quarta-feira, 10 de julho de 2024

Melhor pergunta melhor resposta

O tema inteligência artificial (IA) está sendo debatido neste exato momento em diversos eventos, congressos, podcasts, artigos, livros, jornais, treinamentos etc.

 

É a primeira vez que vejo uma tecnologia sendo discutida ao mesmo tempo no meio político, empresarial, acadêmico etc.

 

É fato que a inteligência artificial já está presente no dia a dia das pessoas e deixou de ser um assunto restrito para ser um tema de amplo espectro na sociedade brasileira.

 

Mas afinal, o que a tecnologia de inteligência artificial tem de tão diferente das outras tecnologias existentes que também estão presentes no dia a dia das pessoas?

 

O valor agregado e vantagem competitiva são a grande diferença da inteligência artificial em relação as tecnologias anteriores.

 

No começo da introdução do microcomputador nas empresas, os sistemas eram desenvolvidos internamente e geravam vantagens competitivas para as empresas. Sistemas melhores aumentavam a produtividade, reduziam custos e geravam maiores lucros.

 

No começo do século XXI, os sistemas internos foram substituídos por sistemas padronizados como o ERP, BI etc. e com o advento do “as a service” todas as empresas passaram a ter acesso aos mesmos sistemas.

 

Por maior que fosse o esforço de customização dos sistemas, eles não eram mais capazes de gerar vantagens competitivas para as empresas, pois todos os concorrentes tinham acesso aos mesmos sistemas.

 

Neste momento, a vantagem competitiva que estava em ter um sistema digital passou para a qualidade da mão de obra que usava o sistema digital.

 

Ou seja, a vantagem competitiva estava relacionada com a capacidade e habilidade do funcionário em usar o sistema digital, com a qualidade da central de serviços em esclarecer as dúvidas e restaurar o funcionamento do sistema em caso de falhas, com a previsibilidade da disponibilidade da infraestrutura do sistema digital (foi o auge do Cobit, Itil etc.) e com a capacidade da alta administração de perceber o valor da TI no negócio.

 

A padronização dos sistemas digitais gerou vários benefícios para as corporações. A contrapartida dos benefícios foi a criação de limitações de uso pelos funcionários. 

 

Os usuários só tinham a alternativa de seguir o fluxo de trabalho definido e programado no sistema e por isto as vantagens competitivas geradas eram perenes, pois como todos trabalhavam com um fluxo de trabalho muito semelhante e era muito fácil copiar o que os outros competidores estavam fazendo.  

 

Com a pandemia do novo coronavírus, muita coisa mudou (trabalho remoto, comércio eletrônico cresceram exponencialmente) e as empresas entraram no ciclo da transformação digital.

 

A inteligência artificial cresceu em popularidade e penetração durante o auge do ciclo da transformação digital. E ela tem como grande diferença das outras tecnologias a forma como é gerada a vantagem competitiva.

 

Apesar das mesmas soluções de IA estarem disponíveis para todos, a qualidade da resposta depende da qualidade da pergunta. Isto significa que melhores perguntas geram melhores respostas que por sua vez geram vantagens competitivas difíceis de serem copiadas pelos competidores.

 

Usuários bem versados em conhecimentos de português, matemática, história, lógica, “linguagem do negócio” etc. são capazes de formular melhores perguntas para a IA e de fazer a análise analítica das respostas.

 

A geração das vantagens competitivas pela IA é o resultado da qualificação do usuário que está interagindo com ela. É por isto que este assunto entrou na pauta da sociedade brasileira com elevada intensidade.

 

O recente debate “Reescrevendo os modelos de negócios com a IA” (https://www.youtube.com/watch?v=6al82AxpxlE, acessado em 10/07/2024) revela a partir do momento “25 minutos”, a visão do Sérgio Palma da Justa Medeiros sobre a criação de vantagem competitiva usando a IA.

 

A minha única ressalva sobre a visão dele é que não estamos falando de algo que vai acontecer, mas de algo que já aconteceu.

 

Ele advoga a tese de exclusão dos profissionais da organização de tecnologia como ponto focal da IA, porque historicamente estes profissionais não desenvolveram a habilidade de “linguagem do negócio”.

 

Na mesma apresentação (a partir do momento 10:30) é interessante verificar o que foi dito sobre o desempenho superior do cabelo branco como usuário da IA generativa.

 

O “cabelo branco” com elevado conhecimento em português, matemática, história, lógica, “linguagem do negócio” (ver o que foi dito no momento 36:30 do “Reescrevendo os modelos de negócios com a IA”) etc. gera melhores perguntas, captura respostas melhores e é capaz de fazer a análise analítica do resultado para verificar se as respostas são verdadeiras.

 

O artigo “Salários menores, menos vagas e pior para novatos: esse é o novo mercado de tecnologia no Brasil” (https://www.estadao.com.br/link/cultura-digital/salarios-tecnologia-desenvolvedor-programador-brasil-2024/?utm_source=estadao:app&utm_medium=noticia:compartilhamento) revela uma forte mudança no mercado de trabalho dos profissionais de TI.

 

As empresas estão buscando profissionais experientes bem qualificados em diversas áreas do conhecimento humano que falam a “língua do negócio” para resolver os problemas mais complexos da era da imprevisibilidade.


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