quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Transformação digital no Brasil


A transformação digital e a economia dos aplicativos estão presentes em definitivo no dia-a-dia dos brasileiros. A pergunta que todos deveriam estar fazendo é qual impacto os fenômenos tecnológicos estão causando no bolso dos brasileiros?

Dentre as milhares de iniciativas em curso eu vou destacar apenas duas. Elas são genéricas o suficiente para causar impactos relevantes e são completas para descrever grandes setores da economia.

Carrefour quer democratizar alimentação saudável, https://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/2019/07/01/carrefour-quer-democratizar-alimentacao-saudavel.html, acessado em 30/10/2019.



O Carrefour criou uma importante oportunidade de negócio com a transformação digital da sua operação. A criação da plataforma Act for Food tem foco empresarial bem direcionado. A empresa está usando o conhecimento do MasterChef Raul Lemos para criar um mercado de alimentação saudável.

A inteligência artificial da plataforma vai acompanhar individualmente cada um dos membros do ecossistema. A assistente virtual Carina vai entender e analisar os interesses e necessidades individuais para que os clientes da plataforma e do Carrefour alcancem o sucesso.

Se no primeiro momento a plataforma está focada em alimentos saudáveis, receitas de dez Reais e comportamentos individuais e coletivos, no segundo momento da transformação digital a meta será a criação de um ecossistema focado em hábitos e comportamentos saudáveis. É uma releitura da geração saúde.

No ecossistema serão agregados produtos e serviços que habilitam o sucesso do cliente de ter uma vida mais saudável. O aprendizado das técnicas para o melhor aproveitamento dos alimentos vai estimular a eliminação das perdas e desperdícios da cadeia alimentar. O bolso das pessoas será mais saudável. A eliminação das perdas monetárias permitirá que a plataforma incorpore ofertas complementares. Por exemplo:

·        Descontos coletivos nos planos de saúde por causa de hábitos saudáveis 
·        Uso de pulseiras inteligentes para controle de pressão ou para evitar determinados alimentos ou para estimular o consumo de outros tipos de alimentos ou para escolher receitas mais adequadas
·        Ofertas de alimentos orgânicos e sustentáveis
·        Receitas para os pets
·        Descontos coletivos para usar clubes e academias fora do horário de pico

Enfim, a Inteligência Artificial vai permitir que o ecossistema venda assinaturas recorrentes de pacotes personalizados de alimentos conforme as necessidades e objetivos diários de cada um dos moradores da residência. É uma gigantesca revolução da forma de entregar alimentos no Brasil. A economia gerada será de dezenas de bilhões de reais.

O caso do robô no hotel é uma outra forma de transformação digital revolucionária. O uso do reconhecimento facial para a abertura da porta do quarto, faz com que apenas o hóspede e o robô tenham acesso ao recinto. Furtos e roubos dentro das dependências do hotel são eliminados com tal prática, pois o robô é monitorado e gravado em 100% do tempo. A única variável sem controle neste sistema é o hóspede.

O robô leva todos os pedidos para o quarto e apenas o hóspede pode abrir o seu compartimento usando o reconhecimento facial. Todo o atendimento das necessidades dos hóspedes é feito por uma inteligência artificial e existe desta forma controle fim-a-fim de cada um dos chamados. Apenas o hóspede finaliza um chamado. Ele sempre usa reconhecimento facial para validar, aprovar e assinar um atendimento.

É evidente que o banco de dados do reconhecimento facial estará interligado com o das autoridades públicas. Criminosos procurados não mais poderão usar motéis e hotéis. O reconhecimento facial enviará alertas para as autoridades competentes. Esta sistemática favorece tanto o hotel como as autoridades. Ao assegurar que apenas pessoas honestas tem acesso ao seu estabelecimento, o hotel aumentará a sua confiabilidade.

O acesso via reconhecimento facial para as áreas públicas de piscinas, academias, restaurantes e bares garante uma forma de cobrança justa e de fácil comprovação. Os robôs usados na limpeza das áreas públicas do hotel e atendimento nos seus restaurantes e bares garantem níveis elevados de qualidade e repetibilidade.

A economia gerada pelos robôs em termos de eliminação de perdas, desprecio, roubos, furtos, seguros e mão de obra permite a recuperação do investimento em aproximadamente oito anos. Como a robotização inteligente é um atrativo comercial, então é possível que a taxa de ocupação dos quartos aumente reduzindo mais ainda o tempo de retorno do investimento.

