terça-feira, 18 de dezembro de 2018

A república dos mercadores de tolices e o poço da burrice eterna


Infelizmente a cultura do atraso tornou o Brasil no país do desperdício. Ao mesmo tempo em que milhões de brasileiros passam fome (No Brasil, 2,5% da população está em grave situação alimentar, https://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2018/09/11/no-brasil-fome-se-estabiliza-e-22-da-populacao-e-obesa-segundo-fao.ghtml) os supermercados jogam no lixo bilhões de reais em alimentos (Supermercados desperdiçam R$ 3,9 bi em alimentos por ano, diz Abras, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/supermercados-desperdicam-r-39-bi-em-alimentos-por-ano-diz-abras.shtml, acessado em 24/09/2018).

Basta uma rápida visita aos supermercados para perceber porque bilhões de reais vão para o lixo todos os anos. Existe uma completa falta de controle do estoque em relação ao prazo de vencimento dos alimentos. É vergonhoso para qualquer gestor capacitado que os maiores supermercados do país sejam incapazes de ofertar os alimentos conforme a sua data de validade. Qualquer sistema mequetrefe de inteligência artificial é capaz de fazer isto e eliminar o desperdício de alimentos.

A cultura do atraso não é privilégio de um único setor da economia nacional. O sábio médico Claudio Lottenberg que é presidente do conselho deliberativo do Hospital Israelita Albert Einstein afirmou que a digitalização do sistema de saúde pública e a telemedicina podem reduzir 33% dos gastos do sistema pela eliminação dos desperdícios causados por práticas obsoletas, retrabalhos, redundâncias, burocracia desnecessária e fraudes. (Atraso crônico, https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/04/claudio-lottenberg-atraso-cronico.shtml).

Como o orçamento da saúde é de cerca de R$ 120 bilhões é fácil perceber que um pequeno investimento em tecnologias como internet das coisas e inteligência artificial pode eliminar dezenas de bilhões de reais de desperdícios do sistema de saúde.

A cultura do atraso está largamente difundida no Brasil. A causa raiz da incessante busca pelo pior possível é a qualificação da gestão. O grupo Abril foi fundado em 1950. Em 2018, o grupo entrou em recuperação judicial com dívidas de R$ 1,6 bilhões. A empresa entrou em dificuldades após a criação da TVA e o abandono da sua promissora plataforma de internet (abandonou parceria com UOL).

Os gestores do grupo fazem parte do seleto grupo de administradores que não acreditaram no potencial da internet e da transformação digital. A empresa ficou confinada ao passado e perdeu lucratividade e faturamento. Apesar de todos os defeitos na gestão da TVA, o grupo abril conseguiu vender com lucro a empresa. Como dinheiro na mão é vendaval, em pouco tempo o dinheiro ganho com a venda da TVA foi embora e o prejuízo entrou em cena.

O grupo Abril não foi o único que escolheu contratar com base no atraso. Recentemente a Fundação Procon-SP multou diversas grandes empresas por prática ilegal nas iniciativas de telemarketing (Essas 20 empresas foram multadas por ligar mesmo você não querendo, https://tecnologia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/09/03/essas-20-empresas-foram-multadas-por-te-ligar-mesmo-voce-nao-querendo.htm). Infelizmente o capital intelectual restrito impede que os maiores bancos brasileiros percebam que estre tipo de ação de telemarketing é inútil. A capacitação interna e externa destas empresas é tão baixa que elas preferem atuar em desacordo com a lei, porque está é a única solução que os seus gênios conseguem encontrar para as baixas vendas.

As operadoras de telefonia desempenham um capítulo à parte no circo de horrores dos mercadores de tolices. As empresas Oi, Claro e Vivo foram multadas pelo Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor por cobrar por serviços não solicitados pelos consumidores (Oi, Claro e Vivo são multadas em R$ 9,3 mi por irregularidade em venda de serviço, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/09/oi-claro-e-vivo-sao-multadas-em-r-93-mi-por-irregularidade-em-venda-de-servico.shtml). A alegação da defesa é infantil. Informaram que terceiros são os responsáveis pelos serviços cobrados indevidamente. Porque elas estabeleceram parcerias com estes terceiros? As reclamações dos consumidores são bem antigas.

As pessoas que trabalham neste perfil empresarial devem ter autoestima muita baixa. Pessoas mediamente qualificadas aceitam trabalhar apenas em empresas honestas e sérias.

Uma das coisas interessantes dos que semeiam a cultura do atraso é o elevado nível de soberba e arrogância. No passado, eu debati sobre qualificação da mão de obra com o CEO de uma empresa de consultoria de pequeno porte. Depois que afirmei que a política de contratações definida por ele iria levar o negócio para derrocada, ele afirmou que estava operando com elevada lucratividade. Alguns dias depois a empresa fechou as portas.

É muito comum encontrar este perfil profissional vivendo em um universo alternativo. As dificuldades que os profissionais desqualificados têm com a matemática básica são impressionantes. Eles não são capazes de somar e subtrair. Dentro do universo dos mercadores de tolices eles tentam vender a imagem de excepcionais gestores e resultados expressivos. Quando o caixa da empresa foi avaliado ficou claro que a empresa dava prejuízo operacional.

No artigo Aritmética para iniciantes (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandreschwartsman/2018/09/aritmetica-para-iniciantes.shtml) o Alexandre revelou que existe enorme dificuldade na realização de operações aritméticas básicas aqui no Brasil. Por causa disto, existe a criação de universos alternativos onde a soma de um mais um resulta em um milhão. Nestes universos as empresas não quebram e quando os clientes compram produtos e serviços da China eles apenas não sabem comprar.

No universo real dos fatos, a capacitação tem enorme valor nas corporações. Muita gente associa a juventude e o abandono dos estudos com o sucesso das empresas fundadas pelo Steve Jobs, Bill Gates, Mark Zuckerberg, Sergey Brin, Larry Page e Jeff Bezos (Tempo é aliado dos empreendedores mais velhos, https://www1.folha.uol.com.br/tec/2018/09/tempo-e-aliado-dos-empreendedores-mais-velhos.shtml).

