quarta-feira, 21 de agosto de 2019

Avisa o bolsa: É a produtividade


É possível afirmar que a reforma da previdência já está aprovada e o panorama do emprego mudou praticamente nada. Os mais de 40 milhões de trabalhadores informais pioram o quadro de baixa produtividade do emprego formal. Quem trabalha em um emprego informal tem um emprego que produz uma baixa riqueza e que recebe um aporte mínimo de investimento. A prometida valorização do real também não veio.

O que foi prometido:

·       Reforma da Previdência pode gerar 4,3 milhões de empregos em quatro anos, prevê governo, https://g1.globo.com/politica/blog/valdo-cruz/post/2019/04/15/reforma-da-previdencia-pode-gerar-43-milhoes-de-empregos-em-quatro-anos.ghtml

O que foi entregue:

·       Queda em câmbio era esperada com aprovação da Previdência, mas crise externa impulsiona moeda., https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/dolar-a-r-4-surpreende-consumidor-e-desenha-cenario-menos-otimista.shtml, acessado em 19/08/2019)


·       Cresce o número de pessoas que trabalham sem carteira assinada no estado de São Paulo, https://globoplay.globo.com/v/7847206/

O emprego informal que não gera valor agregado para a economia do país só vem aumentando. É preciso entender com toda a clareza do mundo que o que está aumentando é a quantidade de pessoas inscritas em aplicativos como Uber, Rappi etc.

A produtividade total dos fatores não muda se os brasileiros em idade ativa estão usando bicicletas para fazer as entregas para os aplicativos. O que o Brasil está fazendo é entregar 20% do lucro operacional de um segmento do setor de serviços para os países ricos. Só que não. Como os servidores destes aplicativos ficam fora do Brasil, a conta é maior. O país paga também serviços de telecomunicações realizados nos Estados Unidos Europa Ásia etc. Afinal é gerado tráfego internacional de dados.

Por incrível que pareça a conta é maior ainda. Sabe aquela história de que os dados são o novo petróleo? É verdade. Os aplicativos estão usando os dados gerados pelos brasileiros para aumentar o seu lucro. Sabe quanto o Brasil ganha com isto? Acertou quem disse Zerinho, Zerinho.

É bolsa, o seu governo herdou a tolice dos governos anteriores, mas até quando vai manter a estupidez passada?

A comparação entre o crescimento da produtividade do brasileiro com o chinês é vergonhosa. Em 1980 a produtividade do trabalhador brasileiro era 670% maior do que a do trabalhador chinês. Em 2013, a produtividade do trabalhador brasileiro era 18% menor que a do trabalhador chinês. Entre 1980 e 2013, a eficiência dos chineses cresceu 895% e a dos brasileiros cresceu 6% (Brasileiro leva 1 hora para produzir o que americano faz em 15 minutos, https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2019/03/19/brasil-baixa-produtividade-competitividade-comparacao-outros-paises.htm; China Produtividade do Trabalho, https://www.ceicdata.com/pt/indicator/china/labour-productivity-growth).

É preciso entender que passou da hora de atacar a produtividade do investimento. O resultado pífio do trabalho realizado no Brasil não é consequência apenas do trabalhador. É o resultado de milhares de projetos medíocres.

Desde 2004 os setores público e privado brasileiros escolheram projetos pobres para serem realizados. A falta de crescimento da nossa produtividade é explicada em mais de 90% dos casos pelas iniciativas fracassadas dos projetos de TI.

A curva de crescimento da produtividade da Coreia do Sul (Visão Global | A China vai ficar rica?, https://exame.abril.com.br/revista-exame/a-china-vai-ficar-rica/; Na Coreia do Sul sobram boas intenções, mas o resultado é fraco, https://exame.abril.com.br/revista-exame/boas-intencoes-resultado-fraco/) é extremamente coincidente com a curva de penetração da tecnologia de informações no mundo.

Observe que a perseguição pela produtividade é tão intensa na Coréia do Sul que a sua população está reclamando porque a economia cresceu 2,7% em 2018 (menor crescimento do PIB desde 2012). Em 2017, a taxa de crescimento foi de 3%. Enquanto a Coréia do Sul nadou de braçada explorando as oportunidades geradas pelos computadores o Brasil naufragou na era do conhecimento. Por aqui o crescimento do PIB foi de apenas 1% nos anos de 2017 e 2018.

Quanto maior ficou a exigência de capacitação no mercado maior ficou a prática brasileira de demitir o conhecimento. É uma política extravagante, mas é alinhada com as revelações do dia a dia empresarial da lava jato. Em 2017 a China solicitou 1.381.594 patentes. A Coréia do Sul solicitou 318.479. O Brasil com a sua brilhante politica de demitir a capacitação e o conhecimento solicitou apenas 25.658 patentes (Na Paraíba a ciência floresce no sertão, https://exame.abril.com.br/revista-exame/ciencia-no-sertao/).

Muitos escolheram no Brasil, o caminho fácil das proteções governamentais. Hoje em dia são empresas incapazes de competir com as companhias globais. O caso da Livraria Saraiva é emblemático. Uma empresa gigante com faturamento bilionário. Ela alcançou receita bruta de 1,8 bilhões em 2011 (Lucro da Saraiva cresce 6,4% em 2011, https://www.valor.com.br/empresas/2583594/lucro-da-saraiva-cresce-64-em-2011; Livraria Saraiva aposta em modernização, conquista jovens e lucra em meio à crise, https://www1.folha.uol.com.br/o-melhor-de-sao-paulo/servicos/2017/05/1887567-livraria-saraiva-aposta-em-modernizacao-conquista-jovens-e-lucra-em-meio-a-crise.shtml; Saraiva vende editora e vai focar varejo, https://braziljournal.com/pagina-virada-saraiva-vende-editora-e-vai-focar-varejo; Livraria Saraiva: Ações estratégicas iniciam a recuperação financeira da empresa, http://www.gecompany.com.br/educacional/noticias/livraria-saraiva-novos-rumos-iniciam-a-recuperacao-financeira-da-empresa/).

Eu já presenciei diversos eventos de falhas do sistema nas lojas físicas que impediram a realização da operação de venda. As constantes falhas da operação do comercio eletrônico provocadas pelo capital intelectual inadequado geraram uma queda de 62% das vendas pela Internet em junho de 2019 contra junho de 2018 (Credores querem família fora da gestão da livraria Saraiva, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/credores-querem-familia-fora-da-gestao-da-livraria-saraiva.shtml). É fácil perceber que o lucro da operação mais produtiva e que exige menos capital foi completamente corroído pela pobre atuação do capital intelectual inadequado.

Quando uma empresa contrata olhando critérios irrelevantes como idade do profissional o resultado é a perda de produtividade. Na área de tecnologia este tipo de abordagem é catastrófico. Quem contrata uma capacitação inadequada colhe invariavelmente prejuízo e falência. É o caso da livraria Saraiva. O seu faturamento e lucro vem despencando por causas das perdas de vendas geradas pelos sistemas computacionais.

Idade nunca foi e nunca será critério de competência e capacitação. Quem acha que a área de tecnologia é um setor destinado apenas aos jovens comete um erro elementar de gestão. A empresa Amazon arrasou a Saraiva e Cultura sem fazer esforço algum. Só entrou no mercado. A diferença de capital intelectual entre a empresa Amazon e as gigantes brasileiras era enorme.

Produtividade do investimento significa contratar profissionais competentes capacitados e honestos. Estes devem ser os critérios de seleção. Uma vez o fundador da maior empresa de recursos humanos do Brasil disse que só contrata estagiários para a área de TI. O trabalho gerou apenas sistemas pobres que nunca funcionavam.

Está empresa foi processada por roubo de informações digitais dos seus concorrentes. O processo manchou tanto a reputação da empresa que ela perdeu totalmente a sua credibilidade no mercado. Posteriormente foi vendida e o fundador foi para o ostracismo.

Outro caso emblemático de produtividade negativa do investimento é a venda da plataforma on-line de comercialização de livros usados Estante Virtual pela Livraria Cultura (Em recuperação judicial, Cultura pretende vender Estante Virtual, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/cultura-pretende-vender-estante-virtual-para-pagar-dividas.shtml). A plataforma foi comprada em 2017. A livraria Cultura descobriu após 20 meses, que a plataforma não tem “importância estratégica” para a organização. A tradução do termo “importância estratégica” é não sabemos contratar capital intelectual adequado para uma operação que envolva tecnologia, ou seja, vamos tentar sobreviver trabalhando em uma realidade paralela onde não existe Inteligência Artificial e nem computadores.



quinta-feira, 15 de agosto de 2019

Análise da indústria brasileira


Em junho de 2019, a produção industrial brasileira registrou mais uma queda (A indústria brasileira implodiu, não será fácil resgatá-la, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/a-industria-brasileira-implodiu-nao-sera-facil-resgata-la.shtml, acessado em 15/08/2019). Agora estamos apenas 20% do registrado nos anos 1980.