A transformação digital do atendimento não está relacionada com o uso da tecnologia de bots, agentes inteligentes etc. Ela está diretamente relacionada com a inteligência do sistema. Em outras palavras o treinamento da inteligência artificial é o fator crítico de sucesso desta emocionante empreitada de entregar resultado para o sucesso do cliente.

Conclusões

A transformação digital está viabilizando a cobrança por uso efetivo. Em outras palavras, ela esticou ao máximo os benefícios da economia do compartilhamento. Agora não estamos mais falando de diversas pessoas compartilhando o uso de um determinado ativo, estamos falando das pessoas pagando apenas pelo que efetivamente usaram do ativo. O custo marginal unitário caí abruptamente neste modelo de negócio.

As empresas maximizam o seu lucro porque passam à contar com uma renda recorrente que viabiliza o negócio no médio e longo prazo. A inflação dos brasileiros também cai com muita força conforme este formato ganha corpo na sociedade (Alimentos mais baratos contribuem para deflação de 0,04% em setembro, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/10/queda-no-preco-dos-alimentos-contribui-para-deflacao-de-004-em-setembro.shtml). Produtos da cesta básica dos brasileiros como, por exemplo, caem de preço pela eliminação das perdas e desperdícios nos supermercados, feiras etc.

Os Apps e plataformas como Act for Food do Carrefour demandaram pela criação de um novo sistema de logística e controle de estoque que elimina as perdas dos alimentos de milhões de reais no Brasil por causa do prazo vencido. A inteligência artificial automaticamente colocará em oferta os produtos cujo vencimento está próximo fazendo com que as empresas não registrem mais estas perdas operacionais. O custo da manipulação e transporte do dinheiro físico nos caixas dos supermercados é eliminado com a transformação digital. O custo do seguro do empreendimento também cai fortemente com a digitalização. Como os ativos estão em alguns poucos armazéns centrais bem protegidos, então não existem ativos de elevado valor nas lojas físicas e nem nas plataformas digitais.

Em muitos casos os produtos em armazenados nas instalações do produtor rural e apenas quando ele é vendido é que o supermercado é faturado. Todos estes componentes e diversos outros não citados aqui permitem uma forte redução dos custos operacionais no Brasil. O resultado disto é redução dos preços e, portanto, é possível afirmar que a transformação digital vai gerar o colateral de aumentar a renda real do Brasileiro.

O caso a seguir do novo formato para o seguro dos automóveis permite ver com grande facilidade como será possível oferecer o mesmo acesso de um produto ou serviço como um preço muito menor. A transformação digital permite a completa eliminação das imperfeiçoes das informações. O resultado é a eliminação das ineficiências, perdas e desperdícios. O bolso do brasileiro agradece.

O André Gregori afirmou que o será paga uma mensalidade mais uma taxa por rodagem. A inteligência artificial avaliará a condução do veículo segurado conforme a prudência do motorista. A taxa por rodagem é dinâmica e será determinada pela forma como a veículo está sendo conduzido.




quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Combater desigualdade ou pobreza?


Outros argumentam que a própria meta de redução das diferenças carece de sentido. No entender destes, o que realmente conta é a diminuição da pobreza na qual estão imersos milhões de patrícios. Afinal, se eles conseguissem alcançar um nível de vida decente, as fruições da parcela dos muito ricos seriam irrelevantes. O raciocínio parece sensato. Talvez não seja.”. Fonte: Desigualdade à brasileira, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/maria-herminia-tavares-de-almeida/2019/09/desigualdade-a-brasileira.shtml, acessado em 19/09/2019.

O Marcelo Neri inventou uma matemática para provar que o Brasil passou por ciclo de redução da desigualdade e pobreza no governo do PT. Entendo que a afirmação "O raciocínio parece sensato. Talvez não seja." precisa ser vista pelo pragmatismo dos números.

Para tal vamos imaginar o país BRZ com dois habitantes. Cidadão A e B. A linha de pobreza individual é de 70. A tem renda de 60 e B de 50. B tem renda de 83% de A, logo a desigualdade é de 17%. O país CK ofereceu uma ajuda de 11 que o governo do BRZ pode usar como quiser. Isto significa que ele pode criar um dos seguintes cenários.

