quarta-feira, 22 de abril de 2020

Mundo depois da quarentena – parte 3


“A lógica do vale-tudo e, em particular, restrições a exportação abalam a confiança no comércio internacional. Todos os países sairão da pandemia mais céticos em relação à possibilidade de importar o que não produzem, mesmo tendo contribuído para o problema ao limitar exportações e, indiretamente, incentivar os demais a fazerem o mesmo. A sensação de vulnerabilidade gerada pelos episódios de hoje imprimirá sua marca na política comercial dos próximos anos. O mundo pós-pandemia será mais protecionista (Vale-tudo no comércio internacional, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/tatiana-prazeres/2020/04/vale-tudo-no-comercio-internacional.shtml, acessado em 21/04/2020).

“A executiva afirma que a multinacional iniciou a operação de sistemas em grandes clientes sem nenhum consultor presente fisicamente, uma experiência que antes deixava a impressão de que não seria possível” (Presidente de multinacional de tecnologia alerta para saúde mental no home office, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2020/04/presidente-de-multinacional-de-tecnologia-alerta-para-saude-mental-no-home-office.shtml)

Para quem acha que o home office não veio para ficar, segue acima o caso da SAP, onde diversas operações foram feitas remotamente. A agilidade da entrega de resultados combinada com a redução de custos incorporou a experiencia a rotina diária da SAP.

“Empresários aderem a campanhas massivas por redes sociais para atrair novos consumidores para venda online” (Pandemia força mudança no comércio online brasileiro, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2020/04/pandemia-forca-mudanca-no-comercio-online-brasileiro.shtml).

“Agora, existe uma venda online, mas assistida. Muitas vezes, é um consumidor que não estava preparado para uma venda online. Isso é o tipo de coisa que muda [para sempre]. A gente nunca vai parar de fazer essa modalidade de venda. É um pouco como as empresas mudam nessa crise e como os consumidores mudam. Fonte : Roberto Fulcherberguer, CEO da Via Varejo ( CEOs veem mudança de perfil de consumidores durante a crise, https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/04/20/vendas-pela-internet-ajudaram-a-minimizar-crise-diz-ceo-da-via-varejo.htm).

Os casos da Magazine Luiza, cujo faturamento é hoje 100% do online, da B2W, controlada pelas Americanas, ViaVarejo dona da Casas Bahia, Extra.com e Ponto Frio (20 mil vendedores trabalhando em home office), C&A cujo ecommerce está crescendo em três dígitos etc. revelam que o investimento do varejo (grandes, médias e pequenas empresas) no home office está sendo realizado com vigor e intensidade.

Na segunda parte do artigo foi abordada segunda dimensão das macrotendências, ou seja, o comportamento individual das pessoas pós quarentena.

A afirmação “O medo de que as escolas se tornem um ambiente propício para provocar uma segunda onda de contaminação fez com que milhares de pais mantivessem seus filhos em casa” (Na volta às aulas, pais dinamarqueses temem mandar filhos para escola, https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/04/em-volta-as-aulas-maes-dinamarquesas-temem-mandar-filhos-para-escola.shtml#) revelou que no plano individual a quarentena ainda não acabou nos lugares onde o governo reabriu algumas atividades econômicas.

É fácil perceber que o isolamento voluntario fará parte do cotidiano das pessoas que não desenvolveram anticorpos contra o coronavírus. Estas pessoas impulsionarão com muita força a evolução da transformação digital.

Com base nas duas dimensões das macrotendências é possível estabelecer a primeira das microtendências da sociedade pós quarentena. O plano do comportamento individual alimentará o comportamento coletivo da sociedade. Existem uma infinidade de dúvidas sobre qual será o comportamento das pessoas:

  • As pessoas vão se cumprimentar como antes?
  • Elas irão aos cinemas, teatros, shows, restaurantes, shoppings e esportes?
  • Eles ficarão mais tempo em casa?
  • A demanda por imóveis maiores aumentará?
  • O comércio, ensino e trabalho online ganhará a preferência das pessoas?
  • O trânsito nas grandes cidades diminuirá?
  • As atuais empresas de tecnologia ficarão mais fortes?
  • Novas empresas de tecnologia surgirão?
  • As pessoas se acostumarão com as diferenças do mundo online?
  • Os alunos obedecerão aos professores online?
  • Será possível incorporar nas mensagens as nuances e emoções de uma conversa ao vivo?
  • O investimento em ciência e tecnologia aumentará?
  • Os especialistas serão mais escutados?
  • Como ficará a cooperação internacional depois da quebra de contratos pelos chineses e confisco de equipamentos pelos Estados Unidos?
  • A China e Estados Unidos conseguirão reverter a crise de confiança?
  • A Índia, Coreia do Sul e Japão aproveitarão as oportunidades da crise de confiança capturarão o mercado que era dominado pela China?
  • O protecionismo aumentará?
  • Qual será o novo papel do estado na economia?
  • Como os investidores do mercado de ações reagirão ao novo modelo?
  • Quais empresas sobreviverão?
  • Quais empregos desaparecerão?
  • O trabalho remoto vai gerar empregos em massa para os profissionais de tecnologia?
  • Quais oportunidades de negócio serão criadas neste mundo novo?


O plano do comportamento individual será consequência da avaliação das medidas do governo contra o coronavírus. Todos os que perderam entes queridos durante a pandemia terão atuação política contra o governo caso eles discordem das medidas que foram tomadas. Em média cada óbito gerará cem opositores ao governo. Com as redes sociais os cem iniciais poderão virar milhares e até mesmo milhões.

Isto significa que a maior parte dos políticos com baixa aprovação durante a pandemia (ou todos eles) serão levados para o ostracismo nas próximas eleições. As pessoas votarão em políticos opositores aos seus desafetos.

“Pesquisas apontam que medidas adotadas pelo governo em meio à pandemia não têm agradado japoneses” (Como a resposta ao coronavírus está derrubando a popularidade do primeiro-ministro do Japão, https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/04/17/como-a-resposta-ao-coronavirus-esta-derrubando-a-popularidade-do-primeiro-ministro-do-japao.ghtml).

No Brasil, teremos eleições em 2020 (ou 2021) para prefeitos e vereadores e em 2022 para presidente, governadores, deputados e senadores. Será muito difícil (eu considero quase impossível) para os que tiverem baixa aprovação durante a crise do coronavírus conseguirem se eleger.


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