quarta-feira, 13 de dezembro de 2023

Segurança digital

A segurança digital vem sendo negligenciada no Brasil por várias décadas pelo setor público e privado. Em particular, a segurança digital no setor público vem falhando copiosamente.

 

São inúmeros os casos de vazamentos de dados e de invasões aos dispositivos e redes sociais de agentes públicos importantes. Falhas elementares estão permitindo que invasores com baixa capacitação e experiência tenham sucesso na captura de dispositivos, redes sociais, mensageiros etc. de ministros, juízes, políticos etc.

 

O caso recente da captura da rede social da primeira-dama do Brasil é bastante emblemático em termos da revelação da ausência de uma política de segurança digital no Brasil.

 

O simples uso da autenticação em duas etapas teria evitado a captura da rede social X da primeira-dama por invasores desnutridos de elevada capacidade digital.

 

No passado recente, um hacker com conhecimentos medianos confessou ter invadido diversos sites públicos e criado documentos falsos. É preciso existir falhas de segurança graves e básicas para que tal situação tenha ocorrido.

 

Não estou falando que a segurança digital é fraca no setor público, eu estou afirmando que ela é inexistente, pois se ela fosse fraca ataques triviais não teria alcançado sucesso.

 

O setor privado não fica muito atrás no descaso com a segurança digital. Uma grande parte do setor de saúde foi atacada com sucesso pelos hackers e diversas empresas pagaram resgates para recuperar o acesso aos seus sistemas.

 

Na grande maioria dos casos, o ataque foi bastante rudimentar. Muitos atacantes conseguiram senhas de acesso de elevado privilégio com ligações telefônicas simples (ou e-mails) para a central de serviços de TI.

 

O nível de despreparo da segurança digital da sociedade brasileira é tão intenso que a maioria dos brasileiros foram atacadas em 2022 (Mais de 70% dos brasileiros já tiveram contato com golpes online, https://tecnologia.ig.com.br/2023-07-15/mais-70-por-cento-brasileiros-ja-tiveram-contato-golpes-online.html, acessado em 13/12/2023).

 

Apenas recentemente foram adotadas medidas contra os golpes com 0800 aqui no Brasil. Até então muitas pessoas receberam mensagens sobre débitos e foram enganadas para fornecer suas informações bancárias para os malfeitores.

 

A situação da fragilidade da segurança digital está tão grave no Brasil que os bancos estão divulgando guias sobre as fraudes mais comuns no território nacional.

 

Nada impede que os ataques sejam realizados por malfeitores no exterior e sejam de difícil alcance para a justiça brasileira.

 

No endereço https://www.itau.com.br/assets/dam/publisher/01_itau/11_fraudes/02_seg_ebook_pdf/finais/EBK_00_SEGURANCA.pdf foi publicado um guia de segurança digital. No guia foram revelados quinze tipos de golpes digitais que estão ocorrendo diariamente no Brasil.

 

A segurança digital precisa ser vista com outros olhos para que as soluções de TI funcionem adequadamente. Empresas, governos, entidades, pessoas etc. precisam entender que a falta de segurança digital trará enormes consequências politicas e sociais para o país.

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Pesquisa de mercado x Pesquisa de opinião

 É muito comum encontrar no Brasil, pessoas usando as pesquisas de opinião como pesquisas de mercado, ou seja, estas pessoas usam opiniões como suporte para as suas hipóteses.

 

Para exemplificar as diferenças entre uma pesquisa de mercado e de opinião vou utilizar três pesquisas em que a análise do resultado leva para conclusões discrepantes.

 

A pesquisa que usa os dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ou seja, dados da renda real recebida pelos trabalhadores, revelou que a renda média dos desenvolvedores de programas e aplicativos (software) é de 8.964,96. Fonte: Matemáticos têm salário médio maior que o de diretores de empresa; veja ranking com 427 profissões, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/10/ranking-mostra-salario-de-mais-de-400-profissoes-no-brasil-veja-o-seu.shtml, acessado em 05/12/2023.

 

A pesquisa salarial da Robert Half revelou que a renda média do desenvolvedor de programas e aplicativos júnior (Desenvolvedor Mobile Júnior, Desenvolvedor Front-End Júnior, Desenvolvedor Full-Stack Júnior, Desenvolvedor Back-End Júnior) é de R$ 7.000,00. Fonte: Gerente de TI, analista de marketing: pesquisa revela profissões em alta e perspectiva de salários para 2024, https://g1.globo.com/trabalho-e-carreira/noticia/2023/11/07/gerente-de-ti-analista-de-marketing-pesquisa-revela-profissoes-em-alta-e-perspectiva-de-salarios-para-2024.ghtml.

