segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Como medir o PIB na era do conhecimento

O Produto Interno Bruto (PIB) é uma expressão numérica dos ativos físicos de um país. Com base nele é possível comparar o desempenho produtivo dos países e a performance histórica de um determinado país. A segunda década do século XXI está sendo marcado pela transição dos modelos de negócios. Até o ano de 2010 a economia mundial era baseada em modelos de negócios fundamentados em ativos físicos. A partir do ano de 2016, os ativos virtuais como reputação, credibilidade, confiabilidade, conhecimento e compartilhamento ganharam enorme importância na economia mundial. Como consequência deste fenômeno é preciso evoluir a fórmula para calcular o PIB.

Existem diversos exemplos sobre como a nova TIC está impactando a renda da sociedade. A chamada economia do compartilhamento introduziu novos modelos de negócio que mudaram a dinâmica econômica dos países. O compartilhamento de um mesmo ativo por várias pessoas restringe a produção e venda do mesmo. Isto significa que ao mesmo tempo em que a economia ganha produtividade e dinamismo, ela também sofre uma queda na produção no curto prazo que é visto na forma de desaceleração do crescimento do PIB. Este é o motivo do Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional (FMI) e etc. estarem enxergando uma desaceleração do crescimento do PIB mundial em 2016. Alguns economistas estão alardeando sobre os riscos de uma nova crise econômica e de uma recessão mundial.

No meu ponto de vista existe uma falta de entendimento do fenômeno que a economia mundial está passando. Existe sim uma redução da produção e vendas dos ativos no curto prazo causada pela escala do compartilhamento habilitado pela nova TIC. É evidente que a AirBnB, Uber e outras empresas similares endereçam a demanda das pessoas pelo compartilhamento de um mesmo ativo. Menos hotéis, menos carros e menos ativos são produzidos e vendidos por causa da maior produtividade do compartilhamento. Também é importante destacar que os recursos gerados pelo compartilhamento não necessariamente gerarão novos investimentos. Em alguns casos eles podem até mesmo ficar invisíveis na economia (eles podem ser o resultado de uma operação como escambo ou moeda virtual ou dólar).

É natural uma desaceleração do crescimento do PIB no curto prazo por conta da maior produtividade do compartilhamento. No entanto, no médio e longo prazo as perdas iniciais são plenamente recuperadas. Um bom exemplo de como a nova TI gera um efeito econômico de médio e o longo prazo é o caso dos chamados Youtubers. O artigo Sucesso no YouTube, adolescente vende estoque de 890 produtos em 2 dias (http://economia.uol.com.br/empreendedorismo/noticias/redacao/2016/01/18/sucesso-no-youtube-adolescente-vende-estoque-de-890-produtos-em-2-dias.htm, acessado em 22/02/2016) registra este fenômeno com fidelidade.

O jovem Thiago Elias ou Calango passou alguns anos construindo a sua reputação. Foram anos em que ele desenvolveu uma comunidade sem gerar ativos físicos apenas virtuais. Em 18 de dezembro 2015, ele com apoio da sua mãe e irmão resolveu explorar a sua reputação e transformar os seus ativos virtuais em físicos (em outras palavras riqueza monetária). A análise do PIB do Calango como é feita atualmente vai registrar um salto de crescimento da sua riqueza, pois apenas no final do ano de 2015 ocorreu a conversão dos ativos. É muito importante destacar que na realidade nunca existiu este salto.


A riqueza virtual do Calango nunca foi contabilizada no cálculo do seu PIB e o modelo atual de cálculo faz com que ela só seja visualizada no processo de conversão para ativo físico. Este é o motivo porque os economistas estão visualizando uma desaceleração do crescimento do PIB mundial em 2016. Eles simplesmente ignoram os ativos virtuais. É preciso rever a planilha de cálculo para que os números expressem o dinamismo da economia habilitada pela nova TI.

Nenhum comentário:

Postar um comentário