quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Jogos Olímpicos Rio 2016

As boas práticas de gestão enfatizam as virtudes da avaliação dos resultados alcançados com os projetos realizados. A Olimpíada realizada no Rio de Janeiro em 2016 foi avaliada de forma positiva por muitos na impressa nacional e internacional. Todas as análises focaram na beleza plástica do evento. No caso da impressa internacional e dos estrangeiros é normal que a avaliação seja realizada nesta dimensão (fonte: A aprovação basta para dizer que os megaeventos foram bem-sucedidos?, http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/2016/10/1825327-a-aprovacao-basta-para-dizer-que-os-megaeventos-foram-bem-sucedidos.shtml, acessado em 25/10/2016). Os estrangeiros não estão preocupados com o valor gasto na festa e com quem vai pagar a conta bilionária. Para eles este assunto é interno ao Brasil.

No entanto, a impressa nacional e os brasileiros devem analisar o evento sob uma outra dimensão. Infelizmente, foram raros os que olharam o evento sob o ponto de vista de quem vai pagar a conta da festa. No meu ponto de vista, o Brasil só deve fazer festas se tiver retorno de investimento. O país é muito pobre e cheio de carências para pagar por festas para pessoas ricas. O artigo “Em fim de gestão, Haddad reduz entrega de leite para crianças” (http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2016/10/1825957-em-fim-de-gestao-haddad-reduz-entrega-de-leite-para-criancas.shtml, acessado em 25/102016) revelou que nem mesmo o leite das crianças está sendo preservado no nosso país.

Eu não consigo entender como um país que gastou dezenas de bilhões de reais na realização da copa do mundo de futebol de 2014 e das olimpíadas de 2016 não tem dinheiro para comprar o leite das crianças ou para pagar os salários dos funcionários e aposentados. Para os que tanto falam complexo de vira-latas e humilhações (fonte: As seleções masculina e feminina precisam acreditar em si, http://www1.folha.uol.com.br/colunas/jucakfouri/2016/08/1803364-as-selecoes-masculina-e-feminina-precisam-acreditar-em-si.shtml, acessado em 25/10/2016), eu não consigo ver nada mais depreciativo do que faltar leite para as crianças. Todo o brilho conquistado pela bela plástica dos jogos olímpicos foi perdido com a divulgação mundial das seguintes notícias (todas acessados em 25/10/2016):

2.    Quebrado, Rio-2016 teve R$ 255 mi da bilheteria bloqueados para pagar Vila, http://rodrigomattos.blogosfera.uol.com.br/2016/10/14/quebrado-rio-2016-teve-r-255-mi-da-bilheteria-bloqueados-para-pagar-vila/
7.    Governo libera R$ 2,9 bi para cobrir gastos com segurança na Rio-2016, http://blogdobrito.blogosfera.uol.com.br/2016/10/26/governo-libera-r-29-bi-para-cobrir-gastos-com-seguranca-na-rio-2016/

No artigo “Medalha de prata” (http://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2016/09/1814954-medalha-de-prata.shtml, acessado em 25/10/2016) foi afirmado que a copa e as olimpíadas custaram R$ 40 bilhões para os cofres públicos em financiamentos subsidiados e em investimentos. Os empréstimos com juros subsidiados concedidos para a iniciativa privada estão sujeitos aos raios e trovoadas como no caso do estádio da abertura da copa de 2014 (“Corinthians parou de pagar o principal do débito em abril de 2016”, fonte: Caixa só aceita dar alívio parcial à dívida da Arena Corinthians, http://rodrigomattos.blogosfera.uol.com.br/2016/10/11/caixa-so-aceita-dar-alivio-parcial-a-divida-da-arena-corinthians/, acessado em 22/10/2016). Ou seja, o custo real do empréstimo é muito maior que o valor anunciado, pois enquanto o poder público paga juros de mercado pelo dinheiro emprestado ele recebe calote dos devedores.

A conta dos jogos está aumentando cada vez. Quando são analisadas as contas Comitê Organizador da Rio-2016, o resultado é estarrecedor, pois não foram pagos os ingressos devolvidos, os fornecedores e nem os trabalhadores que realizaram o evento. Em outras palavras, os pobres brasileiros financiaram uma festa para os ricos que foram convidados pelo governo que colocou o país na maior recessão da sua história. Os membros do governo que foi destituído defenderam e ainda defendem a impressionante concentração de renda a favor dos mais ricos e em detrimento dos mais pobres alegando que nos próximos anos o turismo nacional vai crescer.

Estes mesmos argumentos foram usados para justificar o desperdício de bilhões de reais na realização da copa de futebol de 2014. A pesquisa do ministério do Turismo afirmou que 87,7% dos estrangeiros que acompanharam os jogos tem interesse em voltar ao país. Os artigos “Pós-Copa, hotéis demitem, fecham e viram até clínica médica” (http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2016/07/1788022-pos-copa-hoteis-demitem-fecham-e-viram-ate-clinica-medica.shtml, acessado em 25/10/2016) e “Organização da Copa é bem avaliada por 83% dos estrangeiros” (http://www1.folha.uol.com.br/esporte/folhanacopa/2014/07/1486055-organizacao-da-copa-e-bem-avaliada-por-83-dos-estrangeiros.shtml, acessado em 25/10/2016) mostraram que os turistas não voltaram nos anos seguintes. Foi revelado que o faturamento das operadoras de turismo caiu 7% no ano de 2015 em relação ao ano de 2014 e 7% no primeiro semestre de 2016 em relação ao mesmo período de 2015 (Olimpíada não ajudou agências de turismo, diz entidade, http://www1.folha.uol.com.br/colunas/mercadoaberto/2016/10/1821719-com-a-crise-na-construcao-sobe-exportacao-de-madeira.shtml, acessado em 25/10/2016). A realidade mostrou que os turistas estrangeiros que nos visitaram em 2014 não voltaram para os jogos de 2016.


Os altos índices de turistas pesquisados que afirmaram que pretendem retornar ao Brasil são única e exclusivamente a expressão da simpatia deles com o seu anfitrião. É óbvio que eles responderiam que voltariam. O fato real é que os que vieram para a copa não voltaram para a olimpíada. Em resumo, os dois megaeventos jogaram no lixo o suado imposto pago pelos brasileiros, pois o retorno de investimento alcançado está sendo muito pobre. A conta de bilhões de reais ficou para os brasileiros pagarem.

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