segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Olhar para o futuro

Muitos olham para 2016 como o ano da travessia para um Brasil melhor. Eu espero que eles estejam certos. É possível um crescimento da ordem de 0,5% do PIB em 2017. Nos meus encontros com os empresários eles me perguntam como apressar o crescimento? O que podemos fazer para retornar para patamares de crescimento de 3%?

A minha resposta para eles é que dentro dos parâmetros da economia tradicional onde existe escassez de recursos, o crescimento estará limitado pelo investimento. Como existem muitas incertezas nos marcos regulatórios brasileiros, o investimento internacional será baixo. Isto significa que para acelerar o crescimento será preciso entrar no barco da economia do compartilhamento.

Apenas um segmento econômico que permita a entrega de soluções para os clientes e consumidores com nível de investimento e custo fixo baixo ou nulo será capaz de alavancar ou catapultar o crescimento da economia brasileira. A principal característica deste segmento é a necessidade de elevado capital intelectual e conhecimento. Isto significa que é preciso romper com todos os preconceitos que existem nas contratações (em especial o preconceito do cabelo branco). É preciso foco e contratar os funcionários conforme as suas qualificações. Este ponto da evolução das contratações representa o valor de x que resolve a equação do crescimento pífio do PIB nacional.

Eu avancei a minha apresentação para um território onde geralmente eu não entro. Resolvi incorporar o espírito natalino de dar presente e oferecer sugestões concretas e gratuitas de elevado potencial comercial para todos os empresários, executivos e políticos presentes. Eu apresentei uma dificuldade que é uma grande parte dos aposentados brasileiros estão enfrentando e que representa uma grande oportunidade de negócio. Centenas de milhares de aposentados recebem diariamente repetidas ligações que são tentativas de fraudes. Estas ligações ocorrem repetidas vezes nos seus telefones fixos e em geral são feitas em horários inconvenientes. Os malfeitores usam este estratagema para que os aposentados sejam pegos desprevenidos.

Existem vários sites de internet que registram em banco de dados os números dos telefones de pessoas ou empresas (por exemplo, http://quemperturba.com.br, http://www.quemliga.com.br/) que ou praticam fraudes ou que se julgam no direito de ligar várias vezes por dia para as pessoas oferendo produtos que ninguém deseja comprar. Uma simples caixa externa conectada ao telefone fixo que examine o número chamador e compare com a base de dados existente na Internet de fraudadores e de vendedores que desrespeitam os clientes pode bloquear automaticamente estas chamadas impedindo assim que os aposentados sejam incomodados no seu merecido descanso com fraudes e enganações.

Tanto o poder público, como os bancos, como as operadoras de cartões de crédito, como os lojistas, como os cidadãos brasileiros serão beneficiados com tal solução. É fácil perceber que um dos membros desta cadeia de valor paga por compras que não foram realizadas por ele. Milhões de reais são perdidos anualmente por compras não realizadas e por custos de chamados sobre fraudes.  Os custos administrativos do estorno dos valores estão alcançando quantias estratosféricas. Os impostos que são gastos no processamento jurídico destas fraudes são enormes. Muito pode ser feito pela saúde e educação pública se os custos gerados pelos que efetuam malfeitos pelo telefone forem eliminados.

Uma das consequências destas fraudes é o aumento da inadimplência por parte dos que estão pagando por compras que não realizaram. Toda vez que temos que arcar por uma despesa não desejada, não planejada e elevada existe um comprometimento do fluxo de caixa. Muitas vezes isto significa em deixar de pagar alguma coisa. Como consequência do aumento da inadimplência a taxa de juros sobe. Os juros de quase 500% do crédito rotativo do cartão de crédito é uma das consequências das fraudes geradas pelo telefone fixo. Não é um crime que é pago individualmente. Toda a sociedade acaba pagando por este tipo de crime.

A grande vantagem da caixa de bloqueio de ligações através da economia compartilhada é que no médio prazo a operação das fraudes será inviabilizada. Com a propagação do seu uso pelo público alvo a maioria das fraudes por telefone será bloqueada antes que os aposentados atendam o telefone. Após um prazo de aproximadamente um ano estes malfeitores não mais conseguirão alcançar de forma barata o seu público alvo. As suas operações serão inviabilizadas e os custos que a comunidade paga decorrentes das fraudes e enganações desaparecerão. É um jogo em que toda a sociedade ganha pela economia compartilhada.

Uma segunda sugestão concreta nasceu de uma dificuldade que enfrentei recentemente no mês de dezembro de 1016. Um celular que comprei em 2012 e que gosto muito precisou de manutenção. Levei para várias lojas de reparo localizadas na avenida Paulista. O principal defeito dele é que ele não ligava e nem carregava a bateria. Como discordei do procedimento de recuperação que os técnicos queriam realizar no meu aparelho eu decidi usar os meus conhecimentos e fazer o reparo. Para tal eu necessitava de uma fonte ajustável de bancada, onde pudesse controle a tesão e a corrente entregue ao celular. Após dezenas de ligações eu descobri que na cidade de São Paulo eu só conseguiria comprar uma fonte à pronta entrega nas lojas da Santa Ifigênia. Como tenho restrições de segurança e econômicas para ir até o local eu procurei nos sites de compartilhamento se alguém perto de mim poderia me alugar a sua fonte. Inexistiu sucesso nesta empreitada.

Fazendo as contas eu percebi que poderia fazer uma oferta vantajosa pelo aluguel de uma fonte de alimentação junto aos pequenos empreendedores que estavam com o equipamento ocioso por um aluguel de uma semana. Cheguei ao meu máximo e ofereci 33% do valor da compra de uma nova fonte aos que mantinham o negócio de reparo de celular. Tudo isto porque eu não queria ir para a Santa Ifigênia. Nem com uma oferta ousada e me propondo a usar o equipamento no local do empresário eu consegui convencer os donos das vantagens de alugar um equipamento ocioso. A solução foi ir na Santa Ifigênia, gastar com um taxi que me esperou na porta da loja e fazer o reparo em casa em algumas horas. Todo este cenário mostrou como a economia do compartilhamento está engatinhando no Brasil. No pais mais rico do mundo é possível alugar qualquer coisa para uso esporádico e conforme a necessidade. A rentabilização dos ativos que possuímos é mais uma forma de sair da crise em prazo menor. Se o Brasil quer acelerar a velocidade do crescimento, ele precisa mudar a sua cultura e entrar com força na economia do compartilhamento.

A terceira e última contribuição que ofereci vem também da constatação que fazer o simples e obvio é o caminho para acelerar o crescimento do PIB. Muitos condomínios residenciais estão recebendo gratuitamente televisões onde metade da tela é usada para apresentar um conteúdo comercial e metade é usado para apresentar informações relevantes do condomínio. Na parte do conteúdo comercial, são apresentadas ofertas de várias empresas de grande porte que tem acesso a todos os tipos de mídia. No entanto, inexiste espaço para a apresentação de ofertas das empresas que estão geograficamente próximas do condomínio. Estas pequenas empresas somadas podem oferecer uma elevada renda para a empresa que é proprietária da televisão instalada nos elevadores dos condomínios residências. É um mercado enorme que não está sendo explorado e que o primeiro que resolver desbravar vai conquistar bilhões de reais.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Oportunidades Natalinas

Inexistem dúvidas que o Brasil está em crise grave. O país ou melhor a população mais pobre está pagamento uma conta bilionária causada pelos erros e desperdícios da copa 2014 e das olimpíadas 2016. Muitos estão pagando com o seu emprego os descalabros cometidos pelos governos pós 2002. Infelizmente o país ainda está cego para as oportunidades do ano de 2016. Muitos insistem ferozmente na cultura do atraso. Os que estão percebendo o elevado nível de dificuldade social do pais, estão constantemente me perguntando como rentabilizar os eventos de solidariedade nesta época de final de ano.

