É
possível afirmar que a reforma da previdência já está aprovada e o panorama do
emprego mudou praticamente nada. Os mais de 40 milhões de trabalhadores informais
pioram o quadro de baixa produtividade do emprego formal. Quem trabalha em um
emprego informal tem um emprego que produz uma baixa riqueza e que recebe um
aporte mínimo de investimento. A prometida valorização do real também não veio.
O
que foi prometido:
·
Reforma
da Previdência pode gerar 4,3 milhões de empregos em quatro anos, prevê
governo, https://g1.globo.com/politica/blog/valdo-cruz/post/2019/04/15/reforma-da-previdencia-pode-gerar-43-milhoes-de-empregos-em-quatro-anos.ghtml
O
que foi entregue:
·
Queda
em câmbio era esperada com aprovação da Previdência, mas crise externa
impulsiona moeda., https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/dolar-a-r-4-surpreende-consumidor-e-desenha-cenario-menos-otimista.shtml, acessado em
19/08/2019)
·
Com
desemprego em alta, número de trabalhadores informais cresce no Brasil, https://g1.globo.com/economia/pme/pequenas-empresas-grandes-negocios/noticia/2019/08/11/com-desemprego-em-alta-numero-de-trabalhadores-informais-cresce-no-brasil.ghtml
·
Cresce
o número de pessoas que trabalham sem carteira assinada no estado de São Paulo,
https://globoplay.globo.com/v/7847206/
O
emprego informal que não gera valor agregado para a economia do país só vem
aumentando. É preciso entender com toda a clareza do mundo que o que está
aumentando é a quantidade de pessoas inscritas em aplicativos como Uber, Rappi etc.
A
produtividade total dos fatores não muda se os brasileiros em idade ativa estão
usando bicicletas para fazer as entregas para os aplicativos. O que o Brasil
está fazendo é entregar 20% do lucro operacional de um segmento do setor de
serviços para os países ricos. Só que não. Como os servidores destes
aplicativos ficam fora do Brasil, a conta é maior. O país paga também serviços
de telecomunicações realizados nos Estados Unidos Europa Ásia etc. Afinal é
gerado tráfego internacional de dados.
Por
incrível que pareça a conta é maior ainda. Sabe aquela história de que os dados
são o novo petróleo? É verdade. Os aplicativos estão usando os dados gerados
pelos brasileiros para aumentar o seu lucro. Sabe quanto o Brasil ganha com
isto? Acertou quem disse Zerinho, Zerinho.
É
bolsa, o seu governo herdou a tolice dos governos anteriores, mas até quando
vai manter a estupidez passada?
A
comparação entre o crescimento da produtividade do brasileiro com o chinês é
vergonhosa. Em 1980 a produtividade do trabalhador brasileiro era 670% maior do
que a do trabalhador chinês. Em 2013, a produtividade do trabalhador brasileiro
era 18% menor que a do trabalhador chinês. Entre 1980 e 2013, a eficiência dos
chineses cresceu 895% e a dos brasileiros cresceu 6% (Brasileiro leva 1 hora
para produzir o que americano faz em 15 minutos, https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/03/19/brasil-baixa-produtividade-competitividade-comparacao-outros-paises.htm; China Produtividade
do Trabalho, https://www.ceicdata.com/pt/indicator/china/labour-productivity-growth).
É
preciso entender que passou da hora de atacar a produtividade do investimento.
O resultado pífio do trabalho realizado no Brasil não é consequência apenas do
trabalhador. É o resultado de milhares de projetos medíocres.
Desde
2004 os setores público e privado brasileiros escolheram projetos pobres para
serem realizados. A falta de crescimento da nossa produtividade é explicada em
mais de 90% dos casos pelas iniciativas fracassadas dos projetos de TI.
A
curva de crescimento da produtividade da Coreia do Sul (Visão Global | A China
vai ficar rica?, https://exame.abril.com.br/revista-exame/a-china-vai-ficar-rica/; Na Coreia do Sul
sobram boas intenções, mas o resultado é fraco, https://exame.abril.com.br/revista-exame/boas-intencoes-resultado-fraco/) é extremamente
coincidente com a curva de penetração da tecnologia de informações no mundo.
Observe
que a perseguição pela produtividade é tão intensa na Coréia do Sul que a sua
população está reclamando porque a economia cresceu 2,7% em 2018 (menor
crescimento do PIB desde 2012). Em 2017, a taxa de crescimento foi de 3%. Enquanto
a Coréia do Sul nadou de braçada explorando as oportunidades geradas pelos
computadores o Brasil naufragou na era do conhecimento. Por aqui o crescimento
do PIB foi de apenas 1% nos anos de 2017 e 2018.