O estudo "Idade e Empreendedorismo de Alto Crescimento", dos economistas Pierre Azoulay, Benjamin Jones, J. Daniel Kim e Javier Miranda, revelou que foram criadas aproximadamente 3 milhões de empresas nos Estados Unidos entre 2007 e 2014. A idade mediana dos fundadores é de 41,9 anos, ou seja, várias startups que receberam investimentos de capital tinham fundadores com idade acima de 40 anos.

Não é difícil perceber a influência da capacitação no sucesso profissional e na inovação. O produto iPhone foi criado pelo Steve Jobs de cabelo branco. A Amazon virou potência mundial de comércio eletrônico nas mãos do Jeff Bezos de cabelos brancos. As empresas Google e Microsoft alcançaram seus postos mais elevados nas mãos dos seus fundadores na versão cabelo branco.

É evidente que capacitação não é consequência direta dos cabelos brancos como alguns simplistas insistem em afirmar. Capacitação é consequência de aprendizado. Isto significa que pessoas com cabelos brancos tiveram mais oportunidades que os jovens imberbes. Os que aproveitaram as oportunidades tiveram como resultado capacitação superior.

A capacitação superior leva para as organizações para o território das inovações promissoras e sucesso. Infelizmente a cultura do atraso nacional despreza a capacitação e acha que juventude é fator necessário e suficiente para inovar.

A cultura do atraso levou o Brasil na direção de incontáveis fracassos. A fábrica da Ceitec S.A foi inaugurada em 2010 para produzir chips (Estatal do chip de R$ 500 mi está parada, https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0909201004.htm). Em 2018 é retumbante o fracasso da empresa. Os gestores de tecnologia qualificados foram ignorados na política de contratações. O resultado foi prejuízo em cima de prejuízo. Passados 8 anos qual é a relevância da Ceitec no mercado mundial de chips?

Os artigos “Ainda precisa pastar muito” (https://epocanegocios.globo.com/Informacao/Dilemas/noticia/2012/11/ainda-precisa-pastar-muito.html), "O Brasil sonhou em fazer chips. Mas por enquanto conheceu só suas dificuldades" (https://www.gazetadopovo.com.br/economia/o-brasil-sonhou-em-fazer-chips-mas-por-enquanto-conheceu-so-suas-dificuldades-1jcx54p1qhp10gktgon8zcluv/) e “Governo decide contratar consultoria britânica para definir rumos do Ceitec” (https://gauchazh.clicrbs.com.br/geral/noticia/2013/08/governo-decide-contratar-consultoria-britanica-para-definir-rumos-do-ceitec-4220772.html) revelaram que a fábrica da Ceitec S.A é irrelevante no cenário nacional.

No mundo, o mercado de chips é de cerca de US$ 0,5 trilhão. O mercado brasileiro é de cerca de US$ 10 bilhões. As vendas de empresas brasileiras representam menos de 10% (Com prejuízo de R$ 42,6 milhões, Ceitec foca no setor privado para se sustentar, https://gauchazh.clicrbs.com.br/economia/noticia/2018/06/com-prejuizo-de-r-426-milhoes-ceitec-foca-no-setor-privado-para-se-sustentar-cjj0m1unr0hrf01pab7dxgek0.html).

A cultura do atraso brasileiro é tão grande que a Ceitec que recebeu investimentos do governo de mais de um bilhão de reais e tem prejuízo acumulado da sua inauguração até hoje de mais de 40 milhões de reais produz chips de 600 nanômetros que são caros e suscetíveis a erros. O capital intelectual superior faz chips com menos de 50 nanômetros.

A escolha nacional pelo atraso inibiu a formação de mão de obra qualificada capaz de projetar chips. Vale lembrar neste ponto, que a nossa cultura do atraso é tão grande que os acordos comerciais contratuais são esquecidos. No processo de seleção do padrão da TV digital, foi condicionada à contrapartida de construir uma fábrica de semicondutores no Brasil. Aparentemente os mercadores de tolices esqueceram desta cláusula do contrato (TV digital: Toshiba abandona projeto de semicondutor no Brasil, http://www.intervozes.org.br/direitoacomunicacao/?p=20635).

Como os mercadores de tolices não são capazes de aprender com os erros cometidos no passado, eles os repetem com exaustão. Mais um bilhão de reais foi para o lixo em outra fábrica de chips (Após receber quase R$ 1 bi, fábrica de chips criada por Eike ainda opera parcialmente, https://www.brasil247.com/pt/247/economia/324893/Após-receber-quase-R$-1-bi-fábrica-de-chips-criada-por-Eike-ainda-opera-parcialmente.htm).

Foi afirmando em setembro de 2010 que o Veículo Lançador de Satélites será realidade em 2015 (Foguete nacional só deve decolar em 2015,  https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0909201001.htm). A cultura do atraso não tem limites na sua capacidade de jogar dinheiro no lixo. O Centro de Lançamento de Alcântara foi inaugurado em 1983 e até 2018 lançou 475 foguetes. Ou em outras palavras 475 lançamentos em 15 anos, média de 32 por ano. Números irrisórios. É claro que os mercadores não iriam parar no primeiro fracasso.

Em 2003, o governo do PT criou a Alcântara Cyclone Space. O Brasil jogou no lixo quase 500 milhões de reais sem lançar um único foguete. Como o poço da burrice eterna não pode jogar no lixo apenas meio bilhão de reais, existe a multa por rescisão do contrato à favor da Ucrânia de 2 bilhões de reais (Brasil tenta há 2 anos encerrar parceria com Ucrânia que custou R$ 483 mi e não lançou foguete, https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2018/02/15/tcu-critica-projeto-brasileiro-que-custou-r-483-mi-e-nao-lancou-foguete-fragil-e-otimista.htm). O Tribunal de Contas da União avaliou que a Alcântara Cyclone Space como um projeto "frágil e otimista". Palavras gentis para o trabalho dos geniais gênios brasileiros.

