quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Impactos do home office – parte 2

 Desvantagens do trabalho remoto

 

Quarentena. Existem diversos funcionários que são egocêntricos. Durante o trabalho remoto eles não estão sob o holofote das luzes da fama e não mais recebem em público os elogios sobre o trabalho realizado, por isto o isolamento social afetou muito o humor de alguns funcionários e líderes. Acabaram as conversas de bebedouro e café sobre as conquistas e os autoelogios.

 

Incompatíveis com o trabalho em casa. Nem todos tem a disponibilidade de um espaço perfeito para trabalhar em casa. Existem casos em que não existe um espaço físico disponível para virar uma área de trabalho eficaz e organizada, ou seja, estes colaboradores não conseguem estabelecer um arranjo de trabalho propício para a concentração total. São situações em que a produtividade do funcionário cai com o trabalho remoto.

 

Funcionários não são ilhas excelência e de produtividade. Nem todos os colaboradores são capazes de trabalhar de forma autônoma com integração com o time. Existem funcionários que não conseguem se auto-organizar com eficiência.

 

Perda da produtividade. O trabalho remoto pode levar para a situação de perda da produtividade por diversas razões. A personalidade, o caráter e os valores éticos do funcionário impedem que o colaborador tenha um bom desempenho no trabalho remoto. São pessoas que “sugam” o trabalho realizado pelos colegas no ambiente presencial. Em geral, são pessoas que vivem procrastinando as suas atividades e facilmente são distraídos pelo meio ambiente. São profissionais que lutam com a produtividade.

 

Falhas no entendimento das comunicações eletrônicas. Para algumas pessoas, a ausência de conversas e reuniões presenciais formais e informais impede o entendimento das comunicações digitais (e-mail, chat, mídias sociais etc.)  gerando assim problemas na comunicação.

 

Conclusões:

 

Os profissionais com bom preparo intelectual, cultural e ético estão na maioria dos casos preparados para trabalhar remotamente com ganhos de produtividade. Em fevereiro de 2020, a maioria das empresas não estava preparada para a mudança do trabalho remoto.

 

No entanto é importante destacar neste momento que as novas empresas e as empresas iniciantes já estavam trabalhando com equipes distribuídas para otimizar os custos.

 

Eram os negócios maduros que operavam processos de produção com planejamento prévio e com forte estruturação que estavam despreparados para o trabalho remoto em massa. Algumas destas empresas escolheram caminhos diferentes para o trabalho e por isto vários CNPJs faleceram.

 

Os estudos revelaram que cerca de 60% da força de trabalho das empresas que entregam serviços para os seus clientes têm uma descrição do trabalho que é perfeitamente compatível com o trabalho remoto. O trabalho compatível com o trabalho em casa é aquele que:

 

·        Tem componente de informação

·        É realizado individualmente com integração com as atividades realizadas pela equipe

·        Tem parâmetros claros de avaliação

·        Não exige contato pessoal com os clientes e colaboradores

·        Não é uma atividade que só pode ser feita no local

 

As seguintes categorias são compatíveis com o trabalho remoto:

 

·        Profissionais especialistas na sua área de atuação

·        Central de Serviços

·        Administradores do negócio

·        Engenharia

·        Vendedores

terça-feira, 24 de novembro de 2020

Carrefour de novo? Essa não.

No artigo “Sim. Sim é o emprego” (http://itgovrm.blogspot.com/2019/02/sim-sim-e-o-emprego.html, acessado em 24/11/2020) foi revelado o prejuízo milionário causado pelos pejotinhas em 2018 para o Carrefour.

 

“O caso do segurança pejotizado do Carrefour é típico da falta de compromisso do trabalhador com a empresa (Caso Carrefour: morte de cachorro mobiliza ONGs, famosos e internautas, https://www.metropoles.com/brasil/caso-carrefour-morte-de-cachorro-mobiliza-ongs-famosos-e-internautas). O Carrefour perdeu milhões com o boicote. Toda a perda financeira que ocorreu foi consequência da atuação do seu segurança pejotizado que gerou a motivação do boicote. A perda de produtividade do negócio foi gigantesca.  É fácil perceber que o segurança pejotizado escolheu realizar uma ação de valor agregado nula para o negócio (atacar o cachorro) e ignorou a realização da ação de valor agregado positiva (manter a segurança do hipermercado). Enquanto ele mudava o foco da sua atividade, o local ficou com a sua segurança prejudicada. A produtividade do trabalho do segurança caiu para o negativo com tal decisão”.

