quarta-feira, 29 de março de 2023

Eu digital

Durante a pandemia do novo coronavírus sugiram diversos evangelistas sobre o trabalho remoto e mais recentemente sobre a inteligência artificial.

 

No caso do trabalho remoto, os profetas explicitaram diversos exemplos, diversas dificuldades etc. e alertaram que era uma onda passageira e sem grandes benefícios.

 

O trabalho remoto nos Estados Unidos, gerou um aumento da produtividade do trabalho de 4,4% em 2020 e de 2,2% em 2021. São benefícios bem eloquentes.

 

Mais recentemente, diante da onda da inteligência artificial generativa, os mesmos evangelizadores vaticinaram sobre o exagero da repercussão do ChatGPT.

 

Para justificar o exagero, o evangelizador usou como âncora argumentativa uma tecnologia de inteligência artificial que já prestou serviços extremamente relevantes, mas que está no final do seu ciclo de vida.

 

É uma linha de argumentação bastante claudicante diante dos fatos e dados do mercado.

 

A inteligência artificial generativa está impactando diversos setores da atividade humana. Um setor que est[a sendo fortemente impactado é a central de atendimento dos clientes e usuários.

 

Por causa do impacto iminente, é preciso detalhar de onde vem os ventos de mudanças e para onde eles estão nos levando.

 

É muito comum ter na central de atendimento um ou outro profissional com capacidades e habilidades diferenciadas em relação aos demais.

 

Em alguns casos, este profissional é o fundador da empresa, em outros é um vendedor e assim sucessivamente.

 

A IA permite a criação de uma versão digital de uma pessoa através das respostas de milhares de perguntas.

 

Perguntas sobre os relacionamentos, comidas, experiencias, escolaridade, atividades profissionais, hobbies, preferências etc. definem o seu “eu digital”.

 

O robô classifica, categoriza e organiza todas as informações sobre a infância, os relacionamentos, a personalidade, as conquistas, as preferencias etc. para criar a versão digital da pessoa.

 

O sistema inteligente também captura as informações armazenadas nas redes sociais.

 

O “eu real”, treina a IA com fotos, vídeos, áudios, documentos etc. para aperfeiçoar o seu “eu digital”.

 

O dono de um estabelecimento comercial, pode usar o seu “eu digital” para atender os clientes em diversas lojas.

 

Um vendedor famoso pode criar um “eu digital” e “alugar” para diversas lojas, restaurantes etc.

 

Em outras palavras, existem diversos usos para o “eu digital” no que foi batizado por um especialista do mercado de central de serviços de “atendimento genial”.

 

Pessoas famosas como o Silvio Santos ou o Ciro Bottini do Shoptime ou outros podem criar um “eu digital” e alugar o robô para o varejo, por exemplo.

quarta-feira, 15 de março de 2023

Cabelo branco? Essa não.

Vídeo de universitárias de SP debochando de colega por ter '40 anos' viraliza e gera indignação, https://g1.globo.com/sp/bauru-marilia/noticia/2023/03/11/video-de-universitarias-de-sp-debochando-de-colega-por-ter-40-anos-viraliza-e-gera-indignacao.ghtml, acessado em 15/03/2023.

 

Apesar da grande quantidade de exemplos da importância da experiência no mercado profissional, muitos brasileiros continuam apresentado o viés etarismo nas suas decisões.

 

A frases das universitárias revelam a extrema dificuldade de algumas pessoas entenderam a realidade do funcionamento do mercado na primeira metade da segunda década do século XXI.

 

É mais do que redundante citar que as melhores ideias das BigTechs vieram de pessoas com mais de 40 anos de idade. A bibliografia do Jobs e de outros está disponível para todos.

 

O Brasil tem problemas do viés do etarismo há muito tempo.

 

O resultado gerado pelas empresas de tecnologia nacionais é pobre. Muitas dependem de incentivos fiscais para sobreviver e a maioria é incapaz de competir no mercado mundial.

 

É fato que existe um ou outra exceção aqui e ali.

 

Os resultados pífios da economia nacional são consistentes desde os anos 1980s.

 

São mais de quarenta anos em que diversos vieses inadequados estão presentes nas contratações de profissionais.

 

O que foi dito no artigo mencionado acima não é a opinião de uma ou duas pessoas, existem milhares de brasileiros que pensam que pessoas acima de 40 anos não sabem usar um motor de busca de internet.

 

Talentos preciosos geradores de lucro estão sendo perdidos por conta de preconceitos inconsistentes.

 

Espero que um dia a sociedade brasileira entenda que todas as pessoas de todas as idades são capazes de usar as tecnologias disponíveis.     

 

 

sexta-feira, 3 de março de 2023

Inteligência artificial nos jogos

Os personagens dos jogos de sucesso são em geral criações computacionais de monstros, parceiros, coadjuvantes etc.

 

Ainda hoje, são raros os casos em que os personagens dos jogos têm personalidade.

 

Na prática, eles são um “objeto animado” que acompanha o jogador na jornada em busca da recompensa.

 

A inteligência artificial está transformando os seres animados desinteressantes em seres com personalidades que dialogam com o jogador e redefinem a experiência do usuário.

 

Os jogadores podem perguntar para os seus acompanhantes dicas sobre as recompensas e como derrotar os seus oponentes em uma determinada fase do jogo.

 

As conversas em linguagem natural com os acompanhantes da jornada melhoram a qualidade das interações no jogo, aumenta o realismo da jornada e criam um nível elevado de interatividade contínua do jogador com o universo digital.

 

A natureza da relação estabelecida entre o jogador com a inteligência artificial mudou radicalmente com a linguagem natural.

 

O relacionamento entre o jogador e a inteligência artificial não é uma via de mão única, pois existem princípios que norteiam as reações entre as partes.

 

Ao enxergar uma criação digital com a mesma lente que o jogador enxerga as relações humanas os valores éticos e morais entram no jogo.

 

Os vieses comportamentais dos acompanhantes estão presentes na jornada e gerarão uma percepção de atitude com base no padrão de julgamento do usuário.

 

Por causa deste fenômeno, é preciso debater os estudos realizados sobre o comportamento das pessoas nos jogos eletrônicos em que elas atuam acompanhadas por uma inteligência artificial.

 

Um personagem inteligente com viés violento e de desrespeito às leis pode influenciar o comportamento futuro de um jogador adolescente ou de uma criança ou de um adulto?

 

É preciso mapear as semelhanças e diferenças nos comportamentos entre as máquinas e as pessoas para entender as bases cognitivas da autoridade, justiça, lealdade etc.

 

Os jogos que envolvem danos materiais e violência física precisam trabalhar as réguas morais e éticas dos seres humanos.

 

É válido que em um jogo um ser humano atire, mate, destrua etc. os seus oponentes.

 

No entanto será que valido que a inteligência artificial que acompanha o jogador na jornada incentive e aplauda este comportamento?

 

A IA é capaz de induzir uma percepção análoga a um relacionamento humano e por isto os processos intelectuais envolvidos precisam estimular os valores éticos e morais e inibir os comportamentos inadequados.

 

Já existem alguns casos de envolvimento afetivo entre um humano e uma inteligência artificial de entretenimento, por isto, é preciso que estas relações em linguagem natural sejam norteadas por bons princípios éticos.