Dando continuidade ao ciclo de genialidades, existe a pretensão de criar mais uma estatal para alugar o Centro de Lançamento de Alcântara (FAB quer arrecadar R$ 140 milhões ao ano com 'aluguel' da base de Alcântara, https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2018/09/fab-quer-arrecadar-r-140-milhoes-ao-ano-com-aluguel-da-base-de-alcantara.shtml). É genialidade atrás de genialidade.

A cultura do atraso nacional está presente em todos os lugares. Em recente conversa com o filho do proprietário de uma famosa empresa de recursos humanos, ele disse que o fechamento das lojas da Fnac era um indicador que sinalizava a derrocada da estratégia das pessoas avaliarem os produtos nas lojas físicas e comprarem pela internet. (Fnac fecha as portas na Avenida Paulista; só resta uma loja no Brasil, https://exame.abril.com.br/negocios/fnac-fecha-as-portas-na-avenida-paulista-so-resta-uma-loja-no-brasil/amp/).

As dificuldades intelectuais estão inviabilizando atividades básicas como a interpretação de texto. No artigo acima foi afirmado que a livraria cultura recebeu dinheiro da Fnac para renegociar os passivos e encerrar a presença da empresa no Brasil. Basta observar os fatos para perceber a realidade. O profissional não percebeu que o fechamento das lojas é consequência da recessão.

Alguns dias depois foi publicado o artigo “Comércio virtual será principal canal de vendas, diz Cultura após fechamento de unidades da Fnac” (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/09/comercio-virtual-sera-principal-canal-de-vendas-diz-cultura-apos-fechamento-de-unidades-da-fnac.shtml0. A livraria Cultura afirmou que as lojas físicas têm como objetivo estratégico o fortalecimento da marca através de ações de marketing, de políticas de engajamento com consumidor e de relacionamento, ou seja, é o local onde o consumidor irá conhecer e a avaliar os produtos. O portal de comércio eletrônico será o principal canal de venda dos produtos.

Basta ver o que a China está fazendo para ver para onde o progresso está caminhando. Foi afirmado que a internet das coisas permitiu o aparecimento de lojas físicas meramente demonstrativas. As lojas não têm estoque e não vendem nada. São na realidade lojas mostruários onde o consumidor experimenta as ofertas como roupas e etc. O cliente pode escanear o código do produto com o celular e pagar digitalmente. O produto é entregue no local desejado no mesmo dia (China dá baile em internet das coisas, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2018/04/china-da-baile-em-internet-das-coisas.shtml).

No campo das criptomoedas, o Brasil mostra o gigantismo do seu atraso. Enquanto países como a China e Índia avançam na digitalização do dinheiro e colhem os benefícios do menor custo de produção, operação e de segurança, o Brasil está estagnado no quesito governo digital.

O absolutismo dos detentores das chaves do poço da burrice eterna é de largo espectro. Enquanto os países com perfil sociocultural similar ao Brasil estão avançando velozmente na direção do dinheiro digital, o Brasil vive nas limitações intelectuais dos mercadores de tolices que tem tanta soberba que acham que podem extrapolar as suas limitações para toda a população brasileira. A Índia retirou de circulação todas as cédulas de rupias indianas acima da nossa paridade cambial de R$ 20 (Governos são plataformas tecnológicas, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2018/06/governos-sao-plataformas-tecnologicas.shtml).

O país reduziu os seus gastos e avançou na competitividade. A China movimenta o equivalente ao PIB brasileiro em pagamentos móveis. O país está acabando com os desperdícios das filas para pagamentos ao mesmo tempo em que bancariza a sua população rural com investimento baixo. O custo marginal de uma transação digital está caindo dramaticamente. A população rural tem agora acesso ao sistema de crédito e compras online (https://copyfromchina.blogosfera.uol.com.br/2018/05/02/a-china-esta-pronta-para-dizer-tchau-para-dinheiro-e-cartoes-de-credito/).

Enquanto os nossos mercadores de tolices arrumam dificuldades, os indianos, uruguaios, chineses e etc. arrumam facilidades (Governos usam tecnologia e identidade digital para diminuir burocracia, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/governos-usam-tecnologia-e-identidade-digital-para-diminuir-burocracia.shtml). O Ilves afirmou que a digitalização gerou uma economia de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Estônia.

O trabalho dos mercadores de tolices está presente até mesmo no conservador setor bancário. Depois de muito tempo, o BNDES reconheceu que deu dinheiro dos brasileiros para Cuba e Venezuela (foi afirmado pelo BNDES que Cuba e Venezuela não tinham condições de honrar os empréstimos concedidos pelo Banco, https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2018/09/18/presidente-bndes-diz-que-emprestimos-para-cuba-e-venezuela-foram-um-erro-discute-divida.htm).

A genialidade brasileira de emprestar dinheiro para os projetos sem retorno de países sem capacidade de pagamento fará com que as pessoas físicas gastem entre 2017 a 2022 R$ 1,04 trilhão (aproximadamente 1/7 do PIB de 2017) para pagar os empréstimos realizados em 2017 (ANÁLISE DOS JUROS E DO SPREAD BANCÁRIO, http://apps.fiesp.net/fiesp/newsletter/2018/decomtec/spread-brasileiro-26-04-18/Analise-Juros.pdf). A lógica dos bancos é socializar os prejuízos dos empréstimos.

É impressionante como é grande a lista de perdas nacionais por causa da falta de capacitação.  A empresa Facebook ficou com a maior parte dos R$ 17 milhões gastos pelos candidatos para impulsionar conteúdo nas redes. Como em momento algum o Brasil investiu no desenvolvimento de redes sociais, o país está gastando o dinheiro dos impostos dos brasileiros para gerar empregos para os Estados Unidos (Candidatos destinam 1,6% dos gastos da eleição de 2018 para anúncio online, aponta balanço parcial., https://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/noticia/2018/09/18/candidatos-destinam-16-dos-gastos-da-eleicao-de-2018-para-anuncio-online-aponta-balanco-parcial.ghtml).

