segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Crise da água

Não e difícil perceber que a crise hídrica em São Paulo é um assunto muito maior do que banhos e carros lavados. É uma grave crise econômica que pode levar o Brasil inteiro para a bancarrota. A água é o principal insumo para a vida humana e a falta dela já fez populações inteiras mudarem e certamente vai fazer de novo.

A crise da forma que está sendo conduzida pelo governo federal, estadual e municipal pode levar o Brasil para o posto de maior catástrofe humana da história da humanidade. É um assunto de altíssima gravidade que vem enfrentando a mediocridade política dos partidos nacionais. A falta de água ao afetar a indústria e agricultura paulista vai gerar desemprego e alta dos preços no país inteiro. Uma enorme pressão inflacionaria está no ar. Qual investidor internacional escolheria o Brasil como destino dos seu dinheiro em quadro de elevado descontrole financeiro com risco real da maior cidade do pais ter que ser evacuada às pressas por falta de água? Quem vai manter o seu dinheiro no Brasil em um cenário de tamanha precariedade?

É preciso que as autoridades encontrem um caminho antes que o caos seja consumado. Os episódios de segurança da cidade de Itu por falta de água mostraram que a população está impaciente. A repressão policial seria um desafio enorme pelo tamanho da população afetada.

Um racionamento regional rigoroso em excesso como o proposto de 5 dias sem água por 2 com água levaria para uma migração entre regiões e pode gerar uma situação de caos maior ainda. É preciso que o governo organize as medidas em linha com as necessidades e consequências. O amadorismo precisa sair de campo. É preciso profissionalizar e acertar de primeira.

Muitos estão atribuindo para o governo do estado de São Paulo e para a Sabesp a responsabilidade pela crise hídrica. Falam-se nas perdas, falta de investimento e etc. Mas será que o problema é tão restrito? É possível afirmar que existem outros atores no circo de horror da crise hídrica.

O péssimo código florestal promulgado em 2012 além de ser questionável do ponto de vista constituição brasileira, permitiu uma tamanha devastação da floresta amazônica que mudou o ciclo de chuvas da região sudeste do Brasil. Será que é mera coincidência que após o código florestal de 2012, os estados do sudeste estejam enfrentando os seus piores momentos na história de escassez de chuvas? Vários estudos sérios relacionam a devastação Amazônia com a redução das chuvas no sudeste. Já está na hora do país entender que ele não tem capacidade para ser o celeiro do mundo. Destruir a floresta amazônica para produzir soja ou gado é um ato de uma burrice incomensurável.

A obra do Aldo Rebelo no código florestal não foi a sua única contribuição para a crise hídrica. Alguém acha que é mera coincidência que os estados que mais receberam turistas na copa de 2014 estejam correndo risco de racionamento de água? São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais foram os destinos da maioria dos turistas na copa. Turistas que consumiram muita água sem preocupação alguma de economia. Nenhuma cartilha do ministério dos esportes pedia que estes turistas economizassem água. Enquanto eles gastaram rios de água, a população que mudou de hábitos e economizou muito ficou a ver navios. Milhões de litros de água foram gastos com turistas e obras civis para a copa do mundo.

Qualquer ser humano capacitado teria trocado as cidades sedes em função da crise hídrica que já existia em 2014. Faltou bom senso e capacitação. Infelizmente a conta da falta de capacidade do governo federal em relação a crise hídrica vai ser paga pela população de São Paulo.

O governo federal ofereceu e vem oferecendo mais uma contribuição para aumentar a crise hídrica em São Paulo. O programa minha casa, minha vida incentiva a verticalização das moradias. No lugar onde moraram uma ou duas famílias agora moram graças aos programas centenas de famílias. O programa em nenhum momento se preocupou com a mudança do perfil do consumo de água nos financiamentos. O planejamento foi inexistente. Mudou-se completamente o perfil de consumo na região abastecida pelo reservatório da Cantareira sem que existisse contrapartida de investimento na captura da água. O sistema Cantareira depende de chuvas em Minas Gerais o que mostra o tamanho da irresponsabilidade nestes financiamentos. É óbvio que o programa deveria centralizar o atendimento em regiões de captação de água mais fácil e em torno de um equilíbrio na verticalização.

Quando pensamos que o circo dos horrores da crise hídrica de São Paulo está completo, percebemos que existe mais um ator. O prefeito Fernando Haddad decretou o fim da inspeção veicular na cidade de São Paulo. Será mera coincidência que as maiores temperaturas da história da cidade ocorreram depois do fim da inspeção veicular? As ilhas de calor formadas pela poluição dos carros aumentaram a sensação térmica do calor e elevaram o consumo de água pelos paulistas. Será que é mera coincidência que as maiores temperaturas da história da cidade de São Paulo ocorreram ou durante o período de suspensão do rodízio de carros ou imediatamente após? Claramente as chuvas de janeiro de 2015 não conseguiram dispersar as nuvens de poluição geradas pelos carros sem inspeção veicular e reduzir o efeito de ilha de calor.

O estado de São Paulo concentra mais de 20% da população brasileira em um espaço menor que 3% do território nacional. A água não é o único recurso escasso no estado. Recursos como ar, moradia, mobilidade e etc. também são escassos e vão acabar caso não exista um completo replanejamento da ocupação do território Paulista. Para não ficar apenas com o dedo na ferida é importante oferecer algumas sugestões para permitir que o estado não vire um deserto e derrube a economia do Brasil.

A primeira e mais óbvia e a paralisação de todas as obras para novas moradias no estado. O governo federal precisa assumir os prejuízos causados pela sua irresponsabilidade de financiar moradias sem planejamento de água. A segunda e mais importante medida é a intensificação da utilização da água de reuso. Todos os lugares públicos incluindo instalações privadas como shoppings, estádios de futebol, escolas, clubes e etc. devem utilizar apenas água de reuso.

·         Reduzir drasticamente a captação de água pela indústria e agricultura. Obrigando o uso exclusivo de água de reuso. Liberar a captação de água apenas para o essencial. Produção de bebidas como cerveja e refrigerantes deve ser suspensa no estado até a normalidade hídrica.
·         Suspensão de todos os eventos em 2015 que não sejam essenciais como carnaval formula 1 corridas de rua etc. Tolerância zero para o consumo não essencial de água.
·         Transformação de todas as instalações de residenciais e comerciais para a utilização de apenas de água de reuso nos sanitários. Água de reservatório deve ser destinada apenas para o consumo humano.
·         Determinar que bares e restaurantes usem apenas pratos e talheres descartáveis eliminando assim a necessidade de lavagem. Incentivar via impostos que o mesmo ocorra nas residências.
·         Aumentar o preço da água para desincentivar o seu desperdício.

·         Incentivar todos que possam mudar temporariamente ou definitivamente do estado.

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