 

Se olharmos na pesquisa da Robert Half para a renda média da pesquisa para desenvolvedor pleno (R$ 12.000,00) e desenvolvedor sênior (R$ 16.000,00) vamos perceber que é preciso existir uma quantidade muito maior de desenvolvedor júnior do que pleno e sênior no mercado brasileiro para que a renda média seja o valor apresentado na Pnad Contínua (R$ 8.964,96).

 

Neste caso, ou a mobilidade entre júnior, pleno e sênior é muito baixa ou uma grande parte dos profissionais que sobem de nível saem do mercado, porque o mercado precisa ser dominado por desenvolvedor júnior para que a renda média das duas pesquisas seja igual.

 

Se tal fato for verdadeiro, então a pesquisa do hub de inovação BrazilLab que afirma que o gap de profissionais de tecnologia ultrapassará 300 mil pessoas em 2024 é inconsistente. Fonte: Falta de profissionais em TI: o que as empresas precisam fazer para conseguir os melhores, https://forbes.com.br/carreira/2023/10/falta-de-profissionais-em-ti-o-que-as-empresas-precisam-fazer-para-conseguir-os-melhores/#:~:text=No%20Brasil%2C%20o%20gap%20de,profissionais%20digitais%20na%20Am%C3%A9rica%20Latina..

 

Não tem sentido algum existir uma quantidade de oportunidades de trabalho tão grande e a carreira de desenvolvedor ter mobilidade tão baixa ou elevado volume de desenvolvedores deixando o mercado.

 

Este é real problema de usar uma pesquisa de opinião como a da BrazilLab para lastrear as decisões (os números da realidade do mercado não batem com os números das opiniões).

quarta-feira, 29 de novembro de 2023

Perigoso mundo das falácias

Os mercadores de falácias adoram uma falácia para disfarçar a sua agenda oculta, por isto o debate com eles é perda de tempo.

 

A teoria da relatividade veio de fatos, observações, conjecturas e conclusões. Ela não veio de uma intuição. A ideia inicial não é uma intuição. Einstein desenvolveu a teoria da relatividade e outras descobertas da física usando como base os trabalhos de outros cientistas.

 

O sucesso e o fracasso de uma país é consequência das escolhas (decisões) tomadas. Apenas quem deseja disfarçar a realidade busca retirar a causalidade do sucesso ou fracasso.

 

É evidente que existe o imponderável, só que são casos pontuais. Não são a regra.

 

Todos os casos de startups atuais e mais antigas como a Apple, Waze, Oracle etc. foram apoiados por um plano de negócio construído de forma lógica e robusta.

 

Os investidores iniciais de Apple, Facebook, Waze etc. receberam um plano de negócio bem formatado e baseado em fatos e dados (todos filtrados para a necessidade empresarial). Ninguém ficou perdido no oceano de dados e fatos.

 

É importante destacar para os desmemoriados que adoram falácias que a Apple praticamente faliu durante a primeira passagem do Jobs. Neste período as decisões eram todas por intuição.

 

Foi intuído que o Lisa e Mac seriam um sucesso de vendas e assim sucessivamente com diversos outros produtos. Todos fracassaram copiosamente.

 

Na segunda passagem do Jobs, ele voltou mais pragmático e contratou uma agência de publicidade para decidir com base em dados e fatos.

 

Nasceu aí a AppleStore com ilhas de tecnologia. Esta escolha e outras foram todas tomadas com base em dados e fatos. O crescimento da Apple nesta segunda passada do Jobs foi exponencial.

 

Alguns aprendem com os erros cometidos e assumem que não são donos da verdade, outros apenas buscam disfarces para continuar a sua missão de mercador de falácias.

 

Todas as empresas bem-sucedidas da economia digital construíram a sua realidade com base nos fatos e dados (aliás as grandes empresas da economia analógica também assim o fizeram).

 

A cervejaria Miller escolheu o público-alvo para a sua cerveja diet com base em uma pesquisa de mercado, a cervejaria Budweiser só lançou a sua cerveja diet com a marca Budweiser depois de avaliar o mercado com fatos e dados).

 

É evidente que os fatos e dados são dinâmicos, ou seja, são atualizados frequentemente.

 

Empresas que fracassaram ao longo da sua vida tomaram decisões com base na intuição. Algumas foram dominantes por algum tempo, mas sucumbiram diante a concorrência estruturada.