É mais uma solução genial do país onde falta trabalho para quase 30 milhões de pessoas (Falta trabalho para 27,6 milhões de brasileiros, aponta IBGE, https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/08/16/falta-trabalho-para-276-milhoes-de-brasileiros-aponta-ibge.ghtml).

O país que fez a copa de 2014 e as olimpíadas de 2016 com mais de R$ 90 bilhões (O preço da Copa e das Olimpíadas. OAB protesta, https://blogdojuca.uol.com.br/2011/06/21570/) não foi capaz de investir 0,01% deste total no lucrativo negócio de rede social.

No setor industrial, o Brasil também em regime de derrocada. A automação industrial melhora a produção, aumenta a qualidade e reduz o desperdício. Em outras palavras competir contra a automação é uma luta inglória. O resultado é falência. A indústria brasileira ocupa um dos últimos lugares em termos de automação e qualificação por causa de erros na estratégia corporativa. As dificuldades do capital intelectual fatalmente levarão a indústria brasileira para a bancarrota. Por décadas a indústria escolheu demitir profissionais qualificados experientes e contratar jovens.

O Brasil precisa urgentemente aumentar a sua eficiência e eficácia industrial. Existe um sério risco de o país perder todo o seu parque industrial por causa do baixo nível de automação (Brasil fica entre os últimos lugares em ranking de automação de empresas, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/brasil-fica-entre-os-ultimos-lugares-em-ranking-de-automacao-de-empresas.shtml).

É evidente que a automação vai eliminar milhões de postos de trabalho no mundo (Era dos robôs está chegando e vai eliminar milhões de empregos, https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2018/07/era-dos-robos-esta-chegando-e-vai-eliminar-milhoes-de-empregos.shtml). No entanto, o ser humano continuará ocupando posição de extrema relevância nas organizações. Isto significa que é preciso qualificar as pessoas em novas habilidades.

A capacitação de programação precisa fazer parte do dia a dia dos profissionais. É preciso começar este aprendizado desde cedo. Atividades lúdicas são capazes de ensinar as crianças a programar. Não é algo tão diferente do que o brinquedo lego foi para ensinar criatividade para as crianças.

Iniciativas como o kit de programação Harry Potter da Kano (https://tecnologia.uol.com.br/noticias/bloomberg/2018/08/08/kit-do-harry-potter-ensinara-criancas-a-programar-usando-varinha-magica.htm) são muito importantes para remodelar o ensino e capacitar as novas gerações com habilidades de lógica e interpretação de texto.

O resultado prático do trabalho dos mercadores de tolices é perda de riqueza. Um bom exemplo deste tipo de atuação é o caso Adidas versus WTorre. A Adidas lançou em 2015 uma linha de camisetas com a imagem do Allianz Parque sem autorização da WTorre. Toda a produção foi perdida, pois teve que ser retirada das lojas. A Adidas além da perda da produção e logística das camisas também perdeu uma parte do lucro das poucas camisas vendidas. O resultado do trabalho não foi genial? (Adidas terá de indenizar WTorre por camisa com imagem de Allianz Parque, https://esporte.uol.com.br/futebol/de-primeira/2018/09/20/adidas-tera-que-indenizar-wtorre-por-camisa-com-imagem-de-allianz-parque.htm).

A diferença gerada pelo capital intelectual é gigantesca. O músico MC Fioti pertence ao seleto clube de 1 bilhão de visualizações no Youtube com a música “Bum Bum Tam Tam” (O funk de um bilhão de views, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2018/09/o-funk-de-um-bilhao-de-views.shtml).

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

É o emprego, estúpido!


Nos últimos anos o Brasil vem enfrentando a sina tanto dos pibinhos, como do crescimento exponencial das falácias. Os mercadores do absolutismo das tolices econômicas estão em todos os lugares. As tolices são tantas que foi afirmado que a situação onde uma empresa deixa o mercado onde atua por causa da recessão é absolutamente rara. Para os que preferem fatos eu destaco o que realmente aconteceu no Brasil durante a recessão.

Nos seguintes artigos estão os fatos publicados na imprensa nacional sobre empresas que deixaram o Brasil durante a recessão. Certamente a mais impressionante é a que fala que de um saldo negativo entre 2016 e 2013 de 13,8 mil indústrias no Brasil.

1.     Por dois anos seguidos, Brasil fecha mais empresas do que abre, aponta IBGE (https://g1.globo.com/economia/noticia/por-dois-anos-seguidos-brasil-fecha-mais-empresas-do-que-abre-aponta-ibge.ghtml)
2.     Lush vai embora; relembre empresas que deixaram o Brasil nos últimos anos (https://economia.uol.com.br/listas/lush-vai-embora-relembre-empresas-que-deixaram-o-brasil-nos-ultimos-anos.amp.htm)
3.     Em três anos, 13,8 mil indústrias foram fechadas no Brasil, aponta IBGE (https://g1.globo.com/economia/noticia/em-tres-anos-138-mil-industrias-foram-fechadas-no-brasil-aponta-ibge.ghtml)
4.     Com a crise, essas 9 empresas fecharam fábricas recentemente (https://exame.abril.com.br/negocios/com-a-crise-essas-9-empresas-fecharam-fabricas-recentemente/)
5.     Nikon anuncia sua saída do mercado brasileiro (https://economia.ig.com.br/2017-11-07/nikon-encerra-vendas.html)
6.     Crise no Brasil faz companhias aéreas do Pacífico deixarem o país (https://airway.uol.com.br/crise-no-brasil-faz-companhias-aereas-do-pacifico-deixarem-o-pais/)

Infelizmente os mercadores de tolices estão em todos os lugares fazendo a única coisa que sabem fazer. Proferir falácias. No passado, foi afirmado que a flexibilização das leis trabalhistas iria gerar empregos no Brasil (É preciso flexibilizar direitos sociais para haver emprego, diz chefe do TST, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1933111-e-preciso-flexibilizar-direitos-sociais-para-haver-emprego-diz-chefe-do-tst.shtml)

Os atuais números alarmantes do desemprego e do desalento para procurar um emprego deixam claro que as mudanças nas leis trabalhistas não geraram o efeito propagandeado pelo ministro Ives Gandra da Silva Martins Filho, onde a redução dos direitos seria a garantia para a manutenção dos empregos. O artigo revelou que a taxa de desalento é recorde (Falta trabalho para 27,6 milhões de pessoas no país, aponta IBGE, https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2018/08/16/desemprego-ibge.htm).

