Na
postagem “Atendimento excelente é a salvação da lavoura?” (https://www.4hd.com.br/blog/2019/04/24/atendimento-excelente-e-a-salvacao-da-lavoura/,
acessado em 08/05/2019) foi reproduzida a chamada para o evento “Atendimento como
solução para o seu bug”. A equipe de divulgação deste evento usou as seguintes
palavras na sua descrição: “Um bom produto que tenha um suporte ruim é um mal
produto, mas um produto ruim que tenha uma boa estrutura de atendimento torna-se
um produto bom”.
É
desalentador perceber o elevado nível de dificuldade em comunicação e expressão
e em lógica de um líder social e econômico. Não existe na língua escrita e
falada no Brasil a possibilidade de existir um “mal produto”.
A
lógica em acreditar que “um produto ruim que tenha uma boa estrutura de
atendimento torna-se um produto bom” é extravagante. É muito mais elegante
afirmar que a única coisa que a empresa é capaz de oferecer para os seus
clientes é um atendimento cordial. É mais honesto afirmar que a empresa não tem
capacidade para eliminar os erros e falhas do seu produto. Achar que é possível
esconder os erros e falhas de um produto com um atendimento educado é o mesmo
que acreditar na existência do Papai Noel.
No
artigo “Bom atendimento não garante serviço, dizem paulistanos” (https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/05/bom-atendimento-nao-garante-servico-dizem-paulistanos.shtml),
o empresário Marcos Salotto avaliou o serviço da prefeitura. Ele afirmou que "O
atendimento é lindo, maravilhoso. Mas não funciona". Em outras palavras, o
atendimento cordial é incapaz de compensar os erros e falhas de um produto ou
serviço. O cliente entende que foi lesado.
Infelizmente
tais situações ainda estão presentes no cotidiano das principais lideranças
brasileiras. Para muitos ainda estamos vivendo no ano de 2009. Os avanços conquistados
pelo resto do mundo nos últimos dez anos são super-realizações inalcançáveis pelos
brasileiros na cabeça dos nossos líderes.
Para
entender o que o Brasil vem perdendo por conta da pobreza intelectual das
nossas lideranças vou traçar um rápido paralelo entre a realidade que existia
em 2009 e a que existe em 2019.
Em
2009, o valor de mercado da Petrobrás e da Apple era praticamente igual. O Brasil
cresceu entre 2009 e 2010 muito mais que os Estados Unidos. Nos Estados Unidos
diversas empresas gigantescas faliram. A taxa de desemprego nos Estados Unidos
era muito maior que no Brasil. O Brasil elegeu empresas para liderar segmentos
de mercado no mundo inteiro. Empresas como Facebook, Airbnb, YouTube,
Instagram, Uber, WhatsApp etc. eram ou inexistentes ou embrionárias. A empresa
Amazon já era grande, mas era incapaz de competir no Brasil contra a livraria
Saraiva e Cultura.
Em
2019, o valor de mercado da empresa Apple é maior do que toda a bolsa de
valores do Brasil. A taxa de crescimento do PIB dos Estados Unidos é muito
maior que a do Brasil. No Brasil diversas empresas multinacionais gigantescas deixaram
o território nacional. Todas as empresas eleitas em 2009 para liderarem
segmentos da economia mundial perderam participação de mercado. A taxa de
desemprego no Brasil é muito maior que a dos Estados Unidos. Empresas como
Facebook, Airbnb, YouTube, Instagram, Uber, WhatsApp etc. são gigantescas. A
empresa Amazon entrou no Brasil e a livraria Saraiva e Cultura entraram em
recuperação judicial.
Entre
2009 e 2019, o mundo vivenciou a era dos APIs, aplicativos, assinaturas etc. As
empresas americanas que eram embrionárias ou inexistentes em 2009 investiram em
competência, capacidade e honestidade. Para elas não existe este negócio do
preconceito contra o cabelo branco. Existe apenas trabalho produtivo.
As
soluções baseadas em Inteligência Artificial e aprendizado de máquina invadiram
todos os produtos do mercado mundial. As lideranças nacionais escolheram bater
o pé em 2009 e o resultado é a crise fiscal que o país vive. O Brasil perdeu
muita competitividade com a estagnação da produtividade em um patamar baixo. Se olharmos
para a abundância de recursos disponíveis fica claro que a produtividade do Brasil
caiu dramaticamente nos últimos dez anos.
Até
quando a pobreza intelectual das lideranças brasileiras vai impedir o
crescimento do país? Infelizmente eu não tenho uma resposta para esta pergunta.
No entanto, eu consigo afirmar que enquanto a elite econômica nacional for
incapaz de resolver as suas dificuldades de comunicação e expressão e de lógica,
o Brasil vai continuar vivendo no ano de 2009.
É
decepcionante quando apenas em 2019, o Brasil está iniciando um estudo para a
utilização das redes sociais pelos servidores públicos (Toffoli cria grupo de
trabalho para discutir uso de redes sociais por juízes, https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2019/05/04/toffoli-cria-grupo-de-trabalho-para-discutir-uso-de-redes-sociais-por-juizes.htm).
Em qual universo estas pessoas pensam que estão vivendo?
A
utilização das redes sociais pelos servidores públicos no Brasil é um assunto que
deveria ter sido equalizado faz tempo. Quem sabe em 2022 teremos o resultado do
grupo de trabalho.