sexta-feira, 30 de setembro de 2016

Blockchain e o sistema financeiro

Os estudos do mercado do sistema financeiro internacional e brasileiro revelaram que ocorreu no primeiro semestre do ano de 2016 um espetacular crescimento em relação ao mesmo período de 2015 da quantidade de grandes e conhecidos bancos, bolsas de valores e outras organizações provedoras de serviços financeiros (ou semi financeiros) que estão avaliando as suas estratégias futuras (triênio 2017 até 2020) tanto para as criptomoedas, como para a tecnologia Blockchain.

Foi revelado que a McKinsey estimou que o Brasil terá no ano de 2015 um ganho de 152 bilhões de dólares na economia pelo uso de transações digitais no setor financeiro.
Fonte: Economia brasileira pode ganhar R$ 495 bilhões com digitalização dos serviços financeiros, http://cio.com.br/noticias/2016/09/30/economia-brasileira-pode-ganhar-r-495-bilhoes-com-digitalizacao-dos-servicos-financeiros/, acessado em 30/09/2016.

Em 2016, a maioria dos provedores de serviços financeiros e semi financeiros percebeu que o modelo de livro razão público e descentralizado do Blockchain aumenta a resiliência e transparência do negócio. A criptomoeda deixou de ser vista como o objetivo final. O estudo "Mercado da tecnologia Blockchain no sistema financeiro" destacou a importância de conhecer e mitigar os riscos inerentes da tecnologia em relação aos aspectos técnicos e de competitividade.

As empresas do sistema financeiro estão começando a entender com mais clareza o potencial da tecnologia Blockchain para melhorar a sua eficiência operacional e para reduzir os riscos. A redução do prazo para a liquidação das operações, o estabelecimento de acordos com maior rapidez, a validação forte das identidades e a marcação da data e hora aumenta a conformidade e elimina as falhas e riscos introduzidos pelo fator humano nos acordos estabelecidos. Em outras palavras os custos são reduzidos, a qualidade é aumentada, os serviços entregues para os clientes são melhorados, o volume de receitas perdidas é reduzido e as disputas e atritos com os clientes são minimizadas.

A transparência oferecida pelo livro razão público e descentralizado do   Blockchain é capaz de aumentar a reputação positiva (credibilidade) das instituições financeiras em um ambiente de negócios onde os bancos e outros membros do sistema financeiro precisam oferecer transparência total tanto para as organizações e pessoas que estão do outro lado do comércio, como para os agentes reguladores, como para os investidores, como para os clientes.

A validação forte da identidade é uma aplicação que reduz o risco e aumenta a transparência. O compartilhamento das informações básicas da identidade com membros específicos da cadeia produtiva sem revelar as identidades (processo de investigação de todo o histórico das transações registradas no Blockchain realizado conforme a necessidade) aumenta o nível de confiança que os membros da cadeia de negócio ou pessoas depositam no provedor financeiro ou na outra parte interessada.

Os membros do sistema financeiro tradicionais sabem que a adoção mesmo que parcial das criptomoedas vai pressionar a atual estrutura de tarifas dos bancos. Isto significa que o sistema financeiro precisa entender como a infraestrutura trabalha e como é o funcionamento das transações.

Foi afirmado que a empresa japonesa de serviços de Bitcoin Coincheck anunciou em 2016 a solução Coincheck Denki, ou seja, os usuários poderão pagar as suas contas de luz usando o Bitcoin com descontos de até 6%.
Fonte: Japão aceitará pagamento de contas de luz em Bitcoin, http://olhardigital.uol.com.br/pro/noticia/japao-aceitara-pagamento-de-contas-de-luz-em-bitcoin/62483, acessado em 30/09/2016.
  
O conhecimento da tecnologia Blockchain é a chave que vai permitir que os bancos ofereçam novos serviços, reduzam as tarifas dos serviços existentes e eventualmente canibalizem as receitas geradas por eles. A adoção de uma criptomoeda ou de serviços baseados no Blockchain (serviços financeiros que exigem o compartilhamento descentralizado dos elementos de valor) vai gerar a necessidade de novas ofertas de serviços e produtos financeiros pelos bancos.

Foi revelado que os profissionais com experiência em tecnologia, startups ou empresas “ponto com” selecionados liderarão os projetos de transformação digital do banco Itaú.
Fonte: Itaú procura experts em tecnologia para programa digital, http://computerworld.com.br/itau-procura-experts-em-tecnologia-para-programa-digital, acessado em 30/09/2016.