 

Atualmente empresas como Cisco, Yahoo, Novell, Livraria Cultura, Livraria Saraiva, Casas Bahia etc. que dominaram o mercado mundial ou local por um período são apenas membros do ecossistema empresarial (algumas morreram).

 

Quem não sabe filtrar os fatos e dados e escolher os mais relevantes para a sua caminhada está fadado ao fracasso.

 

Uma ideia vem do plano das ideias e isto não é intuição. Sair do plano das ideias e ir para o plano das realizações exige planejamento, construção logica e boas escolhas.

 

Como os mercadores de falácias adotam com frequência o viés da confirmação, segue a seguir um artigo da Harvard Business Review sobre intuição nas decisões.

 

Foi revelado pelo Eric Bonabeau que quem pensa que a intuição substitui a razão vive uma ilusão, pois ela sem uma análise rigorosa dos fatos e dados é um guia instável e pouco confiável.

Foi revelado que os pesquisadores da cognição humana mostraram que o pensamento humano é sujeito aos preconceitos e falhas no nível da intuição.

Foi afirmado que uma decisão intuitiva que gerou resultados positivos é sorte e mais cedo ou tarde, em geral mais cedo (vide lista de empresas dominantes na virada do século que hoje são empresas claudicantes) a sorte acaba.

 

Fonte: Don’t Trust Your Gut (Não confie na sua intuição), https://hbr.org/2003/05/dont-trust-your-gut, acessado em 29/11/2023 

terça-feira, 28 de novembro de 2023

Intuição

Não são raras as situações em que a tomada de decisão com base na intuição gerou um resultado catastrófico. Os números corretos e robustos nada escondem, apenas revelam a realidade.

 

A falta de habilidade e capacidade intelectual e o excesso de preguiça, leva muitas pessoas decidirem com base na intuição e desconsiderarem os fatos e números.

 

É fácil perceber as consequências de longo prazo das decisões tomadas com base na intuição e nos fatos e números.

 

Os Estados Unidos e o Brasil são países com idade bastante semelhante. Nos Estados Unidos, as empresas, organizações, governos etc. decidem com base nos fatos e números, por isto eles tem uma base de conhecimento tão ampla e profunda.

 

No Brasil, a base de conhecimento é muito mais recente e muito menos ampla e profunda, porque as decisões são tomadas com base na intuição.

 

O resultado de longo prazo da macroeconomia e da microeconomia revela um enriquecimento muito maior dos Estados Unidos, ou seja, melhores escolhas levam para maior riqueza.

 

Um exemplo da pauta recente da política brasileira revela com clareza os resultados das decisões tomadas com base na intuição.

 

Muitos foram atrás do raciocínio intuitivo de que o barateamento da contratação de mão de obra gera mais empregos, ou seja, a desoneração da folha de pagamento permite que as empresas contratem mais funcionários e, portanto, o desemprego é reduzido. 

 

Com base na intuição, a política de desoneração da folha de pagamento foi criada em 2011 e atualmente beneficia dezessete setores da economia nacional ao custo de R$ 9 bilhões por ano.

O pesquisador do Ipea, Marcos Hecksher, publicou em 2023 o estudo "Os Setores que Mais (des)Empregam do Brasil" que revelou que as empresas privadas não beneficiadas pela desoneração aumentaram em mais de 6% os seus postos de trabalho com carteira assinada (aumento de quase 2 milhões) entre 2012 e 2022 e os beneficiados com a desoneração reduziram no mesmo período os seus postos de trabalho em quase 15% (redução de aproximadamente um milhão).

 

A tomada de decisão com base na intuição gerou um custo de quase 100 bilhões de reais entre 2012 e 2022 e reduziu a quantidade de empregos em quase um milhão de postos de trabalho.

 

As coisas funcionam nos Estados Unidos porque eles decidem com base em fatos, números, estatísticas etc. Isto não significa que lá tudo é maravilhoso, pois erros são cometidos e em alguns casos decisões políticas mascaram a realidade revelada pelos fatos e números (Nem sempre todos os fatos e números estão disponíveis no momento da decisão).

quinta-feira, 16 de novembro de 2023

Lições

O ano de 2023 está encerrando. É um bom momento para resumir os fatos e usar a racionalidade para aprender com os desafios apresentados no ano.

 

A transformação digital foi adotada por diversas empresas no globo terrestre. A pandemia apressou o processo de implementação e atualmente diversos departamentos corporativos (jurídico, financeiro, compras, vendas, marketing, atendimento ao cliente etc.) foram completamente digitalizados.

