quarta-feira, 13 de agosto de 2025

Industria dos golpes digitais no Brasil

A indústria dos golpes digitais no Brasil tem crescido significativamente. Em 2024, os estelionatos bateram um novo recorde, com 2,16 milhões de casos registrados, o que equivale a 247 golpes por hora. Em 2018, ocorreram 430 mil casos de estelionato.

 

A pesquisa Datafolha (Brasil tem 2,2 milhões de golpes e bate recorde, mesmo com queda de roubos de celular, https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2025/07/brasil-tem-21-milhoes-de-golpes-e-bate-recorde-mesmo-com-queda-de-roubos-de-celular.shtml?utm_source=sharenativo&utm_medium=social&utm_campaign=sharenativo, acessado em 13/08/2025), revelou prejuízo para brasileiros de até 186 bilhões de reais entre julho de 2023 e junho de 2024 (lucro dos fraudadores e gastos das vítimas com os golpes digitais).

 

De acordo com a pesquisa DataSenado (Golpes virtuais aumentam e não fazem distinção de idade, https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2025/04/golpes-virtuais-aumentam-e-nao-fazem-distincao-de-idade), 27% das vítimas têm entre 16 e 29 anos, 23% entre 30 e 39 anos, 20% entre 40 e 49 anos, 14% entre 50 e 59 anos e 16% acima de 60 anos.

 

A assimetria das informações ocorre quando uma das partes possui melhores informações do que a outra e ela é explorada pelos golpistas para enganar suas vítimas.

 

A assimetria das informações facilita o “trabalho” dos malfeitores através da falta de conhecimento, do uso de informações pessoais (os painéis da darkweb vendem números de CPF, endereços, dados bancários etc.), da urgência e pressão (criação de senso de urgência, para tomar decisões rápidas sem verificar a veracidade das informações), da falsificação de identidade (golpistas fingem ser autoridades, funcionários de bancos ou empresas conhecidas etc. para ganhar a confiança das vítimas), da desinformação (vítimas acreditam no impossível como investimento com retorno extraordinário ou prêmios inexistentes),

 

Na era dos golpes digitais é essencial que as pessoas e sociedade estejam bem-informadas e tenham enorme cuidado com as solicitações de informações pessoais ou financeiras.

 

Para reduzir a assimetria das informações e a viabilidade dos golpes digitais é preciso: (i) promover campanhas educativas para informar o público sobre os diferentes tipos de golpes e como identificá-los (adoção das boas práticas de segurança digital pelos governos, empresas e pessoas), (ii) utilizar tecnologias avançadas de segurança como autenticação de dois fatores, criptografia, sistemas inteligentes de detecção de fraudes etc., (iii) aumentar enormemente o nível de transparência das empresas sobre a coleta, armazenamento e utilização dos dados dos clientes, (iv) implementar leis e regulamentações que protejam os consumidores contra fraudes digitais (penalidades severas para os golpistas e vazamentos de dados e introdução de mecanismos de compensação dos prejuízos das vítimas), (v) incentivar a colaboração entre empresas, governos, organizações e pessoas para desenvolver estratégias de combate aos golpes digitais e (vi) estabelecimento de sistemas de monitoramento contínuo para detectar atividades suspeitas e introdução de mecanismo inteligente de resposta rápida as ameaças.

quarta-feira, 6 de agosto de 2025

Fator humano

Foi revelado pela Febraban que em 2023, os bancos investiram aproximadamente 4,5 bilhões de reais em cibersegurança para impedir os golpes e as fraudes bancárias.

 

Estamos falando de investimentos bilhões de reais que crescem ano após ano e não estão sendo efetivos contra os ataques mais óbvios ao sistema financeiro nacional.

 

O artigo “Homem é preso após desviar R$ 106 milhões com dados de gerentes de banco” (https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/nordeste/ma/homem-e-preso-apos-desviar-r-106-milhoes-com-dados-de-gerentes-de-banco/, acessado em 06/08/2025) revelou mais um caso em que os malfeitores usaram as credenciais de um funcionário (neste caso dois gerentes de uma agência bancária) para fazer transferências fraudulentas.

 

No começo de julho de 2025, um golpista transferiu mais de 500 milhões de reais dos bancos usando a senha de um funcionário da empresa C&M Software.

 

Na Febraban Tech de 2025 um painel discutiu a importância da força de trabalho para a cibersegurança.

 

Infelizmente ainda não foi percebido pelo mercado que a força de trabalho que deve estar envolvida com a cibersegurança não é apenas os colaboradores da organização de tecnologia.

 

É o fator humano, ou seja, todos os funcionários formando um pilar robusto e coeso da estrutura da segurança digital do banco. Atualmente, temos diversos buracos na cibersegurança começando nas senhas.

 

As senhas mais usadas no Brasil são "123456", "123456789" e "brasil", ou em outras palavras, muitos funcionários das empresas não dão a mínima bola para a segurança digital e para as consequências dos ataques.

 

É comum encontrar no mercado nacional, casos de carteiradas de diretores, presidentes, gerentes etc. exigindo atendimento prioritário para assuntos banais ou para trocas de senhas impedindo assim o trabalho da central de atendimento em questões mais importantes de segurança.

 

Também é comum encontrar situações em que os clientes relataram problemas de segurança e eles foram completamente ignorados pelas organizações.

 

Não adianta nada investir anualmente e de forma crescente bilhões de reais em soluções de segurança digital e investir pouco ou nada em treinamentos e mecanismos de seleção e recrutamento de funcionários.

 

Os fatos recentes e mais antigos revelam que é o fator humano o grande responsável pelas falhas de segurança, desvios de dinheiro etc.

 

Baixos salários tornam viável  a compra de credenciais pelos criminosos por valores insignificantes em relação ao potencial de desvio de dinheiro.