quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Bob, a terceirização é uma solução ou um problema?

"A gente procurou o pessoal do banco, que falou: 'Não, lá não tem como isso ocorrer'. A gente pediu uma vistoria e eles detectaram uma rachadura em um dos cofres, que seria o alvo da quadrilha", diz o delegado. "A gente acredita que possa ter algum [envolvimento de funcionário] terceirizado, prestador de serviço do banco. Isso a gente vai saber no decorrer das investigações."
Fonte: Polícia apura ação de engenheiro em túnel que levaria a cofre com R$ 1 bi, http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2017/10/1923899-policia-investiga-participacao-de-engenheiro-na-escavacao-de-tunel.shtml, acessado 04/10/2017.

Os almoços com o Bob são marcados por dois momentos agradáveis. O primeiro é a companhia e o segundo é ver ele pagando a conta. Em um dos almoços ocorreu um episódio desagradável. O cartão de crédito do Bob foi clonado e saíram fazendo despesas milionárias em nome dele sem o seu conhecimento e autorização.

O Bob não gosta de falar no assunto, mas eu acredito que após mais de um ano do acontecimento que o mesmo tenha sido resolvido satisfatoriamente e com justiça.

Como o processo de clonagem do cartão me intrigava devido ao grande número de componentes de segurança como senha chip e chaves criptográficas eu explorei um pouco o assunto. O Bob criou a teoria de que maquininha estava adulterada e que ele foi gravado digitando a senha pela câmera de segurança do shopping.

Confesso que esta versão não me parecia verossímil, por isto fui buscar nos meus contatos com os bancos quem poderia me oferecer uma explicação sobre o que ocorreu.

Em uma conversa sobre terceirização e segurança eu descobri diversas pistas sobre como é feita a clonagem do cartão de crédito. Existem várias maquininhas que são atualizadas por um terceiro através da sua conexão com um computador e um software do fabricante. Em outras palavras basta contaminar o computador para iniciar o processo de clonagem. Neste caso a maquinha é atualizada com uma versão corrompida do seu firmware e as proteções por criptografia são superadas. Até mesmo a senha digitada pelo cliente é enviada por wi-fi para o fraudador. Fonte: Brasil lidera clonagem de cartões em pontos de vendas na América Latina, http://computerworld.com.br/brasil-lidera-clonagem-de-cartoes-em-pontos-de-vendas-na-america-latina, acessado em 18/09/2017.

Vários especialistas afirmaram que os terceiros contratados estão agindo em comum acordo com os fraudadores (“Ou o criminoso tem acesso ao computador em que ocorre a transação ou, se passando por um representante legítimo de máquinas de cartão, faz a troca das maquininhas por outras adulteradas.”, Criminosos no Brasil celebram clonagem de cartão com funk no YouTube, https://www.techtudo.com.br/noticias/2017/09/criminosos-no-brasil-celebram-clonagem-de-cartao-com-funk-no-youtube.ghtml, acessado em 18/09/2017). Será que a terceirização é uma solução neste caso ou será que é um problema?

Os baixos salários pagos pela terceirização (isto não significa que os salários pagos dentro da CLT são elevados ou até mesmo adequados) estão permitindo que uma parte importante da cadeia produtiva do dinheiro em plástico fique exposta as tentações prometidas pelo crime organizado.

Recentemente a rede magazines Luiza afirmou que abrirá lojas no estado do rio de janeiro por causa da elevada criminalidade (Magazine Luiza vai abrir 60 lojas em 2017, mas descarta RJ por violência, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/09/1917763-magazine-luiza-vai-abrir-60-lojas-em-2017-mas-descarta-rj-por-violencia.shtml?mobile, acessado em 18/09/2017). Decisões como esta impactam tanto o emprego como o PIB do Brasil.

Existem diversas razões para que juízes tenham diversos benefícios extraordinários em relação aos demais trabalhadores. Uma delas é o objetivo dos juízes não serem facilmente seduzidos pelas ofertas do crime organizado.

É preciso pensar a terceirização de forma estratégica antes que bilhões de reais sejam perdidos por causa de fraudes. A falta de segurança corporativa gera prejuízos bilionários que são pagos pelos consumidores brasileiros (“O custo médio da violação de dados no Brasil atingiu a casa dos R$ 4,31 milhões para as organizações”, Qual o custo da violação de dados no Brasil?, http://www.securityreport.com.br/destaques/qual-o-custo-da-violacao-de-dados-no-brasil-2/, acessado em 18/09/2017). Os números crescem ano após ano. É preciso estancar esta sangria inútil para o bem da economia nacional.

Um comentário:

  1. Eo caso do Facebook Mansur, poderia escrever algo sobre o assunto? Abraços Anderosn

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