Se consideramos apenas a evolução tecnologia e o crescimento da população nos últimos 40 anos, fica claro que o resultado alcançado é medíocre. É medíocre, mas não é inesperado.

A indústria nacional que fez tantas reengenharias, terceirizações primou por selecionar e contratar funcionários despreparados. Todas as vezes onde praticas medíocres, como o preconceito contra o cabelo branco prevaleceu em relação à capacitação, competência e honestidade o resultado foi sempre o mesmo. Completo fracasso.

Até hoje, a indústria nacional não entendeu que a causa raiz do seu retumbante fracasso é a falta de produtividade. Vem faltando há muito tempo produtividade nos investimentos realizados e nas linhas de montagem do chão de fábrica.

Desde os anos 1980s a indústria brasileira vem selecionando projetos medíocres para serem executados. São iniciativas sem pé e nem cabeça baseadas em falácias cujo resultado só pode ser perda total do capital investido.

Nos raros casos onde os projetos eram consistentes, os times que os executavam cometiam erros em cima de erros. Um projeto bom não é capaz de solucionar os problemas causados por profissionais despreparados culturalmente e intelectualmente.

No Brasil, existem milhares de engenheiros competentes, mas a indústria preferiu contratar os profissionais que inventam realizações. Na hora de fazer o resultado, o trabalho gerado por estes colaboradores é mais do mesmo, ou seja, perda total do investimento.

Qualquer um que passa 40 anos gerando apenas lixo, chega ao destino dos fracassados. É por isto que a indústria nacional é incapaz de competir no mercado mundial. Mesmo em condições macroeconômicas generosas (real bastante desvalorizado e menor taxa Selic da história recente brasileira), a nossa indústria perde em todas as disputas por falta de inovação, qualidade e confiabilidade.

A perda de competitividade acontece até mesmo no mercado interno onde os produtos importados pagam impostos de importação de 35%. Nem mesmo as barreiras extraordinariamente altas impostas aos importados para proteger a indústria nacional são capazes de oferecer algum tipo de salvação. Salvar incompetentes é sem sombra de dúvida um desafio Herculano.

O fracasso alcançado é o resultado de práticas como a contratação de capital intelectual seguindo o preconceito do cabelo branco. Quem contrata incompetência, recebe incompetência. É simples assim.

Eu ainda fico impressionado como as firmas nacionais gostam da água do fundo do poço da mediocridade eterna. Recentemente o Itaú anunciou programa de demissão voluntária (pdv) para funcionários acima de 55 anos (Itaú anuncia programa de demissão voluntária, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/07/itau-anuncia-programa-de-demissao-voluntaria.shtml). Enquanto as empresas dos Estados Unidos buscam soluções para aumentar a diversidade do seu quadro de colaboradores e explorar através de bons projetos as oportunidades geradas pelo envelhecimento da população, o Itaú escolheu o caminho oposto.

Optou por reduzir ainda mais a participação dos cabelos brancos no quadro de funcionários e diminuir ao máximo a diversidade da mão de obra (antes do pdv eram 6.900 acima de 55 anos em um total de 85.160 funcionários, ou seja, apenas 8%).

O histórico de fracassos da indústria brasileira (a família Itaú também participa deste segmento) de nada serviu de alerta. Então que não reclamem quando empresas como Google entrarem no sistema financeiro nacional e colocarem na lona as empresas nacionais do segmento (Brasil é aposta para serviço de pagamento online do Google, https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2019/08/brasil-e-aposta-para-servico-de-pagamento-online-do-google.shtml).

O lucro do Itaú cresceu 10% em um cenário onde o lucro dos seus maiores concorrentes cresceu acima de 20% (Itaú Unibanco tem lucro de R$ 7 bi no segundo trimestre, https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/07/itau-unibanco-tem-lucro-r-7-bi-no-segundo-trimestre.shtml). Os geniais gênios brasileiros estão novamente em ação.

Em poucos anos a empresa Amazon, colocou na lona os gigantes nacionais da Livraria Saraiva e Cultura. Na empresa Amazon, os critérios para as contratações são a competência, a capacidade e a honestidade. Os preconceitos não tem lugar no território do lucro.