No
Brasil são comuns as declarações públicas otimistas sobre o desempenho futuro
da economia durante o primeiro trimestre. Muitos empresários, economistas e
políticos entendem que o otimismo é condição suficiente para inflar o espírito
animal do mercado e fazer a economia crescer. Como o Garrincha falava: "É
preciso combinar com os Russos".
Este
é o motivo do pibão do começo do ano virar um pibinho no final do ano. É uma
prática que vem sendo executada desde o começo do primeiro governo Lulla. Foram
raras as vezes em que a expectativa foi transformada em realidade.
É
bem fácil perceber que o Paulo Guedes é partidário da filosofia de gerar
expectativa elevada e torcer para que a sociedade acredite nela e realize
iniciativas para que a previsão vire realidade. É um jogo de poucas ações e
fatos e muita torcida. É claro que também é um jogo de muitas desculpas. Uma
infinidade delas. Tudo é uma conspiração contra o governo.
Para
refrescar a memória das conspirações vou relembrar o pessimismo de plantão que
foi atacado pela Dilma Rousseff (Dilma Rousseff volta a atacar o “pessimismo de
plantão”, https://exame.abril.com.br/economia/dilma-rousseff-volta-a-atacar-o-pessimismo-de-plantao/, acessado em 16/03/2020).
Estamos
falando de um perfil de governante que acredita que vai ocorrer algum fato
aleatório que será capaz de transformar a expectativa em realidade. Para o
Paulo Guedes as reformas são soluções mágicas que resolvem todos os problemas.
Inclusive o problema da inconsistência numérica das propostas apresentadas.
No
slide “Com a Nova Previdência, projeção do crescimento do PIB é maior da
reforma da previdência” (https://www2.camara.leg.br/atividade-legislativa/comissoes/comissoes-temporarias/especiais/56a-legislatura/pec-006-19-previdencia-social/documentos/audiencias-publicas/RogrioMarinho08.05.19.pdf) apresentado pelo
membro da equipe do Guedes em 2019, o crescimento projetado do PIB para o ano
de 2020 pós reforma da previdência era de 2,9%. A realidade de 2020 já mostrou
que o crescimento será menor que 2% (valor provável 1,4%).
Se
for realmente realizado o crescimento do PIB de 1,4% pós reforma da previdência
em 2020, o resultado será muito parecido com o crescimento de 2019 sem reforma
da previdência.
Com
ou sem reforma da previdência o investimento internacional “greenfield”
(projetos novos) não está vindo para o Brasil. O Guedes dobra a aposta nas
reformas afirmando que após a reforma administrativa e tributária, o capital
estrangeiro virá.
Em
outras palavras, para ele sempre existirá uma reforma que salvará o Brasil de
um resultado medíocre. É a desculpa infinita (Guedes: PIB de 1,1% não é
surpresa e reformas levarão índice a mais de 2%, https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/03/04/guedes-pib-de-11-nao-e-surpresa-e-reformas-levarao-indice-a-mais-de-2.htm).
A
corrente de pensamento do otimismo pelo otimismo dificilmente entenderá que o
capital estrangeiro não vem para o Brasil porque ele não confia no governo e
nos nossos influenciadores.
Economia brasileira ainda pode crescer 2,5% em
2020 apesar de crise global, diz Guedes (https://economia.uol.com.br/noticias/reuters/2020/03/16/economia-brasileira-ainda-pode-crescer-25-em-2020-apesar-de-crise-global-diz-guedes.htm).
Todo
ano é a mesma ladainha. É prometido no começo do ano um pibão e é entregue um
pibinho. O nível de credibilidade das promessas do governo é extremamente
baixo. Este é o motivo do baixo volume de investimento “greenfield” no Brasil.
Inexiste
no território nacional o entendimento de que as infinitas mentiras que são
contadas diariamente estão minando a confiança dos investidores internacionais
e nacionais.
O
Brasil precisa inicialmente acabar com a crença de que a mentira vende. As
inúmeras apresentações do desempenho futuro da economia brasileira em Davos
mostram que nada foi combinado com os Russos.
A
seguir temos um caso simples que ocorreu comigo e que revela de forma
cristalina que é impossível confiar nos serviços brasileiros. Praticamente
ninguém honesto e transparente faz um investimento “greenfield” em um país onde
a mentira impera.
Eu
tenho um celular que uso para ligações de voz e que se a comunicação de dados
estiver habilitada ele navega na internet. Se eu habilitar a comunicação de
dados eu pago uma tarifa diária por uso de internet para a operadora.
No
dia 22 de janeiro de 2020 eu fui debitado por usar internet. Como a comunicação
de dados do celular estava desabilitada eu abri uma reclamação na operadora.
Após alguns dias eu recebi a seguinte mensagem: “Em atenção ao seu e-mail
informo que, em sistema consta utilização na linha, sendo que somente é cobrado
a tarifa diário do plano quando consta utilizar sem outro serviço para cobrir. Estou
à disposição se precisar de esclarecimentos”.
A
operadora afirmou que eu usei internet e confirmou que a cobrança foi correta. No
dia 22 de janeiro de 2020 também eu abri uma reclamação na Anatel sobre o caso
e a operadora respondeu da seguinte forma:” Mediante a análise identificamos
que a realmente ocorreu uma falha sistêmica onde a promoção não foi ativada
consumindo créditos de forma indevida”.
Ou
seja, a operadora afirmou que ocorreu um erro sistêmico e que a cobrança foi
indevida. É uma resposta em completo desacordo do que ela respondeu em caráter
privado. No privado a resposta foi de cobrança correta e para a Anatel a
resposta foi de erro sistêmico e cobrança indevida.
Se
foi erro sistêmico então milhões de clientes foram afetados e a operadora
deveria ter publicado uma nota sobre o assunto no seu website. Não publicou.
Este é o real motivo do porquê o investimento estrangeiro “greenfield” não vem
para o Brasil. Ou o investidor trabalha em operação recheada de mentiras ou ele
é expulso do mercado.
O
infinito problema de pibinho só será resolvido quando a reforma da
transparência e verdade for implantada pelo Paulo Guedes. Até lá, nenhuma
reforma levará o Brasil para o pibão.
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