1.     Elevar a renda de A para acima da linha da pobreza. Neste caso a desigualdade aumenta. A outra consequência é que A passa a consumir quantidade adequada de calorias e aumenta a sua produtividade. A riqueza nacional aumenta incrementalmente e existirá um momento onde B terá renda acima da linha da pobreza.

2.     Eliminar a desigualdade. A e B tem renda de 60,5. Ambos abaixo da linha da pobreza. Ambos sem consumo adequado de calorias. Ambos com baixa produtividade. Neste caso ocorre a perpetuação da pobreza. Nunca A e B terão renda acima da linha da pobreza, pois não geram aumento de riqueza.

3.     Governo não faz nada. Recusa ajuda. Fica esperando uma oferta de ajuda que tire A e B ao mesmo tempo da linha da pobreza e que reduza a desigualdade que existe entre eles. Esta ajuda pode não chegar nunca.

A China escolheu o primeiro caminho e por isto está enfrentando aumento da desigualdade durante o ciclo de eliminação da pobreza.

O Brasil escolheu o terceiro caminho onde expoentes da linha do Marcelo Neri filosofam sobre a desigualdade e a pobreza só aumenta.

Em um país onde o salário mínimo nominal é de mil reais e o salário mínimo real é de três mil reais é muito fácil criar a distorção onde existe uma forte desigualdade entre uma pessoa que recebe renda mínima (3 mil) e uma pessoa que recebe renda abaixo do mínimo (1 mil).

É evidente que existe enorme desigualdade entre um bilionário e a renda mínima de três mil (333 mil vezes). Também é óbvio que a ordem de grandeza desta desigualdade é de igual gravidade ao caso onde a renda é de 10 mil (100 mil vezes). Na prática, ter desigualdade de 300 mil ou de 100 mil representa a mesma doença social. A questão aqui é que apesar do Gini o estilo de vida do 10 mil é bom.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Perda, perdas e mais perdas


Durante as últimas décadas as campanhas de educação no trânsito estão focadas nos aspectos comportamentais dos motoristas e pedestres. Em nenhum momento estas campanhas apresentaram para a sociedade de forma clara e transparente quanto os brasileiros estão pagando (em impostos) para cobrir os custos dos acidentes e mortes no trânsito.

As campanhas de educação no trânsito não estão gerando um resultado significativo. O Brasil está atualmente no quinto lugar no ranking dos países com mais mortes no trânsito no mundo (Brasil reduz mortes no trânsito, mas está longe da meta para 2020, http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/brasil-reduz-mortes-no-transito-mas-esta-longe-da-meta-para-2020, acessado em 07/10/2019).

As pesquisas sobre a violência no trânsito no Brasil revelam o seguinte cenário: Mais de 1,6 milhão de pessoas feridas nos últimos 10 anos com custo de quase R$ 3 bilhões para o Sistema Único de Saúde (SUS). Trinta e sete mil mortes e 180 mil feridos por ano com custo de R$ 52 bilhões. Noventa e dois porcento das vítimas de acidentes de trânsito estão entre 18 a 65 anos e 75% são homens.

Fonte: “A cada 1 hora, 5 pessoas morrem em acidentes de trânsito no Brasil, diz Conselho Federal de Medicina”, https://g1.globo.com/carros/noticia/2019/05/23/a-cada-1-hora-5-pessoas-morrem-em-acidentes-de-transito-no-brasil-diz-conselho-federal-de-medicina.ghtml; “Brasil reduz mortes no trânsito, mas está longe da meta para 2020”, http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/brasil-reduz-mortes-no-transito-mas-esta-longe-da-meta-para-2020. “Acidentes de trânsito em 2018: prejuízos já somam R$ 96,5 bilhões”, https://autopapo.com.br/noticia/acidentes-de-transito-graves-prejuizo/.

No caso do município de São Paulo, em 2018, foram registrados 828 acidentes de trânsito fatais com 849 mortes (Mortes de motociclistas superam as de pedestres no trânsito de SP pela 1ª vez, diz relatório, https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2019/05/23/mortes-de-motociclistas-ultrapassam-as-de-pedestres-no-transito-de-sp-pela-primeira-vez-diz-relatorio.ghtml).