A situação do emprego no Brasil é tão grave que os estudantes estão atrasando a entrega do TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) para prolongar o seu contrato como estagiário (Estudante adia formatura para não perder estágio e fugir do desemprego, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/estudante-adia-formatura-para-nao-perder-estagio-e-fugir-do-desemprego.shtml).

Em recente decisão do STF sobre a terceirização a ministra Carmen Lúcia votou pela terceirização irrestrita afirmando que ela cria empregos (Supremo dá aval à terceirização irrestrita, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/maioria-dos-ministros-do-supremo-da-aval-a-terceirizacao-irrestrita.shtml).

A lúcida ministra Rosa Weber afirmou na mesma sessão que o desenvolvimento econômico e não a terceirização é quem cria vagas de emprego. O futuro mostrará quem falou a verdade. Eu aposto todas as fichas na ministra Rosa Weber.

Eu não sou contra a terceirização e entendo que em um país com extremas limitações de conhecimento, as leis deveriam ser binárias, ou seja, pode ou não pode. Eu concordo com a afirmação do Gilmar Mendes "Tenho uma inveja enorme de quem consegue fazer distinção entre atividade-meio e atividade-fim. São pessoas iluminadas" (Julgamento sobre terceirização no STF tem 5 votos a favor e 4 contra, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/julgamento-sobre-terceirizacao-no-stf-tem-5-votos-a-favor-e-4-contra.shtml).

No Brasil, as dificuldades de conhecimento revelam que o mercado confunde terceirização com pejotização (Após decisão do Supremo, empresas confundem terceirizados com PJs, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/09/apos-decisao-do-supremo-empresas-confundem-terceirizados-com-pjs.shtml). Ou seja, é melhor que as leis sejam binárias neste contexto intelectual. Sem a necessidade de distinguir entre atividade-meio e atividade-fim é possível que a justiça brasileira faça um trabalho melhor.

Na questão da terceirização é muito importante entender o ponto de vista dos profissionais que sabem trabalhar. O Maurício De Lion, afirmou que o controle da informação, exige que a empresa contrate funcionários próprios para evitar os vazamentos. O Eugenio Mattar CEO da Localiza afirmou que não terceiriza o atendimento ao cliente para manter a qualidade (Decisão do STF não terá impacto imediato, dizem empresas, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2018/08/com-regra-diferente-teto-fiscal-nos-estados-pode-desequilibrar-financiamento-a-educacao.shtml).

De uma forma indireta e discreta os dois executivos afirmaram que existem perdas de qualidade na operação empresarial com a terceirização. O nível de qualidade do atendimento terceirizado pode ser visto na qualidade da resposta de uma operadora de telecomunicações sobre uma reclamação sobre uma linha móvel exclusiva de internet (“Em atenção ao seu e-mail, informamos que sua linha não possui pacotes ativos, para prosseguirmos entre em contato com 1052”).

O atendente humano respondeu que não existem pacotes ativos para uma linha celular pós paga exclusiva de Internet. Esta linha existe apenas porque é uma linha pós paga de internet móvel e o gênio do atendente não encontrou um pacote ativo de internet nesta linha. É fácil perceber porque o CEO da Localiza afirmou que não terceiriza o atendimento ao cliente para manter a qualidade.

É fácil perceber que é maior a produtividade dos funcionários próprios na execução das atividades recorrentes e que é maior a produtividade dos terceirizados na execução das atividades esporádicas. É preciso não confundir a terceirização ou pejotização com a contratação de serviços. Contratar, por exemplo, serviços cloud ou de valor agregado de TI das empresas Google ou Microsoft ou Amazon ou IBM não é uma forma de terceirização da mão da obra.

A organização que contrata tais serviços de valor agregado de TI está apenas contratando recursos externos. A contratante recebe um serviço totalmente formado pelo fornecedor. Ela tem acesso a experiência de usuário proposta pelo operador do serviço, ou em outras palavras, a contratante recebe o Customer Success proposto pelo ofertante.

Na terceirização de um datacenter, a empresa contratante explicita na Request for Proposal os parâmetros para a contratação da terceirizada. É de obvia percepção que tal processo é muito diferente da contração dos serviços cloud ou de valor agregado de TI das empresas Google ou Microsoft ou Amazon ou IBM

O Kenneth Arrow, economista Prêmio Nobel (1972), afirmou que no longo prazo, apenas as firmas que não discriminam na contratação de recursos humanos sobreviverão. A socióloga Devah Pager da universidade Harvard estudou firmas que discriminam e que não discriminam na contratação de recursos humanos no ano de 2004. Os resultados alcançados em 2010 por estas empresas foram:

·        17% das firmas que não discriminam na contratação de recursos humanos faliram até 2010
·        36% das firmas que discriminam na contratação de recursos humanos faliram até 2010

Em outras palavras, a probabilidade de um empregador que discrimina sair do mercado é mais que duas vezes maior do que uma que não discrimina na contratação de recursos humanos. Não é de graça que as firmas estão adotando a seleção às cegas para preconceitos inconscientes como o que existe contra o cabelo branco (Por mais diversidade, empresas ignoram nome e idade em currículo, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/07/por-mais-diversidade-empresas-ignoram-nome-e-idade-em-curriculo.shtml).

Foi afirmado por empresas como Deloitte, HSBC e BBC que esta pratica resulta em maior diversidade na mão de obra e maior lucro (How “Blind Recruitment” Works And Why You Should Consider It, https://amp.fastcompany.com/3057631/how-blind-recruitment-works-and-why-you-should-consider).

