quarta-feira, 28 de agosto de 2024

TI é o negócio da empresa.

Existem fenômenos que são facilmente observáveis. Não precisa nem de prática nem de habilidade. É muito fácil perceber a diferença entre TI habilitar o negócio de uma empresa e TI ser o negócio da empresa.

 

Os que querem ver átomos na economia ainda não entenderam que apenas 4% do nosso universo é comporto por matéria normal, ou seja, 96% do nosso universo é formado por matéria e energia escura que não interagem com a matéria normal.

 

A Apple que é uma das raras empresas trilionárias do planeta Terra, tem quase 30% da sua receita originada na área de serviços, ou seja, software puro.

 

É de causar espécie a situação em que o presidente de uma empresa desconhece qual é o negócio da empresa. O Musk revelou em reunião com acionistas que o lucro das vendas dos carros seria gerado pelo software, ou seja, venda de funcionalidades. Fonte: Elon Musk: Tesla pode vender sem lucro e ganhar com software, https://smabc.org.br/elon-musk-tesla-pode-vender-sem-lucro-e-ganhar-com-software/, acessado em 23/07/2024.

 

É fácil perceber que a indústria de automóveis é uma montadora de componentes mecânicos comprados dos fornecedores de autopeças e que existe uma elevada maturidade na funcionalidade e desempenho dos componentes mecânicos de um automóvel.

 

Ao olhar o desenvolvimento de qualquer uma das várias industriais de automóveis, nós encontramos a mesma coisa. Um batalhão de profissionais desenvolvendo software.

 

Se o lucro da indústria automobilística vem do software e o seu desenvolvimento está concentrado no software então é fácil concluir que estamos falando de uma empresa de software ou seja TI é o negócio da empresa.

 

O mesmo ocorre com as tradings de comércio exterior que vendem soja, café, milho, trigo etc. Estas empresas transacionam na verdade com informações e como são informações processadas no ambiente de tecnologia então é fácil perceber que são empresas que produzem softwares para terem melhores informações e para lucrarem com a compra e venda de software.

 

Existem milhares de exemplos que a transformação digital mudou o negócio da empresa para TI. É lá que as batalhas pelos clientes estão ocorrendo e é lá que estas batalhas estão gerando vencedores e perdedores.

 

O artigo “Só tem trilionária: quais as 7 empresas mais ricas do mundo em 2024” publicado em 30 de abril de 2024 (https://gizmodo.uol.com.br/so-tem-trilionaria-quais-as-7-empresas-mais-ricas-do-mundo-em-2024/, acessado em 23/07/2024) revelou o nome das sete empresas trilionárias do mundo.

 

A lista apresenta a Microsoft, Apple, Nvidia, Alphabet, Saudi Aramco, Amazon e Meta. Apenas a Saudi Aramco é uma exploradora de petróleo controlada pelo governo da Arábia Saudita.

 

Todas as outras produzem e vendem software. No famoso escândalo de Watergate, a investigação feita pelos jornalistas Bob Woodward e Carl Bernstein recebeu do Deep Throat (o informante) a recomendação “Follow the money” (“Siga o dinheiro”).

 

Seguir o dinheiro é um fator capaz de determinar se TI habilita o negócio da empresa ou é o negócio da empresa.

 

Podemos olhar em diversos setores da economia mundial, o comportamento dos seus respectivos atores.

 

As plataformas de comercio eletrônico no Brasil, oferecem na maioria os mesmos produtos e preços semelhantes, então por que algumas alcançaram a liderança do mercado em poucos meses e outras estão sendo fechadas?

 

A diferença destas plataformas é o software. São as facilidades da experiência do usuário e da operação comercial que geram as vantagens competitivas de uma plataforma em relação à outra.

 

Ou seguindo o conselho do Deep Throat as vantagens competitivas geram maiores lucros para as empresas que enxergam TI como o seu negócio.

 

Alguns vão falar da materialidade e da imaterialidade das compras pelos consumidores, como se os clientes estivem interessadas nestas diferenças.

 

Um telefone inteligente sem software é apenas um telefone que serve para ligar e receber chamadas de voz. Não é preciso recorrer para as grandes estatísticas para perceber que são raras as ligações feitas e recebidas de voz pelos donos dos aparelhos.

 

Quem compra um telefone inteligente (ou seja, praticamente todos os habitantes do planeta) está interessado no software.

 

O primeiro iPhone era um telefone inteligente, por isto ele não serve como parâmetro de comparação. Compare o preço em dólar do telefone “burro” (começo do milênio) com o preço do telefone inteligente em 2024.

 

Em alguns casos o preço subiu mais de cem vezes e as pessoas compram porque querem usar os softwares disponíveis. O produto material tem a sua importância (sem ele não existem aplicações), mas é o software que gera o diferencial competitivo entre os fabricantes de celulares.