É muito importante destacar que o SUS está enfrentando uma grave crise de atendimento em 2019 por causa da grande quantidade de pacientes. Mais de 60% dos leitos dos hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS) são ocupados por vítimas por acidente de trânsito e 50% dos centros cirúrgicos são ocupados por vítimas de acidentes rodoviários (Brasil reduz mortes no trânsito, mas está longe da meta para 2020, http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-09/brasil-reduz-mortes-no-transito-mas-esta-longe-da-meta-para-2020).

Para calcular o custo para a sociedade brasileira das mortes no trânsito eu vou assumir diversos fatores simplificadores. O objetivo é conhecer a ordem de grandeza deste custo, não o seu valor real. É importante explicitar aqui que o valor calculado será menor que o custo real por causa das seguintes simplificações:

1.     As mortes no trânsito serão iguais ao último dado disponível para o período entre 2019 e 2029

2.     O perfil adotado para as vítimas é de 26 mil homens com idade média de 40 anos e de 8 mil mulheres com idade média de 40 anos

3.     Todos os viúvos têm direito a receber pensão vitalícia por morte de um salário mínimo de um mil reais (aproximação de valor para facilitar as contas)

4.     O perfil mais comum é de viúvas com 40 anos e com expectativa de vida até os 70 anos, ou seja, receberá por 30 anos a pensão por morte

5.     No total temos anualmente 340 mil (34 mil por ano entre 2019 e 2028) viúvos (34 mil por ano x 10 acumulados entre 2019 e 2028) recebendo pensão por morte de 1 mil reais por mês entre 2029 e 2059

Como o ano de 2019 está sendo marcado pela reforma da previdência então será adotado que o único custo das mortes no trânsito é o pagamento das pensões por morte (todos sabemos que ele é apenas uma fração do custo total real).

Em outras, no período entre 2029 e 2059 a sociedade brasileira gastará 30 x 13 x 1.000 x 340.000 = 132.600.000.000, ou seja, 132 bilhões de reais com pensões por morte por causa de acidentes inúteis de trânsito. Para comparar, a reforma da previdência pretende economizar 100 bilhões de reais por ano em um período de dez anos.

O artigo “Acidentes no trânsito têm impacto de R$ 199 bi na economia” (http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-05/acidentes-no-transito-tem-impacto-de-r-199-bi-na-economia) revelou que em 2017, os acidentes no trânsito brasileiro em 2017 provocaram impacto negativo no Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil de quase R$ 200 bilhões ou 3% do PIB. É o dobro da economia prevista de R$ 100 bilhões por ano da reforma da previdência.

Em outras palavras, a redução pela metade dos inúteis acidentes graves de trânsito gera uma economia equivalente à reforma da previdência que gerará tantos sacrifícios para os trabalhadores brasileiros. Não é difícil chegar à meta de redução pela metade. Basta um pouco de bom senso e informar com clareza quanto a sociedade brasileira está gastando e perdendo. São milhares de hospitais, escolas, empregos, estradas, trens etc. que estão sendo perdidos ano após ano por causa de acidentes evitáveis. É preciso pensar bem neste assunto.


quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Como a Transformação Digital está atrasando a recuperação da economia brasileira


Tradicionalmente o Brasil sempre se recuperou rapidamente das recessões. Não é o caso desta última vez. (1) “Não há paralelo de retomada tão lenta no Brasil após uma recessão, diz consultoria”. Fonte: Recuperação da renda tem o seu pior momento na história, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/04/recuperacao-da-renda-tem-o-seu-pior-momento-na-historia.shtml, acessado em 09/10/2019.

(2) “De modo geral, a recuperação do emprego tem sido bem mais lenta do que o esperado pelos analistas, um reflexo tanto da intensidade da crise quanto da fraqueza da recuperação econômica.”. Fonte: Lenta recuperação de vagas ameaça levar o Brasil a desemprego estrutural, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/02/lenta-recuperacao-de-vagas-ameaca-levar-o-brasil-a-desemprego-estrutural.shtml.

A grande diferença que existe entre esta recuperação e as anteriores é que atualmente o Brasil está atravessando um intenso processo de Transformação Digital (TD). (3) “Nos próximos três anos, as empresas devem investir 345 bilhões de reais em transformação tecnológica no Brasil, segundo projeção da Associação Brasileira de Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação.”. Fonte: Como se tornar um talento digital?, https://exame.abril.com.br/podcast/como-se-tornar-um-talento-digital/.

Para entender o impacto da Transformação Digital na economia vamos analisar como era a Goldman Sachs antes e depois da plataforma digital.