Eu trabalho na região da avenida Paulista e nesta época temos muitos corais cantando em locais como o shopping center 3. A grande maioria dos artistas é formada por jovens e crianças. Os shows são excelentes. Muito bom mesmo. Em geral eles ocorrem no horário do almoço. Apesar de um roteiro excelente para rentabilizar em escala os shows, existe uma insistência em fazer da mesma forma que era feito no ano de 2000. Hoje em dia é possível gravar em Digital Versatile Disc (DVD) e em plataformas em tempo real como YouTube ou Vine de forma simples e barata todas as performances destes extraordinários artistas.

Muitas pessoas não têm tempo para ver presencialmente todo o show. Elas precisam almoçar em uma hora. A maioria das pessoas que puderam assistir aos shows, ficaram encantadas e queriam compartilhar o momento com pessoas queridas. Um DVD das performances é por exemplo um excelente presente de amigo secreto. Também é algo marcante que as empresas podem presentear os seus clientes e os seus amigos empresariais.

É só colocar uma lojinha do lado do show oferecendo a sua gravação ao vivo. É só imprimir uma capa com a foto dos artistas. Um grande e barato produto pode ser produzido em tempo real conforme a demanda. A solidariedade natalina pode ser enormemente amplificada com recursos baratos e simples do ano de 2016. Nos canais digitais podem ser abertos espaços patrocinados. Hoje temos todos os meios para amplificar a solidariedade. Está mais do que na hora de usar a transformação digital a favor do povo brasileiro.


No crepúsculo do ano, o Brasil faz de novo a alegria dos que acham que os que tem certezas são candidatos naturais ao Titanic ou daqueles que acham que é possível definir o comportamento de um mercado com base em apenas 0,5% do volume transacionado. Para quem acha que o comportamento de 99,5% do mercado não é capaz de definir com clareza a sua natureza temos esta realização registrada em dois artigos: “Após prazo, 63% dos municípios ainda não têm prontuário eletrônico” e “151 municípios podem ter repasse do Ministério da Saúde suspenso”. Todos os que vivem com certezas do ano de 2016 sabem que para evitar retrabalhos, desperdícios e incertezas (garantir o cumprimento do prazo por todos os envolvidos) era só ter desenvolvido um único sistema de prontuário eletrônico no Brasil em uma nuvem elástica para o uso por todos os municípios. Simples assim.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Diferenças entre 2016 e em 2000 – Certezas ou incertezas?

O final de novembro foi marcado pela tristeza da Chapecoense (#ForçaChape). Foram vários dias de reflexões e preocupações. Muitos fatos marcaram a minha memória nos últimos dias. As demonstrações de solidariedade do mundo inteiro foram um deles. No campo das reflexões empresariais muitos questionaram a minha última postagem. Quais são afinal as diferenças que tanto destaco entre os anos de 2016 e 2000?

O final do milênio foi marcado no ambiente de tecnologia de informações e comunicações pelo bug do milênio e bolha da Internet. Nos últimos anos do século XX quase tudo o que foi desenvolvido para a chamada na época de nova economia tinha crescimento exponencial. Era a era da exuberância irracional do Ben Bernanke (https://en.wikipedia.org/wiki/Irrational_exuberance). Em praticamente todas as análises sobre a Internet aparecia a palavra desintermediação. A globalização estava em alta e a desintermediação significava a venda direta ou a redução de intermediários na cadeia produtiva.

Na primeira era de ouro da Internet o foco era a simplificação das cadeias globais através do B2B (https://pt.wikipedia.org/wiki/Business-to-business) e B2C (https://pt.wikipedia.org/wiki/Business-to-consumercitar). A desintermediação foi implementada pela eliminação de membros da cadeia produtiva mundial. Entre a segunda metade da última década do século XX e a primeira metade da primeira década do século XXI surgiram no Brasil vários negócios desintermediados como o Celta da GM (http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u5216.shtml), a livraria Booknet (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/1996/5/25/ilustrada/16.html), o ecommerce Amélia (http://www.estadao.com.br/noticias/geral,pao-de-acucar-lanca-dois-sites-para-comercio-eletronico,20011121p56162), o buscador “Cadê?” (https://sites.google.com/site/historiasobreossitesdebusca/historia-dos-principais-sites-de-busca/cade) e etc.

Todos tinham a característica de eliminar intermediários do processo. Alguns foram bem-sucedidos, outros foram comprados por empresas americanas e uns poucos fracassaram. Apesar do aspecto explosivo, existia o consenso que a chamada nova economia não iria impactar os mercados locais. Negócios regionais como a indústria de serviços não seriam atacados pelo processo de desintermediação global.

A internet evoluiu desta sua primeira era de ouro e passou pelo ciclo de redes sociais marcado pelo Orkut e Second Life. Este ciclo teve um boom inicial, mas em pouco tempo sucumbiu diante das imperfeições das informações e entrou em ciclo de rápida contração. A partir da segunda metade da primeira década do século XXI as mídias sociais assumiram o papel de protagonistas da internet e da economia digital. É a chamada segunda era de ouro da Internet.

Como as grandes cadeias globais já foram desintermediados, o alvo passou a ser a globalização dos mercados regionais. Este ciclo iniciado pelas mídias sociais atacou os mercados regionais que estavam protegidos na etapa anterior da globalização. No primeiro momento as empresas de Internet que ofereceram serviços de telecomunicações entraram no mercado local. No Brasil empresas como WhatsApp tomaram para si uma grande parte do mercado das operadoras de telecomunicações ("É um aplicativo que cresceu em países pobres. Ninguém nos EUA usa, por exemplo", observa Ronaldo Lemos, representante do MIT Media Lab no Brasil e colunista da Folha.”, http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/11/1835982-grupos-de-bate-papo-entre-estranhos-se-disseminam-no-whatsapp.shtml). Estas empresas ganharam enorme penetração no mercado local. O fato dos servidores de comunicação ficarem fisicamente localizados nos Estados Unidos gerou um fluxo econômico de importação de serviços por causa do duplo salta da comunicação. Como a rede de comunicação internacional é cara, isto significou que a troca de mensagens por Apps geraram lucro para as operadoras de telecomunicações americanas.

No segundo momento nasceram as empresas plataformas como Uber, Airbnb, Gigwalk e etc. que ofereceram recursos integrados com as mídias sociais para a realização de negócios regionais. As entregas de serviços de transporte, turismo, colocação profissional continuou a ser feita de forma local, mas o processo de negócio foi transferido para uma plataforma global. As empresas plataforma recebem uma participação da transação. É uma outra forma de importação de serviços. O modelo de plataforma de negócio fez toda a diferença no mundo globalizado. Negócios de entregas tipicamente locais como dentistas, cuidadores, médicos, jardineiros, transporte, logística, entregas e etc. estão em forte processo de migração para plataformas globais.

