quarta-feira, 26 de maio de 2021

A nobre e boa produtividade

Em 1980, a produtividade do brasileiro em relação aos Estados Unidos era de 0,83. Em 1990 caiu para 0,60. Em 2000 subiu para 0,65. Em 2010 caiu para 0,60. Em 2015 caiu para 0,54 e em 2019 caiu mais ainda para 0,50.

 

Entre 2019 e 1980 a produtividade do brasileiro em relação aos Estados Unidos despencou. Este tema já foi abordado no blog em diversos momentos.

 

Como 2021 é um ano bastante comprometido em termos de desempenho da economia brasileira e o ano de 2022 será ainda mais comprometido é importante retomar o tema produtividade.

 

A produtividade do brasileiro caiu ao mesmo tempo em que a informatização cresceu nos Estados Unidos e no resto do mundo. É fácil perceber que as duas variáveis (produtividade e informatização) andaram lado a lado nas últimas décadas.

 

Em 1987 o Robert Solow (Prêmio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel em 1987) afirmou “We see computers everywhere except in the productivity stastics” no artigo publicado no New York Times Book Review de 12 de julho de 1987 (“We’d Better Watch Out”).

 

Os Estados Unidos acordaram e trabalharam as causas relacionadas com a produtividade e Tecnologia de Informações e Comunicações (TIC). O Brasil como sempre ficou dormindo em berço esplendido e vendo o problema aumentar ano após ano.

 

No Brasil, a central de serviços (helpdesk) é uma das principais causas da ausência de produtividade dos brasileiros após a introdução da TIC no ambiente de negócios.

 

A escolha de capital intelectual inadequado para a central de serviços fez com que as pessoas pedissem ajuda para os seus colegas nas infinitas falhas sistêmicas da tecnologia.

 

Isto paralisava o trabalho de duas ou mais pessoas para um único problema. A introdução do autoatendimento pelos mercadores de falácias para os usuários de TIC faziam com que as pessoas parassem de trabalhar nas atividades operacionais da empresa e gastassem seu tempo em infinitos formulários inúteis.

 

Foram milhares de presepadas cometidas pela organização do helpdesk no Brasil que geraram o resultado medíocre da produtividade.

 

É evidente que o preconceito contra o cabelo branco (pratica em que as atividade de TIC deveriam ser realizadas por jovens) contribuiu em muito para o atual estado de mediocridade da central de serviços.

 

A inteligência artificial amplificou o efeito negativo das perdas, pois a programação dos robôs e dos assistentes digitais raramente resolvem o problema específico do usuário.

 

São centenas de milhões de reais que são jogados no lixo anualmente, por causa da ausência de capital intelectual. No resto do mundo, as empresas buscam competências e capacidades por isto elas estão contratando em home office os profissionais mais experientes (Brasileiros trabalham de casa para startups no exterior e mercado teme apagão de mão de obra Movimento impulsionado pela pandemia leva a aumento de salários no setor, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2021/05/brasileiros-trabalham-de-casa-para-startups-no-exterior-e-mercado-teme-apagao-de-mao-de-obra.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail, acessado em 26/05/2021).

 

Enquanto alguns apoiam um mito que afirmou que o trabalho remoto não é trabalho, outros mais civilizados e inteligentes estão contratando mão de obra qualificada com baixo custo por causa da desvalorização cambial da moeda brasileira.

 

Tem muita gente que fala que os números brasileiros estão comprometidos pelo chamado custo brasil. Por isto a produtividade vem caindo ano após ano.

 

Quando comparamos o custo da produção nos Estados Unidos com o custo da produção do mesmo produto no Brasil antes dos impostos percebemos que o custo no Brasil é mais de 50% maior. Em alguns casos é mais que o dobro.

 

Ou seja, não é um problema de impostos, encargos sociais, penduricalhos etc. é um problema de produtividade.

 

Muitos afirmam que o problema da produtividade vem da educação do brasileiro. A questão é quanto um americano pode ser mais inteligente que um brasileiro.

 

Se exagerarmos e afirmarmos que o americano é 50% mais inteligente que o brasileiro não conseguiremos explicar a diferença de custos da produção. É fácil perceber que a educação é parte do problema, mas não é o seu todo.

 

Mesmo com a suprema ignorância das lideranças nacionais em relação ao mundo em que vivemos em 2021, o Brasil avança em áreas bem definidas.

 

O agronegócio é um setor que vem crescendo em produtividade ano após ano. Apesar do mito ter afirmado que a agricultura ignorou o novo corona vírus e foi trabalhar, o que mais aconteceu foi a automação e automatização das principais safaras.

 

O uso de inteligência artificial e de equipamentos remotos permitiu que agricultura nacional crescesse durante a pandemia do novo corona vírus de forma segura e com distanciamento social. O artigo “Covid-19 provoca atraso na entrega e alta de preços de máquinas agrícolas” (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/vaivem/2021/05/covid-19-provoca-atraso-na-entrega-e-alta-de-precos-de-maquinas-agricolas.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail&origin=folha) deixa bem claro o crescimento das maquinas inteligentes nas principais safras brasileiras (soja, cana, laranja, milho etc.).

 

O artigo “Algoritmos têm se mostrado códigos de preconceito Uma questão relevante é saber quem os programa, como e com que motivação” (https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ana-cristina-rosa/2021/05/algoritmos-tem-se-mostrado-codigos-de-preconceito.shtml?utm_source=mail&utm_medium=social&utm_campaign=compmail) revela com clareza como a falta de capital intelectual impacta as análises feitas no Brasil.

 

Os algoritmos são na pratica a expressão analítica do modelo da realidade da inteligência artificial (por exemplo equação da esfera usada para representar uma bola). Os algoritmos são sempre uma realidade simplificada, pois não é viável introduzir todas as variáveis existentes no mundo real em um computador.

 

Um algoritmo não tem a capacidade de ser preconceituoso. Se assim fosse ele não seria um modelo da realidade. É o treinamento da inteligência artificial que gera o preconceito. Por exemplo, se uma inteligência artificial para seleção de profissionais de tecnologia for treinando com a atual base de dados dos profissionais existentes, ela terá viés de gênero, pois existem muito mais profissionais homens trabalhando no mercado de TIC.

 

O treinamento deve ser feito para compensar os problemas que existem na realidade existente. Confundir treinamento com algoritmo revela que a pessoa não sabe o que está falando.

 

O Brasil precisa encarar de frente, sem choro nem vela, que o real problema da produtividade nacional está relacionado com os aspectos culturais nacionais.

 

Se inexistir o entendimento que um funcionário lendo ou fazendo o planejamento das suas atividades é parte do trabalho, o Brasil vai amargar índices cada vez piores de produtividade. Se os preconceitos contra a capacitação e a competência não forem eliminados o país regredirá para o clube dos países pobres.

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