terça-feira, 29 de outubro de 2013

O datacenter é nosso. Com brasileiro não há quem possa.


Na última semana de Outubro de 2013 a Câmara dos deputados deve iniciar a votação do marco civil da internet. Depois do Snowden foi incluído no projeto um dispositivo para que os dados dos brasileiros sejam armazenados no Brasil. Foi revelado que o deputado federal Molon afirmou no dia 18 de setembro de 2013 que o governo do PT pretende obrigar o armazenamento dos dados dos brasileiros no Brasil pelas grandes empresas multinacionais de internet porque essa é a única língua que os Estados Unidos entendem (Relator do Marco Civil da Internet defende pressão financeira contra espionagem, http://www1.folha.uol.com.br/poder/poderepolitica/2013/09/1343807-entrevista-com-alessandro-molon.shtml, acessado em 29/10/2013).

Grandes empresas de redes sociais como Google, Facebook, LinkedIn e etc. serão afetadas com a medida, pois poderão ser obrigadas a construírem no Brasil datacenters. Em função da pressão contra as inconsistências da justificação, foi criada uma nova interpretação para justificar a medida polemica.  A argumentação da necessidade de segurança jurídica para o armazenamento dos dados dos brasileiros no Brasil (foi revelado que os partidários da exigência da instalação de centros de dados dentro do país entendem que é a forma de fazer com que as grandes empresas internacionais de internet cumpram a legislação nacional. Fonte: Com marco civil, governo vai insistir em armazenamento local de dados da internet, http://tecnologia.uol.com.br/noticias/reuters/2013/10/28/governo-vai-insistir-em-armazenar-dados-da-internet-localmente.htm, acessado em 29/10/2013) cai por terra quando olhamos as argumentações utilizadas pelo grupo de artistas “Procure Saber” para querer a censura nas biografias no Brasil.

Os artistas do grupo “Procure Saber” justificam a sua solicitação de manutenção da censura das biografias não autorizadas pela demora da justiça brasileira em julgar e condenar as inverdades que eventualmente fossem publicadas. Qual o sentido de postular mais uma atribuição para uma justiça brasileira que é extraordinariamente lenta?  Lembro que a clara inconstitucionalidade do plano Collor do começo dos anos 1990 não foi julgada pelo Supremo em 2013.

A base governista ainda não entendeu que a ausência destes datacenters no Brasil está relacionada com a fraca competitividade e produtividade nacional. Foi revelado que na opinião da Brasscom, o mercado de datacenters no Brasil vai crescer naturalmente pela evolução da competitividade (Armazenamento local de dados: a nova batalha no Marco Civil, http://idgnow.uol.com.br/blog/circuito/2013/10/25/armazenamento-local-de-dados-a-nova-batalha-no-marco-civil/, acessado em 29/10/2013).

O Brasil perdeu para o Chile o primeiro datacenter da empresa Google na América Latina por estes dois motivos.  Claramente o ambiente de negócios nacional é uma barreira para a indústria do conhecimento.  Foi revelado que o Calegari afirmou que o mercado chileno de tecnologia de informações é bem mais maduro que o brasileiro (Google escolhe Chile para seu primeiro data center na América Latina, http://computerworld.uol.com.br/tecnologia/2012/09/06/google-escolhe-chile-para-seu-primeiro-data-center-na-america-latina/, acessado em 29/10/2013).

É muito fácil observar este fenômeno na comparação entre a indústria de manufatura automotiva e a do conhecimento. Tanto para datacenter como para automóveis a indústria enfrenta problemas de impostos elevados e outras barreiras tributárias do Brasil em relação ao Chile. No entanto, estas limitações não impediram que os gigantes do setor automobilístico como a Mercedes escolhessem o Brasil para as suas fábricas.  Estas empresas fizeram tal escolha porque elas podem automatizar todos os processos e usar a mão de obra nacional apenas para as atividades operacionais.

No caso do datacenter a mão de obra precisa gerenciar a estrutura com conhecimento e inteligência para que os serviços oferecidos sejam de alta qualidade dentro do padrão mundial de empresas como a Google. A grande vantagem do Chile é que ele conta com engenharia forte e qualificados profissionais de TIC. O Brasil com engenharia moribunda e foco em certificados elementares não é competitivo em termos de qualificação. Este é o real motivo pelo qual as grandes empresas de redes sociais são resistentes em instalar um datacenter no território nacional.  Elas sabem com clareza das limitações da qualificação da mão de obra nacional.

A Câmara deveria olhar holisticamente o fenômeno e fazer as mudanças necessárias na indústria brasileira de educação.  As empresas como Facebook, Google LinkedIn e etc. vão em função da fraca competitividade e produtividade do setor de TI nacional escolher fechar a sua representação no Brasil e operar no seu modo inicial aqui no Brasil.  Foi revelado que o Garotinho disse que o Magrani afirmou que a exigência de armazenamento dos dados no país inviabiliza a operação atual do Facebook no Brasil (Facebook teme mudanças na lei, diz deputado Anthony Garotinho, http://www1.folha.uol.com.br/poder/2013/10/1361363-facebook-teme-mudancas-na-lei-diz-deputado-anthony-garotinho.shtml, acessado em 29/10/2013).

Para as grandes empresas de internet a mudança para o modo sem escritório de representação não é tão grande assim. É bastante claro que o grande perdedor desta disputa será o brasileiro. A Brasscom e a camara-e.net entendem que a obrigatoriedade no armazenamento dos dados dos brasileiros no Brasil impactará negativamente a competitividade do país durante algumas décadas (Armazenamento local de dados: a nova batalha no Marco Civil, http://idgnow.uol.com.br/blog/circuito/2013/10/25/armazenamento-local-de-dados-a-nova-batalha-no-marco-civil/, acessado em 29/10/2013).

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