É muito provável que no futuro próximo (até 2020), os bancos aumentem o preço das tarifas para os clientes das transações que usam meios de pagamento de baixa eficiência como o papel moeda (dinheiro tradicional) ou cheques. Como os membros do sistema financeiro frequentemente fazem comparações e aprendem uns com os outros é provável que todo o sistema financeiro trabalhe no mesmo formato. É evidente que as criptomoedas e o Blockchain vão gerar novos riscos competitivos para os bancos. Os bancos entendem que o cenário para o seu ambiente de negócios é de mudança radical. Em outras palavras, para eles as mudanças escancararão as suas portas em breve.  Na visão dos bancos as ações dos agentes reguladores que atuam dentro da sua área de jurisdição podem apenas fazer com que a adoção das tecnologias seja baixa e restrita no curto prazo.

Os bancos estão cientes dos desafios e querem fazer parte deste novo mundo. O objetivo deles é usar a tecnologia Blockchain para estabelecer vantagens competitivas e melhorar a sua reputação. O sistema financeiro entende que é possível reduzir o risco da concorrência futura com um pequeno investimento realizado em 2016 nas soluções inovadoras. Para os estrategistas dos bancos, a necessidade de elevada capacitação para a mão-de-obra vai gerar uma barreira para a entrada de novos entrantes. Os executivos dos bancos acreditam que a forte demanda por uma engenharia capacitada para enfrentar os novos desafios será um fator forte o suficiente para impedir o avanço das Fintechs (junção de Finanças com Tecnologia).

Foi revelado que o Marcelo Orticelli que é o diretor da área de pessoas do banco Itaú afirmou que a instituição está procurando por especialistas criativos, antenados e que tenham espírito empreendedor.
Fonte: Itaú procura experts em tecnologia para programa digital, http://computerworld.com.br/itau-procura-experts-em-tecnologia-para-programa-digital, acessado em 30/09/2016.

As organizações do sistema financeiro tradicional estão em acirrada competição para contratar talentos que são capazes de produzir inovações. Para conseguir atrair e reter os talentos, os bancos estão criando centros de excelência e laboratórios de inovação nas cidades com elevada concentração de profissionais capacitados e preparados. A combinação do desejo empresarial em atrair e reter os talentos em conjunto com o elevado conhecimento acumulado nos centros de excelência e laboratórios de inovação cria um ambiente excitante para que as novas tecnologias sejam trabalhadas sem que existam riscos exagerados de perda de talentos recrutados.

As chaves que habilitam este novo cenário são a retenção dos talentos e o fim do preconceito contra o cabelo branco. Por causa do novo cenário do ambiente de negócios, tem muito sentido a movimentação mais ousada e arrojada das instituições financeiras mais solidas e tradicionais para a contratação dos melhores perfis profissionais da engenharia de inovação.

Os agentes reguladores das principais economias do mundo estão desenvolvendo ferramentas para que tecnologias como o Blockchain sejam controladas, tributadas e monitoradas. Os bancos e outros provedores de serviços financeiro entendem que o conhecimento sobre as criptomoedas dos agentes reguladores é mais avançado do que o conhecimento existente nos bancos. Os bancos acreditam que as normas e regulamentações das criptomoedas e Blockchain podem mudar o formato da adoção das novas tecnologias, por isto eles estão monitorando de perto o ambiente regulatório para que não enfrentem dificuldades com as novos regras e leis.

Os fundamentos técnicos das criptomoedas e dos protocolos da infraestrutura do Blockchain habilitam as mudanças nos produtos e serviços financeiros oferecidos pelas instituições financeiras.  A tecnologia está sendo utilizada para a distribuição, monitoração e regulamentação dos produtos e serviços financeiros com o objetivo de reduzir o risco total da operação da instituição financeira. É muito provável que até o final do ano de 2020, a tecnologia Blockchain estará presente no dia-a-dia das pessoas alterando por completo a forma como os clientes realizam as suas transações comerciais, como as identidades são verificadas, como as instituições financeiras interagem entre elas e como as taxas e tarifas bancárias serão definidas e cobradas.

Todas as organizações que atuam no sistema financeiro tradicional conhecem e entendem o impacto potencial que a tecnologia Blockchain é capaz de causar no seu negócio atual. O atual nível de movimentação dos bancos em relação ao assunto é consequência do fato que eles não querem “serem pegos com a calça na mão” no momento da disrupção tecnológica. As instituições que agarrarem em 2016 as oportunidades geradas pelas mudanças vão conseguir estabelecer estratégias inteligentes para desenvolver ideias inovadoras com as novas tecnologias e serão capazes de trabalhar no momento da disrupção tecnologia em um modelo de negócio mais lucrativo que o atual. O novo modelo de trabalho destas organizações vai permitir tanto uma forte redução no risco operacional total, como uma melhor e mais rápida identificação das novas oportunidades de crescimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário