terça-feira, 23 de novembro de 2021

Fatos e narrativas

No Brasil, estamos vivendo com alguma intensidade o fenômeno em que as pessoas estão ignorando os fatos e tratando as narrativas dos fatos como realidade.

 

Recentemente em uma conversa com um dos signatários das falácias do mito (isso mesmo que você pensou, o sujeito que tem medinho da agulha de uma vacina) eu escutei a afirmação que na corrida de fórmula 1 de interlagos de 2021 entraram 400 mil expectadores.

 

Ao ser argumentado que o número de 400 mil é irreal (foram colocados à venda apenas 70 mil ingressos), a pessoa argumentou com ênfase que foi isto que ela foi informada.

 

Tudo isto para usar o argumento político de que o governador de São Paulo (adversário do mitinho das agulhas) criou uma grande aglomeração de pessoas durante a pandemia do novo coronavírus.

 

Não cabia na afirmação nenhum tipo de bom senso, apenas a politicagem de uma narrativa falsa. Infelizmente muitas pessoas estão buscando informações com os mercadores de falácias e assumindo que as mentiras contadas são verdadeiras.

 

É muito triste ver um nível de invólucro intelectual tão pobre. Esta mesma pessoa debateu comigo em 2017 sobre a viabilidade do carro elétrico.

 

Eu afirmei em 2017 que em 2022, o carro elétrico seria uma realidade no Brasil e esta pessoa afirmava que a indústria do petróleo iria fazer o mesmo que ela fez com o carro movido à água (até hoje desconheço uma única prova que realmente existiu tal carro), ou seja, comprar as patentes do inventor e sumir com a solução.

 

Estamos quase em 2022 e é bastante claro que o carro elétrico chegou, diversas empresas já estão utilizando-o no seu dia a dia e não vi a indústria do petróleo comprar as patentes e sumir com o projeto.

 

A falta de capacidade para buscar fontes confiáveis de informações está fazendo com que muitas pessoas tomem decisões pobres na vida pessoal e profissional.

 

Em 2019, eu afirmei que a digitalização iria alcançar com forças os bancos tradicionais da época e iria fechar agencias, cortar empregos etc. Também afirmei que a moeda digital seria realidade no Brasil antes de 2022.

 

Muitos afirmaram que os mais pobres e os idosos não usariam a moeda digital aqui no Brasil. Os números das transações realizadas pelo PIX que é praticamente uma moeda digital em 2021 desmentiram completamente os que postulavam que a idade e a renda eram barreiras para a digitalização do numerário nacional.

 

Durante a pandemia, alguns debatiam com ênfase que as pessoas querem contato físico e que ao final dela tudo voltaria ao que era, ou seja, não existiria um novo normal de comportamento das pessoas e empresas.

 

Recentemente a Nestlé anunciou que até 2025 ela pretende que 25% das suas vendas totais sejam feitas por ecommerce. Diversas empresas estão fazendo investimentos semelhantes.

 

O novo normal em especial no varejo brasileiro está ocorrendo porque a experiencia do usuário no varejo presencial nacional é bastante ruim.

 

As pessoas enfrentam filas para serem atendidas nas lojas e em alguns casos sofrem ataques de preconceito em que são seguidas nos estabelecimentos por causa do gênero, cor, condição social, vestimenta etc. Existem casos de falsas acusações de furtos.

 

Além das filas para o atendimento, as pessoas enfrentam filas para pagar e muitas vezes enfrentam problemas com o meio de pagamento. Existem casos em que as falhas nos sistemas impediram o pagamento em dinheiro ou em cartão de crédito ou débito.

 

Muitos alegam que nas vendas de perfumes, bebidas etc. o cliente pode provar o produto no atendimento presencial e isto é uma vantagem. Estas pessoas esquecem que o mundo evolui.

 

Em breve o varejo digital nacional vai enviar amostras dos perfumes, bebidas etc. para a residência dos clientes para que eles tomem a sua decisão de compra.

 

O varejo digital não resolve todos os problemas dos consumidores, mas ele elimina muitas das imperfeições existentes na experiencia do usuário do varejo presencial.

 

Escutei recentemente que no comercio de vestuário o aspecto presencial é de vital importância porque é possível experimentar a roupa ou sapato ou etc. e sentir como ele fica no corpo.

 

Pessoas compram vestuário para outras pessoas sem a presença delas por diversas décadas. Quem diz que tem um formato de corpo tão diferente esquece que as mesmas roupas que existem no comercia presencial existem no comercio virtual. É só uma que de usar a fita métrica.

 

No caso de farmácias e supermercados e assemelhados as empresas estão investindo fortemente no comercio eletrônico porque a tecnologia resolve o problema da experiencia pobre do usuário no comercial presencial e abre as portas para as vendas recorrentes.

 

Toda a cadeia de suprimentos é beneficiada pela venda pela internet. O consumidor que muitas vezes tem que ir em várias lojas físicas para comprar o seu objeto de consumo gastando tempo dinheiro e perdendo produtividade tem este problema resolvido pela compra virtual.

 

A otimização da cadeia de suprimentos reduz os custos de logística dos estabelecimentos, pois eles não ficam mais com o seu estoque depreciando e perdendo prazo de validade das lojas físicas.

 

O brasil que vive um surto inflacionário intenso pode corrigir o rumo da carestia dos preços pela otimização do custo do estoque e pela eliminação das perdas e desperdícios da estocagem e do transporte.

 

Muitos empregos podem ser gerados por esta transformação digital e desta forma vamos saindo do debate fajuto de que a redução ou eliminação dos encargos sociais da folha do pagamento gera empregos.

 

O estudo Payroll Tax, Employment and Labor Market Concentration do Baumgartner, Corbi e Narita (https://www.dropbox.com/s/i95bgk1x4m1unn5/BCN_payroll_tax_labor.pdf?dl=0, acessado em 23/22/2021) os números reais da desoneração da folha de pagamentos no Brasil.

 

A renda real do trabalhador brasileiro vem caindo ano após anos porque muito acreditam nas narrativas falsas. Muitos seguem lideranças atrasadas que retiram valor agregado da economia brasileira.

 

Em 2017 foi feita uma reforma trabalhista que afirmava que iria gerar 6 milhões de empregos em uma década eu afirmei que isto não iria ocorrer. Os números mostram que o desemprego no Brasil vem aumentando ano após anos após a reforma de 2017.

 

Ainda não superamos todos os desafios da pandemia do novo coronavírus, mas importantes conquistas foram alcançadas com a vacinação em massa da nossa população.

 

É possível superar as dificuldades econômicas atuais desde que as narrativas sejam ignoradas e os fatos e dados reais sejam considerados nas decisões de todos os brasileiros.

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