O tema inteligência artificial (IA) está sendo debatido neste exato momento em diversos eventos, congressos, podcasts, artigos, livros, jornais, treinamentos etc.
É a
primeira vez que vejo uma tecnologia sendo discutida ao mesmo tempo no meio
político, empresarial, acadêmico etc.
É fato
que a inteligência artificial já está presente no dia a dia das pessoas e
deixou de ser um assunto restrito para ser um tema de amplo espectro na
sociedade brasileira.
Mas
afinal, o que a tecnologia de inteligência artificial tem de tão diferente das
outras tecnologias existentes que também estão presentes no dia a dia das
pessoas?
O valor
agregado e vantagem competitiva são a grande diferença da inteligência
artificial em relação as tecnologias anteriores.
No começo
da introdução do microcomputador nas empresas, os sistemas eram desenvolvidos
internamente e geravam vantagens competitivas para as empresas. Sistemas
melhores aumentavam a produtividade, reduziam custos e geravam maiores lucros.
No começo
do século XXI, os sistemas internos foram substituídos por sistemas
padronizados como o ERP, BI etc. e com o advento do “as a service” todas as
empresas passaram a ter acesso aos mesmos sistemas.
Por maior
que fosse o esforço de customização dos sistemas, eles não eram mais capazes de
gerar vantagens competitivas para as empresas, pois todos os concorrentes
tinham acesso aos mesmos sistemas.
Neste
momento, a vantagem competitiva que estava em ter um sistema digital passou
para a qualidade da mão de obra que usava o sistema digital.
Ou seja,
a vantagem competitiva estava relacionada com a capacidade e habilidade do
funcionário em usar o sistema digital, com a qualidade da central de serviços
em esclarecer as dúvidas e restaurar o funcionamento do sistema em caso de
falhas, com a previsibilidade da disponibilidade da infraestrutura do sistema
digital (foi o auge do Cobit, Itil etc.) e com a capacidade da alta
administração de perceber o valor da TI no negócio.
A
padronização dos sistemas digitais gerou vários benefícios para as corporações.
A contrapartida dos benefícios foi a criação de limitações de uso pelos
funcionários.
Os
usuários só tinham a alternativa de seguir o fluxo de trabalho definido e
programado no sistema e por isto as vantagens competitivas geradas eram
perenes, pois como todos trabalhavam com um fluxo de trabalho muito semelhante
e era muito fácil copiar o que os outros competidores estavam
fazendo.
Com a
pandemia do novo coronavírus, muita coisa mudou (trabalho remoto, comércio
eletrônico cresceram exponencialmente) e as empresas entraram no ciclo da
transformação digital.
A
inteligência artificial cresceu em popularidade e penetração durante o auge do
ciclo da transformação digital. E ela tem como grande diferença das outras
tecnologias a forma como é gerada a vantagem competitiva.
Apesar
das mesmas soluções de IA estarem disponíveis para todos, a qualidade da
resposta depende da qualidade da pergunta. Isto significa que melhores
perguntas geram melhores respostas que por sua vez geram vantagens competitivas
difíceis de serem copiadas pelos competidores.
Usuários
bem versados em conhecimentos de português, matemática, história, lógica,
“linguagem do negócio” etc. são capazes de formular melhores perguntas para a
IA e de fazer a análise analítica das respostas.
A geração
das vantagens competitivas pela IA é o resultado da qualificação do usuário que
está interagindo com ela. É por isto que este assunto entrou na pauta da
sociedade brasileira com elevada intensidade.
O recente
debate “Reescrevendo os modelos de negócios com a IA” (https://www.youtube.com/watch?v=6al82AxpxlE, acessado em
10/07/2024) revela a partir do momento “25 minutos”, a visão do Sérgio Palma da
Justa Medeiros sobre a criação de vantagem competitiva usando a IA.
A minha
única ressalva sobre a visão dele é que não estamos falando de algo que vai
acontecer, mas de algo que já aconteceu.
Ele
advoga a tese de exclusão dos profissionais da organização de tecnologia como
ponto focal da IA, porque historicamente estes profissionais não desenvolveram
a habilidade de “linguagem do negócio”.
Na mesma
apresentação (a partir do momento 10:30) é interessante verificar o que foi
dito sobre o desempenho superior do cabelo branco como usuário da IA
generativa.
O “cabelo
branco” com elevado conhecimento em português, matemática, história, lógica,
“linguagem do negócio” (ver o que foi dito no momento 36:30 do “Reescrevendo os
modelos de negócios com a IA”) etc. gera melhores perguntas, captura respostas
melhores e é capaz de fazer a análise analítica do resultado para verificar se
as respostas são verdadeiras.
O artigo “Salários
menores, menos vagas e pior para novatos: esse é o novo mercado de tecnologia
no Brasil” (https://www.estadao.com.br/link/cultura-digital/salarios-tecnologia-desenvolvedor-programador-brasil-2024/?utm_source=estadao:app&utm_medium=noticia:compartilhamento) revela uma forte
mudança no mercado de trabalho dos profissionais de TI.
As
empresas estão buscando profissionais experientes bem qualificados em diversas
áreas do conhecimento humano que falam a “língua do negócio” para resolver os
problemas mais complexos da era da imprevisibilidade.
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