Quanto
maior ficou a exigência de capacitação no mercado maior ficou a prática
brasileira de demitir o conhecimento. É uma política extravagante, mas é
alinhada com as revelações do dia a dia empresarial da lava jato. Em 2017 a
China solicitou 1.381.594 patentes. A Coréia do Sul solicitou 318.479. O Brasil
com a sua brilhante politica de demitir a capacitação e o conhecimento
solicitou apenas 25.658 patentes (Na Paraíba a ciência floresce no sertão, https://exame.abril.com.br/revista-exame/ciencia-no-sertao/).
Muitos
escolheram no Brasil, o caminho fácil das proteções governamentais. Hoje em dia
são empresas incapazes de competir com as companhias globais. O caso da Livraria
Saraiva é emblemático. Uma empresa gigante com faturamento bilionário. Ela alcançou
receita bruta de 1,8 bilhões em 2011 (Lucro da Saraiva cresce 6,4% em 2011, https://www.valor.com.br/empresas/2583594/lucro-da-saraiva-cresce-64-em-2011; Livraria Saraiva
aposta em modernização, conquista jovens e lucra em meio à crise, https://www1.folha.uol.com.br/o-melhor-de-sao-paulo/servicos/2017/05/1887567-livraria-saraiva-aposta-em-modernizacao-conquista-jovens-e-lucra-em-meio-a-crise.shtml; Saraiva vende editora
e vai focar varejo, https://braziljournal.com/pagina-virada-saraiva-vende-editora-e-vai-focar-varejo; Livraria Saraiva:
Ações estratégicas iniciam a recuperação financeira da empresa, http://www.gecompany.com.br/educacional/noticias/livraria-saraiva-novos-rumos-iniciam-a-recuperacao-financeira-da-empresa/).
Eu
já presenciei diversos eventos de falhas do sistema nas lojas físicas que
impediram a realização da operação de venda. As constantes falhas da operação
do comercio eletrônico provocadas pelo capital intelectual inadequado geraram uma
queda de 62% das vendas pela Internet em junho de 2019 contra junho de 2018 (Credores
querem família fora da gestão da livraria Saraiva, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/credores-querem-familia-fora-da-gestao-da-livraria-saraiva.shtml). É fácil perceber que
o lucro da operação mais produtiva e que exige menos capital foi completamente corroído
pela pobre atuação do capital intelectual inadequado.
Quando
uma empresa contrata olhando critérios irrelevantes como idade do profissional
o resultado é a perda de produtividade. Na área de tecnologia este tipo de
abordagem é catastrófico. Quem contrata uma capacitação inadequada colhe
invariavelmente prejuízo e falência. É o caso da livraria Saraiva. O seu
faturamento e lucro vem despencando por causas das perdas de vendas geradas
pelos sistemas computacionais.
Idade
nunca foi e nunca será critério de competência e capacitação. Quem acha que a
área de tecnologia é um setor destinado apenas aos jovens comete um erro
elementar de gestão. A empresa Amazon arrasou a Saraiva e Cultura sem fazer
esforço algum. Só entrou no mercado. A diferença de capital intelectual entre a
empresa Amazon e as gigantes brasileiras era enorme.
Produtividade
do investimento significa contratar profissionais competentes capacitados e
honestos. Estes devem ser os critérios de seleção. Uma vez o fundador da maior
empresa de recursos humanos do Brasil disse que só contrata estagiários para a
área de TI. O trabalho gerou apenas sistemas pobres que nunca funcionavam.
Está
empresa foi processada por roubo de informações digitais dos seus concorrentes.
O processo manchou tanto a reputação da empresa que ela perdeu totalmente a sua
credibilidade no mercado. Posteriormente foi vendida e o fundador foi para o
ostracismo.
Outro
caso emblemático de produtividade negativa do investimento é a venda da plataforma
on-line de comercialização de livros usados Estante Virtual pela Livraria
Cultura (Em recuperação judicial, Cultura pretende vender Estante Virtual, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/cultura-pretende-vender-estante-virtual-para-pagar-dividas.shtml). A plataforma foi
comprada em 2017. A livraria Cultura descobriu após 20 meses, que a plataforma não
tem “importância estratégica” para a organização. A tradução do termo “importância
estratégica” é não sabemos contratar capital intelectual adequado para uma
operação que envolva tecnologia, ou seja, vamos tentar sobreviver trabalhando
em uma realidade paralela onde não existe Inteligência Artificial e nem
computadores.