A
GRANDE PERDA
A Pesquisa Nacional dos Indicadores de
Performance de TI (PNIPTI) estudou o impacto do sucesso das redes sociais nos
serviços da nova Tecnologia de Informações e Comunicações (TIC). O impacto na rede
nacional de telecomunicações e a microeconomia é intenso.
A avaliação em todas as direções da
qualidade dos serviços de telecomunicações brasileiros revela uma pobreza de
resultado. É um resultado muito estranho considerando as dezenas de bilhões de
Reais que vem sendo investidos pelas operadoras de telecomunicações na rede
nacional. Mesmo considerando a tradicional baixa produtividade do investimento
brasileiro, o resultado é paradoxal.
A PNIPTI estou com profundidade a
questão do duplo salto causado pelas redes sociais e o impacto da realização
dos jogos na copa das confederações no Brasil em 2013. Os equipamentos 4G dos
turistas e trabalhadores internacionais que não funcionarão na frequência
brasileira e por isto vão impactar fortemente a rede 3G. Os números que revelam
uma explosão do tráfego de dados entre 2011 e 2014 mostram que as dezenas de bilhões
de reais investidas anualmente nos gargalos da rede não estão conseguindo
resolver os problemas.
A principal conclusão da PNIPTI sobre
as causas desta imensa perda de produtividade do capital de investimento desmascara
o problema do duplo salto. O anuncio do ministro das Comunicações de uma perda aproximada
de 0,5 bilhão de dólares por ano não foi confirmado nos números levantados
pelos analistas da PNIPTI. Segundo eles, a perda anual total está acima de
quatro bilhões de Reais quando todas as perdas. O ralo das perdas do duplo
salto é gerado na natureza da utilização das redes sociais. Basicamente os
servidores que processam a comunicação entre os brasileiros nas redes sociais
como o Facebook, Twitter, Linkedin, Tumblr, WhatsApp, Skype e etc. estão
localizados nos Estados Unidos. Isto significa que a comunicação de dois
moradores da cidade de São Paulo através de uma rede social gera um tráfego
internacional com os EUA. O fluxo de dados é duplicado porque a mesma informação
que sobe do computador do chamador de São Paulo para um servidor Norte
Americano, desce do servidor dos Estados Unidos para o computador do receptor em
São Paulo.
Um byte de comunicação local gera um
tráfego internacional de dois bytes. É fácil perceber que existe um problema de
estrangulamento do tráfego em cima da estrada de pedágio mais caro. O problema
não para por aí, pois na maioria das cidades brasileiras o acesso internacional
exige a utilização da rede nacional interurbana. A comunicação local entre dois
moradores de Rio Verde via rede social do Facebook, por exemplo, gera um
tráfego duplicado interurbano e internacional. Existem vários problemas econômicos
derivados do duplo salto.
A solução proposta pelo ministro de
criação de um ponto internacional no Brasil resolve apenas uma pequena parte do
problema. A perda do duplo salto não é atacada com a alternativa. O ponto vai
direcionar, por exemplo, para a Europa o tráfego destinado para ela sem que
seja utilizada a rede dos Estados Unidos e assim sucessivamente para a Ásia, América
do sul e etc. Alguma economia com melhoria de qualidade será alcançada. No
entanto, dentro do contexto da perda bilionária o resultado final será muito pobre.
A solução do problema seria trazer para o Brasil os servidores das redes
sociais internacionais que gerenciam o trafego nacional. Infelizmente as
limitações da qualidade da mão de obra da TIC do Brasil inibem as movimentações
neste sentido. Com alguma sorte o Brasil vai conseguir usar os servidores
localizados no Chile de uma ou outra rede. O Brasil dormiu no ponto durante o avanço
das redes sociais e agora existe uma conta de bilhões de Reais por ano para ser
paga. Seria inteligente que o governo pegue parte destes bilhões para incentivar o empreendedorismo nacional e estimular
a criação de uma camada brasileira das redes sociais que confine dentro do
território nacional as nossas ligações internas. Empregos, tecnologia e
impostos são perseverados neste contexto.