 

Em 2020 a atuação dos pejotinhas causou prejuízo bilionário para o Carrefour (“O Carrefour Brasil perdeu R$ 2,16 bilhões em valor de mercado nesta segunda-feira (23), após o assassinato de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos”, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/11/acoes-do-carrefour-caem-mais-de-5-apos-assassinato-de-homem-negro.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail) e também gerou prejuízo para as organizações membros do ecossistema de negócio liderado pelo Carrefour (“'A Empresa Antirracista' foi lançado em novembro e contém entrevista com executivo”, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/11/ediouro-suspende-livro-sobre-racismo-com-presidente-do-carrefour.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail).

 

A falta de comprometimento dos pejotinhas com a empresa pode ser vista nas afirmações do CEO global do Carrefour (“"Meus valores e os valores do Carrefour não compactuam com racismo e violência. Espero que o Grupo Carrefour Brasil se comprometa, além das políticas já implantadas pela empresa", disse ele”, https://www.agronomicafm.com.br/site/noticias/ceo-global-do-carrefour-lamenta-morte-e-cobra-treinamento-de-funcionarios).

 

É mais um entre os milhares de casos em que os pejotinhas causaram prejuízos milhares de vezes maiores que a economia gerada pela terceirização ou quarteirização.

 

Até que os administradores entendam que o modelo de menor custo no curto prazo e maior custo no longo prazo não gera resultados positivos para as empresas, os CNPJs brasileiros continuarão no seu ciclo de colapso (Guedes diz haver quebradeira de empresas no país e defende nova lei de falências, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/11/guedes-diz-haver-quebradeira-de-empresas-no-pais-e-defende-nova-lei-de-falencias.shtml).

quarta-feira, 18 de novembro de 2020

Impactos do home office – parte 1

O trabalho remoto isolado fisicamente dos colegas não foi uma escolha. Foi uma necessidade que precisou ser rapidamente endereçada causada pela pandemia do novo coronavírus.

 

Os trabalhadores e as empresas tiveram que se adaptar a esta nova realidade em 2020.  Diversas pesquisas mergulharam bem fundo na análise de como a pandemia afetou o trabalho remoto.

 

Depois de noves meses de quarentena, distanciamento social e uso de máscaras novos hábitos e costumes foram criados. Mesmo com a vacinação em massa, não é provável que o comportamento das pessoas volte para como ele era antes pandemias.

 

O estilo de vida e o modo de trabalhar mudou e provavelmente as mudanças permanecerão por um bom tempo.

 

Vantagens do trabalho remoto

 

Criação de um novo e melhor ponto de equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. Como a maioria dos empregos está localizada nas grandes cidades, os empregados perdem muito tempo e produtividade nos deslocamentos, nos engarrafamentos e nas filas do transporte coletivo.

 

O trabalho remoto criou a oportunidade para eliminar as perdas e desperdícios dos deslocamentos e os funcionários podem dispor de mais tempo para passar com a família e com a sua casa.

 

Aumento da produtividade e do foco. Apesar das distrações que existem na casa dos funcionários, os estudos revelaram que o nível de concentração no trabalho aumentou. Em casa o profissional tem um nível menor de interrupções do que no escritório. Como consequência o nível de estresse foi menor e as atividades foram realizadas com mais eficiência e com maior velocidade.

 

O menor nível de interrupções externas permitiu a redução dos erros e inexatidões na realização das tarefas. O resultado foi a realização mais rápida e precisa das atividades. O nível dos retrabalhos caiu abruptamente.

 

Crescimento do capital intelectual das empresas. O trabalho remoto ampliou a geografia do emprego. Até a pandemia era possível, mas não era comum a contratação de talentos que moravam longe do escritório da empresa.

 

A regra pós trabalho remoto é recrutar os talentos onde eles estão e usar o home office para aumentar consistentemente o capital intelectual da empresa.