As plataformas intermediam as transações e retém uma para do faturamento. É fácil perceber que o modelo de negócio de 2016 avançou sobre setores que estavam totalmente protegidos na economia brasileira de 2000. Este é o principal motivo pelo qual é preciso estar vivendo no ano calendário. Não é uma questão de estar usando a tecnologia x, y ou z como muitos estão propagando. A questão da tecnologia na forma de Application Programming Interfaces (APIs), Apps, Chatbots, Computação Cognitiva, Inteligência Artificial e etc. não é relevante ou importante. Eu sempre reforço nas minhas conversas com os empreendedores que esqueçam a tecnologia. Ela não é o foco. O alvo é o modelo de negócio. É esta atualização que eles precisam perpetrarem. A tecnologia é consequência do modelo de negócio escolhido.

Não é possível concorrer contra os que tem custo marginal unitário zero e vivem na era da abundância dos recursos trabalhando em um modelo de custo marginal unitário elevado e vivendo na era da escassez. É esta atualização que o Brasil precisar fazer urgentemente. Não dá mais para conviver em um universo de incertezas em um ambiente de negócios onde predominam as certezas.

Observação: Todos os endereços foram acessados em 07/12/2016


segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Fragilidades Intelectuais – A Cultura do atraso

Em uma recente troca de mensagens com alguns profissionais que considero de alta qualificação, eu percebi como a cultura do atraso está sedimentada no comportamento brasileiro. O assunto começou com uma chamada para um evento. Não vejo problema algum em uma chamada de congresso polêmica. A questão chave da chamada é que ela é polemica e verídica. A chamada expressa uma real condição do mercado de tecnologia de informações e comunicações. Os treinamentos dos fundamentos do ITIL entraram no ciclo de redundância.

Um estudo do Gartner de 2015 embasava a chamada. A primeira manifestação da cultura do atraso ocorreu na localização do estudo. Quando citei a existência do mesmo, inexistiu a utilização de ferramentas de busca como o Google. Em uma rápida pesquisa eu encontrei um texto em inglês que citava o estudo realizado em 2015. Em 2016, as pessoas não podem depender de terceiros para localizar uma informação. A internet oferece um tamanho conjunto de conhecimento que basta fazer uma pesquisa razoavelmente elaborada que serão encontradas as respostas desejadas.

O meu amigo Bob que é na minha opinião o principal evangelizador do Service Desk no Brasil protagonizou dois momentos da cultura do atraso. O primeiro ocorreu quando ele recomendou um treinamento ultrapassado com argumentos redundantes. Quando li o texto no blog dele eu lembrei imediatamente do ministro mais atrasado de todos os tempos do Brasil que defendia que o país não utilizasse tecnologias para preservar atividades que desapareceram no mundo inteiro (para alguns ir para traz e preservar atividades redundantes e caras é melhor do que ir para frente e lucrar com tecnologias que demandam por elevada quantidade de mão de obra qualificada).

A postagem “Curso ITIL Foundations ainda é válido?” (http://www.4hd.com.br/blog/2016/11/09/curso-itil-foundations-ainda-e-valido/, acessado em 11/11/2016) é o típico caso de defesa do atraso. Se o blogueiro continuar nesta linha em pouco tempo ele vai escrever um texto defendendo a importância dos cursos de datilografia para quem usa máquina de escrever mecânica. O segundo momento do atraso foi expressado nas seguintes frases:

1.    Que adianta lhes falar sobre coisas que não têm condições de absorver?
2.    Essa é a realidade de empresas do Brazil (sim, muitas bem-sucedidas)

Em primeiro lugar as empresas que operam como se estivessem em 1980 ou 2000 estão longe de qualquer tipo de sucesso. Muitas das empresas citadas como bem-sucedidas apresentam graves problemas de passivos e são inviáveis em mercados competitivos. Muitas das firmas que foram citadas pelo blogueiro não entregam as suas promessas. Será que para o Bob estas organizações são vítimas da evolução do conhecimento?

No meu ponto de vista, elas não pobres coitadas que não conseguem viver no ano de 2016. Estamos apenas falando de pessoas que estão com a cultura do atraso sedimentadas no seu modelo mental. Chamar tais empresas de bem-sucedidas é sem sombra de dúvida um espanto de otimismo.

O resultado da cultura do atraso é nos fatos e não nos achismos. É muito fácil observar os danos da cultura do atraso no Brasil. Em 2014 a atuação era praticamente nula no Brasil das empresas Uber e AirBnB. Em 2016 estas empresas estão derrotando no mercado brasileiro através de competição justa e honesta os que vivem sob o lema: "Que adianta lhes falar sobre coisas que não têm condições de absorver?"

Em dois anos os que não tinham condições de absorver os conhecimentos existentes em 2014 estão argumentando como vítimas de um grande complô mundial para tentar salvar o pouco do que foi chamado pelo evangelizador do Service Desk de negócio bem-sucedido. Para os que acham que não existem perdedores com a cultura do atraso, eu serei o portador da notícia ruim. Eles existem e são chamados de brasileiros. Vinte por cento do faturamento gerado no Brasil no transporte de pessoas e hospedagem (Uber e AirBnB) é exportado sem pagar impostos e taxas. Não é à toa que os governos estão em condição vexatória em 2016.  Em outras palavras estamos falando de perdas de arrecadação. É fácil ver o ridículo que está acontecendo no Brasil.

·         Rio virou um "filme de terror", diz moradora sobre colapso financeiro, http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/11/09/rio-virou-um-filme-de-terror-diz-moradora.htm, acessado em 11/11/2016
·         Em fim de gestão, Haddad reduz entrega de leite para crianças, http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/10/1825957-em-fim-de-gestao-haddad-reduz-entrega-de-leite-para-criancas.shtml, acessado em 11/11/2016

Os grandes estados e cidades estão até cortando o leite de crianças, porque um dia no passado alguém assumiu como verdade que: “Essa é a realidade de empresas do Brazil (sim, muitas bem-sucedidas)”. Outra forma de ver o resultado da cultura do atraso é a análise dos desperdícios de recursos e de dinheiro.  O artigo “Empresas ainda erram na contratação de serviços de telecom” (http://cio.com.br/gestao/2016/11/09/empresas-ainda-erram-na-contratacao-de-servicos-de-telecom/, acessado em 11/11/2016) revelou que milhões de reais são jogados no lixo no Brasil pelas empresas todos os anos, porque inexistiu o entendimento do conhecimento do ano de 2016 e prevaleceu o conhecimento do ano de 1980. O artigo “Brasil deixa a desejar no nível de maturidade de análise de dados” (http://cio.com.br/opiniao/2016/11/14/brasil-deixa-a-desejar-no-nivel-de-maturidade-de-analise-de-dados/, acessado em 14/11/2016) revelou que as centenas de milhões de reais investidos em ferramentas de Enterprise Resource Planning (ERP) estão sendo desperdiçados pela falta de conhecimento das pessoas em estruturar e analisar os dados. O custo das horas de auditoria pode ser fortemente reduzindo com as medidas simples e gratuitas do conhecimento do ano de 2016.
O artigo “Pesquisa da Deloitte aponta prioridades tecnológicas para 2017 no Brasil” (http://cio.com.br/noticias/2016/11/09/pesquisa-da-deloitte-aponta-prioridades-tecnologicas-para-2017-no-brasil/, acessado em 11/11/2016) revelou que é urgente eliminar a cultura do atraso na economia nacional. Em 2020 quando novas perdas vierem, muitos dos que são considerados bem-sucedidos pelo Bob proclamarão as famosas frases da cultura do atraso e vão tentar se passar por vítimas do avanço do conhecimento humano. O artigo “Uber prepara lançamento de serviço de entrega de comida em São Paulo” (http://idgnow.com.br/mobilidade/2016/11/11/uber-prepara-lancamento-de-servico-de-entrega-de-comida-em-sao-paulo/, acessado em 11/11/2016) revelou que a empresa Uber vai atacar um novo nicho de mercado no Brasil.

