações em condições de igualdade com os seus
concorrentes internacionais.
Por isto
as vantagens competitivas do Brasil eram destacadas e a economia do país
crescia de forma soberba em relação aos outros países.
A
introdução do microcomputador no mercado mundial após o ano de 1980, permitiu
que diversas empresas médias e pequenas processassem as suas operações
digitalmente e com isto ganhassem escala de produtividade e redução de custo.
No
Brasil, o início dos anos 1980s foi marcado pela lei da reserva de informática.
Algumas empresas nacionais até tentaram desenvolver computadores no Brasil, mas
o resultado sempre foi pífio.
Era
sempre custo elevado e tecnologia atrasada. As médias e pequenas empresas
nacionais não tinham recursos para processar a sua operação em computadores e
foram ficando cada vez mais atrasadas em termos de custos, qualidade,
competividade em relação aos seus concorrentes internacionais.
Muitas
empresas que exportavam perderam mercado internacional e regrediram ao ponto de
serem compradas pelos seus concorrentes internacionais. Uma grande parte dos
postos de trabalho foi aniquilada por conta deste processo.
Quando a
lei de reserva do mercado de informática foi extinta, os fabricantes nacionais
de computadores entraram em forte ciclo de declínio e em poucos anos foram
exterminados do mercado.
As
empresas médias e pequenas que agora poderiam processar as suas operações
usando computadores estavam com enorme defasagem no capital intelectual e
cultural da sua mão de obra e por isto a introdução dos computadores gerou
perdas maiores do que benefícios.
Coisas
como central de suporte e atendimento que nada resolviam eram reclamações
comuns entre os usuários. Eu escutei por diversas vezes usuários falando que
não adianta abrir chamado porque o helpdesk nada resolve.
Muitas
vezes os profissionais de negócio desviavam as suas atividades para resolver
problemas relacionados com os computadores e softwares e com isto a
produtividade do negócio caia dramaticamente.
Em
diversos casos, as soluções oferecidas pela organização de TI eram inadequadas
para o ambiente operacional da empresa e não raras vezes os profissionais de
negócio ignoravam os computadores e processavam manualmente as operações.
Eu já
presenciei em diversos casos, uma pequena empresa paralisar a sua operação
aguardando o helpdesk resolver um problema no computador.
É muito
fácil observar que a derrocada da economia brasileira está diretamente
relacionada com a introdução do microcomputador no mercado mundial.
O valor
agregado de TI é dado no caso brasileiro pelo efeito negativo da não introdução
correta do microcomputador no ambiente de negócios do Brasil.
O Brasil
caiu de 4 para 2,3% a sua participação no PIB mundial. Esta diferença em
dólares representa numericamente o valor agregado de TI na economia brasileira.
As perdas
pelo atraso cultural e intelectual iniciadas em 1980 ainda estão presentes no
dia a dia dos negócios realizados no Brasil e na falta de oferta de postos de
trabalho de renda média.