quarta-feira, 8 de abril de 2020

Mundo depois da quarentena – parte 1


Neste período de quarentena estou recebendo diversos questionamentos sobre como será o mundo depois da quarentena do coronavírus. Empresários, empreendedores, investidores, profissionais liberais etc. estão usando a quarentena para preparar o seu negócio para competir em um novo modelo do mundo.

Como o assunto é bastante amplo, complexo e dinâmico, ele vem sendo discutido em diversas dimensões. A primeira dimensão é a de macrotendências da sociedade. As recentes disputas por alimentos e equipamentos médicos e de proteção entre os compradores e os vendedores protagonizadas pelos Estados Unidos, França, Alemanha, Brasil, China etc. criarão consequências institucionais no médio e longo prazo.

É muito provável que o atual modelo globalização seja aposentado. Fonte: “Países restringem a exportação de alimentos e fazem seu custo subir” (http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL640257-5602,00-PAISES+RESTRINGEM+A+EXPORTACAO+DE+ALIMENTOS+E+FAZEM+SEU+CUSTO+SUBIR.html, acessado em 08/04/2020) e “Coronavírus: EUA são acusados de 'pirataria' e 'desvio' de equipamentos que iriam para Alemanha, França e Brasil” (https://www.bbc.com/portuguese/internacional-52166245).

Os países que terceirizaram a sua indústria para outros países como a China, Índia etc. vão repensar o seu modelo e provavelmente irão internalizar uma grande parte da produção terceirizada (ou toda ela). Estaremos em breve vendo a substituição das importações por produção totalmente doméstica.

É evidente que neste novo modelo, a China terá uma forte redução das suas exportações e taxa de crescimento do PIB. Ou a China encontra uma forma de acabar com os cancelamentos das entregas dos equipamentos e produtos médicos ou ela terá que enfrentar no médio e longo prazo uma brutal redução das suas exportações.

Os países importadores que dependem da China irão repensar a sua estratégia de dependência das fabricas chinesas. Estes cancelamentos em um momento tão crítico estão criando um profundo sentimento de incerteza.

Os mercadores chineses que estão quebrando contratos por conta de ofertas melhores estão pensando apenas nos ganhos de curto de prazo. No médio e longo prazo eles estão levando a sua empresa para a falência por causa da perda da confiança. Quem fará negócios com ela novamente? A mulher americana tem como lema quem trai uma vez trai sempre.

A internalização das terceirizações provavelmente aumentará os custos de fabricação por conta da menor escala de produção, isto significa, que no médio e longo prazo teremos uma pressão inflacionária. A consequência do possível aumento da inflação será a redução da velocidade de recuperação das economias.

Os Estados Unidos que estão usando uma lei criada em tempos de guerra para bloquear ou reduzir o comércio de produtos essenciais e insumos médicos poderão sofrer grandes retaliações no médio e longo prazo.

Os importadores irão também escolher a produção interna e gigantes multinacionais que caírem na tentação de maximizar o ganho no curto prazo poderão enfrentar enormes dificuldades no médio e longo prazo. Qualquer um que pense apenas no curto prazo e quebre contratos estabelecidos está cavando um poço para a sua derrocada no futuro.

Todos os que resolveram os seus problemas depois de terem acordos formais bem estabelecidos cancelados encontraram de uma forma ou de outra uma solução para o abastecimento interno. A solução sem o fornecedor revela que ele é redundante, ou seja, pode ser descartado.



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