Uma empresa bem-sucedida é aquela que lucra dentro da lei. Não precisa de esquemas para burlar as leis trabalhistas. Um exemplo de empresa realmente bem-sucedida é o Facebook que ganha dinheiro com as postagens gratuitas dos brasileiros [Quanto dinheiro o Facebook ganha com você (e como isso acontece), http://tecnologia.uol.com.br/noticias/bbc/2016/11/10/quanto-dinheiro-o-facebook-ganha-com-voce-e-como-isso-acontece.htm,acessado em 11/11/2016). Como para alguns operar como se estivéssemos em 1980 é o ideal, a empresa Facebook tinha que ser americana e faturar bilhões. No conceito econômico da cultura do atraso ser bem-sucedido é lucrar um ou dois centavos ou ter prejuízo de alguns milhares de reais.

Quando alguém argumenta que leu em e-mail dúvidas sobre templates de OLA e SLA, ferramentas de chat, profiles de desktop, etc. e por causa concluiu que o patamar de evolução é parecido, é sinal que o assunto está definitivamente perdido. Felizmente a afirmação que o meu argumento de previsibilidade e eliminação de incertezas de ferramentas de governança como COBIT e ITIL não é dos melhores vem do lado de quem defende a cultura do atraso. Eu prefiro estar do mesmo lado do David Breitgand que é um reconhecido pesquisador da IBM, que afirmou em um evento na Suécia em maio de 2014, que o gerenciamento da capacidade não é mais necessário para as empresas usuárias de nuvem elástica.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Fragilidades

Em uma das minhas mais recentes conversas com estudantes de economia e executivos surgiu o assunto PEC 241/2016 (PEC do Teto dos Gastos Públicos). Um jovem universitário estava bastante otimista e defendeu com ênfase via WhatsApp o promissor futuro financeiro do governo do Rio de Janeiro. Para ele, a renegociação das dívidas dos estados promoverá um novo equilíbrio fiscal e o estado do Rio de Janeiro vai aproveitar com sabedoria o embalo das olimpíadas e entrará em ciclo virtuoso.

Infelizmente, a previsão de um rombo em 2017 e 2018 nas contas públicas estaduais de R$ 52 bilhões (“Rio só tem dinheiro para pagar 7 meses da folha em 2017, diz Pezão”, http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2016/11/08/rio-so-tem-dinheiro-para-pagar-7-meses-da-folha-em-2017-diz-pezao.htm, acessado em 10/11/2016) derrubou os frágeis argumentos do futuro economista e o fez perder uma aposta. Ele aprendeu a valiosa lição de que a aritmética é feita de fatos e não de desejos.

Lamentavelmente, as contas públicas no Brasil ainda são misteriosas para a maioria das pessoas. Existem momentos em que é preciso pegar o papel e a caneta e fazer trabalhar a aritmética básica para que algumas falácias de pensamento não ludibriem o lado racional de uma análise. Muitos discutem a participação do estado na economia nacional com base apenas na Carga Tributária Bruta (CTB). Estas pessoas defendem um aumento do estado brasileiro com base no argumento que a CTB foi de apenas 32,66% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 (Brasil fecha 2015 com carga tributária de 32,66% do PIB, maior desde 2013, http://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2016/09/19/brasil-fecha-2015-com-carga-tributaria-de-3266-do-pib-maior-desde-2013.htm / Carga tributária sobe para 32,66% do PIB em 2015, diz Receita, http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/09/1814731-carga-tributaria-sobe-para-3266-do-pib-em-2015-diz-receita.shtml, acessado em 10/11/2016).

A tola simplificação aritmética do argumento distorce profundamente a conclusão e leva para a falácia do pensamento que ludibria. É preciso avaliar as contas públicas dentro da perspectiva correta. O artigo “Setor público fecha 2015 com déficit primário de R$ 111,2 bilhões” (http://www.valor.com.br/brasil/4415892/setor-publico-fecha-2015-com-deficit-primario-de-r-1112-bilhoes, acessado em 10/11/2016) revelou que o déficit consolidado do setor público em 2015 foi de R$ 111, 249 bilhões. Isto significa que a participação total do estado na economia brasileira em 2015 é a soma da carga tributária bruta com o déficit consolidado do setor público.

O artigo “PIB do Brasil cai 3,8% em 2015 e tem pior resultado em 25 anos” (http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/03/pib-do-brasil-cai-38-em-2015.html, acessado em 10/11/2016) revelou que o PIB do Brasil em 2015 foi de R$ 5,9 trilhões, isto significa que a CTB foi de 32,66% de R$ 5,9 trilhões, ou seja, R$ 1,927 trilhões. Portanto, o estado brasileiro retirou da economia nacional R$ 1.927,000 bilhões + R$ 111, 249 bilhões ou seja, R$ 2,038 trilhões (34,55 % PIB).

O número real é cerca de dois pontos percentuais acima do valor imaginado por muitos. A diferença de dois pontos percentuais pode parecer pequena no curto prazo, mas ela gera grande diferença no médio e longo prazo. O déficit consolidado do setor público em 2015 de R $ 111,249 bilhões gerou como contrapartida o crescimento da dívida pública. O artigo “Dívida pública sobe 21,7% em 2015, para R$ 2,79 trilhões, maior da série” (http://g1.globo.com/economia/noticia/2016/01/divida-publica-sobe-248-em-2015-para-r-279-trilhoes-maior-da-serie.html, acessado em 10/11/2016) revelou que o Tesouro Nacional declarou um aumento da dívida em 2015 de R$ 498 bilhões. Os gastos de R$ 367 bi com juros da dívida pública foram o maior componente do seu crescimento.


O ponto onde o jovem estudante de economia errou foi exatamente este. Ao considerar um crescimento linear dos juros ele concluiu que a renegociação da dívida estadual iria gerar ciclo virtuoso. Os valores renegociados são incorporados ao principal da dívida e retornam exponencialmente na forma de juros. Este é o motivo da necessidade de usar os recursos renegociados como investimento para gerar ciclo de crescimento. As receitas extras decorrentes do investimento bancado pela renegociação são responsáveis pelo pagamento dos juros adicionais futuros. É assim que é gerado o ciclo virtuoso. O jovem estudante esqueceu que é preciso gerar riqueza para pagar uma dívida renegociada.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Transito - Perdas bilionárias

Poucas vezes na história da humanidade uma cidade foi tão castigada por administrações medíocres como a cidade de São Paulo. Desde o ano de 1989 até o ano de 2016 a cidade vem sendo governada pelas mais tolas promessas proferidas na face terrestre. Exceto pelo curto período entre 2005 e 2006 a cidade foi gerida pelo pior do pior. Em 2016, a prefeitura realizou a proeza de tirar o leite das crianças (Em fim de gestão, Haddad reduz entrega de leite para crianças, http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/10/1825957-em-fim-de-gestao-haddad-reduz-entrega-de-leite-para-criancas.shtml, acessado em 03/11/2016). O período de 28 anos compreendido entre 1988 e 2016 foi marcado por uma infinidade de crises econômicas e lamentavelmente nada foi aprendendo com elas.