 

Melhoria do gerenciamento dos custos. As grandes e medias empresas podem com o trabalho remoto descentralizar os recursos e economizar milhões de reais em despesas operacionais. Durante a crise econômica causada pela pandemia, as despesas operacionais passaram a ser avaliadas dentro da filosofia orientada ao negócio.

 

O escritório, os equipamentos e as taxas de aluguel passaram a ser traduzidos em termos do valor agregado para a atual situação financeira da empresa.

 

Crescimento da diversidade e da inclusão. As empresas podem com o trabalho remoto recrutar talentos em cidades ou países em que elas não tinham acesso. O processo do recrutamento e seleção ficou mais aberto e impessoal, criando assim um aumento da diversidade cultural e etária e da inclusão dos portadores de necessidades especiais.

quarta-feira, 11 de novembro de 2020

Uberização do trabalho

O Brasil é um país onde uma parte da sociedade está mais interessada em criar polêmicas inúteis do que em resolver os problemas. Infelizmente as polêmicas inúteis são usadas largamente no território nacional para mascarar a falta de capacidade para resolver os problemas.

 

No artigo Vilipêndio dos direitos trabalhistas causada pela uberização é culpa dos algoritmos? (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/11/vilipendio-dos-direitos-trabalhistas-causada-pela-uberizacao-e-culpa-dos-algoritmos.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail, acessado em 11/11/2020), o autor citar fez a seguinte afirmação: "Sua condição “autônoma”, então, é um tanto curiosa: quem define a admissão? Quem determina atividade, preço e tempo das entregas? Quem pressiona, através de incentivos, para a ampliação do tempo de trabalho? Quem pode bloquear e dispensar sumariamente, sem nenhuma explicação? Por certo, não é o “autônomo”.".

 

O Ricardo Antunes apresentou no artigo parâmetros concretos para definir a condição autônoma. Mas será que estes parâmetros realmente funcionam na vida real.

 

Vou tirar por um momento as empresas de aplicativos da equação e vou olhar para é o funcionamento da contratação de serviços no Brasil.

 

Mais da metade das contratações de funcionários pelas empresas no Brasil são feitas por contratos. São os casos das terceirizações, quarteirizações e até quinterizações. Estou falando de um formato de contratação que é utilizado pelas empresas desde 1990.

 

Quem define a admissão?

É a empresa contratante

 

Quem determina atividade, preço e tempo das entregas?

É a empresa contratante

 

Quem pressiona, através de incentivos, para a ampliação do tempo de trabalho?

É a empresa contratante

 

Quem pode bloquear e dispensar sumariamente, sem nenhuma explicação?

É a empresa contratante

 

As respostas são exatamente iguais quer a empresa contratante seja uma empresa sediada no Brasil, quer seja uma terceirizadora que ganhou licitação de serviços para o governo brasileiro, quer seja uma empresa de aplicativos.

 

Estou falando de uma prática amplamente disseminada no Brasil. Direcionar a polêmica da condição autônoma apenas para as empresas de aplicativos é uma tentativa de mascarar o real problema.

 

Quem não gostar das condições oferecidas pelas empresas de aplicativos é só não trabalhar para eles. Se não existir oferta de mão de obra, isto significa que as empresas de aplicativos buscarão por outras alternativas ou sairão do Brasil.

 

Os autônomos aceitam as condições oferecidas, porque eles não conseguem empregos em conformidade com a legislação brasileira.

 

Este é o real problema do Brasil. Faltam empregos. Faltam empregos porque o Brasil não cresce. O Brasil não cresce porque faltam investimentos. Faltam investimentos porque os investidores não confiam no governo brasileiro.

 

Polemizar com as empresas de aplicativos afirmando que a condição autônoma não existe é apenas a criação de um manto de invisibilidade para a condição de trabalho de dezenas de milhões de trabalhadores brasileiros.

 

Se é para ser sério então deve-se considerar a situação de toda a massa de trabalhadores. Se é para ser sério deve-se questionar por que as empresas de aplicativos são majoritariamente estrangeiras.

 

Nada impede que os motoristas da Uber etc. criem uma cooperativa e desenvolvam uma empresa de aplicativos para concorrer no mercado.

 

Tal situação exige apenas capacidade e competência intelectual. Existem milhares de investidores que querem financiar boas iniciativas.