Na Europa e Japão, a população de idosos constitui um mercado bilionário (Empresas descobrem novos mercados bilionários com crescimento do número de idosos, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/08/empresas-descobrem-novos-mercados-bilionarios-com-crescimento-do-numero-de-idosos.shtml). É fácil entender porque as empresas estão contratando os cabelos brancos para atender este perfil de consumidores. Também é não é difícil perceber porque estas empresas estão tão preocupadas com a diversidade da mão de obra.

terça-feira, 4 de setembro de 2018

Desvendando as FinTechs brasileiras


Recentemente a FIESP divulgou uma pesquisa sobre FinTechs (FINTECHS: Alternativas aos Bancos Tradicionais, http://www.fiesp.com.br/arquivo-download/?id=248865, acessado em 30/08/2018). A pergunta do slide 14: “O que motivaria a empresa a buscar crédito em instituições que não sejam os bancos tradicionais” teve 51,9% das respostas como melhores taxas de juros e tarifas.

Será que as Fintechs nacionais realmente oferecem crédito com taxas de juros baixas?

Antes de analisar os juros cobrados pelas Fintechs vamos dar uma olhada no cenário do endividamento do brasileiro:

·        Em março de 2018, 58,7 milhões de consumidores brasileiros tinham alguma conta com pagamento atrasado (39,64% da população acima de 18 anos. Fonte: Quase 40% da população com mais de 18 anos tem dívidas em atraso (https://www.valor.com.br/brasil/4519026/quase-40-da-populacao-com-mais-de-18-anos-tem-dividas-em-atraso).

·        Em agosto de 2018, 63,4 milhões de brasileiros tinham dívidas em atraso. Fonte: Brasil tem 'uma Itália' de inadimplentes (https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2018/08/20/brasil-tem-uma-italia-de-inadimplentes.htm).

O caso da Júlia revelou que ela era uma funcionária autônoma que perdeu o emprego quando ficou grávida. Ela refinanciou o carro para pagar as contas mensais e em pouco tempo ficou cum uma dívida no cheque especial que era impossível de pagar. No mesmo artigo, a Rita afirmou que ela é equilibrista de contas. Tem mês em que a conta de luz é paga com atraso e em outros meses são as contas do condomínio, telefone e etc. que são eleitas para serem pagas com atraso.

A pergunta que não quer calar é porque as pessoas não estão fazendo os empréstimos baratos nas FinTechs para pagar as dívidas e se livrar das taxas de juros altíssimas dos bancos?


Os maiores bancos brasileiros respondiam em dezembro de 2016 por 83% dos empréstimos ao consumidor, 79% dos empréstimos consignados e 98% das hipotecas. Fonte: Conheça as FinTechs que tornam o empréstimo mais barato (https://conteudo.startse.com.br/mercado/mariana-rodrigues/conheca-as-fintechs-que-tornam-o-emprestimo-mais-barato/).

A Carol Nery afirmou no artigo "Fintechs com foco no pequeno empreendedor liberam crédito com juros até 70% menores" (https://www.gazetadopovo.com.br/economia/livre-iniciativa/fintechs-com-foco-no-pequeno-empreendedor-liberam-credito-com-juros-ate-70-menores-5wd1t6hgdqd60jovwg3b7v1yn/) que as operações de credito com a FinTechs são totalmente online e com prazo bem menor que os bancos tradicionais. Também foi afirmado que em 2016, a média dos juros cobrada pelos bancos para emprestar dinheiro para as empresas era de 4,5% ao mês, e as FinTechs cobravam 2,25%.

Como as FinTechs trabalham com estrutura de custos menor, elas podem oferecer credito aos empresários com taxa de juros reduzida. Fonte: Pesquisa inédita da Fiesp mostra como indústrias veem as FinTechs (http://www.fiesp.com.br/noticias/para-765-dos-empreendedores-fintechs-sao-boas-ou-excelentes-aponta-pesquisa-apresentada-em-seminario-na-fiesp/).

Como atualmente existem 442 FinTechs no Brasil, é possível acreditar que elas operam em regime de forte concorrência na oferta de credito para as pessoas físicas e jurídicas. Para clarificar a questão da taxa de juros cobrada nos empréstimos vamos simular o caso de um empréstimo para pessoas física de dois mil reais que será pago em doze parcelas mensais.


Geru (https://www.geru.com.br/emprestimos/?utm_source=creditas&utm_campaign=cpa) = entre 12 x 192 = 2,304,00 até 12 x 240 =  2.880,00






Creditas (https://app.easycredito.me/produto/emprestimo-com-garantia-de-veiculo-creditas) = 12 x 186,69 = 2.240,28 (exige garantia de veículo quitado)


Comparador de taxa de juros Buscacred (https://www.buscacred.net/credito-pessoal/taxas-de-juros-credito-pessoal) = 12 x 167,86 = 2.014,32 no BANCO CCB BRASIL S.A. = 12 x 182,90 = 2.194,80 no BANCO SAFRA S.A. = 12 x 213,60 = 2.563,20 no BANCO DO BRASIL S.A. = 12 x 218,83 = 2.625,96 na CAIXA ECONOMICA FEDERAL.

Comparador taxa de juros comparabem (https://comparabem.com.br/emprestimos-pessoais/result) = 12 x 187,84 = 2.284,00 no BANCO DO BRASIL S.A. = 12 x 210,89 = 2.531,00 no Trigg (exige garantia veicular).

Na nossa simulação a melhor condição (sem exigência de veículo quitado) em uma Fintech para um empréstimo pessoal pago em doze parcelas foi obtida na Rebel (2 x 224,38 = 2.692,56). O comparador de taxa de juros Buscacred revelou taxa de juros menos no BANCO DO BRASIL S.A. (12 x 213,60 = 2.563,20). O comparador de taxa de juros comparabem também revelou taxa de juros menor no BANCO DO BRASIL S.A. (12 x 210,89 = 2.531,00).

quinta-feira, 21 de junho de 2018

O transporte público de SP é Seguro?


Sou usuário diário do metrô de São Paulo. Em diversos momentos eu sou testemunha da presença de artistas nos trens. Eles apresentam músicas e interpretações teatrais. Ao final do seu trabalho eles solicitam contribuições.

