Durante
as últimas décadas as campanhas de educação no trânsito estão focadas nos
aspectos comportamentais dos motoristas e pedestres. Em nenhum momento estas
campanhas apresentaram para a sociedade de forma clara e transparente quanto os
brasileiros estão pagando (em impostos) para cobrir os custos dos acidentes e
mortes no trânsito.
As
campanhas de educação no trânsito não estão gerando um resultado significativo.
O Brasil está atualmente no quinto lugar no ranking dos países com mais mortes
no trânsito no mundo (Brasil reduz mortes no trânsito, mas está longe da meta
para 2020, http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/brasil-reduz-mortes-no-transito-mas-esta-longe-da-meta-para-2020, acessado em 07/10/2019).
As
pesquisas sobre a violência no trânsito no Brasil revelam o seguinte cenário:
Mais de 1,6 milhão de pessoas feridas nos últimos 10 anos com custo de quase R$
3 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). Trinta e sete mil mortes e 180
mil feridos por ano com custo de R$ 52 bilhões. Noventa e dois porcento das vítimas
de acidentes de trânsito estão entre 18 a 65 anos e 75% são homens.
Fonte:
“A cada 1 hora, 5 pessoas morrem em acidentes de trânsito no Brasil, diz
Conselho Federal de Medicina”, https://g1.globo.com/carros/noticia/2019/05/23/a-cada-1-hora-5-pessoas-morrem-em-acidentes-de-transito-no-brasil-diz-conselho-federal-de-medicina.ghtml; “Brasil reduz mortes
no trânsito, mas está longe da meta para 2020”, http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/brasil-reduz-mortes-no-transito-mas-esta-longe-da-meta-para-2020. “Acidentes de
trânsito em 2018: prejuízos já somam R$ 96,5 bilhões”, https://autopapo.com.br/noticia/acidentes-de-transito-graves-prejuizo/.
No
caso do município de São Paulo, em 2018, foram registrados 828 acidentes de
trânsito fatais com 849 mortes (Mortes de motociclistas superam as de pedestres
no trânsito de SP pela 1ª vez, diz relatório, https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/05/23/mortes-de-motociclistas-ultrapassam-as-de-pedestres-no-transito-de-sp-pela-primeira-vez-diz-relatorio.ghtml).
É
muito importante destacar que o SUS está enfrentando uma grave crise de
atendimento em 2019 por causa da grande quantidade de pacientes. Mais de 60%
dos leitos dos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) são ocupados por
vítimas por acidente de trânsito e 50% dos centros cirúrgicos são ocupados por
vítimas de acidentes rodoviários (Brasil reduz mortes no trânsito, mas está
longe da meta para 2020, http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/brasil-reduz-mortes-no-transito-mas-esta-longe-da-meta-para-2020).
Para
calcular o custo para a sociedade brasileira das mortes no trânsito eu vou
assumir diversos fatores simplificadores. O objetivo é conhecer a ordem de
grandeza deste custo, não o seu valor real. É importante explicitar aqui que o
valor calculado será menor que o custo real por causa das seguintes
simplificações:
1.
As
mortes no trânsito serão iguais ao último dado disponível para o período entre
2019 e 2029
2.
O
perfil adotado para as vítimas é de 26 mil homens com idade média de 40 anos e de
8 mil mulheres com idade média de 40 anos
3.
Todos
os viúvos têm direito a receber pensão vitalícia por morte de um salário mínimo
de um mil reais (aproximação de valor para facilitar as contas)
4.
O
perfil mais comum é de viúvas com 40 anos e com expectativa de vida até os 70
anos, ou seja, receberá por 30 anos a pensão por morte
5.
No
total temos anualmente 340 mil (34 mil por ano entre 2019 e 2028) viúvos (34
mil por ano x 10 acumulados entre 2019 e 2028) recebendo pensão por morte de 1
mil reais por mês entre 2029 e 2059
Como
o ano de 2019 está sendo marcado pela reforma da previdência então será adotado
que o único custo das mortes no trânsito é o pagamento das pensões por morte (todos
sabemos que ele é apenas uma fração do custo total real).
Em
outras, no período entre 2029 e 2059 a sociedade brasileira gastará 30 x 13 x
1.000 x 340.000 = 132.600.000.000, ou seja, 132 bilhões de reais com pensões
por morte por causa de acidentes inúteis de trânsito. Para comparar, a reforma
da previdência pretende economizar 100 bilhões de reais por ano em um período
de dez anos.
O
artigo “Acidentes no trânsito têm impacto de R$ 199 bi na economia” (http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-05/acidentes-no-transito-tem-impacto-de-r-199-bi-na-economia) revelou que em 2017, os
acidentes no trânsito brasileiro em 2017 provocaram impacto negativo no Produto
Interno Bruto (PIB) do Brasil de quase R$ 200 bilhões ou 3% do PIB. É o dobro
da economia prevista de R$ 100 bilhões por ano da reforma da previdência.
Em
outras palavras, a redução pela metade dos inúteis acidentes graves de trânsito
gera uma economia equivalente à reforma da previdência que gerará tantos sacrifícios
para os trabalhadores brasileiros. Não é difícil chegar à meta de redução pela
metade. Basta um pouco de bom senso e informar com clareza quanto a sociedade
brasileira está gastando e perdendo. São milhares de hospitais, escolas,
empregos, estradas, trens etc. que estão sendo perdidos ano após ano por causa
de acidentes evitáveis. É preciso pensar bem neste assunto.
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