quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Início da era do Custo marginal zero no Brasil

A era do custo marginal zero demorou um pouco, mas chegou ao Brasil no ano de 2015. A promoção do portal www.bombomdeler.com.br pode parecer que é uma simples campanha para aumentar as vendas de bombons, no entanto, ela representa na pratica algo muito maior. Sob a batuta de duas empresas multinacionais (Nestlé e Amazon), a promoção inaugura a era do custo marginal zero no Brasil.

Para os que desejam mais informações sobre a natureza do custo marginal zero eu recomendo a leitura do artigo “Custo marginal zero” (http://www.itgovrm.blogspot.com.br/2015/08/custo-marginal-zero.html, acessado em 20/01/2016). As empresas Amazon e Nestlé estão oferecendo 30 milhões de livros digitais para a campanha com custo marginal unitário zero, ou em outras palavras, com custo de produção praticamente zero. Os custos relativos aos livros digitais são: (i) direitos autorais dos autores dos livros (que podem ser negociados para serem nulos) e (ii) custos da infraestrutura tecnológica e de distribuição que são praticamente nulos para os 30 milhões de livros em função do gigantesco volume movimentado pela empresa Amazon.

Como o livro digital ainda não decolou no Brasil, o grande benefício que a empresa Amazon conquista com a campanha brasileira é a divulgação dos seus títulos para uma fatia de mercado (classes c e d) que ela ainda não alcançou sem a necessidade de investir em propaganda e publicidade. Muitos dos 30 milhões de livros serão entregues para novos usuários da companhia. A organização ganha com isto o acesso direto para uma enorme base de clientes potenciais que ainda não experimentaram os benefícios do livro digital.

O valor deste mercado é tão maior que o valor dos direitos autorais dos autores que caso eles fossem pagos integralmente, o valor seria insignificante. Os autores dos livros provavelmente (não disponho de tal informação e por isto a mesma é uma suposição minha) aceitaram renegociar os seus direitos com a empresa Amazon e brigaram para fazer parte da promoção, porque o volume de vendas de 30 milhões os catapultam para um novo patamar como autor. Ou em outras palavras a valorização futura no mercado deles como autor é tão maior que o valor dos direitos autorais que eles provavelmente enxergaram esta negociação como um enorme ganho monetário futuro. Como para eles não existem custos envolvidos, o custo marginal de produção dos livros na promoção é zero.

Para a empresa Nestlé, a promoção pode representar um aumento de vendas, mas ela representa principalmente um canal direto de comunicação com o seu consumidor porque o portal http://www.bombomdeler.com.br exige que o usuário digite o seu endereço de e-mail. A empresa por meio das tecnologias da internet pode descobrir as seguintes informações sobre o cliente: (i) a sua localização física, (ii) se ele tinha (ou não) conta na Amazon, (iii) a frequência com que ele compra e consome uma caixa de bombom, (iv) se ele usa computador ou celular para o acesso e (v) diversas outras informações (como nome, profissão, renda, estado civil e etc.) que podem ser utilizadas para que a Nestlé divulgue os produtos e serviços diretamente. A base de dados pode ser rentabilizada também através da sua venda ou aluguel.


O custo marginal unitário zero habilitado pela tecnologia digital abre um espaço gigantesco para novas posturas empresárias que são capazes de gerar mais vendas com custos menores. No atual momento do Brasil de forte recessão, ele é uma poderosa ferramenta para a recuperação da economia. Infelizmente apenas as empresas multinacionais estão sendo capazes de enxergar este caminho.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

ROI do gerenciamento de redes

Recentemente eu li o artigo “Como calcular o ROI em monitoramento de redes?” (http://computerworld.com.br/como-calcular-o-roi-em-monitoramento-de-redes, acessado em 18/01/2016). O autor foi bastante feliz na listagem dos benefícios das ferramentas de gerenciamento de rede. A exposição foi clara e os argumentos consistentes. No entanto, em momento algum ele quantificou os benefícios. Confesso que fiquei incomodado com este estratagema. Para calcular o ROI (beneficio/custo total) proposto no artigo é preciso quantificar o numerador (benefícios) e o denominador (custo total). No caso das ferramentas de gerenciamento de rede, o denominador é o custo total do ciclo de vida da ferramenta de gerenciamento. Apesar do valor não ser igual ao da proposta do fornecedor da ferramenta, é possível estimar o número sem grandes dificuldades.

A grande dificuldade para o cálculo do ROI é a identificação do numerador. No artigo estão listados diversos benefícios que o software de gerenciamento de rede oferece para uma empresa. Não existem dúvidas que a quantificação dos benefícios de um software de gerenciamento é o aspecto de maior dificuldade para o cálculo do seu ROI. No livro “Governança de TI - Metodologias, Frameworks e Melhores Práticas” publicado em 2007 foi apresentado em detalhes a partir da página 144 um modelo prático para calcular os benefícios de uma ferramenta de gerenciamento de rede. Apesar dos nove anos da publicação e das profundas mudanças ocorridas, o modelo permanece valido e atual.

Basicamente uma ferramenta de gerenciamento de rede altera a forma como os incidentes e problemas são diagnosticados. Antes da ferramenta a central de serviços precisa entrevistar o usuário para diagnosticar o defeito. O analista consome um tempo precioso do usuário para capturar mais informações sobre a falha. Ele precisa descobrir as condições em que a mesma ocorreu para estabelecer um modelo mental que habilite o diagnóstico. Após a ferramenta, a interação entre o analista e o usuário é reduzida para um patamar mínimo (quase nulo), pois o analista consegue diagnosticar a falha através da avaliação dos alarmes e logs gerados pela ferramenta de gerenciamento de rede.

Na comparação dos custos sem o gerenciamento de rede e com ele é nítido que no primeiro caso, o custo do diagnóstico do incidente é dado pela soma do custo do analista com o custo do usuário (que parou o seu trabalho para responder as perguntas do analista sobre a falha) com o custo da produtividade perdida do usuário (que parou o seu trabalho para responder as perguntas do analista). Em geral o custo da produtividade do usuário é cem vezes maior que seu o custo. Em alguns casos a relação é mil vezes.

No caso com a ferramenta de gerenciamento de rede, o custo do diagnóstico é dado pelo custo do analista mais o custo de reposição da ferramenta de gerenciamento de rede (CAPEX). É muito fácil calcular o benefício neste contexto, pois todas as informações estão disponíveis na contabilidade. O benefício é o resultado da subtração do custo do diagnostico sem a ferramenta com o custo do diagnostico com a ferramenta de gerenciamento. Com o benefício determinado é possível calcular o ROI e justificar com fatos objetivos a aquisição de uma ferramenta de gerenciamento de rede.