 

Em outras palavras, estes departamentos estão operando no modelo de negócio de serviços digitais de valor agregado.  A transformação digital trouxe para o bojo do valor agregado o CTP (Controle, Transparência e Previsibilidade).

 

As entregas dos departamentos precisam agora ocorrer dentro dos conceitos de previsibilidade e repetitividade para que os processos internos das organizações e corporativas funcionem adequadamente.

 

É preciso trabalhar com fatos e dados para que o produto (pode ser um serviço) seja entregue para os clientes em conformidade com as especificações prometidas.

 

O espaço para achismos, intuições etc. está desparecendo nas organizações digitais por causa das condições de competição existentes no mercado.

 

Os profissionais que não sabem lidar com números, dados, estatísticos estão sumindo do mercado de trabalho com a introdução do Enterprise Service Management nas empresas.

 

Uma outra lição que o mercado corporativo aprendeu em 2023 foi o custo da fala de segurança digital nas empresas. Alguns setores da economia como o segmento da saúde sofreram ataques de ransomware e pagaram vultosos resgates para os malfeitores (é importante destacar neste momento que diversas operadoras de saúde estão lidando com prejuízos bilionários no ano de 2023).

 

Uma grande parte dos ataques foi bem-sucedida por causa de falhas gritantes no lógicas comportamento da central de serviços que criou brechas para o vazamento de credenciais através de phishing.

 

Segundo os pesquisadores, em 2022, o Brasil foi alvo de mais de 100 bilhões de ataques digitais que impuseram significativas perdas para as empresas.

 

Em 2022, foram relatados de ataques digitais contra o laboratório Fleury, lojas Americanas, lojas Renner, Banco Pan, Correios, Tribunal Regional Federal da Primeira Região etc.

 

Os pesquisadores revelaram que cada ataque digital custou em média 4,5 milhões de dólares para a empresa. Existem casos de uma empresa sofrer mais de uma vez o mesmo ataque digital.

 

É preciso melhorar urgentemente a cultura corporativa de segurança digital, pois a taxa de ataques digitais está crescendo exponencialmente e em breve algumas organizações morrerão por causa de malfeitores e baixo involucro intelectual sobre segurança digital.

 

O terceiro ponto de reflexão é o alerta climático provocado por desmatamento sem planejamento. Em 2023, o Brasil está passando por ondas de calor extremo que foram amplificadas pelo desmatamento.

 

Diversos setores da economia estão sendo impactados pelo calor extremo. Na construção civil e diversos empregos executados à céu aberto, a produtividade despencou por causa das restrições geradas pelo calor.

 

Os gastos de energia nas fábricas, no comércio, no transporte dispararam com a onda de calor e estes gastos estão sendo repassados para os preços aumentando a inflação.

 

Na construção civil, o concreto precisa ser resfriado constantemente porque ele está endurecendo muito rapidamente por causa do calor extremo.

 

Quando o concreto endurece antes que o trabalho seja realizado ele representa uma enorme perda monetária para a construção civil.

 

É preciso levar muito à sério enquanto existe tempo de recuperação os alertas dos pesquisadores sobre os fenômenos climáticos extremos.

 

O quarto ponto de reflexão é o uso da inteligência artificial pelos investidores para analisar veracidade das declarações dos executivos das empresas.

 

Pequenas variações nos sinais de voz das falas dos executivos podem sinalizar o quanto eles acreditam realmente no que estão afirmando e revelando para os investidores.

 

No futuro próximo, teremos grandes mudanças no perfil de investimento dos grandes, médios e pequenos poupadores por conta da análise sonora das declarações.

 

Algumas empresas estão usando uma solução semelhante nas entrevistas com candidatos, fornecedores, clientes etc.

 

De uma forma ou outra fatos e dados aparecerão no contexto empresarial e ditarão os comportamentos e reações nos próximos anos.

 

A onda de calor também está afetando a produtividade do agronegócio. Plantações de soja, milho etc. estão sendo impactadas pelo calor extremo.

 

O agronegócio real está sendo duplamente impactado pois além do calor está sofrendo com a falta de credibilidade de sustentabilidade que é afetada pelas constantes “falhas” de alguns produtores rurais.

 

A conivência com as infrações vindas de diversas direções punindo todo o agronegócio brasileiro. Investimentos elevados em equipamentos inteligentes, em mão de obra qualificada etc. estão sendo jogados no lixo pela perda de credibilidade gerada pelas contantes “falhas” de alguns poucos produtores.

 

É preciso urgentemente separa o joio do trigo.

terça-feira, 7 de novembro de 2023

Lógica precária

No artigo “Medicamentos sem receita devem ser vendidos em supermercados? NÃO” (https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2023/11/medicamentos-sem-receita-devem-ser-vendidos-em-supermercados-nao.shtml, acessado em 07/11/2023) as autoras (as duas tem doutorado) afirmam uma parte da população brasileira pode não entender a bula de remédios que são comprados sem receita médica (antigripais, analgésicos, antitérmicos etc.) e que é preciso a orientação de um farmacêutico para esta parte da população.

 

O motivo acima explicitado justifica para as autoras a não permissão de venda dos remédios sem receita médica nos supermercados e outros estabelecimentos comerciais.

 

À primeira vista, parece que algo com foco específico, mas não é, pois na visão das autoras toda a sociedade deve “pagar a conta” das dificuldades de interpretação de texto de uma parte da população.

 

E mais, as principais redes de farmácias no Brasil vendem através do comércio eletrônico que é um canal em que não existe orientação de um farmacêutico.

 

Em outras palavras, a justificativa dada perde o sentido na realidade dos fatos do mercado brasileiro. Infelizmente não é possível questionar as autoras sobre a questão do comércio eletrônico das redes farmacêuticas.

 

Eu acredito que elas justificariam tal fato dizendo que quem acessa via comercio eletrônico é capaz de interpretar as bulas sem a orientação de um farmacêutico.

 

Será que tal suposição é verdadeira? Será que é preciso ter o estado tutelando as pessoas?

 

Não tenho tais respostas, mas entendo que deveria ter sido abordado no artigo a situação da atuação do farmacêutico no comércio eletrônico das redes de farmácias brasileiras.

terça-feira, 31 de outubro de 2023

Influenciadores

O Brasil virou um país esquisito, de um lado aparecem notícias de elevado valor ético e do outro lado aparecem notícias de postura moral bastante duvidosas.

 

Do lado das notícias de elevado valor ético temos um caso de um desempregado que devolveu dinheiro recebido por engano (Desempregado recebe Pix de R$ 50 mil e devolve: 'Mudaria a minha vida', https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/10/28/desempregado-recebe-pix-de-r-50-mil-e-devolve-mudaria-a-minha-vida.htm, acessado em 31/10/2023).

 

Do outro lado temos “Policiais civis do RJ roubaram fuzis de facção e venderam a grupo rival, aponta PF” (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2023/10/policiais-civis-do-rj-roubaram-fuzis-de-faccao-e-venderam-a-grupo-rival-aponta-pf.shtml).

 

E do lado da conveniência pela ignorância temos “Clientes contra Crefisa: 'Empréstimo de R$ 5 mil virou dívida de R$ 36 mil', https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2023/10/30/juros-abusivos-faz-clientes-irem-a-justica-contra-crefisa-vendi-um-carro.htm). O contato assinado fala a taxa de juros com clareza. Quem não concorda é só não assinar. É bastante conveniente falar que estava em um momento de fragilidade e como podia arcar com o pagamento das parcelas a pessoa aceitou o empréstimo sem olhar a taxa de juros cobrada. No Brasil é possível corrigir o problema de juros exorbitantes fazendo a portabilidade de um empréstimo.

 

No entanto, a notícia que me impactou mais foi “Influencers de finanças têm 176 milhões de seguidores e serão obrigados a seguir regras” (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/10/influencers-de-financas-tem-176-milhoes-de-seguidores-e-serao-obrigados-a-seguir-regras.shtml).

 

Estamos falando de “influenciadores” com centenas de milhões de seguidores que promovem produtos financeiros sem declarar que são patrocinados por eles.

 

Temos casos semelhantes no segmento da moda, dos eventos, das reportagens etc.

Causa espécie ler um texto sobre as maravilhas de um evento sendo que o comentarista foi patrocinado pelo produtor do evento. É mais do que evidente que os comentários positivos são influenciados pelo patrocinador.

 

Os valores éticos exigem que patrocinados declarem tal situação com transparência e clareza e busquem validadores externos e confiáveis para os comentários emitidos.

 

Espero que os valores éticos do desempregado que devolveu dinheiro enviado incorretamente virem o padrão de comportamento da nossa sociedade.    

 

 

quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Golpes digitais

Apesar de todos os alertas emitidos por bancos, especialistas de segurança, blogueiros etc. a quantidade de golpes digitais bem-sucedidos vem aumentando no Brasil de forma preocupante.

 

A cada dia vemos nos meios de comunicação um novo golpe digital, ou mais precisamente uma nova roupagem para um velho golpe digital.

