Apesar dos advogados e economistas brasileiros acumularem
um grande volume de fracassos intelectuais na análise da economia brasileira,
eles continuam tendo um espaço gigantesco na mídia tradicional nacional, para
proferir as suas inconsistências intelectuais.
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST)
ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho afirmou que “a redução de direitos
trabalhistas favorece a criação de empregos” (É preciso flexibilizar direitos
sociais para haver emprego, diz chefe do TST, http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1933111-e-preciso-flexibilizar-direitos-sociais-para-haver-emprego-diz-chefe-do-tst.shtml, acessado em
09/11/2017). Se tal fato fosse verdadeiro não existiria emprego para os
executivos do chamado C-Level (What is 'C-Suite',
https://www.investopedia.com/terms/c/c-suite.asp, acessado em
09/11/2017) aqui no Brasil. Um presidente ou diretor de empresa no Brasil
acumula mais direitos do que centenas de empregados do piso de fábrica.
Pela exótica teoria do ministro do TST estas
posições não poderiam existir no atual nível de direitos. Seria preciso, segundo
o pensamento do Martins, extinguir um pouquinho os benefícios para manter os
empregos para o C-Level. Outra contradição da teoria econômica do
presidente do TST em relação a realidade brasileira, é o caso do emprego para
os profissionais de cabelo branco (acima de 40 anos). Não é possível encontrar no
mercado de trabalho nacional, organizações reconsiderando o preconceito implícito
ou explicito contra o cabelo branco nas contratações por conta das mudanças realizadas
na legislação trabalhista.
A realidade é que os profissionais acima de 40
anos são descartados do processo seletivo da maioria ou totalidade das empresas
no Brasil apenas pelo fato deles terem idade acima de 40 anos. Não importa o
texto da lei trabalhista. As organizações têm preconceito contra a contratação
deste perfil profissional independente da legislação trabalhista em vigor. O
ministro que é um advogado estudado, deveria estudar um pouquinho mais de
economia. Se assim fizer, ele vai perceber que o emprego vai aparecer com
legislação trabalhista quando existe crescimento econômico. O nível de emprego
não depende de um pouquinho mais ou menos de direitos trabalhistas. Ele depende
de competência, capacitação e honestidade. Infelizmente estes três atributos
são raros no território brasileiro.
A segunda grande inconsistência intelectual sobre
a economia brasileira, que escutei nos últimos dias, foi a afirmação que a concorrência aumentou por causa da recessão e dos novos entrantes. Em outras palavras, foi afirmado que a recessão gerou um maior nível de concorrência no Brasil. É mais uma inconsistência intelectual dita sob a égide
de um dogma de fé pessoal, Inexiste qualquer relação da teoria com a lógica e
realidade.
Uma sociedade que está enfrentando uma
recessão, está empobrecendo. Em outras
palavras, é uma sociedade com menos riqueza.
Porque uma empresa vai entrar em um mercado com menos dinheiro se ela
pode entrar em um mercado com mais dinheiro?
É contra qualquer lógica o pensamento que um
empreendedor vai escolher um mercado mais pobre cheio de concorrentes para o
seu negócio. É como se ele tivesse lido o livro “A Estratégia do Oceano Azul -
Como Criar Novos Mercados e Tornar A Concorrência Irrelevante” (Editora Campus,
2ª Edição, 2016 Kim, W. Chan; Mauborgne, Renée) e resolvesse fazer o oposto do
que está escrito no livro de estratégia empresarial mais vendido nos últimos
anos.
O aumento da concorrência não é causado pela
recessão. A causa é a suprema incompetência da oferta de produtos e serviços no
Brasil. As empresas que estão fora do mercado perceberam que basta ter um
pouquinho mais de honestidade e capacitação que elas estarão com vantagens
competitivas em relação aos seus concorrentes. A recessão não tem nada a ver
com este fenômeno. Infelizmente a mídia brasileira abre espaço para uma enorme
quantidade de inconsistências intelectuais que nada contribuem para a superação
dos problemas nacionais. É preciso ser claro e afirmar que falta competência
capacitação e honestidade para os negócios nacionais. É preciso combater os preconceitos
nas contratações antes que os dogmas de fé destruam o pouco que sobrou da indústria
brasileira.
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