O artigo “Clientes perdem acesso a US$ 190 mi
após morte de dono de bolsa de criptomoeda” (https://www1.folha.uol.com.br/tec/2019/02/clientes-perdem-acesso-a-us-190-mi-apos-morte-de-dono-de-bolsa-de-criptomoeda.shtml,
acessado em 14/02/2019) revelou que o falecimento do fundador da bolsa
canadense de criptomoedas QuadrigaCX fez com que 115 mil clientes perdessem o
acesso a 190 milhões de dólares. Os clientes da QuadrigaCX estão experimentando
o amargo sabor do fracasso do seu plano de continuidade do negócio.
O falecimento do fundador da empresa gerou uma
corrida para a retirada em massa do dinheiro investido gerando assim graves
problemas de liquidez para e empresa.
Como a maior parte dos recursos investidos
estava armazenado em carteiras frias, que somente o fundador conhecia, o
resultado foi a perda de acesso de $190 milhões. A estratégia de segurança da
empresa era manter um volume baixo de criptomoedas armazenado nas carteiras
quentes conectadas na internet e armazenar a maior parte dos recursos
financeiros nas carteiras frias que são desconectadas.
A ausência do plano de continuidade levou ao
fracasso todo o planejamento do negócio. É absolutamente inviável o mecanismo
onde uma pessoa guarda as senhas dos processos de negócio sem que exista uma
forma da sua recuperação por causa da incapacitação ou ausência provisória ou
definitiva do guardião. Não é aceitável no mundo dos negócios que o guardião
das senhas viaje sem criar um mecanismo de recuperação das senhas e estabelecer
as suas condições de utilização.
Caso ocorra o falecimento do fundador ou
presidente da empresa, é preciso anunciar a sua morte o mais rápido possível.
Esperar um mês para fazer o anúncio não foi uma revelação responsável e gerou
uma infinidade de especulações. A empresa que vivia grandes dificuldades por
causa da perda da senha viu-se em um cenário piorado por causa do efeito manada
gerado pela comunicação inadequada.
Como a empresa não tinha um plano de mitigação
do risco, a organização agiu com total irresponsabilidade e imprudência. O
plano de continuidade do negócio é o resultado do planejamento do gerenciamento
dos riscos. As determinações e procedimentos que a organização executar quando
um desastre ocorre facilitam a mitigação dos riscos. Uma organização séria tem
o dever de planejar os desastres para evitar a perda de dinheiro ou a
paralização das suas operações.
O plano da continuidade do negócio define os sistemas,
dados e informações que a organização deve proteger, determina qual é a
política de backup e proteção contra perdas de alguns dados específicos,
declara como e onde a empresas recuperará a sua operação normal depois de um
desastre, explicita o nome das pessoas, departamentos e times que são
responsáveis pela execução das ações constantes no planejamento depois de um
desastre especifico e revela como o teste do plano será realizado.
O planejamento da continuidade do negócio é de
fundamental importância para as novas Fintechs que estão trabalhando com criptomoedas.
Os investidores nas moedas virtuais estão por característica de construção
expostos a um nível elevado de risco. Por causa disto, as atividades
operacionais das bolsas de moedas criptografadas devem ser realizadas com
extrema responsabilidade através de processos e procedimentos transparentes que
ofereçam um elevado nível de garantia da confiabilidade da operação.
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