 

Muitas empresas, escolas, entidades, organizações sociais, agências governamentais etc. sofreram com o sequestro dos computadores e dados (ransomware).

 

Alguns conseguiram restaurar o ambiente a partir de um backup, outros simplesmente pagaram e tivemos casos de perda total (por exemplo, quem pagou e não recebeu a senha).

 

Muitos ataques contra as empresas começam na central de atendimento. São ataques sociais com pessoas se identificando como uma outra pessoa e conseguindo convencer o analista para “zerar a senha”.

 

A bandidagem faz a sua lição de casa e ataca de uma forma mais ou menos convincente. Os relatos das conversas revelam que na maioria dos casos o analista foi convencido através de argumentos fracos.

 

As perdas corporativas e pessoais com os golpes digitais já estão em um nível significativo em relação ao PIB brasileiro. É preciso interromper este ciclo com urgência, pois algumas operações estão inviabilizando.

 

Quando questionado sobre o assunto, eu recomendei a intensificação do uso da inteligência artificial pela central de serviços para que exista uma melhor identificação de quem está do outro lado e uma requalificação dos agentes.

 

Existem muitos casos de argumentos frágeis convencerem as pessoas a fazerem o que os malfeitores querem. São considerações desprovidas de lógica.

 

Um exemplo de um ataque com argumento frágil. Uma pessoa recebeu um zap de uma pessoa se passando por um parente e dizendo que o celular foi para conserto e por isto trocou de número.

 

A solução é só colocar o chip no telefone novo, ou seja, trocar de número não tem sentido lógico. Em poucos minutos de conversa, o malfeitor inventa um problema bancário e pede dinheiro.

 

Outros golpes similares que são derivações do mesmo golpe. O golpe do falso sequestro, ou da falsa venda, ou do investimento falso com ganhos exuberantes, ou da batida de carro ou etc.

 

Estes e mais uma grande quantidade de golpes são baseados em um novo número de telefone. Ou em outras palavras, começou com a conversa que mudou o número desconfie.

 

Nas centrais de atendimento o número do telefone de quem está solicitando o “reset” de uma senha não pode ser diferente do número usado normalmente pelo funcionário.

 

A inteligência artificial (IA) é capaz de capturar esta informação e avisar o analista que a solicitação é um possível golpe. Neste caso, a IA pode oferecer algumas perguntas que permitem identificar a veracidade da solicitação.

 

No caso das pessoas fingindo serem outras é uma pergunta pode resolver o problema de identificar. Comente sobre uma pessoa que não existe no relacionamento entre as partes e pergunte se tal pessoa foi acionada.

 

Se a resposta for positiva é sinal que é um golpe em andamento.

quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Fácil para quem sabe

Se perguntar para quem sabe fazer uma determinada atividade se ela é difícil, a resposta será um não. Para quem sabe fazer uma atividade a sua execução é fácil.

 

Uma atividade fácil pode ser de rápida ou demorada. A velocidade de execução não tem relacionamento com a facilidade ou dificuldade.

 

No filme Estrelas além do tempo (Hidden figures) são contadas histórias reais da NASA durante a corrida espacial.

 

Em uma cena, uma das estrelas calculou em tempo real os parâmetros de reentrada de um foguete. Era algo não resolvido em diversas reuniões anteriores.

 

Em uma outra cena o CEO da NASA derrubou com um martelo a placa do banheiro das mulheres brancas decretando que todos são azuis na NASA.

 

Ele assim fez porque a sua estrela perdia muito tempo indo ao distante banheiro feminino de mulheres negras. Tempo é dinheiro em uma corrida. Perder produtividade por causa de preconceito era algo que não existia no dicionário do CEO.

 

Tem gente que está fazendo a sua lição de casa. O artigo “Por que a Estônia, país mais digital do mundo, está atrás de brasileiros?” (https://www.uol.com.br/tilt/noticias/redacao/2023/10/18/por-que-a-estonia-pais-mais-digital-do-mundo-esta-atras-de-brasileiros.htm, acessado em 18/102023) revelou que lá existem ecossistemas produtivos sem o preconceito contra o cabelo branco.

 

Na Estônia competência capacidade e honestidade vale mais e os jovens e veteranos estão trabalhando para gerar unicórnios. O resultado de tal prática é a maior quantidade de unicórnios per capita da Europa.

 

Quem sabe fazer não espera acontecer dizia a música. Para quem sabe tudo é fácil.

 

Recentemente eu tive um problema com o meu computador e o levei ao técnico. Em pouco menos de trinta minutos o técnico resolveu o problema.

Ele assim o fez porque tinha conhecimento sobre a causa raiz do problema e a sua respectiva solução. Para ele foi um trabalho fácil e rápido.

segunda-feira, 2 de outubro de 2023

Valor da Tecnologia

As situações em que é possível medir de forma direta o valor da tecnologia são raras, por isto quando aparece uma oportunidade é importante aproveitá-la.

 

A Suíça vem ocupando nos últimos uma posição entre os maiores exportadores de café do mundo. Ela compra café a quatro dólares por quilo e exporta por 30 dólares o quilo. Um lucro de 26 dólares sem ter plantado um único pé de café no seu território.

 

O Brasil vem ocupando a primeira posição na exportação de café. O país exporta o café a quatro dólares o quilo. Tem lucro. O país trabalha muito na produção de café e tem milhões de pés de café plantados. O problema é que é um lucro muito menor que os 26 dólares por quilo da Suíça.

 

A Suíça tem um lucro premium graça a sua tecnologia de encapsular o café e de criar um ecossistema para entregar um produto de excelente qualidade o tempo todo.

 

Neste ponto, muitos irão falar que a causa raiz da baixa lucratividade do café brasileiro é porque estamos exportando um produto agrícola em que o uso da tecnologia é baixo.

 

O real problema é que o Brasil enfrenta uma fuga de engenheiros e outros cérebros qualificados para o exterior e para o mercado financeiro. A baixa valorização profissional da engenharia no agronegócio é sem sombra de dúvida uma das causas do lucro superior da Suíça.

 

O artigo “Fazenda totalmente conectada em Mato Grosso reduz custos e potencializa ganhos” (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/fazenda-totalmente-conectada-em-mato-grosso-reduz-custos-e-potencializa-ganhos.shtml, acessado em 02/10/2023) revelou o ganho de produtividade e lucratividade do uso da tecnologia no agronegócio. A tecnologia habilita um ganho de cerca de 330 reais por hectare, por conta da otimização dos custos e do crescimento da receita pela análise analítica dos dados da fazendo.

 

Os ganhos podem ser maiores ainda se forem eliminadas as perdas no transporte até os portos da soja e se as rotas e modais de transporte forem otimizados.

 

O problema é que a Internet das Coisas, a comunicação 5G, a indústria 4.0 e inteligência artificial são tecnologias estrangeiras e importadas, ou seja, explicitam a vulnerabilidade da indústria nacional que não contrata por capacitação.

 

É fácil perceber o fenômeno preconceito contra o cabelo branco nas contratações no artigo “Informalidade atinge mais brasileiros a partir dos 60 e deve pressionar Previdência” (https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2023/09/informalidade-atinge-mais-brasileiros-a-partir-dos-60-e-deve-pressionar-previdencia.shtml).

 

Para que o país explore as oportunidades da análise analítica dos dados e informações nas fazendas do agronegócio e conquista a lucratividade da Suíça, é preciso trabalhar com os melhores cérebros da engenharia.

 

Enquanto o Brasil não valorizar adequadamente a competência e a capacidade de todas as idades, o país vai amargar a posição de ser um dos maiores exportadores de alimentos do mundo e um dos lucros mais magros do agronegócio.

 

A Suíça vem provando e comprovando dia a dia que é possível exportar conhecimento, capacitação e competência.

quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Experiência do cliente ou do usuário

A experiência do cliente ou do usuário é a consequência da estratégia de uma empresa, ou em outras palavras, ela é resultado final dos processos corporativos.

 

Só existe experiência do usuário quando os processos são repetitivos, ou seja, eles estão sendo realizados dentro do limite inferior e superior de controle.

 

A execução fora do limite de controle dos processos significa qualidade aleatória das entregas, ou em outras palavras não existe experiência em um ambiente imprevisível.

 

A experiência do usuário ou do cliente só existe quando a qualidade das entregas é repetível e previsível.

 

Por exemplo um restaurante que oferece uma excelente refeição em um dia e no outro é um desastre não oferece experiência do cliente.

 

Hoje em dia, a maioria das entregas está relacionada de uma forma ou outra com a tecnologia de informações e comunicações.

 

A central de serviços usa a tecnologia e é sem sombra de dúvida um componente de vital importância para a geração da experiência do cliente.

 

Quando ela não tem acesso à informação solicitada pelo cliente ela gera desapontamento e insatisfação.

 

Recentemente solicitei coleta domiciliar para um exame de sangue. Foi agendado dia e horário.