O período não foi marcado apenas por crises, ele também foi marcado pela destruição do centro histórico da cidade e consequente deslocamento do centro empresarial na direção da zona rica e cara da cidade. Este deslocamento apoiado pelo tolo planejamento da ocupação do solo realizado pela prefeitura da cidade gerou a atual situação onde a cidade faz menos com mais dinheiro. A produtividade da cidade e do pais está sendo profundamente comprometida pela incapacidade da gestão na ocupação do solo. O deslocamento do centro empresarial do centro histórico da cidade para a sua região mais rica e cara vem gerando problemas econômicos e sociais de elevada grandeza. Os problemas estão em amarrados. Um realimenta o outro.

A ocupação empresarial de regiões como Itaim Bibi, Berrini, Chucri Zaidan e etc. exemplifica com clareza os problemas gerados pelo deslocamento do centro empresarial. Por serem regiões ocupados pelos mais ricos estes lugares têm o seu metro quadrado muito caro. Este fator impede a presença do comércio popular nestas regiões. Isto significa que os trabalhadores que recebem salários até 3 salários mínimos não tem recursos para comprar produtos básicos, como alimentos para o seu almoço perto do seu trabalho. Como estes trabalhadores moram longe do local de trabalho eles saem de casa as 4 horas da manhã e retornam após as 20 horas. Eles usam o transporte público cujo trajeto parte do seu bairro, passa pelo centro e vai para o destino através de ônibus e metrô. Em outras palavras, o deslocamento da mão de obra para o trabalho gera gargalos e congestionamentos na região central da cidade. Este é o motivo para o trânsito lento nas principais vias expressas da capital.

Foi afirmado que o tempo médio para chegar no trabalho é o mais alto desde 2009 e subiu dezessete minutos em relação ao ano de 2015.
Fonte: Paulistano passa, em média, 1 mês e meio no trânsito por ano, http://veja.abril.com.br/brasil/paulistano-passa-em-media-1-mes-e-meio-no-transito-por-ano/, acessado em 03/11/2016

Os gargalos gastam inutilmente o tempo da pessoas e empresas e retiram dinheiro da economia paulistana. O tempo do deslocamento vem crescendo anualmente está reduzindo a produtividade da cidade e aumentando os custos, pois de uma forma direta ele é incorporado aos preços praticados. Uma forma fácil de constatar o estrago causado pela baixa produtividade no setor de serviços é o fato do táxi na cidade de são Paulo ser um dos mais caros do mundo (São Paulo tem o táxi mais caro da América Latina, http://guiavilamascote.com.br/sao-paulo-tem-o-taxi-mais-caro-da-america-latina/, acessado em 03/11/2016).

Foi revelado que a região metropolitana da cidade de São Paulo perdeu 7,8% do seu PIB em 2013 devido aos gargalos no transito.
Fonte: O desperdício do trânsito, http://itgovrm.blogspot.com.br/2014/08/o-desperdicio-do-transito.html, acessado em 03/11/2016

Toda a economia paulista e brasileira sofre com os custos extraordinários gerados pelos congestionamentos e desperdícios. O problema social vem gerando vários custos indiretos do deslocamento irracional. O primeiro está relacionado com a saúde pública. Como os trabalhadores de menor renda não tem poder aquisitivo para comer nos restaurantes na região do rico centro empresarial da cidade eles acabam consumindo produtos industrializados baratos como batatas fritas, biscoitos e outros alimentos não saudáveis. A consequência no médio e longo é uma população obesa e sedentária (56,9% dos brasileiros têm excesso de peso, diz pesquisa de saúde do IBGE, http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2015/08/569-dos-brasileiros-tem-excesso-de-peso-diz-pesquisa-de-saude-do-ibge.html, acessado em 03/11/2016).

As pessoas que saem de casa de madrugada e chegam tarde da noite não tem tempo nem energia para praticar exercícios diariamente. O resultado final deste ciclo é o aumento crescente do custo da saúde e previdência pública por causa de doenças cardiovasculares. Não é surpreendente que o orçamento da saúde e previdência governo federal seja muito elevado e esteja crescendo continuamente (Pesquisa do Ipea analisa gasto tributário em saúde no Brasil, http://www.brasil.gov.br/saude/2016/05/pesquisa-do-ipea-analisa-gasto-tributario-em-saude-no-brasil, acessado em 03/11/2016). A falta dinheiro para a saúde pública no Brasil exige que a solução adotada seja a população mais saudável possível.

Este não é o único problema social de alto custo gerado pelo deslocamento improdutivo. As creches e a educação educacional estão sendo impactados pela tolice realizada na ocupação do solo da cidade (Fila para conseguir vaga em creches em São Paulo tem 150 mil crianças, http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2015/11/fila-para-conseguir-vaga-em-creches-em-sao-paulo-tem-150-mil-criancas.html / Horário de atendimento nas creches, http://cidadao.reclameaqui.com.br/274589/prefeitura-sao-paulo/horario-de-atendimento-nas-creches, acessado em 03/11/2016). Os pais estão demandando que as creches e escolas abram mais cedo e fechem mais tarde para que eles possam deixar os seus filhos nas escolas.

Para resolver esta necessidade é preciso criar mais turnos nas creches e escolas para que os pais consigam levar e pegar os filhos. O problema é que para muitos as creches e escolas tem que abrir as 04:00 e fechar as 20:00 por causa do tempo de deslocamento para o trabalho e do retorno. O retorno do centro empresarial para o centro da cidade resolve este problema com impacto muito menor nas finanças da cidade. Com o centro empresarial no centro da cidade, a prefeitura pode abrir creches e escolas nas cercanias do centro empresarial. Os pais estarão perto dos seus filhos e poderão acompanhar a evolução deles no horário de almoço. As escolas poderão ficar abertas entre 08:00 e 18:00 mantendo os atuais turnos de funcionários e educadores. Uma vantagem adicional é que os profissionais que trabalham nas escolas terão maiores facilidades para o deslocamento e usarão o transporte público.

O terceiro grave problema social gerado pela ocupação irracional do solo é o custo da segurança pública da cidade de São Paulo (Gastos públicos com segurança chegam a R$ 76 bilhões em 2015, http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2016/11/gastos-publicos-com-seguranca-chegam-r-76-bilhoes-em-2015.html, acessado em 03/11/2016). Os gastos municipais e estaduais com a segurança pública na cidade de São Paulo estão crescendo ano após ano com resultados pobres. O abandono do centro histórico é um dos grandes vilões. A região foi tomada pela marginalidade que ocupam prédios abandonados e reduzem fortemente a produtividade do trabalho. Muitos evitam passar na região após as 17:00. Várias atividades que poderiam ser realizadas no período da tarde são adiadas para o próximo período da manhã por conta da insegurança.