Antes da TD, no ano de 2000, a mesa de operações com ações da Goldman Sachs tinha 600 corretores e nenhum engenheiro de computação. Em 2017, a mesa tinha 2 corretores e centenas de engenheiros de computação. Sendo mais preciso, a Goldman Sachs tinha em 2017 mais de 9 mil engenheiros (25% do quadro de funcionários).

É fácil perceber que no caso da Goldman Sachs a Transformação Digital eliminou as atividades operacionais (exemplo corretores) e criou uma forte demanda por atividades intelectuais (exemplo engenheiros).

O problema brasileiro é que as plataformas digitais e as vendas por assinatura decorrentes da Transformação Digital eliminaram um grande volume de atividades operacionais de baixo valor agregado (exemplo vendedores). Em função das limitações dos profissionais nacionais e do desprezo brasileiro pelo conhecimento superior, os empregos relacionados com as atividades intelectuais (exemplo engenheiros) foram criadas no país desenvolvedor ou abrigador da plataforma digital. O desprezo brasileiro pelas atividades intelectuais gerou um grave colateral no emprego.

Em resumo, diversas posições operacionais de baixo valor agregado foram extintas com a TD e não foram criadas no Brasil as milhares de posições intelectuais decorrentes da introdução das plataformas digitais e vendas por assinatura. É por isto que no Brasil a TD está impactando negativamente a recuperação da economia.

Ao eliminar atividades redundantes e não criar empregos, o nível de emprego cresce muito lentamente. Quase marginalmente. Como consequência a renda das famílias também cresce em passo de tartaruga. A demanda cresce raquiticamente por causa do fraco crescimento da renda. Como consequência a produção que apresenta elevada ociosidade cresce lentamente. O resultado é a retomada lenta do crescimento do PIB brasileiro em um cenário onde a taxa de juros está no seu menor nível em décadas, o câmbio se desvalorizou quase 20% em 2018 e temos mais proteções contra a importação de bens manufaturados do que qualquer país da OCDE. Fonte: Hermanos, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcos-lisboa/2019/01/hermanos.shtml.

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Governança da Inteligência Artificial


A Inteligência Artificial (IA) é uma nova área do conhecimento humano e por isto precisa ser regulamentada para que o fluxo das inovações gere uma onda positiva de resultados.

Em breve, a maioria das companhias usarão os recursos da Inteligência Artificial e das tecnologias relacionadas nas suas atividades rotineiras. Em outras palavras, alguns humanos perderão os seus empregos para os computadores.

É preciso, portanto, estabelecer um conjunto de políticas para governar a Inteligência Artificial e assegurar a continuidade das inovações. Todos sabemos que a IA revolucionará os negócios e as indústrias de todos tamanhos.

Se a produtividade do capital investido for positiva, existe uma real chance da economia local explorar o potencial das oportunidades e superar os desafios das mudanças estruturais. A governança da IA precisa abordar os seguintes aspectos:

1. Reconhecimento do trabalho cooperado

O crescimento da fé pública nas tecnologias de IA está permitindo o avanço do seu desenvolvimento responsável e sustentável. As entregas de resultados através do uso da Inteligência Artificial precisam contemplar os pilares sociais de transparência, explicabilidade, justiça e responsabilidade. Os governos devem trabalhar em conjunto com o setor privado, com a academia e com a sociedade civil para endereçar as questões éticas relacionadas com a IA. Ou seja, proteção contra preconceitos, cumprimento dos direitos humanos e eliminação de ações de vão contra os valores democráticos.

Conclusão, é preciso criar um ambiente de negócio onde os processos que são executados pelos múltiplos influenciadores geram um sistema operacional flexível, transparente e aberto para as contribuições voluntárias.

2. Compreensão das regras e regulamentações existentes

Todas as ações executadas pela inteligência artificial devem obedecer às regras e leis existentes. É preciso, portanto, registrar publicamente o cadastro do treinador e desenvolvedor da IA. Eles são os responsáveis legais pelas consequências das suas ações.

O papel da governança é manter o foco nas especificidades do setor e remover ou modificar as leis que inibem o desenvolvimento e uso da inteligência artificial.

É preciso evitar a criação de uma colcha de retalhos para a política de Inteligência Artificial pelo nível administrativo da burocrática. É importante que a indústria da IA colabore com os governos para que as políticas públicas permitam o avanço das soluções e a interoperabilidade das tecnologias.

