Desde
2007 as minhas atividades profissionais estiveram focadas no escritório de
projetos para megaeventos. Com o encerramento dos jogos em agosto de 2016 este
ciclo foi encerrado. A partir de setembro estou trabalhando em novos desafios e
tenho disponibilidade para participar dos eventos, encontros e reuniões que estava
afastado desde 2009.
No
mais recente reencontro estive com um grupo de cerca de 80 jovens formados em
contabilidade e finanças. Nestes eventos muitos consultam o meu histórico de
resultados dos projetos e invariavelmente iniciam o encontro perguntando o que
deve ser feito para ter um negócio de um milhão. Como sou frequentemente
questionado sobre este tema eu já tenho um roteiro pronto onde exemplifico de
forma genérica as oportunidades existentes no mercado. Para este grupo em
particular eu tinha preparado o roteiro com base nas oportunidades geradas pela
tecnologia Blockchain.
Na
hora que estava abrindo a apresentação eu resolvi mudar tudo e improvisar.
Pensei comigo: Porque não discutir uma oportunidade prática e real e colocar os
pingos nos is? O meu novo ciclo profissional permite mudanças como esta. Então
resolvi perguntar para o grupo: O que aconteceria para o seu negócio de contador
se você oferecesse os seus serviços de graça para as pessoas jurídicas e
físicas?
Como
era esperado deu-se início a um acalorado debate onde aspectos de valorização
do trabalho do contador e computação cognitiva e inteligência artificial
substituindo o trabalho do contador foram abordados com entusiasmo. No momento
em que os espíritos foram serenados eu resolvi tomar o controle da palavra e
partir para as explicações. Era bastante claro que oferecer a contabilidade de
graça iria aumentar tanto a quantidade de clientes, como a de trabalho realizado
(mesmo nas situações onde o computador executaria a maior parte das
atividades). O que eu estava propondo para estes empreendedores era encontrar
uma forma diferente para rentabilizar o seu trabalho.
O
desafio era como gerar dinheiro quando o seu cliente não paga nada pelo serviço
recebido. Diante da falta de respostas da plateia eu lembrei de uma empresa
chamada Waze. Esta empresa que entregava os seus serviços de graça para os
clientes conseguiu a façanha de quebrar empresas gigantescas como a empresa Nokia.
O segredo que não tem nada de secreto é saber diferenciar dado de informação. A
empresa Waze recebia dados e os processava gerando informações. Estas
informações valiam bilhões de dólares. Foi assim que um negócio de um centavo
virou um negócio de bilhão.
No
caso dos contadores eles terão acesso a uma grande quantidade de dados contábeis
das empresas e eles poderão transformar estes dados em valiosas informações. A
contabilidade registra os números históricos das empresas, ou seja, o passado.
Ela também registra os números futuros como contas a pagar ou a receber. Ao
construir uma grande base de dados da contabilidade das empresas, os contadores
poderão identificar através do Big data as tendências futuras da economia
local, regional ou nacional. São informações sobre vendas realizadas que ainda
não estão disponíveis ao mercado, pois o balanço das grandes empresas é
divulgado à posteriori. São informações preciosas sobre o nível de inadimplência
do mercado, investimentos realizados e etc. É possível com base nos dados
recebidos de graça gerar informações que valem bilhões para o mercado
financeiro.
Este
é o caminho para transformar a renda de escritório de contabilidade de alguns
milhares de reais por mês para alguns milhões. O que aconteceria se estes
contadores que empreendem individualmente fossem reunidos em uma grande
plataforma nacional? Certamente estaríamos falando de um unicórnio (startup de
um bilhão de dólares).
As
informações adquiriram um enorme valor para todas as profissões na era do
conhecimento. As máquinas inteligentes podem chegar ao Brasil para substituir
profissionais como contadores, advogados, escritores e etc. ou podem ser usadas
como plataformas para a criação de negócios empolgantes. É tudo uma questão de
escolha.
Ao
contrário do que muitos imaginam, as inovações não precisam ser feitas com
novos apps, softwares e etc. Elas podem vir de novos modelos de negócio.
Estamos no momento oportuno para mudar paradigmas e gerar novos tipos de
negócios. Alguns deles serão de um centavo, outros de um milhão e outros de um
bilhão. O empreendedor escolhe.
Muitíssimo interessante! Texto altamente elucidativo, o exemplo do waze me remontou a 2009 quando a Nokia (ao meu ver) começou a fazer água, e olha que eu era fã de carteirinha da marca.
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