O abandono exige mais policiais e recursos. São gastos absolutamente improdutivos. A ocupação do centro pelas empresas tem a capacidade de reformular o comércio e as atividades da região e expulsar as ações ilícitas da região. É um jogo em que todos ganham. Em resumo, é preciso que o novo prefeito da cidade, inicie o seu mandato em 2017 corrigindo as tolices feitas pelos seus antecessores.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

A Governança de TI e os ilusionistas

Nos últimos anos eu venho recebendo uma grande quantidade de mensagens de profissionais enaltecendo os seus méritos nos projetos de governança de Tecnologia de Informações (TI) realizados pelo setor financeiro nacional. Todos destacaram que os sistemas são robustos com elevada disponibilidade e alto nível de segurança.  Muitos destacaram os papéis que eles desempenharam nos projetos de ITIL e COBIT dos bancos. Em geral estes profissionais que destacaram o enorme avanço da governança no setor financeiro alegavam que estavam sem tempo para responder as minhas perguntas sobre como os projetos foram executados. Eles preferiam alardear apenas palavras de ordem.

Lamentavelmente a realidade dos fatos é cruel contra os que vivem no mundo das ilusões. O artigo” MPF investiga 'erro' que custou R$ 1 bilhão à Caixa” (http://epocanegocios.globo.com/Empresa/noticia/2016/10/mpf-investiga-erro-que-custou-r-1-bilhao-ao-banco.html, acessado em 27/10/2016) revelou o altíssimo custo da fragilidade da governança de TI para os bancos brasileiros. Por um erro (ainda está sendo investigado se foi realmente erro) foi publicado (entre setembro de 2008 e agosto de 2009) na produção um aplicativo com falhas estruturais que gerou uma perda de 1 bilhão de reais para o banco. Caso a governança de TI estivesse tão avançada e madura como os terceiros de empresas terceirizadoras afirmavam existiriam mecanismos e processos que impediriam que este aplicativo fosse instalado e permanecesse no ambiente de produção. No mínimo existiriam relatórios de auditoria apontando o problema, os responsáveis, as soluções e quem determinou que um aplicativo com erro entrasse em produção.

Nada disto existe. Os pejotinhas não apontaram os problemas nos relatórios de auditoria. Os que olham os fatos com conhecimento e capacitação perguntam como foi possível ter tantos profissionais enaltecendo o pleno sucesso na adoção do COBIT e ITIL e inexistir a competência de gerenciamento das liberações? A competência é um item básico destas melhores práticas.

Os fatos mostram que que o corrido não é um fato isolado. Em 2016, o processo de migração dos clientes corporativos do HSBC para o Bradesco falhou e como consequências milhares de trabalhadores não receberam os seus salários na data correta. O artigo “Clientes que eram do HSBC têm salário atrasado com migração para Bradesco” (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/10/1824084-clientes-que-eram-do-hsbc-tem-salario-atrasado-com-migracao-para-bradesco.shtml, acessado em 27/10/2016) revelou um grande volume de falhas na migração das contas pessoas jurídicas. Não existiu um plano alternativo. O básico da governança exige que antes de publicar uma revisão de um software, que o mesmo seja testado em um ambiente isolado e controlado e depois que o mesmo seja simulado fora da produção em um ambiente que é a cópia fiel do ambiente de produção. No caso explicitado pelo artigo, A falha no processo de liberação de uma nova versão de aplicação ocorreu sem a execução de um plano de contingência contra falhas (assumindo que ele existisse). O erro ocorreu e quem foi chamado para pagar a conta foram os trabalhadores que ficaram sem os seus salários.


O artigo “Caixa Econômica Federal fica fora do ar em todo o país” (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2014/11/1544212-caixa-economica-federal-fica-fora-do-ar-em-todo-o-pais.shtml, acessado em 27/10/2016) é de 2014. Ele reforça que as fragilidades na governança de TI estão presente no sistema financeiro nacional há muito tempo e pouco ou nada vem sendo feito para eliminá-las.

O artigo “Brechas em sites do Bradesco e do Banco do Brasil expõem milhões de clientes” (http://www1.folha.uol.com.br/tec/2013/08/1331286-brechas-em-sites-do-bradesco-e-do-banco-do-brasil-expoem-milhoes.shtml, acessado em 27/10/2016) revelou que um jovem analista de sistemas identificou falhas de segurança nos sites do Banco do Brasil, do Bradesco, do serviço de pagamentos Moip e da Boa Vista Serviços (administradora do cadastro de devedores SCPC) que expuseram a privacidade dos clientes. Foi preciso a manifestação de uma pessoa de fora para que estas organizações descobrissem as suas graves vulnerabilidades de segurança. O básico da governança de TI afirma que devem ser realizados testes periódicos de segurança e que as falhas graves devem ser corrigidas imediatamente. Mais uma vez o sistema financeiro apresentou uma governança de TI frágil.

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Uma Nova ameaça econômica nasceu

Uma nova ameaça para a combalida economia brasileira surgiu na sexta feira dia 21 de outubro de 2016. A ameaça não estava nos nossos principais manuais de segurança digital. O ataque que ocorreu nos Estados Unidos contra a empresa Dyn que é um provedor de serviços DNS, interrompeu serviços e portais como: Twitter, Spotify, GitHut, Netflix, PlayStation Network, Amazon, The New York Times, CNN, Pinterest, HBO Now, Xbox Live, Reddit, Airbnb e etc.

Este fato novo trouxe à tona um novo perigo para a recuperação econômica do Brasil. É possível que um ataque de hackers nos Estados Unidos inabilite serviços e portais de internet americanos e gere um impacto negativo na economia do Brasil? Os céticos provavelmente vão responder negativamente. Infelizmente é possível e já ocorreu.

Na sexta feira dia 21 de outubro de 2016 ocorreu um ataque distribuído de negação de serviço (DDoS) contra a empresa Dyn indisponibilizando uma grande parte da Internet nos Estados Unidos, porque a organização é a provedora de serviços DNS para várias firmas gigantes da web. Como o provedor é o fornecedor das empresas de serviços de internet que são largamente utilizadas, então os brasileiros usam os portais Twitter, Spotify, GitHut, Netflix, PlayStation Network, Amazon, The New York Times, CNN, Pinterest, HBO Now, Xbox Live, Reddit, Airbnb e etc. para realizar transações comerciais também sofreram com a interrupção da internet. Vários negócios foram paralisados.

O artigo “Bloqueio à internet no Brasil custou R$ 360 milhões” (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2016/10/1825554-bloqueio-a-internet-no-brasil-custou-r-360-milhoes.shtml, acessado em 26/10/2016) revelou que o bloqueio de serviços de internet gerou uma perda de 360 milhões de reais para o Brasil. A paralisação pelo ataque DDoS gerou uma perda econômica da mesma ordem de grandeza.


Esta nova ameaça pode ser combatida com a tecnologia Blockchain que cria uma rede ponto-a-ponto independente de um canal centralizador de infraestrutura. Mesmo submetida a um ataque a rede permanece operacional, pois sempre será possível que um nó da rede substitua o papel executado pelo nó que está sendo atacado. É preciso que o Brasil saia do marasmo e avance com rapidez nas ações para que ataques como este não impactem negativamente o frágil PIB nacional.