 

Isso vale para computadores, tablets (se é que existe mercado para eles), carros, eletrodomésticos etc.

 

Quando um fabricante de carro incorpora serviços pagos no seu produto, ele está mudando o foco do seu negócio. Um carro que tem todo o hardware de aquecimento dos bancos, de suspensão adaptativa M, de controle de cruzeiro adaptativo com função stop and go, de autopilot mais sofisticado, de serviços de emergência, recuperação veicular, comandos remotos, bom samaritano etc. tem custo maior que um carro sem estas facilidades (É uma conclusão autoexplicativa).

 

Isto significa que ou o fabricante banca o custo do hardware ou ele repassa o custo para o preço final ao consumidor. Imagine a cara de felicidade do comprador ao descobrir que pagou por facilidades que ele não pediu e não pode usar sem assinar o serviço.

 

É evidente que o fabricante que repassar este custo para o cliente corre um enorme risco de perder clientes para outros fabricantes que não estão entregando o hardware destas facilidades.

A conclusão óbvia é que a indústria está assumindo o custo destes hardwares e como ninguém tem prazer em queimar dinheiro, ela o faz porque a margem de lucro da venda do hardware é muito menor que a margem de lucro da venda da assinatura.

 

No caso da margem de lucro do hardware é necessário pagar imposto sobre o lucro que é muito maior que o imposto sobre o lucro da venda de uma assinatura. O custo de uma assinatura é 100% definido pelo fabricante. É uma vantagem econômica considerável.

 

TI virou o negócio das empresas e os homens de negócio assumiram a condução de TI nas empresas.  Foi revelado pelo Gartner em 2021 que a tecnologia não é mais reservada apenas aos departamentos de TI (A ascensão dos tecnólogos de negócios, https://www.gartner.com.br/pt-br/artigos/a-ascensao-dos-tecnologos-de-negocios).

 

No mesmo artigo, o Gartner revelou que a pandemia criou o movimento de designar para o negócio as tarefas, as ferramentas e a responsabilidade da construção de recursos digitais.

 

O Darren Topham que é diretor de pesquisa do Gartner revelou que as áreas de negócio estão comprando ou desenvolvendo aplicativos sem consultar a organização de TI (Shadow IT existe e foi muito comentada no congresso FEBRABAN TECH 2024).

 

O Gartner analisou entre março e maio de 2020, o total de empregos publicados nos 12 principais países compradores de TI e revelou que nas áreas de ciência de dados, análise de dados, inteligência artificial e automação de processos robóticos foram contratados cerca de 300 mil profissionais para trabalhar na organização de TI e cerca de 700 mil para trabalhar no negócio (Fonte: Qual futuro do departamento de TI?, https://hdibrasil.com.br/conteudo/qual-futuro-do-departamento-de-ti).

 

Não é difícil entender que a grande e crescente quantidade de profissionais de tecnologia trabalhando no negócio significa que TI virou o negócio da empresa.

 

O enorme crescimento da modalidade como um serviço mostra que carros, elevadores, residências etc. estão sendo vendidos no modelo de assinaturas e que TI é o real negócio destas empresas.

 

Quem fala a língua do negócio, sabe que existe uma enorme diferença entre o negócio da empresa e o produto ou serviço que materializa a entrega.

 

A indústria automobilista materializa a sua entrega na forma de um carro, mas o real negócio dela é o desenvolvimento de software, pois é de lá que a bufunfa entra nos cofres.

 

As tradings de comercio exterior do agronegócio entregam soja, café milho, trigo etc. para os seus clientes, mas o seu negócio é vender conhecimento. Só assim elas compram a soja, café milho, trigo etc.com um preço menor que a cotação da bolsa de valores.

 

O negócio da Petrobrás não é o petróleo é a energia. É só perguntar para qualquer funcionário dela. E ela vende energia na forma materializada de petróleo.

 

E assim existem milhões de exemplos que mostram que o produto entregue é apenas a materialização do real negócio da empresa.

 

Eu entendo que alguns vão citar a revolução industrial, para estes eu alerto que estamos em 2024 na era do conhecimento. Usar exemplo do passado distante só revela o nível de atraso de alguns.

 

As pessoas que usam veículos para se deslocar, que voam em aviões, que usam lava roupas, lava louças, geladeiras, que moram em residências etc. estão aderindo em larga escala ao modelo “as a service” que nada mais é do que a digitalização do negócio ou em outras palavras TI sendo o negócio.

 

Tanto o livro “A Era do Acesso”, quanto o livro “The Zero Marginal Cost Society” do Jeremy Rifkin revelam a diferença entre ter a posse de um bem material ou imaterial e ter acesso ao mesmo bem.

 

Ter acesso é o modelo “como um serviço” que faz parte da economia mundial há bastante tempo. E ter acesso significa digitalização do negócio que em outras palavras significa TI como o negócio.

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