3. Adoção da análise de risco para a governança
É preciso incorporar uma análise flexível de risco nas políticas para assegurar que o ambiente de desenvolvimento, entrega, e uso da inteligência artificial seja excitante. Um caso de elevado risco do uso da IA não pode gerar uma política que inviabilize o desenvolvimento de soluções para as situações de baixo risco.

É preciso reconhecer os papeis diferentes exercidos pelas companhias nos jogos realizados no ecossistema da Inteligência Artificial para que o foco seja a criação de uma solução viável que resolva os malefícios causados as pessoas pelo uso das tecnologias de IA. A regulamentação da IA deve ser feita de forma customizada e específica em relação aos impactos econômicos e sociais. É preciso gerar benefícios concretos para a sociedade local.

4. Investimento público e privado na pesquisa e desenvolvimento

A governança deve estimular o investimento em pesquisa e desenvolvimento através da participação do governo nos centros de negócios de Inteligência Artificial. O governo deve promover uma estrutura flexível para governança pela criação de diversos ambientes isolados de regulamentações.

É também preciso definir as regras para o uso das plataformas de experimentação (testbeds), dos fundos de pesquisa e desenvolvimento para que exista um ambiente de estímulo para a criação de inovações. Para que o ecossistema de pesquisa e desenvolvimento seja capaz de avançar na direção de tecnologias globais é preciso que exista um clima de confiança entre os seus membros (empresas, universidades, instituições de pesquisa e comunidade). Não podem existir fronteiras físicas e lógicas neste meio ambiente.

5. Criação de uma força de trabalho capacitada

Os governos devem acompanhar as empresas, universidades e outros influenciadores para permitir o desenvolvimento das competências e capacidades da forca de trabalho para a economia da IA.

É preciso assegurar que os trabalhadores estão prontos e adaptados para usar as ferramentas de Inteligência Artificial conforme a necessidade. Os desenvolvedores das políticas devem criar um ambiente de negócio onde os talentos multidisciplinares são atraídos e retidos.

6. Governança dos dados deve ser aberta e acessível

A Inteligência Artificial exige o acesso para uma grande quantidade robusta e coerente de dados para funcionar corretamente. As políticas de governança devem disponibilizar quantidades substanciais de dados de fácil acesso em formato estruturado e legível pelas máquinas para acelerar o desenvolvimento da IA. As políticas devem também assegurar a apropriada segurança digital dos dados usando as ferramentas de análise de riscos e de proteção da privacidade.

A missão da governança da Inteligência Artificial é melhorar a qualidade e usabilidade das informações digitalizadas, através da padronização e formatação dos dados. É preciso trabalhar com recursos explicitados em um orçamento para cumprir este objetivo.

7. Criação regimes de privacidade robusto e flexível

As proteções de privacidade transparentes e consistentes para a privacidade pessoal compatíveis são um componente necessário para a Inteligência Artificial. Os procedimentos usados para a proteção dos dados devem ser robustos e flexíveis para permitir a captura, retenção e processamento dos dados para o desenvolvimento, preparação e uso da AI. É preciso assegurar que todos os direitos de privacidade dos consumidores estão sendo preservados.

8. Proteção e promoção da inovação através de uma arquitetura avançada de propriedade intelectual

O governo deve respeitar e cumprir as regras de propriedade intelectual. A governança da Inteligência Artificial deve suportar as abordagens de inovações orientadas que reconhece as forças de um ecossistema aberto de IA.

O governo não deve exigir que as empresas transfiram ou permitam o acesso aos ativos de propriedade intelectual da IA (código fonte, algoritmos e conjunto de dados).

9. Fluxo de dados além das fronteiras físicas

Não podem existir regras para restringir o fluxo dos dados, por exemplo, requisitos de localização, barreiras para impedir o acesso aos mercados constituídos etc.  As barreiras diminuem o investimento relacionado com as inovações de IA e limitam o acesso para as tecnologias de Inteligência Artificial. Os governos devem ter o compromisso de manter o fluxo de dados além das fronteiras físicas dos países.

10. Cumprimento dos padrões internacionais

Os desenvolvedores das políticas devem reconhecer e suportar o desenvolvimento de padrões internacionais. A governança deve alavancar e conduzir o desenvolvimento de padrões para a indústria trabalhando com voluntários para facilitar o uso e adoção das tecnologias de IA.