Jogos Olímpicos Rio 2016

As boas práticas de gestão enfatizam as virtudes da avaliação dos resultados alcançados com os projetos realizados. A Olimpíada realizada no Rio de Janeiro em 2016 foi avaliada de forma positiva por muitos na impressa nacional e internacional. Todas as análises focaram na beleza plástica do evento. No caso da impressa internacional e dos estrangeiros é normal que a avaliação seja realizada nesta dimensão (fonte: A aprovação basta para dizer que os megaeventos foram bem-sucedidos?, http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/2016/10/1825327-a-aprovacao-basta-para-dizer-que-os-megaeventos-foram-bem-sucedidos.shtml, acessado em 25/10/2016). Os estrangeiros não estão preocupados com o valor gasto na festa e com quem vai pagar a conta bilionária. Para eles este assunto é interno ao Brasil.

No entanto, a impressa nacional e os brasileiros devem analisar o evento sob uma outra dimensão. Infelizmente, foram raros os que olharam o evento sob o ponto de vista de quem vai pagar a conta da festa. No meu ponto de vista, o Brasil só deve fazer festas se tiver retorno de investimento. O país é muito pobre e cheio de carências para pagar por festas para pessoas ricas. O artigo “Em fim de gestão, Haddad reduz entrega de leite para crianças” (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/10/1825957-em-fim-de-gestao-haddad-reduz-entrega-de-leite-para-criancas.shtml, acessado em 25/102016) revelou que nem mesmo o leite das crianças está sendo preservado no nosso país.

Eu não consigo entender como um país que gastou dezenas de bilhões de reais na realização da copa do mundo de futebol de 2014 e das olimpíadas de 2016 não tem dinheiro para comprar o leite das crianças ou para pagar os salários dos funcionários e aposentados. Para os que tanto falam complexo de vira-latas e humilhações (fonte: As seleções masculina e feminina precisam acreditar em si, http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/2016/08/1803364-as-selecoes-masculina-e-feminina-precisam-acreditar-em-si.shtml, acessado em 25/10/2016), eu não consigo ver nada mais depreciativo do que faltar leite para as crianças. Todo o brilho conquistado pela bela plástica dos jogos olímpicos foi perdido com a divulgação mundial das seguintes notícias (todas acessados em 25/10/2016):

2.    Quebrado, Rio-2016 teve R$ 255 mi da bilheteria bloqueados para pagar Vila, http://rodrigomattos.blogosfera.uol.com.br/2016/10/14/quebrado-rio-2016-teve-r-255-mi-da-bilheteria-bloqueados-para-pagar-vila/
7.    Governo libera R$ 2,9 bi para cobrir gastos com segurança na Rio-2016, http://blogdobrito.blogosfera.uol.com.br/2016/10/26/governo-libera-r-29-bi-para-cobrir-gastos-com-seguranca-na-rio-2016/

No artigo “Medalha de prata” (http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/09/1814954-medalha-de-prata.shtml, acessado em 25/10/2016) foi afirmado que a copa e as olimpíadas custaram R$ 40 bilhões para os cofres públicos em financiamentos subsidiados e em investimentos. Os empréstimos com juros subsidiados concedidos para a iniciativa privada estão sujeitos aos raios e trovoadas como no caso do estádio da abertura da copa de 2014 (“Corinthians parou de pagar o principal do débito em abril de 2016”, fonte: Caixa só aceita dar alívio parcial à dívida da Arena Corinthians, http://rodrigomattos.blogosfera.uol.com.br/2016/10/11/caixa-so-aceita-dar-alivio-parcial-a-divida-da-arena-corinthians/, acessado em 22/10/2016). Ou seja, o custo real do empréstimo é muito maior que o valor anunciado, pois enquanto o poder público paga juros de mercado pelo dinheiro emprestado ele recebe calote dos devedores.

A conta dos jogos está aumentando cada vez. Quando são analisadas as contas Comitê Organizador da Rio-2016, o resultado é estarrecedor, pois não foram pagos os ingressos devolvidos, os fornecedores e nem os trabalhadores que realizaram o evento. Em outras palavras, os pobres brasileiros financiaram uma festa para os ricos que foram convidados pelo governo que colocou o país na maior recessão da sua história. Os membros do governo que foi destituído defenderam e ainda defendem a impressionante concentração de renda a favor dos mais ricos e em detrimento dos mais pobres alegando que nos próximos anos o turismo nacional vai crescer.

Estes mesmos argumentos foram usados para justificar o desperdício de bilhões de reais na realização da copa de futebol de 2014. A pesquisa do ministério do Turismo afirmou que 87,7% dos estrangeiros que acompanharam os jogos tem interesse em voltar ao país. Os artigos “Pós-Copa, hotéis demitem, fecham e viram até clínica médica” (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/07/1788022-pos-copa-hoteis-demitem-fecham-e-viram-ate-clinica-medica.shtml, acessado em 25/10/2016) e “Organização da Copa é bem avaliada por 83% dos estrangeiros” (http://www1.folha.uol.com.br/esporte/folhanacopa/2014/07/1486055-organizacao-da-copa-e-bem-avaliada-por-83-dos-estrangeiros.shtml, acessado em 25/10/2016) mostraram que os turistas não voltaram nos anos seguintes. Foi revelado que o faturamento das operadoras de turismo caiu 7% no ano de 2015 em relação ao ano de 2014 e 7% no primeiro semestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015 (Olimpíada não ajudou agências de turismo, diz entidade, http://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2016/10/1821719-com-a-crise-na-construcao-sobe-exportacao-de-madeira.shtml, acessado em 25/10/2016). A realidade mostrou que os turistas estrangeiros que nos visitaram em 2014 não voltaram para os jogos de 2016.


Os altos índices de turistas pesquisados que afirmaram que pretendem retornar ao Brasil são única e exclusivamente a expressão da simpatia deles com o seu anfitrião. É óbvio que eles responderiam que voltariam. O fato real é que os que vieram para a copa não voltaram para a olimpíada. Em resumo, os dois megaeventos jogaram no lixo o suado imposto pago pelos brasileiros, pois o retorno de investimento alcançado está sendo muito pobre. A conta de bilhões de reais ficou para os brasileiros pagarem.

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Fragilização do Emprego

Em setembro, predominou na pauta dos meus encontros com os empresários e estudantes o tema reforma do emprego no Brasil. Nas conversas, ficou claro que muitos ainda têm uma visão distorcida do emprego e do trabalho no Brasil e que falta compreensão sobre qual será o impacto da indústria 4.0 no emprego e trabalho no nosso país.  A principal distorção que existe na cabeça de uma grande parte dos agentes de mercado sobre o emprego e trabalho é a mistura deles como sinônimo. Recentemente eu li no blog de uma de uma das principais empresas evangelizadoras em recursos humanos no Brasil que as empresas exponenciais são organizadas por projetos e no mesmo texto o autor destacou uma pesquisa falando de milhões de oportunidades que serão geradas entre o ano de 2010 e 2020 para os profissionais que trabalham por projetos.

Infelizmente, o artigo reforça o grave erro de interpretação que muitos estão cometendo sobre o que vem acontecendo no mercado de emprego e trabalho internacional e brasileiro. As empresas exponenciais não estão gerando oportunidades de trabalho por projeto. Elas estão na realidade gerando oportunidades de trabalho por atividade. O que eu quero dizer com isto?

Estas empresas mantém um corpo de empregados que são o núcleo do planejamento corporativo. Este núcleo são o que podemos chamar de empregados. Estas pessoas que estão dedicando a sua carreira profissional para que a empresa alcance o seu Massive Transformative Purpose (MTP) planejam os projetos da organização. Os empregados da firma desdobram o planejamento em atividades e toda a vez que uma atividade necessita de recursos humanos para a sua execução eles contratam as pessoas para realizar aquela ação específica. Normalmente as empresas buscam estes recursos nos portais como Gigwalk (http://www.gigwalk.com/, acessado em 24/10/2016).

