Recentemente
a prefeitura do município de São Paulo resolveu oferecer o cartão zona azul
digital. Foi sem dúvida alguma uma iniciativa louvável. No entanto, a sua
implantação foi bastante danosa aos interesses do município. Ao escolher o
modelo de negócio onde as empresas Sertell, Estapar e Digipareque que desenvolveram
e operam as plataformas recebem 10% do valor arrecadado, a prefeitura escolheu
um modelo que onera demais o município (Zona Azul por aplicativo começa a valer
nesta segunda em São Paulo, http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/07/1790407-zona-azul-por-aplicativo-comeca-a-valer-nesta-segunda-em-sao-paulo.shtml,
acessado em 16/08/2016). Não é difícil perceber que existem plataformas semelhantes
disponíveis nas lojas virtuais da Google, Apple e Amazon.
Com
um investimento muito pequeno (menos de cem mil reais), a prefeitura
conseguiria desenvolver e operar uma plataforma para a zona azul digital.
Trabalhando com as nuvens disponíveis no mercado seria possível começar com uma
equipe bem pequena operando o empreendimento. As experiências do YouTube,
Instagram e etc. de estabelecer operação inicial com grupos pequenos de
colaboradores mostram que é fácil e simples operar a zona azul digital com
menos de dez funcionários.
Inexistem
motivos, portanto para entregar para a iniciativa privada esta operação. Mais
ainda, a prefeitura de São Paulo poderia usar os recursos da computação em
nuvem elástica para oferecer a sua plataforma de zona azul digital para os outros
municípios. Seria uma fonte extra de recursos. É preciso mudar com urgência os
paradigmas que estão presentes na administração pública para que ela consiga
conquistar novas fontes de receitas em um momento em que o estado brasileiro
atravessa tantas dificuldades.
O
modelo de negócio adotado pela prefeitura de São Paulo para a zona azul impediu
o crescimento da arrecadação do município. Enquanto muitos (ou todos) candidatos
ao cargo de prefeito falam na campanha eleitoral de 2016 em aumentar impostos
para resolver os problemas sociais da cidade, nenhum deles fala em rever as
estratégias do município para aumentar arrecadação sem aumentar os impostos. É
possível arrecadar mais, gerar empregos e resolver os problemas sociais olhando
apenas as oportunidades geradas pela transformação digital. É lastimável
perceber que nenhum candidato levantou esta bandeira. Infelizmente é a política
do atraso.
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