 

O laboratório não compareceu no horário combinado e as minhas ligações perguntando se eles iriam aparecer não receberam respostas. Apenas era dito que estavam a caminho (informação inútil após atraso de mais de uma hora).

 

O resultado foi o cancelamento deste laboratório por falta de confiança na capacidade dele de entregar as suas promessas.

 

Simplesmente não importa o motivo inicial da escolha deste laboratório, o que importa é que ele demonstrou não apenas falta de confiabilidade como não teve a capacidade de enviar um zap informando que iria atrasar.

 

Do outro lado da falta de processos está uma empresa que merece ser destacada pela sua confiabilidade.

 

Em uma compra no ecommerce da Nespresso ocorreu uma situação inesperada e fora de controle com o seu parceiro de logística.

 

Logo no começo do dia ele informou que a emprega prevista para o final da tarde não iria ocorrer e ela seria realizada no dia seguinte.

 

Isto é controlar os processos. É saber atuar diante do inesperado e manter o cliente informado. A experiência do cliente também existe no caso de falhas e erros.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Um milhão de desculpas

O artigo “M.Officer entra em recuperação judicial, com dívidas de R$ 53,5 milhões” (https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2023/09/12/mofficer-entra-em-recuperacao-judicial-com-dividas-de-r-535-milhoes.htm, acessado em 13/09/2023) revelou que mais uma empresa brasileira do varejo de roupas está enfrentando grandes dificuldades financeiras.

 

São mais de R$ 50 milhões em dívidas. São 12 lojas físicas, gerando aproximadamente 130 empregos, produzindo e vendendo 200 mil peças nacionais de vestuário.

 

A empresa afirmou que pandemia causada pelo novo coronavírus é o principal motivo da dívida, pois ela derrubou as vendas em mais de 90%.

 

Também foi afirmado que a situação financeira do grupo era delicada antes da pandemia por causa da concorrência existente no mercado brasileiro.

 

E mais recentemente a concorrência dos gigantes asiáticos aumentou mais ainda o desequilíbrio econômico do grupo empresarial, pois eles vendem sem contratar funcionários brasileiros e não estão submetidos a todos os impostos no Brasil.

 

A empresa afirmou que as dificuldades na obtenção de capital de giro junto as instituições financeiras estão prejudicando a continuidade das suas atividades e dos seus fornecedores e colaboradores.

 

Para entender melhor o cenário, vamos olhar cada uma das desculpas dadas para o fracasso empresarial.

 

1. Pandemia causada pelo novo coronavírus – A pandemia ocorreu em todo o planeta Terra, logo todas as empresas foram afetadas, inclusive as asiáticas.

2.   Situação financeira do grupo delicada antes da pandemia – antes da pandemia e da concorrência asiática, a empresa estava em situação de fragilidade.

3. Gigantes asiáticos vendem sem contratar funcionários brasileiros – O comercio eletrônico exige a contratação de pessoas para manter a plataforma, para a logística e entrega.

4. Gigantes asiáticos não estão submetidos a todos os impostos no Brasil – As empresas asiáticas vendem em dólar e pagam fretes caros para entregar as roupas para os clientes.

5.  Dificuldades na obtenção de capital de giro junto as instituições financeiras – É consequência das escolhas da alta administração do grupo.

 

Mais uma vez, mais uma empresa em dificuldades acredita que fatores externos estão inviabilizando o seu negócio.

 

Fatores que impactaram todos os concorrentes são citados como grave problema. A pergunta que não quer calar aqui é porque a empresa não criou um comercio eletrônico capaz de competir com as empresas asiáticas durante a pandemia?

 

Muitas empresas trilharam este caminho e investiram na mão de obra qualificada sem perder talentos por causa do preconceito contra o cabelo branco, barriga etc. e estão lucrando como nunca.

 

A ausência de lojas não impediu o sucesso da Shein quando testou pontos presenciais no Brasil. Muitos funcionários brasileiros foram contratados e muitos clientes visitaram as suas lojas temporárias. Foi preciso estabelecer um tempo de permanência dos clientes nas lojas (Abertura de loja da Shein em SP tem tumulto e brigas, https://www.poder360.com.br/brasil/abertura-de-loja-da-shein-em-sp-tem-tumulto-e-brigas-assista/).

 

O artigo “Shein: oito motivos que fazem o e-commerce chinês ser tão forte no Brasil” (https://www.ecommercebrasil.com.br/artigos/shein-oito-motivos-que-fazem-o-e-commerce-chines-ser-tao-forte-no-brasil) revelou que o capital intelectual impactou mais o seu negócio do que o capital de giro.