As contratações duram apenas o período de duração da atividade, por exemplo, a demonstração de um produto em todos os supermercados da zona sul da cidade de São Paulo durante um final de semana. É fácil perceber que é uma contratação por atividade e não por projeto. O projeto vai demonstrar o produto em todos os supermercados da cidade de São Paulo e vai durar alguns meses.

A pesquisa “PMI’s INDUSTRY GROWTH FORECAST” (http://www.pmi.org/-/media/pmi/documents/public/pdf/business-solutions/project-management-skills-gap-report.pdf, acessado em 24/10/2016) afirmou que serão gerados aproximadamente 16 milhões de novos papeis ano no gerenciamento de projetos entre 2010 e 2020. Para os que entenderam a base de dados da pesquisa fica claro que serão geradas 16 milhões novas atividades e não 16 milhões de novas oportunidades de trabalho. Os profissionais atuam em uma das atividades do projeto. A duração do projeto é muito maior do que a duração da participação do profissional.

Felizmente, foi possível esclarecer os grupos de estudantes e empresários estas diferenças. Pode parecer que é uma mera questão de semântica, mas não é. A diferença numérica do equilíbrio da oferta e demanda por profissionais é muito grande e pode gerar uma legião de desempregados altamente qualificados por excesso da oferta de mão de obra. Os agentes de mercado têm que ser responsáveis, claros e objetivos e manter os estudantes e empresários corretamente informados dos fatos. Quando o assunto Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) entrou pauta, todos os presentes elevaram o nível da sua excitação. Muitos ataques e defesas sobre a CLT foram realizados com base em suposições, intuições e emoções.

Em função dos aspectos emocionais, eu resolvi trazer os números para o debate. O Brasil tem cerca de 200 milhões de habitantes (Brasil tem mais de 204 milhões de habitantes, diz IBGE, http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/08/28/brasil-tem-mais-de-204-milhoes-de-habitantes-diz-ibge.htm, acessado em 24/10/2016). Destes 204 milhões de habitantes, 166 milhões de pessoas estão em idade de trabalho (Com alto índice de desemprego, Brasil joga fora o seu futuro, http://www1.folha.uol.com.br/colunas/antoniodelfim/2016/10/1819886-com-alto-indice-de-desemprego-brasil-joga-fora-o-seu-futuro.shtml?mobile, acessado em 24/10/2014).

Dos que estão em idade de trabalho, 64 milhões não trabalham e nem estudam, ou seja, desistiram de procurar trabalho por causa da falta estrutural de emprego. Portanto a força de trabalho é de 102 milhões de pessoas. Em setembro de 2016, o Brasil apresentou o cenário onde 90 milhões estão empregados e 12 milhões estão desempregados (total 102 milhões). Dos 90 milhões que estão empregados o Brasil registrou no final do ano de 2015 48,06 milhões de empregos com carteira assinada (Brasil perdeu 1,5 milhão de vagas com carteira assinada em 2015, pior marca em 31 anos, http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/09/1813988-brasil-perdeu-15-milhao-de-vagas-com-carteira-assinada-em-2015-pior-marca-em-31-anos.shtml?mobile, acessado em 24/10/1016). Ou seja, os 48,06 milhões entre 166 milhões de pessoas estão em idade de trabalhar tem empregos CLT representam apenas 28,95% dos empregos.

Em outras palavras, a reforma da CLT com precarização do trabalho já ocorreu. Querer discutir “nenhum direito a menos” como as pessoas que destruíram o país querem discutir insanamente através de manifestações e distúrbios é algo sem nexo algum. As tolices defendidas pelos setores atrasados da sociedade brasileira e a ausência de conversas concretas sobre o emprego e trabalho no Brasil geraram a pior reforma possível da CLT no país. Ela ocorreu de forma arbitrária com a perda de todos os direitos para aproximadamente 120 milhões de pessoas. Os 48 milhões que ainda tem empregos CLT são privilegiados e estão sob enorme ameaça.

Em poucos anos, as atuais posturas vão nos levar para a extinção na prática da CLT. A recente greve dos bancários (Greve dos bancários é encerrada em todo o País, http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego/2016/10/greve-dos-bancarios-e-encerrada-em-todo-o-pais, acessado em 24/10/2016) mostrou aos patrões que o seu impacto no dia a dia da população foi pequeno. O crescimento dos bancos virtuais como o Nubank (Diferente de tudo que você já viu. Conheça o Nubank, https://www.nubank.com.br/, acessado em 24/10/2016) vem mostrando que os computadores já estão substituindo o trabalho realizado pelos bancários aqui no Brasil.

É preciso urgentemente rever os posicionamentos atuais e olhar com seriedade para o futuro do emprego e trabalho. O artigo “Bloqueio à internet no Brasil custou R$ 360 milhões” (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2016/10/1825554-bloqueio-a-internet-no-brasil-custou-r-360-milhoes.shtml, acessado em 24/10/2016) revelou o tamanho da perda que o Brasil teve com o bloqueio de serviços de valor agregado de internet. Foram 300 milhões de reais jogados no lixo. É a hora de repensar a CLT em face do mundo existente em 2016 para que ela comporte as novas formas de trabalho. O mundo mudou. Precisamos inclusive regulamentar como seria a exportação do trabalho para pessoas que estão fisicamente no Brasil.

É preciso que a questão do emprego e trabalho deixe de ser tratada como uma retórica teórica defendida com unhas e dentes através de manifestações na avenida Paulista e greves e vire uma solução real para os 166 milhões de brasileiros que estão em idade de trabalho. A realização da pior reforma trabalhista do mundo exige uma nova postura dos brasileiros. É preciso, por exemplo, cortar o acesso de fraudadores ao mercado de trabalho. Não existe maior fragilização do emprego do que um trabalhador ter que ler um roteiro mentiroso para os clientes para proteger a incompetência do seu empregador. Isto é humilhante.

Recentemente, eu entrei em contato com o atendimento de uma operadora de telefonia celular por causa da ativação de um serviço não solicitado e autorizado. Diante da minha afirmação sobre a ativação de um serviço não autorizado e solicitação e que não queria gastar o meu cancelando serviços que não solicitei (era caso recorrente), a atendente insistiu em afirmar que são ativados apenas os serviços solicitados pelos clientes. Em momento algum ela apresentou uma prova da afirmação que ela leu no seu roteiro de atendimento. Apenas leu um texto que estava em clara oposição ao fato relatado. Ela não apresentou nada que comprovasse a afirmação dela. Nem mesmo, a constatação do fato que o serviço nunca foi utilizado foi capaz de mudar a postura da atendente. Em qualquer lugar quem contrata um serviço, utiliza este serviço em algum momento. Quando um cliente que afirmou que não contratou um serviço, apresenta zero de utilização do mesmo, o bom senso deveria fazer que a atendente escale o assunto para o departamento de combate às fraudes e não mais repita um roteiro.


Eu não consigo enxergar maior fragilização do emprego do que um funcionário não poder falar a verdade para o consumidor para encobrir a incompetência do seu patrão. É preciso tratar deste tema com a devida seriedade na reforma da CLT.