Do ponto de vista de um negócio é uma atividade amadora. Diante da enorme repetição destas apresentações eu resolvi escrever ao meu vereador favorito apresentando algumas sugestões para o município e metrô de SP para melhorar o ambiente para os passageiros e artistas.

Fui muito bem recebido no gabinete do vereador e existiu um compromisso de levar adiante o desafio. Como estava falando com um político sério, o gabinete cumpriu a sua parte do compromisso.

O metrô de SP respondeu que precisa cumprir normas rígidas de segurança e que existe um aumento crescente da quantidade de passageiros. Por conta destes dois fatores a organização afirmou que não pode levar adiante o assunto.

O interessante do posicionamento do metrô de SP é que estamos falando de fatos que ocorrem diversas vezes por dia nos trens da linha azul, vermelha e verde. Em outras palavras, inexiste uma vigilância que assegure o cumprimento do que a instituição chamou de norma rígida de segurança.

As fragilidades do sistema fazem com que os passageiros que pagam pelo transporte seguro viagem em situação de não conformidade com as regras de segurança e em uma condição degradada de conforto. É fato que existe a circulação dos artistas nos trens pedindo dinheiro. Também é fato que inexiste sucesso na ação de coibir a circulação indevida.

Não é à toa que a população brasileira não confia nos órgãos públicos. Se existem regras justificadas de segurança para o metro de SP,  então estas regras deveriam ser rigidamente cumpridas. Quando o papel diz uma coisa e a prática diz outra isto significa que a gestão não existe. O gerenciamento é falacioso.

Pagar executivos e profissionais que vivem no universo paralelo da negação é apenas jogar dinheiro no lixo. Ou uma regra de segurança é importante e é rigidamente cumprida ou ela é um entulho burocrático que retira valor da organização pública. Lamentavelmente a gestão é incapaz de trabalhar corretamente a demanda do dia a dia do negócio. A população brasileira é a grande perdedora. Na prática, é uma perda dupla porque a produtividade vai para o brejo diante da inconstância de propósito.


segunda-feira, 21 de maio de 2018

Novo cadastro positivo vai reduzir os juros?


O ministério da fazenda afirmou que o projeto de lei complementar (PLP) 441/2017, que permite o compartilhamento de informações sobre o bom pagador torna mais fácil conseguir dinheiro emprestado e reduz taxa de juros (Câmara avalia projeto de lei que aperfeiçoa Cadastro Positivo, http://www.fazenda.gov.br/noticias/2018/abril/camara-avalia-projeto-de-lei-que-aperfeicoa-cadastro-positivo, acessado em 21/05/2018).

Eu em particular considero tais afirmações fantasiosas e fora da realidade brasileira. O meu argumento é bastante simples. O cadastro positivo foi instituído no Brasil em 2011 (lei 12.414/11). De acordo com a legislação em vigor as pessoas podem neste exato momento solicitar a sua inclusão no cadastro positivo e obter empréstimos com juros menores. Se já existe tal possibilidade então porque as pessoas e empresas não solicitam a inclusão?

A resposta é bem elementar. Em geral as pessoas e empresas mantem por anos e até por décadas o seu relacionamento com os bancos e operadoras de cartão de créditos. Ao longo deste relacionamento de longo prazo é possível que a entidade tenha pleno conhecimento das informações sobre os pagamentos do cliente. No caso dos bancos eles tem acesso tanto ao documento (conta de luz, água, telefone, boleto e etc.) como da data de pagamento.

Logo, o banco já tem sem o cadastro positivo uma grande quantidade de informações sobre os pagamentos do seu cliente. Além dos pagamentos realizados, o banco tem informações sobre todas as entradas e saídas da conta da pessoa física ou jurídica. Isto significa que as informações sobre o comportamento como bom ou mal pagador do seu cliente estão neste exato momento disponíveis para os bancos.

Apesar do pleno conhecimento das minhas informações e nunca ter atrasado um único pagamento nos últimos trinta anos, o meu banco cobra taxa acima de 200% ao ano para emprestar dinheiro. Ou em outras palavras, a instituição financeira despreza todas as informações que já possui e trabalha com a Selic mais spread e mais taxa de risco média do mercado por inadimplência.

Não é difícil perceber porque ninguém solicitou a sua inclusão no cadastro positivo. Os bancos simplesmente desprezam para fins de empréstimo a enorme base de informações que já possuem. Os bancos não representam caso único.

Observem o que acontece com as operadoras de cartão de crédito. Apesar de ter o mesmo cartão por décadas, pagar a anuidade, nunca ter atrasado um pagamento e nunca ter utilizado o crédito rotativo, a operadora cobra uma taxa de juros anual de aproximadamente 300% se eu resolver utilizar o credito rotativo.

Eu pago a mesma taxa que todos os clientes dela. Não mudou absolutamente nada o meu histórico de bom pagador. O motivo da taxa do credito rotativo ser tão mais elevada que a Selic (6,5% ao ano) é que a operadora faz um empréstimo no meu nome no valor do pagamento, ou seja, é absolutamente indiferente o meu histórico.

As pessoas não solicitaram a sua inclusão no cadastro positivo porque elas não são burras. Elas perceberam que não terão qualquer tipo de beneficio em termos de redução da taxa de juros porque as instituições financeiras brasileiras estão impregnadas de baixo capital intelectual e são incapazes de calcular o risco de inadimplência de forma individual. O sistema só sabe trabalhar com um valor médio e chutar bem alto a taxa de juros para ver no que vai dar. As pessoas físicas e jurídicas perceberam que ao solicitar a sua inclusão no cadastro positivo, elas vão gerar dados para intermediadoras que vão vender e lucrar com os seus dados sem oferecer nenhuma contrapartida.

