quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Custo marginal zero

Existe um aspecto que é pouco comentado e percebido na era dos aplicativos, mas é fundamental para explicar porque o seu crescimento foi catapultado. Na era do conhecimento o custo marginal da entrega de uma segunda unidade de um software é praticamente zero. As entregas do Windows 10 sem custo para os clientes de Windows 7 e 8.1 são o melhor exemplo do custo marginal zero. A Microsoft está atualizando os computadores com Windows 7 e 8.1 para o novo sistema operacional sem a necessidade de comprar uma nova licença de sistema operacional.

Ela não está fazendo isto por bondade, a Microsoft faz porque o seu custo marginal destas entregas é zero. Os novos computadores e equipamentos com Windows 10 tem embutido no seu preço o custo da licença do sistema operacional. Na prática, os fornecedores da era dos aplicativos estão fazendo as contas e descobrindo como ganhar mais dinheiro e mercado. No caso do Windows, a atualização oferece uma oportunidade rara para a Microsoft. Em primeiro lugar ela faz com que os usuários (na maioria satisfeitos) do Windows 7 migrem para a nova versão e instalem nos seus computadores a loja virtual de aplicativos da Microsoft. Por ser uma base de usuários grande e por eles estarem satisfeitos com os recursos do Windows 7, um processo migratório natural levaria anos. A oferta de migração vai reduzir enormemente este prazo.

Estes usuários que já estavam satisfeitos com a plataforma Microsoft tem agora à sua disposição uma loja onde o fabricante vai poder oferecer uma enorme quantidade de aplicativos com custo marginal zero ou seja lucro marginal enorme. Ao contrário do ambiente Windows 7 onde a Microsoft precisava de uma estrutura física com custo marginal elevado e lucro marginal pequeno para vender seus aplicativos, ela pode com o Windows 10 vender os mesmos aplicativos com custo marginal zero e lucro marginal elevado.

No Windows 10, a Microsoft fez algo que era impensável para ela até poucos dias atrás. Ao introduzir na nova versão do sistema operacional a atualização automática, a Microsoft resolve um problema grave que ela convive por décadas. Com uma base padronizada, acabam os problemas de compatibilidade com diversos níveis de atualização do sistema operacional. Os aplicativos tinham que ser desenvolvidos para funcionar com diversos níveis de atualização do sistema operacional. Sempre foi um desenvolvimento caro e complexo. Com o sistema de atualização automática obrigatória existe uma enorme redução da complexidade e do respectivo do desenvolvimento de aplicativos no Windows 10.


Os antigos problemas de compatibilidade são eliminados. Os seus respectivos custos também. Não é difícil perceber que a atualização gratuita não é uma bondade da Microsoft, ela é uma estratégia que explora os benefícios do custo marginal zero do software. Existem milhares de outros exemplos de custo marginal zero na era dos aplicativos. O mais clássico é o do Smartphone onde o mesmo hardware combinado com os vários sensores muda completamente a funcionalidade do aparelho. Um software de fotografia faz do Smartphone uma máquina fotográfica, uma aplicação de temperatura torna o aparelho em um termômetro e assim sucessivamente. Cada um dos softwares tem custo marginal zero e produz lucro marginal elevado. As televisões inteligentes conectadas são outro exemplo de equipamentos da era do conhecimento. Hoje em dia é possível encontrar uma gama enorme de equipamentos desta linha. São geladeiras, carros, lâmpadas, máquinas de lavar e secar, elevadores, colheitadeiras, aviões e etc. Por incrível que possa parecer, o BNDES não está incentivando explicitamente nenhum projeto da economia dos aplicativos que é o setor de maior lucratividade da economia mundial em 2015. Para um pais em crise que só fala em aumentar a sua carga tributária que já supera 40% do PIB é o que podemos chamar de estratégia sem lógica com enorme desconforto cerebral.

Nenhum comentário:

Postar um comentário