Este é por sinal o motivo pelo qual no projeto de lei complementar (PLP) 441/2017 é previsto que as pessoas sejam incluídas no cadastro positivo sem necessidade de  autorização prévia. Infelizmente o Brasil deseja nadar para traz ao invés de avançar. Os únicos que vão se beneficiar com este projeto são as empresas que vedem as informações com base no histórico financeiro e comercial das pessoas e empresas. Se tal projeto for sancionado em lei eu vou exigir a minha exclusão do cadastro positivo. Enquanto a união europeia aprovou a lei de proteção de dados pessoais (GDPR), o Brasil está votando uma lei que desprotege os dados pessoais.



quarta-feira, 2 de maio de 2018

Os geniais gênios brasileiros: Epílogo


Na postagem Os geniais gênios brasileiros de 10 de novembro de 2017 (http://itgovrm.blogspot.com.br/2017/11/os-geniais-genios-brasileiros.html?m=1.  acessado em 02/05/2018) eu destaquei dois assuntos. O primeiro foi a explicação do porque não é verdadeira a afirmação feita pelo Ives Gandra da Silva Martins Filho que “a redução de direitos trabalhistas favorece a criação de empregos” (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/11/1933111-e-preciso-flexibilizar-direitos-sociais-para-haver-emprego-diz-chefe-do-tst.shtml).

Considerando que fatos e números devem pautar as explicações, é preciso, portanto, verificar o que ocorreu no mercado de trabalho brasileiro após a entrada em vigor da reforma da lei trabalhista de 2017.

Os artigos “Desemprego vai a 13,1% e é o maior desde maio; 13,7 milhões não têm emprego” (https://economia.uol.com.br/empregos-e-carreiras/noticias/redacao/2018/04/27/desemprego-pnad-ibge.htm ) e “Mal-estar” (https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2018/04/mal-estar.shtml) revelaram que os empregos gerados são precários e são baseados em trabalho informal e mal remunerado. Eles também revelam que o desemprego aumentou após a entrada em vigor da nova lei trabalhista.

O texto “Brasil só cria vagas de trabalho de até 2 salários” (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/04/brasil-so-cria-vagas-de-trabalho-de-ate-2-salarios.shtml) explicitou que todas as vagas criadas são de renda máxima de dois salários mínimos, ou seja, abaixo do valor do salário mínimo determinado na constituição brasileira. Como referência o salário mínimo necessário em março de 2018 calculado pelo Dieese é de R$ 3.706,44 contra os R$ 954,00 do salário mínimo pago no Brasil (https://www.dieese.org.br/analisecestabasica/salarioMinimo.html).

No entanto, é preciso considerar também o efeito da sazonalidade na geração de empregos. Os cálculos do Alexandre Schwartsman, ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC (Debate econômico não progride sem entendimento dos números, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/alexandreschwartsman/2018/05/debate-economico-nao-progride-sem-entendimento-dos-numeros.shtml) revelaram que o desemprego era de 12,9% no primeiro trimestre de 2017 e foi de 12,3% no primeiro trimestre de 2018 considerando o efeito da sazonalidade.

Os números sem o efeito da sazonalidade são implacáveis. A comparação do primeiro trimestre de 2018 com 2017 revela que existiu uma tímida redução do desemprego. Se for considerado o crescimento do PIB em 2017 de 1% fica bem clara o nível de timidez da geração de empregos e o baixo nível de renda dos empregos gerados.

Os números desbancam por completo a afirmação “a redução de direitos trabalhistas favorece a criação de empregos” do presidente do TST. É evidente que a geração de empregos não tem relação com a reforma da lei trabalhista. Na postagem eu afirmei que a geração de empregos depende do crescimento do PIB. Um crescimento fraco gera poucos empregos. Os números e fatos comprovam a veracidade da afirmação.

O segundo assunto abordado foi sobre a negação da revelação publicada em um blog de uma empresa de recursos humanos de que "que a concorrência aumentou por causa da recessão".  Também, neste caso, é preciso olhar os fatos e números e verificar o nível de exatidão da minha afirmação.

No texto “BYE, BYE, BRASIL” (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nelsondesa/2018/04/tiros-e-o-grito-bolsonaro-voltam-a-ecoar-pelo-ocidente.shtml) foi informado que as empresas Walmart e Deutsche Bank estão deixando o Brasil. São mais dois casos que se somam a enorme lista de corporações que desistiram do Brasil (A vitória da consistência, http://itgovrm.blogspot.com.br/search?updated-max=2017-11-28T07:11:00-08:00).

Mais uma vez vemos a redução da concorrência como consequência da recessão brasileira. No entanto, a lista não é o exemplo mais explícito da redução da concorrência como consequência da recessão brasileira. O artigo “Juros de bancos não acompanham recuo na inadimplência” (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/04/juros-de-bancos-nao-acompanham-recuo-na-inadimplencia.shtml?) revelou que a taxa de juros nacional não caiu junto com a redução da inadimplência e da taxa Selic ocorrida durante a recessão. O Luis Eduardo Assis, ex-diretor do BC e HSBC, afirmou que a baixa concorrência é a causa da lentidão da queda do spread, ou  seja, que a concentração bancária é o principal fator para manutenção da taxa de juros em patamar elevado (ver gráfico taxa média de juros para pessoa física, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/04/juros-de-bancos-nao-acompanham-recuo-na-inadimplencia.shtml?).

O preço do dinheiro que é a base para todos os negócios manteve-se praticamente em patamar extremamente elevado (independente em relação a recessão). Este aspecto, deixa bem claro que inexistiu aumento da concorrência durante período recessivo. Como o preço do dinheiro, ou seja, taxa de juros manteve-se estável durante o ciclo de redução da Selic, então é fácil perceber porque a concorrência empresarial diminuiu. O principal componente do custo permaneceu em patamar extremamente elevado e existiu forte abandono de empresas do país.

A Fiesp revelou que entre 2017 a 2022 as pessoas físicas gastarão R$ 1,04 trilhão a mais para pagar os empréstimos realizados no ano de 2017 (ANÁLISE DOS JUROS E DO SPREAD BANCÁRIO, http://apps.fiesp.net/fiesp/newsletter/2018/decomtec/spread-brasileiro-26-04-18/Analise-Juros.pdf). A taxa de juros está acima de 300% ao ano no cheque especial e no rotativo do cartão de crédito.